quarta-feira

Centeno e a a esperteza saloia do Sr. 3 cêntimos



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A esperteza saloia do génio da lamparina faz com que diminua 3 cênt. a gasolina,
mas depois aumenta as portagens..

A esperteza saloia do Sr. cativações desta vez levou o génio da lamparina a descer 3 cêntimos o ISP sobre a gasolina (com um aumento em 1cênt. a taxa de carbono para 2019, logo são 2 cênt.), mas, por contraponto, aumenta as portagens. 

Centeno podia, ao menos, prestar tributo à inteligência, mas a sua habilidade política, exclusivamente assente nas cativações e nos cortes, não dá para mais... 

De caminho, torna TODO o PS refém desta sua manigância fiscal para inglês ver. Quiça, em nome da sua carreira europeia...
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terça-feira

O Sr. cêntimos. Centeno - o agente oficial das cativações -

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- O dr. Centeno podia ser ministro dum governo de direita, de extrema direita, dum governo liberal ou mesmo neoliberal, mas nunca ministro de um governo socialista. 
- Por isso, fica-lha mal a forma anti-social como manipula os impostos sem atender ao bem comum. Recorde-se  que 80% dos consumidores portugueses utililiza o gasóleo como combustível diário, o que penaliza sobremaneira os particulares e as empresas e agrava as assimetrias entre litoral e interior... 
- Além desta gracinha da descida dos 3 cêntimos do imposto sobre os combústiveis, excluindo o gasóleo, e que nenhum impacto positivo terá na economia nacional, este projecto de ministro ficará para a história como o agente político das cativações, que encerra uma outra forma de manipular os orçamentos dos ministérios, as contas públicas e, mais grave, o próprio desenvolvimento do país. 
- Este senhor, na verdade, não está (nunca esteve!!!) preocupado com a sustentabilidade do país, mas com a melhor forma como poderá gerir a sua carreira europeia. 
- Ora, em Belém, durante uma década, Portugal também teve uma pessoa assim, e com os resultados que conhecemos para o interesse geral da nação. 
- Terminou a escrever livros de memórias onde hoje acerta contas com adversários políticos. 

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Calvin Harris & Sam Smith - PROMISES -





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segunda-feira

Brasil e a Quadratura do círculo e o labirinto brasileiro


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Brasil e a Quadratura do círculo e o labirinto brasileiro
- Como governar o Brasil se o vencedor dividiu profundamente a sociedade brasileira, defendendo a utilização de armas para todos, erradicação da pobreza por via química, eliminação dos gays e imigrantes, etc... Além da sua estrutural impreparação para a governação.
- Se ele for congruente e levar à prática aquelas doentes filosofias ganhará, a curto prazo, uma guerra civil; se se desviar delas trairá o eleitorado radical e desesperado que nele votou, e isso também terá implicações tumultuosas no plano social.
- Portanto, qualquer que seja a orientação que o capitão-fascista tomar será sempre um molotov naquele imenso país-continente que terá graves consequências em todo o cone Sul americano e no mundo em geral.
- Pior não teria sido possível!!!

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domingo

Recupero Van MORRISON

ISTO É O QUE O TEMPO FAZ ÀS PESSOAS...

O Tempo...

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O espaço, o tempo e a circunstância

Resultado de imagem para tempoO espaço é o tempo da minha circunstância...
- e este diz-me que no meu Tlm marca uma hora, no meu relógio marca outra e na minha mente outra ainda.
Talvez a face do teu rosto, Tempo, que não perdoa nada. Nem o passar do tempo que o tempo não pára.

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Regresso a Damien Jurado - Allocate

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Memórias do cárcere: o sol em diálogo com a Natureza

SOMOS O ESPAÇO QUE OCUPÁMOS NA NATUREZA, AGORA VISTO DE FORA...

