Macroscopio
Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
sábado
O regresso dos cínicos. Uma OPA ao PM... Monty Python
Diógenes
Supostamente, o pensamento cínico teve origem numa passagem da vida de Sócrates: estando este a passar pelo mercado de Atenas, teria exarado o comentário:
- Vejam de quantas coisas precisa o ateniense para viver. Ao mesmo tempo demonstrava de que de nada daquilo dependia. De facto, o que o filósofo propunha era a busca interna da felicidade, que não tem causas externas - aspecto ao qual os cínicos passaram a defender, não somente com palavras, mas pelo modo de vida adoptado.
Esboço duma nova ordem social em Portugal
Do que se sabe sobre o pão & circo do tempo que passa no affair freeport, esta será uma oportunidade para se provar várias coisas: se os mails que referem o nome do PM não resultaram de abuso de confiança; se o património do PM engrandeceu exponencialmente, o que será fácil de verificar compulsando o património que tinha antes com o que tem hoje; se o rasto do dinheiro ligam às suas contas - ou tiveram outro(s) destinatários.
As dúvidas existem, se é que não foram forjadas, as autoridades judiciais têm a obrigação e o dever de as esclarecer com urgência e de forma cabal. Mas o modus operandi da SFO britânica parece querer vingar-se de algo, talvez de algum procedimento da PJ no caso Maddie. Tudo será possível neste admirável mundo novo.
Entretanto, o PM tem também aqui uma excelente oportunidade para peneirar aqueles que acreditam nele, na sua honra e bom nome, daqueles que andam caladinhos que nem ratos a imitar a Ferreira leite no tempo do hibernanço: não falam, não escrevem, não declaram, não omitem, alguns até deixaram de existir, não vá o diabo tecê-las - e a corja (que existe em todos os partidos, em particular numa certa qualidade de pessoal político caciqueiro e assessorial sem qualidade para ultrapassar a sala do economato) - já deve estar a fazer os seus cálculos, para o caso da pior hiopótese prevalecer, e o PM tiver que resignar. Tese em que não acredito.
Nesta conformidade, apraz-me registar que dado por adquirido que a questão da legalidade do projecto freeport foi cumprida, a questão inscreve-se agora mais na esfera na legitimidade - na medida em que neste contexto de ping-pong entre Portugal e Reino Unido (com as respectivas autoridades judiciais a cooperarem apenas nos dias ímpares) torna-se particularmente evidente a embricação das legitimações sociológica e ética.
Ou seja, se o Príncipe não tiver razão, o povo não o deverá seguir. Pois ninguém deve agir contra o direito, que aqui ainda não se provou. Se, como se pensa, o Príncipe tiver razão, o seu poder e a sua legitimidade ainda sairão mais reforçadas, na sequência da pressão sofrida e da compaixão que o povo naturalmente lhe dedica, reforçando a sua confiança.
Se os jornalistas e os jornais têm o direito de investigar, apurar os seus factos - já não têm o direito de publicar tudo aquilo que querem, porque ao poderem ser imprecisos ou involuntáriamente incriminatórios estão, antecipadamente, a incriminar e a julgar na praça pública os suspeitos que nunca foram (sequer) constituídos arguídos.
Veja-se o que os media fizeram a Ferro Rodrigues...
Estes julgamentos na praça pública dão sempre mau resultado, lembram-se aquelas práticas abusivas, intrusivas e incriminatórias ao estilo do semanário Independente então dirigido por Paulo portas, quando este acusou João de Deus Pinheiro de ter roubado a célebre manta do avião, depois, ao provar-se ter mentido, foi obrigado a pagar uma boa indemnização ao visado. Os casos repetiram-se, e o então director desse pasquim passava mais tempo nos tribunais do que nas redacções do jornal, e isto não deve ser agora descurado.
Julgar, como faz o semanário sol e outros meios, com base em mails que têm quase uma década, não deixa de ser um meio de prova interessante, pronunciado jornalísticamente de forma retroactiva, tendo pelo caminho a campanha freeport de 2005, e agora a sua reedição de 2009. Estranho e incompatível com um estado de direito.
Creio que este caso será paradigmático, dado os paralelos com as próprias revoluções, ou seja, quando os revoltosos tentam depôr o poder estabelecido porque o acham injusto ou cruel - podem conseguir ou não:
- Se não conseguirem fazer vingar a revolução, os revoltosos são depostos pelo poder estabelecido, alguns são mortos e outros despachados para a prisão;
- Se, ao invés, conseguirem fazer vingar a revolução, quem está no poder sai pela porta do cavalo aos pontapés e encontra um destino miserável.
