segunda-feira

Negócios da alma na esquina da eternidade. Ao Mário...

Quando um amigo partilha connosco aquilo que aqui convenciono designar pistas de reflexão que informam os "negócios da alma e do espírito", ficamos um pouco assustados.
Assustados, desde logo, porque a questão metafísica se coloca perante o écran de um computador, e não já num espaço religioso ou na casa de um amigo. Isto significa, à priori, que estamos numa fase da nossa civilização em que Deus desapareceu, a sociedade explodiu (ou implodiu, não sei bem!!), e os valores e princípios que nortearam uma cultura, uma sociedade e uma economia dissolveram-se, fragmentaram-se. De modo que ficámos sem guia, privados de mapa e em busca duma narrativa que sirva para prosseguir um caminho. Mesmo que “um” caminho não seja “o” caminho. Daí a indefinição estratégica dos tempos.
Resta então o quê (!?), senão recuperar um novo culto, em que a comunicação de algo significa por em comum esse algo.
Mesmo que esse “algo” se recorte num paradoxo que consiste no seguinte: concebemos Deus a partir das qualidades humanas e atribuímos-lhe mesmo um poder sobre nós.
Na verdade, somos muito complicados, não somos Mário…
No fundo, o Homem passa o tempo a procurar a verdade que convém à sua realidade. Encontrada essa realidade, a verdade já não lhe convém.
Na vida, compreender é o preço da consolação. O resto é vaidade e vento que passa, como diria o Eclesiastes…