- Por vezes, ou muitas vezes, a Liberdade não é senão uma memória do cárcere, feita duma liberdade tão condicionada à luz dos sentidos e da razão que confundimos os conceitos e as realidades: Liberdade e falta d´ar. 
- Só a oxigenação da mente e do espírito, que se pensa abrange também a alma, poderá atenuar essa circunstância limitativa da razão e da emoção.  
- Os dias passam, o tempo não se confina a caprichos e talvez o melhor seja fazermos o "jogo" dele: aproximarmo-nos do Sol, falar com a Natureza como quem conta um segredo importante, pegar nas mãos das árvores, fixar-lhes olhos imaginários e, de seguida, abraçar todo esse crespúsculo. 
- Porque amanhã não sabemos se... E porque o tempo não pára e é um ditador sem igual!!!
- E como não pára e não o conseguimos ultrapassar, nem por desgaste ou cansaço, talvez o melhor seja sentarmo-nos nos degraus da escadinha onde o sol nasceu, e debitou os primeiros passos que depois fizeram eco por anos, por uma eternidade...
- Como se as luzes da emoção piscassem ininterruptamente, em casa e nas ruas, inundando todo o espaço da memória e daí colonizando todo o corpo ao "encontrão". Ou, como diria o poeta, por entre livros e autores contrastantes, de José Gil à História de Calígula - que foi "só" o mais terrível imperador romano, e fossem essas luzes, já com o sol a pôr-se na linha do horizonte, que permitisse ouvir novamente os passos finos de lã, registasse a respiração contida do seu amarelo-girassol e o cheiro exalado da sua pele.
- Sem que o sol ocupasse já o seu espaço central nos céus, era como se Ele continuasse ao meu lado...
- E ainda hoje me acompanha essa terrível sensação que a Natureza me deixou como amada recordação.
- Ainda que os caminhos da vida sejam sempre bifurcados... 






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sábado

Portugal tornou-se num mistério. O mistério regulado pela lei da Omertà


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Portugal tornou-se num mistério. Numa Aparição em busca de revelação!!!
- Múltiplos são os factos que ocorrem no rectângulo que, à partida, teriam descoberta e resolução fácil. Porém, há forças que tudo fazem para bloquear a descoberta da verdade desses mesmos factos e ligações, os quais podem ser de natureza económica, financeira, pessoal, envolvendo os chamados crimes de costumes ou ainda crimes e problemas de natureza politica e militar que questionam a soberania e perigam a segurança nacional.
- Todavia, casos há em que, pela natureza das instituições envolvidas, a originalidade dos crimes, pelo tipo de corporações e interesses instalados, nomes a proteger e hierarquias a respeitar, que os estragos para a República seriam maiores acaso a verdade se descobrisse do que se ela, convenientemente, ficasse oculta pregada num caixão.
- É assim que se explicam inúmeros bloqueios nas investigações judiciárias em Portugal, de que Tancos, obviamente, é o expoente mais assustador e negativo de que há memória no Portugal democrático, e que até põe a nú a impotência do próprio Presidente da República - que suplica pela verdade.
- É assim, pela lei do bloqueio, do segredo e em obediência a um certo código de honra que se fragmenta a informação, se trancam portas, se encerram cadeados, se silenciam pessoas, enfim, se faz contra-informação para lança a confusão e mascarar a verdade. Tudo a evocar um voto de silêncio que impede a cooperação judicial e policial, política e partidária, nos planos directos ou indirectos.
- Numa palavra, em certos aspectos Portugal evoca aquela parte Sul de Itália em que vigora a lei da Omertà, e se assim for temos parte da explicação para que a verdade se nos apresente a conta-gotas, e cujo fito final é que nada mude para que tudo fique na mesma. Lisboa e Porto, por vezes, assemelham-se à Sicília, à Sardenha ou à Córsega.
- A vantagem aqui no rectângulo é que, apesar de tudo, somos menos violentos, mas já houve ameaças de morte caso a verdade se viesse a revelar...

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Chico Buarque - Vai Passar




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Espelho retrovisor da história

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(...) Regresso a casa devagar, perdido no tráfego da cidade. E entretanto, a tua imagem oculta, um aceno horrível de outrora. (...) 