Nadal vs Verdasco - insane tennis. Isto é "obra"
Nadal vs Verdasco - insane tennis Nadal Vs Verdasco: El punto final.
«É inaceitável ter um Primeiro-ministro sob suspeita» - afirma Morais Sarmento -
in Portugal Diário:
Ferreira Leite dá "outra oportunidade ao Governo".. Anedota do dia
Obs: Ferreira leite, para sustentar a valia das suas propostas, referiu que se o Governo prosseguir com a sua política económica (leia-se, de investimentos públicos) vai beneficiar umas empresas em detrimento de outras. De facto, uma economista - com aquela simplicidade - afirmar isto até é uma heresia, pois a história do Desenvolvimento - apesar de se querer simétrico e homogéneo, acaba sempre por gerar inevitáveis injustiças regionais e até entre as pessoas. De resto, é esse precisamente o preço do desenvolvimento. Dou aqui um exemplo comezinho, bem à altura para a srª Ferreira perceber: a construção duma auto-estrada vai tirar o trânsito que habitualmente passa por estradas ou vias internas, que atravessam povoações, muitas das quais têm estabelecimentos comerciais, por exe., restaurantes. Mas o facto de a dita auto-estrada se construir - tem como consequência tirar o trânsito local e permitir que ele passe a fazer-se pela tal auto-estrada. Resultado: os restaurantes locais fecham e os desemprego aumenta. Vistas as coisas pela lente pequena da srª Ferreira, que é a que ela tem, não se construiriam mais vias em Portugal, nem que fosse só para manter os empregos naqueles restaurantes situados naquelas povoações do interior. Mas aquelas grande vias, por outro lado, acabam por beneficiar um maior número de pessoas, contribuindo mais decisivamente para o desenvolvimento do país. Então, entre uma coisa e outra, entre a pequena política de Leite e a grande política de desenvolvimento infra-estrutural do País, deve arredar-se as posições de Ferreira leite e apoiar e promover aquelas que defendem o bom investimento público. Por ser esse aquele que mais e melhor promove o interesse geral beneficiando, desse modo, um maior número de pessoas, empresas e organizações. Ferreira leite continua errada. Eduardo Ferro Rodrigues
Ferro Rodrigues também conheceu o seu "freeport"... Infelizmente, não resistiu - sob o olhar cúmplice e passivo do aparelho de Justiça. Ninguém o indemnizou por isso. Entretanto, a sua vida pública foi destruída e a sua vida privada ficou manchada para sempre. Pergunto-me se algum português hoje olha para a nossa Justiça e lhe deposita algum crédito.
sexta-feira
A corja - de Camilo Castelo Branco -
J'ACCUSE - por Fernanda Câncio -
Obs: Aproveito para sublinhar que Dreyfus era judeu, e assim que soube da sua acusação os meios anti-semitas comentaram-na ruidosamente, como convinha. Recordemo-nos de que no fim do séc. XIX, por volta de 1894, o mundo inteiro, com pequenas excepções, o julgavam culpado. - Haver um enredo familiar que (alegada e fácilmente) inculpa o PM;
- Termos um PM reformista que nunca teve receio de enfrentar as corporações;
- E uma majistratura que destesta o PM, talvez boas razões para a tal manipulação das fugas de informação.
Além disso, dois ou três jornais vivem hoje obcecados com Sócrates, diria até que esses títulos reepresentam hoje contra o PM em funções - aquilo que o Indy representava nas décadas de 80 e 90 do séc. XX contra Cavaco.
O caso Freeport, com as informações hoje disponíveis, é um caso típico de intoxicação da opinião pública, e na altura Dreyfus foi a vítima inocente do medíocre caso de espionagem que, de facto, era o caso Esterhasy.
Daí o paralelo do caso Dreyfus com outros que depois lhe sucederam!? E o mais curioso é que constatar que este caso ocorreu no séc. XIX, mas o século seguinte também conheceu inúmeros casos de espionagem e contra-espionagem, e o séc. XXI - no III milénio - no qual estamos, a coisa volta a repetir-se, embora com outros contornos e motivações. Há, pois, um fio imutávl que atravessa os tempos na história da condenação de pessoas inocentes.
Recordemos aqui que o chamado caso Dreyfus nasceu da descoberta de um documento, uma factura, no cesto de papéis do adido militar alemão, Scwarzkoppen, em Set. de 1894, por motivo de uma semelhança de letra, que permitiu inculpar o capitão do Estado-maior Alfred Dreyfus. Mas não podemos omitir que, então, o referido Estado-Maior era composto por oficiais anti-semitas, que à força e por puro preconceito - se convenceram de que Dreyfus era culpado.
