O Princípio de Peter em Cavaco Silva
Cavaco Silva ficará na história de Belém como o pior PR do pós-25 de Abril, é o único PR que não está seguro de que conseguirá fazer um 2º mandato, como fizeram Eanes, Soares e Sampaio. Na raiz desse mal estão vetos desnecessários, apoio ao PSD de Ferreira Leite, campanhas urdidas juntamente com assessores do inner circle para queimar politicamente Sócrates - com o fito de o apear do poder. Depois Cavaco recebe os sindicalistas da justiça quando deveria fazê-lo com discrição e fora dos momentos de crise, tira o tapete a S. Bento quando inicialmente lhe prometera a tal "cooperação estratégica" nos assuntos mais relevantes da governação, os casos de deslealdade ao Governo multiplicam-se. São tantos que se torna difícil enumerá-los a todos. Agora verificamos que Fernando Lima, um ex-director do DN - que quase ia levando o diário de notícias/DN à falência, foi reconduzido nas suas funções assessoriais em Belém. Após Lima ter tentado urdir a maior farsa do pós-25 de Abril para abater politicamente um PM, vemos cavaco reconduzir este figurante altamente perturbador do normal funcionamento das instituições. Em termos políticos isto é uma vergonha, no plano constitucional um atentado ao regular funcionamento das institucições, e no plano ético um vómito na naúsea comportamental de Belém em alguns aspectos da nossa vida pública. Confesso que nunca esperei ver cavaco ter estas condutas a partir de Belém, até porque nos seus dez anos de PM a sua conduta, apesar de ter falhas, nunca chegou a este desrespeito constitucional - reconduzindo elementos que instabilizaram o funcionamento de órgãos de soberania. Ao permanecer em Belém em funções discretamente destacadas, Lima apenas está a dizer ao país que não tem vergonha nem ética, deveria ter saído pelo seu pé em vez de fazer o papel amador do espião que veio da Madeira revelando, afinal, que é um ingénuo da política e até um mau jornalista. Cavaco, por outro lado, está a dizer ao país que quanto pior melhor, promove a incompetência, a instabilidade e a guerrilha entre órgãos de soberania. Cavaco, afinal, ao invés do que imputava a certos deputados do PS, é que é o fautor da instabilidade e do condicionamento à acção dos media que atribuía ao Governo. Recorde-se que no Princípio de Peter - um sistema hierárquico defende que todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência, ou como diria Laurence Peter - a quem aqui prestamos homenagem - "In a hierarchy, every employee tends to rise to his level of incompetence" - que se tornou um clássico da gestão empresarial. Mas mais grave do que o PR estar a promover um seu íntimo colaborador e fiel amiguinho - em jeito de agradecimento e/ou reconhecimento pela cilada que tentaram - ambos - perpretar contra o PM josé Sócrates é a circunstância de Cavaco, ainda que indirectamente, estar a dizer aos portugueses: vejam como eu me identifico com estas sacanices político-constitucionais, como eu as apoio e promovo junto da minha casa Civil como se daí resultasse um modelo de virtudes públicas perante a sociedade portuguesa que assiste a esta vergonha estupefacta. No limite, esta recondução vergonhosa de cavaco a F. Lima revela que o PR não percebeu bem o alcance das suas atitudes, e, em política, quem não entende isto não tem condições para governar uma retrosaria quanto mais presidir aos destinos de um país com quase um milénio de história.
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