VF - A. ao.F.

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A consciência social de Raul Brandão em Os Pobres -



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Vou à rua vejo e pobres, mas eles encontram-se em todo o lado: nas casas de pasto, nas igrejas, à saída dos cafés, nos transportes públicos, nos supermercados, pendurados nos quiosques. 
- Por todo o lado se multiplicam sinais de pobreza que, aliás, coabitam com os sinais contrastantes de riqueza. Foi essa comiseração de Raul Brandão que o fez interiorizar o problema da pobreza e dos pobres do seu tempo, que dilacerou a sociedade tornando-a num organismo amputado e multiplicador de sofrimento entre os homens. 
- Aliás, onde RB apareceu mais em força, através do seu alter-ego, o Gabirú, enquadrado pela sua obra maior - Húmus - a dimensão filosófica desse problema social ganha uma nova densidade social, a qual poderia hoje encontrar múltiplas manifestações dessa pobreza e sofrimento.

- Mas o que mais impressiona no pensamento de Raul Brandão, que também era equivalente ao de Agostinho da Silva, quando este me dizia que foi com a gente simples (o povo!!!) que aprendeu a pensar e foi marcado pela vida, é uma passagem que aqui sublinho e  que remete para a grandeza e originalidade da obra de Raul Brandão que jamais esquecerá essa gente, até por reconhecer que são eles, os pobres, que esperam algo dele... 

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E é da gente ignorada que levo as maiores impressões da existência. Foram os pobres que me obrigaram a pensar – foi a série de figuras toscas que encontrei na estrada, duma realidade tão grande que nunca consegui afastá-las da minha alma. Ainda hoje desfilam diante de mim os mortos e os vivos… Não posso esquecê-los: parece que todos eles esperam alguma coisa de mim.”

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quinta-feira

Evocação de AS


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[...] Tudo é mentira, tudo ilusão. Quem sabe lá quanta podridão levedou para dar uma rosa, para abrir um malmequer, e para florir uma chaga? Que as chagas o que são senão rubras e esquisitas flores?  [...]

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Crónica duma morte anunciada

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Resposta de um democrata a um ditador

A democracia sempre derrotou a ditadura


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Evitar a Ditadura, a acaça às bruxas, a emigração compulsiva, o desastre na sociedade brasileira


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- O que esperar deste personagem sinistro e destituído? senão a ditadura e tudo aquilo que lhe é natural: a violência, a prepotência, as perseguições não já aos adversários, mas aos inimigos políticos que se querem abatidos. 

- Já não é preciso Caetano Veloso dizer que se este personagem ganhar "uma onda de violência e medo" assolará o Brasil, é da natureza das coisas, da índole dos regimes autoritários fazerem o que têm a fazer sem diálogo e com recurso sistemático à força e à violência institucionalizada, que acabará por ser a regra da governação dum caudilho desta estirpe. 

- De modo que o Brasil se encontra suspenso da democracia com a entrada em cena deste personagem sinistro que, pelo perfil, posições assumidas e declarações públicas - retomará o regime instaurado em 1964 - que durou até 1985, ou seja, foram 21 anos que o Brasil vegetou na ditadura apoiada em sucessivos governos militares, de tipo autoritário e com uma base ideológica nacionalista. 

- A início, prometeu-se ao povo que a intervenção militar seria breve, mas desse golpe militar, que derrubou um governo eleito democraticamente de José Goulart, durou só 21 anos e aagravou o fosso entre ricos e pobres e afastou o Brasil da rota do desenvolvimento e do concerto da nações.

- Substituiu-se a Constituição de 1946 e aplicou-se a de 1967, o Congresso Nacional foi dissolvido e, claro, as liberdades civis e políticas foram suprimidas. Isto além de ter sido criado, como é típico em ditadura, um código de processo penal militar que mandatava o Exército e a PM de poder prender pessoas consideradas suspeitas e de atentar contra o novo poder instituído. 