Pacheco Pereira - o grande acusador -
Ganhar Tempo - por António Vitorino -
Obs: Divulgue-se pela clarividência dos pontos de vista expendidos por António Vitorino, os quais poderiam ser racionalizados pela UE - que deveria fazer da questão dos direitos humanos, da luta (coordenada) ao terrorismo global, suicidário e catastrófico - uma importante linha de acção transatlântica. Até porque o problema é global(itário) e não exclusivamente americano, como alguns utópicos do III milénio querem fazer crer.
Guantánamo é, assim, o primeiro barómetro para duas intenções políticas na arena internacional: encetar boas relações políticas com o novo Presidente da América, Barack Obama, que precisa de urgente ajuda europeia nesta delicada questão; e dar um sinal claro aos radicais e fanáticos que do arco muçulmano que vai de Marrocos até à Indonésia - que alimenta o fundamentalismo religioso, fonte de recrutamento para inúmeras acções terroristas amiúde pelo mundo, deixaria, preventivamente, de fazer sentido. Até porque Obama suscita menos ódios e animosidades do tipo clash of civilizations - que os que lhe precederam na Sala Oval, eis uma das grandes vantagens da raça na configuração das constelações políticas globais do mundo contemporâneo. Factor que deve ser racionalizado não apenas pela América como também pela Europa.
O nosso MNE, Luís Amado esteve bem ao levar a ideia à Europa, restando, doravante, a essa imensa Europa a 27 cabeças - entender-se quanto à estruturação duma política de segurança & defesa que também passa pela resolução dos resíduos do 11 de Setembro de 2001 (de que Guatánamo foi uma consequência), que alteraram não apenas a face do mundo, mas também a nossa própria percepção da realidade. Uma percepção que deverá passar a integrar como campo de hipótese plausível de que, após o 11 de Setembro, tudo é possível. Até converter aviões comerciais em mísseis contra edifícios civis no pleno ventre das megapolis, matando milhares de pessoas inocentes de uma só vez. Ora, é isto que a Europa terá de compreender e recordar - para não tipificar o terrorismo como um assunto cicrunscrito à terra do Tio Sam. Espanha, já provou que assim não é. Revelar fissuras neste delicado dossier é demonstrar à Administração norte-americana que a Europa é um saco de gatos, e se calhar aquela velha (e irónica) afirmação de Henri Albert Kissinger de que desconhecia qual era o número de telefone da Europa (demonstrando a sua divisão) - faz algum sentido. Relativamente a este tema, estranhamente, o mundo desconhece o que pensa Durão Barroso que, as usual, deve andar mais ocupado a reunir à sucapa os apoios politico-diplomáticos dos cabeças de cartaz europeus a fim de granjear os votinhos que lhe garantam um 2º mandato bruxelense. Com Durão é assim: primeiro eu, depois eu, e só depois é que se fala na Europa.
Marinho Pinto ainda vai a Ministro da Justiça. Em 3 semanas reformaria tudo...
Três reflexões de Vital Moreira: ética bancária, responsabilidade familiar e Freeport
[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]
Há quem defenda a ideia de que basta que familiares do primeiro-ministro se tenham tentado aproveitar do seu nome, sem o seu conhecimento, para obterem vantagens ilícitas para que aquele deixe de ter condições para governar. Mas uma tal tese não é somente moralmente insustentável, mas também manifestamente antidemocrática. Um responsável político não pode ser politicamente penalizado, muito menos responsabilizado, pelas reais ou alegadas tropelias dos seus familiares, mesmo se próximos (o que nem sequer é o caso...) às quais seja alheio.
Quinta-feira, 29 de Janeiro de 2009
[Publicado por Vital Moreira] [Permanent Link]
O Presidente da República perdeu uma excelente ocasião, no seu discurso na sessão inaugural do ano judicial, de denunciar e censurar a inaceitável demora das investigações penais (em prejuízo do bom nome dos suspeitos inocentes), a maciça e impune violação do segredo de justiça e a notória instrumentalização, por forças ocultas, de informações ou pseudo-informações não confirmadas de um inquérito penal para fins de assassínio político do governo em funções. A jurisdição do PR como supervisor do sistema político não consiste somente em impedir os abusos do governo e da maioria parlamentar, mas também em defender as instituições contra o abuso de funções por parte de poderes não responsáveis democraticamente. Há silêncios que comprometem ...
Obs: Reflexivo, certeiro e ético - é o estilo de Vital Moreira. De facto, não se percebe por que razão os bons banqueiros não se distanciam da má moeda, talvez o façam quando compreenderem que têm mais-valias nessa distinção.
