Capitalismo - Uma História de Amor. Michael Moore, again...
Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
Obs: Felicite-se o autor do artigo porque acertou em cheio nas motivações dos actores que aqui assumem um papel de figurantes num filme série Y que já ninguém quer ver ou comprar. De resto, o assessor Lima sempre foi um jornalista medíocre, e quando esteve à frente do DN quase o levou à falência. Hoje, pelos vistos, "ajuda" a desprestigiar a instituição da Presidência da República, mas isso acontece porque o "seu dono" assim o promove neste Portugal dos pequeninos, povoado de imbecis e de idiotas que conquistaram o poder - num país cujo povo vive alienado entre a bola, o consumo e as contas do carro e da casa para pagar, além das viagens ao Brasil, claro...
As críticas mais ferozes a esta opção vieram, naturalmente, do campo republicano.
Talvez o título seja pretensioso, mas a decisão da Administração Obama de levar a julgamento, perante um tribunal comum de Nova Iorque, os acusados da autoria moral e de cumplicidade nos atentados de 11 de Setembro de 2001 constitui, decerto, um marco maior da justiça mundial perante a ameaça terrorista.
Convém recordar que a anterior Administração americana havia criado comissões militares especiais para o julgamento dos acusados de terrorismo, entre os quais estavam os que foram detidos como mandantes, autores morais ou cúmplices dos suicidas que projectaram dois aviões sobre as Torres Gémeas de Nova Iorque, sobre o Pentágono, em Washington, e que desviaram o avião que se despenhou na Pensilvânia.
Esta decisão foi muito controversa, na medida em que criava um foro especial para aqueles julgamentos, subtraindo-os às regras gerais do direito penal e processual penal americanos, designadamente no que concerne a observância dos direitos de defesa dos arguidos. Mais tarde, o Supremo Tribunal viria a considerar que tais comissões especiais careciam de uma decisão do Congresso para se poderem ter por legítimas, pelo que ainda na Administração Bush foi redefinida a base legal da existência de tais comissões e a sua própria composição, embora sem alterar significativamente o seu modo de funcionamento. Esta segunda via continuou a ser severamente criticada por muitas vozes no campo dos democratas e por parte das organizações dos direitos civis nos EUA.
O tema constituiu um dos aspectos mais embaraçosos na campanha eleitoral para o candidato republicano, embaraço que foi habilmente aproveitado pela candidatura de Obama. Este, logo nos primeiros dias na Casa Branca, anunciou o encerramento do campo de Guantánamo e uma revisão dos processos e das bases de funcionamento das aludidas comissões especiais.
O anúncio feito esta semana segundo o qual o julgamento dos mais visíveis dos implicados nos atentados do 11 de Setembro seria feito num tribunal comum de Nova Iorque foi, por isso, recebido com júbilo pelos sectores que mais se haviam oposto à estratégia da "guerra contra o terrorismo" do Presidente George W. Bush. As críticas mais ferozes a esta opção vieram, naturalmente, do campo republicano.
A decisão, em si mesma, constitui, sem dúvida, uma vitória para todos aqueles que sempre defenderam que a criação de regimes de detenção e de julgamento excepcionais fortaleciam a retórica dos terroristas, constituíam armas da sua hipócrita propaganda de vitimização e acabavam por revelar uma debilidade estrutural dos estados democráticos na luta contra o terrorismo global. Na Europa, tirando uma excepção transitória no Reino Unido (rapidamente derrogada pela Câmara dos Lordes actuando como Tribunal Supremo), os processos judiciais antiterroristas foram todos conduzidos sempre de acordo com as regras do direito penal e processual penal comum e perante os tribunais criminais competentes (como sucedeu na nossa vizinha Espanha quando do julgamento dos implicados nos atentados de Atocha de 11 de Março de 2004).
A decisão tomada pela Administração americana vem assim colocar em linha todas as democracias ocidentais na forma como tratam da perseguição judicial dos atentados terroristas.
Trata-se de uma opção que tem a maior relevância do ponto de vista de defesa das liberdades públicas e da democracia e que, sem dúvida, robustece a causa da luta antiterrorista travada a partir do Estado de direito e de acordo com as regras da legalidade democrática.
Mas esta decisão não está isenta de riscos: um julgamento público, baseado no princípio do contraditório, com a obrigação de divulgação, por parte da acusação, perante o tribunal, dos meios de prova com base nos quais se pretende a condenação dos acusados e com o pleno direito de defesa destes constitui, decerto, uma prova dura e tensa acerca da capacidade de as democracias desmontarem a propaganda terrorista e demonstrarem a imperiosa condenação da barbárie terrorista.