- É isto que o actual personagem sinistro, o capitão que desconhece os mecanismos da governação, e não domina um único assunto-problema da sociedade brasileira, de entre os milhares de problemas que tem pela frente, se propõe fazer para destruir o Brasil. 

- Ora, para evitar a ditadura, as perseguições, a caça às bruxas, a tortura e uma vaga de emigração compulsiva que contaminaria politicamente toda a América Latina, uma vez que o capitão sinistro fosse eleito, é que se torna URGENTE fazer o voto útil na oposição de modo a vetar a debacle que está em curso na sociedade brasileira. 

- É que o Brasil tem coisas tão belas que seria um crime contra a Humanidade permitir que um personagem tão sinistro, destituído de todas as qualidades humanas e políticas necessárias para conduzir uma nação, se viesse a tornar uma realidade. 

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quarta-feira

Um pensamento bem lembrado de Marcel Proust

Evocação de Marcel Proust - foi o homem que nos lembrou que tudo o que falamos acerca da falsidade revela-se verdade. 

A change in the weather is sufficient to recreate the world and ourselves. - Marcel Proust


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terça-feira

Amor como em Casa - por Manuel António Pina -



MAP - um homem formado em Direito feito jornalista e acabou como um grande poeta.
Fica.

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Regresso devagar ao teu 
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que 
não é nada comigo. Distraído percorro 
o caminho familiar da saudade, 
pequeninas coisas me prendem, 
uma tarde num café, um livro. Devagar 
te amo e às vezes depressa, 
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo, 
regresso devagar a tua casa, 
compro um livro, entro no 
amor como em casa. 

Manuel António Pina, in "Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo. Calma é Apenas um Pouco Tarde".
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Evocação de Manuel António Pina - Algo Parecido com isto...



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A meu favor tenho o teu olhar 
testemunhando por mim 
perante juízes terríveis: 
a morte, os amigos, os inimigos. 

E aqueles que me assaltam 
à noite na solidão do quarto 
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim 
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto. 

Protege-me com ele, com o teu olhar, 
dos demónios da noite e das aflições do dia, 
fala em voz alta, não deixes que adormeça, 
afasta de mim o pecado da infelicidade.


PS: Desimaginar o mundo, aqui
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cavaco no seu melhor

Cavaco disse que A. Costa era um artista da arte do empurra com a barriga para a frente, acedendo sempre aos pedidos que lhe eram apresentados e um grande tacticista. 

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Um dia, de Dias Loureiro - Cavaco dirá que foi um grande cantor do fado de Coimbra, amigo de acções cotadas em bolsa e ainda um grande conselheiro de Estado; de Oliveira e Costa nem sei o que poderá dizer o mafarrico de Boliqueime, senão que foi um grande banqueiro, homem de visão larga capaz de fazer ruir instituições financeiras que serviram unicamente para financiar o cavaquismo.


Será, porventura, muito mais interessante saber a fundo o que cavaco pensa destes últimos players do que tecer banalidades acerca do chefe da geringonça.

De Ricardo Salgado, que também foi um contribuinte líquido da causa, cacavo só debitou uma certeza do BES: era um banco sólido... 

Temos, pois, aqui um homem de "grande CONFIANÇA" para o futuro.  

A essa luz, seria urgente que cavaco refinasse o seu fel e o aproveitasse para fazer mais um livrinho acerca das suas memórias, hoje mui relevantes para a vida da república e dos portugueses. 

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Poesia - Eugénio de Andrade -

Eugénio de Andrade



Passamos pelas coisas sem as ver, 
gastos, como animais envelhecidos: 
se alguém chama por nós não respondemos, 
se alguém nos pede amor não estremecemos, 
como frutos de sombra sem sabor, 
vamos caindo ao chão, apodrecidos.


Nasceu a 19 Janeiro 1923
(Fundão, Portugal)
Morreu em 13 Junho 2005
(Porto)
Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas foi um poeta português.