Gordon Brown e as instituições judiciais inglesas
Marinho Pinto fala verdade
quinta-feira
Cândida Almeida na RTP
Adenda:
- Abrir as contas, idem
Caso Freeport: gabinete britânico anti-fraude recusa comentar notícias
Obs: Digamos que é a estratégica do toca-e-foge que já cumpriu os seus objectivos de tentativa de assassínio político - levando grande parte dos papalvos portugueses a paparem esta óstia requentada. Nuns casos, por mera ingenuidade e credulidade; noutros por pura má fé, sacanagem, vontade de litigância política e maldade patológica - vendo aqui uma oportunidade de oiro para enterrar vivo o PM em funções. Apenas porque não gostam dele, do seu estilo e das políticas reformistas que tem implementado no País.
Este processo de intenções baseado no Freeport, com os dados disponíveis actualmente, revela não apenas até que ponto alguns cobardes recorrem a métodos ocultos para descavilhar o processo activado em 2005, que terá ramificações a Inglaterra, como também denuncia - a avaliar por algumas doutas opiniões que se lêem pelas valetas da blogosfera e da mediacracia - a verdadeira personalidade colectiva de parte do povinho português. Algum dele cresceu a ser humilhado - na empresa, na universidade, nas organizações em geral - e agora - aproveitando esta boleia - não hesita em doutamente teorizar o fim do regime - reproduzindo mecanismos de violência psicológica de que foram alvo do decurso das suas vidas pessoais e profissionais. Aliás, Freud explica bem isto. Enfim, são os mesmos maluquinhos de Arroios do costume a quem ninguém já dá importância, senão eles próprios - por egocentrismo e patologias conexas, claro está.
Começa-se a perceber que quem, na realidade, deveria ser investigado é o Serious Fraud Office (SFO).
Sócrates volta a repudiar «noticias difamatórias»
Há 24 mins Magistrado diz que diligências passam por análise a operações bancárias
Hoje às 18:30 PGR considera que carta rogatória inglesa não tem factos «juridicamente relevantes» Hoje às 13:50
NOTA PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL - da Procuradoria-Geral da República
A conquista do significado e os tapetes de arraiolos

Spinning
O ano de 2009 será o ano de todas as verdades, até já o designámos o ano Borda d'Água e a sociedade da mentira. Os majistrados querem ser os donos do direito, da justiça e da honra universais, os políticos já não são omnipotentes, as corporações ganham poder pela pressão que fazem junto dos poderes até que estes cedam às suas pretensões, os jornalistas querem ser os novos heróis - pelo romantismo, e pelo poder que sentem ao fazer perder o poder aos que o têm. Todos estes players na sociedade ultrapassam as suas funções naturais, é como se saíssem da sua casca natural para entrar na casca do vizinho, influenciando-o, condicionando-o, por vezes destruindo-o. Isto é tanto mais assim porque a crise seguida da recessão se instalou na Europa e em Portugal, e quando assim é as relações inter-institucionais ficam mais ríspidas e tensas, o mercado de trabalho rigidifica-se, o desemprego dispara, as injustiças sociais e as desigualdades - acabam por fazer a sua carreira agravando as clivagens e fracturas sociais. Num caldo macro-económico recessivo é isto que sucede em qualquer sociedade. Veja-se a Islândia, ontem um modelo de desenvolvimento e qualidade de vida, hoje está falida com o PM obrigado a demitir-se. Este clima de penúria crescente obriga-nos a ter filtros especiais para compreender a realidade, precisamente para nos protegermos das falsas ideias, das falsas promessas - que todos aqueles players procuram impingir à sociedade. Até os jornalistas, alguns deles, seguramente, já se vão habituando, conhecendo o poder de que dispõem, a desenvolver processos de manipulação - spinning -. Seja num contexto de meras relações públicas, em que posicionam certos eventos ou factos mais a jeito de A ou B, contra C ou D - para daí extrair um efeito legal, político, moral ou outro que - directa ou indirectamente - influencie a opinião pública. Neste jogo há sempre alguém que perde e alguém que ganha. Daí a importância das notícias e as suas legiões de especialistas que também não deixam de manipular a informação de que dispõem, especialmente desde que os media se tornaram um veículo de levar a informação ao público. E nós, consumidores, alternadamente, ou nos deixamos levar ou temos filtros capazes de separar o trigo do joio. O ano de 2009 será, pois, o ano dos analistas e de todas as análises. Especialmente porque muitos desses analistas passarão metade do seu tempo a tentar explicar por que razão as suas análises não se concretizaram.
Mário Crespo e o "jornalismo-genealógico"