Se assim acontecer, este será decerto um julgamento que marcará o Estado de direito democrático durante todo o século XXI!
Obs: Hoje a agressão às sociedades já não vem de "fora", emana de dentro, converte-se no terror a partir duma sola dum sapato de um indivíduo que pode viajar na cadeira do nosso lado: no carro, no comboio, no avião, no barco... Curiosamente, a convivência ao nível dos partidos políticos assume a mesma tipologia comportamental, ou seja, a traição, a violência parte quase sempre de "dentro" do sistema ou conhece as suas motivações psicológicas discriminatórias de "dentro" para "fora", paradoxalmente.
Ora, se os ataques no interior de uma modernidade viu desaparecer as distâncias espacio-temporais - por via das poderosas TIC (utilizadas ambivalentemente - para o bem e para o mal) - o mundo converteu-se numa imensa metrópole dificilmente estanque. E o trágico 11 de Setembro (e o 11 de Março), que ultrapassaram a própria ficção e o nosso imaginário no jogo das simulações mentais em que por vezes entramos na vigília, representou a versão mais trágica duma série de fenómenos típicos dum mundo negativamente globalizado, visto que reflecte o desconcerto não só dos aparelhos militares estatais contra esses inimigos invisíveis - que são os terroristas que operam em rede e de forma desterritorializada - mas também vieram por a nú as próprias estratégias políticas e económicas dos Estados para combater esse flagelo globalitário na esfera da globalidade que, hoje, nem os aparelhos de justiça sabem bem como dirimir. Ainda que com progressos pontuais, como sistematiza António Vitorino ao sublinhar que os terroristas podem (e devem) ser julgados segundo o Estado de direito e de acordo com as regras do Estado democrático.
Se assim for, também aqui a Liberdade e a Democracia farão a diferença relativamente aos métodos inomináveis praticados pelos terroristas globalitários do nosso tempo, que julgam que é com violência indiscriminada e surpreendente que capturam o desenvolvimento e a tão desejada modernidade para as suas sociedades.
Enfim, todos os séculos têm o seu caso Dreyfus...
Só que aqui os terroristas não são inocentes nem serão julgados, creio, com documentos e provas falsas ou forjadas. Nem, no limite, o julgamento aos terroristas que perpetraram o 11 de Setembro - que mudou o mundo - serão defendidos por uma vaga de fundo eco-fundamentalista que os tentará absolver desse crime contra a humanidade sob pretexto de que eles têm sido as vítimas do neo-imperialismo norte-americano (que os subdesenvolveu e deixou na miséria) que consolidou as suas raízes ideológicas, religiosas, económicas, políticas e morais nesse naco de geografia decadente conhecido por Velho Continente - que hoje é, em parte, dirigido por Durão barroso num mundo, que ainda à pouco tempo, era mal governado por G.W.Bush, Aznar, Blair e, claro, o mordomo que serviu as bebidas e os amendoins na fatídica cimeira dos Azores - que serviu de rampa de lançamento para Barroso se ter tornado o presidente da Comissão Europeia - duma Europa que hoje ainda não sabe como julgar os seus criminosos de guerra.
Ou, doravante, talvez se possa inspirar no império da lei do Tio Sam...
Obs: Penedos já poderia ter aprendido algo com António Vitorino - quando há anos um jornalista Marújo do Púbico inventou umas ilegalidades para entalar o então ministro da Defesa do Governo Guterres. Sucede que mesmo inocente, Penedos poderia ter colhido a lição ético-política de António Vitorino que é simples e se explica numa penada: a saída do Governo, assim como nas empresas, revela as vantagens de quem pede a demissão em relação a quem é demitido.
Na prática, enquanto que a cotação moral, ética e política de António Vitorino disparou no mercado público e privado da credibilidade e do prestígio, a cotação de Penedos desceu no carrossel desse mercado, ainda que, no final do processo, se apure que Penedos é um anjo com 7 asas.
Eis um dos grandes desafios - políticos, sociais e económicos do nosso tempo, seja no espaço intra-societário, seja na esfera da globalidade. Um desafio simultaneamente reflexivo, social e político, e também ético-religioso, já que sem uma força revogadora e humanizadora nada de novo se constrói na ordem social e económica em Portugal. O que implica rever o quadro de relacionamento do Estado com o chamado Terceiro Sector, como Peter Drucker designou.