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domingo

Evocação de Nuno Júdice - lembrando Pedro e Inês

Na "escadaria da vida" e como quem escreve "sem razão", mas apenas para revelar o mistério das coisas:

(...) descobri o sentido 
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo 
que o tempo nos rouba (...)

É Isto o Amor

Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que 
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a 
manhã da minha noite. É verdade que te podia 
dizer: «Como é mais fácil deixar que as coisas 
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos 
apenas dentro de nós próprios?» Mas ensinaste-me 
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou, 
até sermos um apenas no amor que nos une, 
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor: 
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua 
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo 
esse que mal corria quando por ele passámos, 
subindo a margem em que descobri o sentido 
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo 
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor, 
de chegar antes de ti para te ver chegar: com 
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água 
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu: 
a primavera luminosa da minha expectativa, 
a mais certa certeza de que gosto de ti, como 
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste. 


Nuno Júdice, in 'Pedro, Lembrando Inês' 

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sábado

Paulo de Carvalho - Flor sem tempo -

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Na mesma rua
Na mesma cor
Passava alegre
Sorria amor
Amor nos olhos
Cabelo ao vento
Gestos de prata
De flor sem tempo
É dela o mundo
É a certeza de viver
Canta o sol
Que tens na alma
És a flor de ser feliz
Olha o mar
De tarde calma
Ouve o que ele diz (2x)
Foi como o vento
Soprou um dia
Passava alegre
Alguém a via
É nossa a vida
É a certeza de te ver
Canta o sol
Que tens na alma
És a flor de ser feliz
Olha o mar
De tarde calma
Ouve o que ele diz


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sexta-feira

w i s ł awa s z y m b o r s k a Um amor feliz - uma poetisa com síntese filosófica -

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w i s ł awa s z y m b o r s k a
Um amor feliz

Ler mais aqui



 (...) O fecho quase sempre é uma reflexão filosófica sobre a historinha apresentada. Observe-se, a título de exemplo, o início do poema “Acontecimento”: 

“Céu, terra, manhã,/ a hora: oito e quinze./ Sossego e silêncio/ na grama amarelada da savana”. A ação dramática que se desenrola a seguir é a perseguição mortal de um antílope por uma leoa faminta: “Súbito uma perturbação na doce imobilidade./ Dois seres que querem viver se lançam numa corrida./ Um antílope em fuga impetuosa/ e atrás dele uma leoa ofegante e faminta”. O tropeço do antílope numa raiz que reponta da terra determina o desfecho do drama: a vitória da leoa. O que fez com que houvesse uma raiz no caminho do antílope? Acaso? Destino? São indagações a respeito da natureza dos acontecimentos sobre os quais não se tem nenhum controle e que determinam a vida ou a morte."

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Fausto - Lembra-me um sonho lindo




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Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada

Canta rouxinol canta
não me dês penas,
cresce girassol cresce
entre açucenas

Afaga-me o corpo todo
se te pertenço,
rasga-me o vento ardendo
em fumos de incenso

Lembra-me um sonho lindo
quase acabado,
lembra-me um céu aberto
outro fechado

Estala-me a veia em sangue
estrangulada,
estoira num peito um grito,
à desfilada

Ai como eu te quero,
ai de madrugada,
ai alma da terra,
ai linda, assim deitada

Ai como eu te amo,
ai tão sossegada,
ai beijo-te o corpo,
ai seara, tão desejada
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Recanto de Leitura em Vergílio Ferreira... - prepara Szymborska -

... Em que Vergílio Ferreira nos diz por que razão escreve, e fá-lo para "tornar visível o mistério das coisas. Escreve para ser. Escreve sem razão".

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... Escrevo para criar um espaço habitável da minha necessidade, do que me oprime, do que é difícil e excessivo. Escrevo porque o encantamento e a maravilha são verdade e a sua sedução é mais forte do que eu. Escrevo porque o erro, a degradação e a injustiça não devem ter razão. Escrevo para tornar possível a realidade, os lugares, tempos que esperam que a minha escrita os desperte do seu modo confuso de serem. (...). Escrevo para tornar visível o mistério das coisas. Escrevo para ser. Escrevo sem razão.

