sexta-feira

Mario Draghi - um Sforza dos novos tempos -.O Sr. 0% das taxas de juro



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Podia ter sido o novo Francesco SFORZA de Milão dos novos tempos, que mandava no curso do dinheiro em toda a Europa. Marcelo gostou tanto dele que até o condecorou. Talvez por reconhecer que Draghi garantiu a coesão do €uro e deixou as taxas de juro pelas ruas da amargura, a ponto de serem negativas e desincentivarem os aforradores a poupar, porque nenhuma vantagem têm em fazê-lo.

Se, por um lado, Draghi evitou a implosão da chamada zona €uro, por outro colocou as taxas de juro a níveis negativos, com isso gerando várias disfunções na economia europeia, não obstante a possibilidade de o BCE continuar a comprar dívida pública.

Com a fórmula - Custe o que custar, Draghi colocou os mercados em sentido e pôs termo à crise da zona €uro. Eis a sua grande virtualidade. Mas quem gosta de ver os juros dos seus capitais devidamente remunerados viu nas políticas monetárias e financeiras de Draghi o pior. Juros cortados abruptamente durante anos a fio?! A ponto de atingirem valores negativos, tornando os aforradores "escravos" dos bancos que, lamentavelmente, já praticam comissões abusivas relativamente aos consumidores sem que, quer o regulador (o BdP) e o Parlamento (fonte legislativa) - cortem o mal pela raiz dos abusos reiterados da banca em Portugal, escravos que também estão desse sector que parece corromper tudo e todos.

O que Draghi consegui fazer, na relação dos aforradores com a banca foi o seguinte: quando os depósitos dos particulares e empresas são feitos à banca, as taxas de juros praticadas estão ao nível do negativo; quando é a banca a prestamista as taxas de juro disparam exponencialmente, gerando aqui uma desigualdade extrema na relação dos clientes (particulares e institucionais) com a banca, levando mesmo a uma quebra de confiança dos depositantes relativamente à banca.

Terá valido a pena levar à prática a sua fórmula: custe o que custar?!

Talvez valesse  a pena perguntar ao Sforza do novo tempo se obrigar milhares de depositantes a tirarem os seus capitais dos bancos, onde os juros estão ao nível da taxa 0% -  para depois os canalizarem para pequenos paraísos imobiliários, como é Portugal (leia-se, Lisboa, Porto, Algarve e pouco mais...) - para investir aí em força, em ordem a capitalizarem os recursos que valem zero em depósitos na banca.

As consequências desta bolha imobiliária em Portugal tem tido consequências terríveis na vida de milhares de pessoas, as quais são literalmente despejadas pelos respectivos senhorios, animados pela perspectiva da especulação dos seus imóveis, seja por via de alienação dos mesmos, seja por via do arrendamento clássico ou ainda do arrendamento de curta duração, que transformou a paisagem das cidades em nome dos rendimentos mais elevados para quem passou a explorar os famosos Alojamentos Locais (AL) e até fez disso um modo de vida.

Draghi é também o responsável  por essa bolha especulativa em torno do imobiliário, mormente em Portugal que passou a viver do turismo e onde as taxas de juro dos depósitos são negativas, é bom repetir, o que tem permitido à banca esbulhar os capitais dos depositantes que, duma maneira ou doutra, têm que escolher opções credíveis para as suas capitalizações. E o imobiliário é uma delas. 

Mas com custos brutais para milhares de portugueses, que foram compulsivamente destribalizados dos seus locais de origem, e cujas rendas têm subido em flecha. Tudo em nome dos interesses especulativos dos senhorios e, claro, a coberto das políticas financeiras e monetárias cegas do Sr. Draghi. 

Entre o deve e haver dos mandatos do Sr. Draghi no BCE, creio que o Sr. Europa não deixará grandes saudades à Europa, que apesar de ter tido um papel relevante na manutenção do €uro - não conseguiu evitar a catástrofe da Grécia que, ao tempo em que Mr. Barroso presidia à CE - foi completamente esmagada em nome dos elevados interesses dos sectores financeiros para quem aquele sr. barroso, aliás, tanto trabalhou, e depois até foi devidamente compensado. 

Hoje é o mesmo cretino que diz que o povo português é resiliente perante as políticas económicas que sofreu na pele, ao invés das elites nacionais, que não souberam estar à sua altura. 

Vindo de quem vem, aquela afirmação tem o mesmo valor facial das taxas de juros impostas às Europa pelo Sr. Draghi. Estão bem um para o outro. E uma desgraça nunca vem só...
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quinta-feira

Diogo Freitas do Amaral - foi quase tudo em Portugal...

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... e pelo seu trajecto profissional ligado à academia, de vida política merecia ter sido PR em Portugal. Foi Mário Soares quem lhe roubou esse desígnio em 1986. 

Ainda guardo na memória a imagem televisiva de Freitas do Amaral, de dezembro de 1980, a anunciar ao país a queda do Cessna que vitimou Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa em Camarate, entre outros que viajavam no avião. 

Freitas do Amaral, pela importância que teve na fundação e consolidação da democracia em Portugal, pela sua prestigiada obra académica na área do Direito (e mais recentemente na área da História de Portugal), pela sua continuada acção política, até na esfera da ONU, onde teve especiais responsabilidades na sua AG, merece um lugar de destaque na história política contemporânea entre nós.

Por essas razões, e por ser também uma mente brilhante e dotada dum cartesianismo explicativo invejável, é que Diogo Freitas do Amaral será recordado como um político que foi quase tudo, excepto PR. 


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