Marcelo reitera que não é candidato à liderança do PSD, tsf O professor Marcelo Rebelo de Sousa reiterou, esta noite, na RTP, que não será candidato à liderança do PSD e considerou ainda que o calendário para as eleições do partido não deve ser alterado devido à discussão do Orçamento de Estado.(...)
Obs: O douto Marcelo, consabidamente, diz o contrário daquilo que pensa. Essa regra intensifica-se sempre que o comentador disserta sobre o PSD, a sua liderança e a corrida ao cargo de PM e à poltrona de S. Bento. Portanto, arquive-se a proposição do comentador por falta de credibilidade. Poucos são os que hoje acreditam nele.
Arquive-se por falta de interesse e verosimelhança.
Obs: Deseje-se boa sorte aos novos eurocratas, Solana não deixa boa memória na Europa. É como Barroso, serviu-se do cargo para se promover e não engradecer o projecto europeu. E nisto emparelha, lamentavelmente, com Durão barroso. Ambos tiveram uma visão mesquinha$e egocentrica da política, sempre centrada no seu umbigo.
Obs: Em política a linguagem - formal e substancial - é importante. Mas para lá das expressões, existem os factos pidescos que circundam o PM, ou seja, visa-se escutar os amigos pessoais do PM para atingir Sócrates. Neste sentido, algumas expressões são integráveis e/ou desculpáveis no discurso político corrente. E é nos momentos de aperto que o cerco se deve fechar e não abrir, é nesses momentos que se impõe um quadro de solidariedade e não uma lógica disruptiva como quem está na Baixa da cidade a olhar para S. Bento. São estes olhares cínicos que a política humanista deve evitar.
in Público
Jorge Ferreira, 48 anos, morreu esta manhã, em Lisboa, vítima de doença prolongada. O velório realiza-se hoje, a partir das 20h00, na igreja da Penha de França, em Lisboa. E o funeral sai amanhã, às 15h00, da igreja para o cemitério de Oeiras.
Na passada semana enviou aos seus alunos do Instituto Politécnico de Tomar, onde dava aulas há dez anos, uma carta de despedida. E no blogue que criou em Dezembro de 2006, o último texto que escreveu (sobre os cálculos do Governo para o défice deste ano) data da última quinta-feira, dia em que publicou 11 “posts”.
Através deste blogue, que actualizava quase diariamente, os leitores ficaram a conhecê-lo um pouco melhor: gostava dos Queen, de coleccionar postais antigos, e do filme “Era uma vez na América”, de Sergio Leone.
O activismo político deste advogado teve início nos movimentos associativos estudantis. Seguiu-se a Juventude Centrista (JC), onde conheceu Manuel Monteiro, e depois o CDS-PP. Durante a liderança de Monteiro ocupou as funções de vice-presidente do partido e, entre 1996 e 1998, foi líder da bancada parlamentar. “Já nas reuniões da JC nunca se preocupava em ter votos ou palmas, mas antes em dizer a verdade. E fez o mesmo no Parlamento”, recorda Monteiro. Que diz ter partilhado com Ferreira uma “lealdade” e uma “cumplicidade” singulares na política nacional. “Eu não perco um amigo; perco o amigo. Deu-me muito mais a mim do que eu a ele.”
Foi quando Ferreira liderava o grupo democrata-cristão que Maria José Nogueira Pinto se estreou no Parlamento, tendo sido a sua sucessora na presidência da bancada. “Foi extremamente generoso porque ensinou-me e explicou-me tudo na fase de transição”, afirma. “Tinha um feito muito especial. Era frontal e impulsivo”, lembra, sublinhando que “são pessoas assim que fazem falta.”
A frontalidade e a generosidade de Ferreira são também evocadas por Miguel Relvas, o social-democrata que, nas autárquicas, reencontrou-se com o seu amigo na corrida à câmara de Tomar – Relvas foi candidato à Assembleia Municipal, e Ferreira encabeçou o movimento independente “Tomar em primeiro lugar”. “Muitos dos seus adversários”, diz, “confundiam a sua frontalidade com uma atitude belicista, mas ele era muito generoso”.
Obs: Foi uma notícia triste e injusta. Jorge Ferreira, como o escrevi aqui há anos, foi um deputado eficiente, estruturado, combativo e frontal. Tinha um blog, o Tomar Partido - interessante que seguia sempre que podia, pensava e escrevia bem. É uma perda na flor da idade. Daí a injustiça ser maior, por isso deixamos aqui uma singela palavra em sua homenagem. Que descanse em paz. Tomar Partido, o blog de Jorge Ferreira