Vergílio Ferreira, Pensar. 

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- Por vezes, ou muitas vezes, a palavra irrompe do meio do bosque, ziguezagueia as árvores na mata da nossa existência;
- Vive de "memórias e mais memórias"...;
- Ela serve para bebericar os junhos da existência em sábados que dificilmente regressarão;
- A palavra serve para ser atrevida, fala-nos de casas, de comboios (ou de "casa ou comboio") e doutras viagens à utopia do ser e do desejo e também do Amor;
- Debruça-se sobre quatro paredes e, ao "empurrão", acaba por construir uma narrativa perene, mas que podia durar uma eternidade;
- Depois, a palavra sofreu o impacto das emboscadas, das tensões, dos medos, das angústias, das coisas sem explicação, dos tormentos que nos sucedem e que atribuímos às razões erradas.  
- Por fim, a palavra foi atropelada e destruiu o fígado, os rins, a garganta, o coração...

- Escrevo para provar que, afinal, as palavras têm tanto de certo como de errado, de previsível como de acaso. 
- E de muitos acasos são também feitas muitas vidas...

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Resultado de imagem para WISLAWA SZYMBORSKAPor um acaso

Wislawa Szymborska


Poderia ter acontecido.
Teve que acontecer.
Aconteceu antes. Depois. Mais perto. Mais longe.
Aconteceu, mas não com você.
Você foi salvo pois foi o primeiro.
Você foi salvo pois foi o último.
Porque estava sozinho. Com outros. Na direita. Na esquerda.
Porque chovia. Por causa da sombra.
Por causa do sol.
Você teve sorte, havia uma floresta.
Você teve sorte, não havia árvores.
Você teve sorte, um trilho, um gancho, uma trave, um freio,
um batente, uma curva, um milímetro, um instante.
Você teve sorte, o camelo passou pelo olho da agulha.
Em conseqüência, porque, no entanto, porém.
O que teria acontecido se uma mão, um pé,
a um passo, por um fio
de uma coincidência.
Então você está aí? A salvo, por enquanto, das tormentas em curso?
Um só buraco na rede e você escapou?
Fiquei mudo de surpresa.
Escuta,
como seu coração dispara em mim.
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mAL, Ciga.


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terça-feira

Evocação do romancista maldito Charles Bukowvki (1920-94)


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Outro dia, fiquei pensando no mundo sem mim.
Há o mundo continuando a fazer o que faz.
E eu não estou lá. Muito estranho. Penso
no caminhão do lixo passando e levando o lixo
e eu não estou lá. Ou o jornal jogado no jardim
e eu não estou lá para pegá-lo. Impossível.
E pior, algum tempo depois de estar morto, vou ser
verdadeiramente descoberto. E todos aqueles
que tinham medo de mim ou me odiavam
vão subitamente me aceitar. Minhas palavras
vão estar em todos os lugares. Vão se formar
clubes e sociedades. Será nojento.
Será feito um filme sobre a minha vida.
Me farão muito mais corajoso e talentoso do que
sou. Muito mais. Será suficiente para fazer
os deuses vomitarem. A raça humana exagera
em tudo: seus heróis, seus inimigos, sua importância.
Charles Bukowski

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sexta-feira

Da indecibilidade à memória curta e longa das coisas e das pessoas

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O Outono, por suceder ao Verão e antecipar o Inverno impele-nos para alinhar balanços no vagão da memória, mas a que nem sempre a linguagem e a reflexão disponíveis conseguem dar vazão ou definição precisa. 

Alguma queda de temperatura também nos modela os pensamentos e a forma de reagir aos factos do mundo que nos rodeia, o qual nos desafia constantemente para o organizarmos, para o compreendermos e, por fim, para o explicarmos ou, no limite, o modificar. Ora, é sob este ambiente de outono astral, a que se associa a queda das folhas das árvores, que percepcionamos a relação do sentir com o pensar, ou seja, invocamos o existencialismo como corrente explicativa da evolução das nossas vidas, para o melhor e para o pior. 

É nessa fenomenologia existencialista, que fez carreira com J.P.-Sartre, A. Malrau, Maurice Merleau-Ponty, ou, mais remotamente com A. Schopenhauer, Soren Kierkgaard, F. Nietzsche, E. Husserl e M. Heideger - todos - com diferenças de pensamento procuraram enquadrar o existencialismo no humanismo e, com nuances, defendiam que o indivíduo é o único responsável por conferir significado à sua vida e em vivê-la de modo sincero e apaixonado. Um modo de vida que não descarta, naturalmente, a ansiedade, o absurdo, a alienação e, no limite, o desespero humano de que nos falava Soren Kierkgaard e para cujo mal não há cura. Ainda assim, considerava que a morte era um mal menor comparado com o desespero...

O Outono é assim um tempo implacável, pois arrasta-nos para o que queremos e não queremos, partilhando as memórias boas com a más e atravessa-nos com o passado (recente e remoto) como se fosse uma espada a recortar o presente e, de certo modo, a modelar o futuro. Ora, é nesse movimento interior que nos revelamos, que trazemos à superfície o nosso EU - e o pomos em contacto com a morte e o desespero ou a sua perspectiva. 

Por outro lado, este dilúvio outonal, como se fosse uma Aparição (por alusão à obra de Vergílio Ferreira) abre-nos o passado através da memória, e dela parte um cruzamento que pode ser mais ou menos fecundo consoante o conhecimento e a capacidade de correlacionar factos, situações e circunstâncias no caleidoscópio da vida de cada um de nós. Entre a filosofia, a reflexão, o common sense, a criatividade poética e a aguçada memória (romanesca ou não!!) pode sintetizar-se 80 ou 90% de nossas vidas. É nesse carrefour que muitos dos nossos pensamentos, percepções e emoções deambulam no vagão da memória em busca de ordenamento racional que empreste sentido e significado à vida. 

Resultado de imagem para mata de benficaPorventura, e é assim em todos os homens, a condição humana é muito marcada pela ausência, seja por via da morte de alguém especial ou o cárcere forçado imposto por circunstâncias extraordinárias que ora têm reflexo na vida de cada um de nós, ora integram as narrativas romanescas. De resto, e dada a complexidade crescente da condição humana, é cada vez mais difícil isolar a criação ficcional dum pensamento ou duma reflexão filosófica mais estruturada que percorre a memória de cada um de nós e que encontra nos Romances, na Pintura, na Poesia, da Filosofia, no Tempo, na Memória, na Morte ou na Vida - uma unidade de preocupação temática que empresta ritmo ao pensamento e às emoções. 

No fundo, vivemos nessa busca permanente para encontrar a Palavra criadora de mundos capaz de dizer a verdade acerca de nós e daqueles que nos são importantes e capazes de resumir uma vida, ou parte dela mas como se fosse uma vida inteira pela intensidade conseguida. 

Por último, e esta também é uma marca deste Outono astral que sinaliza a transição das estações e pauta toda a condição humana, decorre dum confronto inescapável. Com ele, ou através dele, somos transportados para o desafiante confronto entre dois tempos: o tempo diário, marcado pela espuma dos dias do nosso quotidiano; e o tempo longo e estrutural da memória que abarca e alcance outros horizontes. 

Frequentemente, a nossa vida é profundamente marcada por essa relação tensa entre o tempo curto e mensurável, do aqui e agora, e o tempo longo que empresta um sentido humano à vida, mesmo que façamos promessas abstrusas a meio da ponte - os dados já foram lançados,  e esses foram gravados a lazer na nossa memória que é, segundo a segundo, desafiado com o cheiro a chuva batida na terra seca numa qualquer mata da nossa exisstência.


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