sábado

O regresso dos cínicos. Uma OPA ao PM... Monty Python

Diógenes

Supostamente, o pensamento cínico teve origem numa passagem da vida de Sócrates: estando este a passar pelo mercado de Atenas, teria exarado o comentário:

  • Vejam de quantas coisas precisa o ateniense para viver. Ao mesmo tempo demonstrava de que de nada daquilo dependia. De facto, o que o filósofo propunha era a busca interna da felicidade, que não tem causas externas - aspecto ao qual os cínicos passaram a defender, não somente com palavras, mas pelo modo de vida adoptado.
Os cínicos dizem-se cosmopolitas e criticam qualquer tipo de pertença, livres de qualquer obediência às instituições, convenções ou leis, consideram-se cidadãos do mundo. Em qualquer sítio julgam-se em casa.
Se hoje há classe profissional que se aproxima desse perfil são os jornalistas, em particular alguns deles. Gozam dum imenso poder sem obedecer a qualquer escrutínio, é o chamado 4º poder, presente na comunicação social. São uma espécie de "actores políticos irresponsáveis", quase sempre inimputáveis, por isso podem dar-se ao luxo de publicar quase tudo aquilo que apanham. Seguramente, nem todos os meios são sensacionalistas ou trapalhões, como certos pivots de jornais notíciosos, na excelência de conteúdos e no jornalismo de excelência.
Naturalmente que sem comunicação e informação adequada sobre as realidades humanas actuais - torna-se difícil aos cidadãos actuar livre, ajuizada e solidariamente.
Mas os tempos que correm obrigam-nos a não sermos anjinhos, por isso hoje o que campeia por aí, até pela vontade de litigância política que se instalou na sociedade portuguesa para derrubar o Governo em funções, é uma multidão de cínicos que enchem a boca de direitos, de frases sonantes proclamando a sua independência - quando sabemos perfeitamente que esses meios de comunicação estão ao serviço de um determinado e concreto poder ideológico-económico que quer ajudar a instalar no Poder outro partido político e outro PM. Portanto, se não se consegue derrotar Sócrates na dialéctica politico-parlamentar, há que o abater recorrendo a outros meios.
Muitos jornalistas que embarcassem nessa cruzada anti-socrates já terão promessas de subir a chefes de gabinete ministerial, as usual.
Nem que para isso os políticos, os académicos, o empresariado, alguns blogueiros encartados vitaliciamente sentandos no OE - nos dias pares defendem Keynes, nos ímpares Shumpeter numa salada de frutas estival (que não é para levar a sério) - recorram ao argumento da sagrada liberdade de expressão como patente de pirata para invadir e caluniar pessoas e instituições que, por enquanto, nem sequer arguídos são. Repor depois este bom nome é impossível em termos mediáticos. O caso Ferro Rodrigues ilustra bem este ponto. E esses tais blogueiros encartados sabem-no bem, até porque muitos deles também já sofreram campanhas negras no âmbito da sua vida privada, seja na academia seja no mundo empresarial.
Isto toca a todos e um dia a casa pode vir abaixo, mas infelizmente, pelo que vou lendo pelas valetas sujas e invejosas de alguma blogosfera, a coisa fede mesmo.
Esses meios de "boa vontade" - entre os quais se encontra esse semanário radioso quase falido, têm como função servir o público, fazendo uso e garante das liberdades de informação em contexto de democracia pluralista, mas o que boa parte desses meios pretende é, literalmente, destruir na praça pública um PM em funções. E a lume brando, i.é, a conta-gotas.
Dando agora a entender ao zé povinho que Sócrates além de corrupto também é mentecapto, pois primeiro corrompia os camones, depois levava o saco de sarapilheira - diante do Conselho Geral da Freeport - para arrebanhar a massa.
Tanta lucidez, meus Deus... Depois ainda me dizem que o Serious Fraud Office/SFO é do melhor que há. Deve ser o carapau de corrida lá do sítio.
Resta saber se isto é um assunto que envolve um ex-ministro do Ambiente ou é um assunto de Estado com maior densidade e contempla variáveis que ainda não conhecemos - mas que a existirem - alteram o sentido aparente das coisas.
No tempo do salazarismo, o que parecia era; hoje, o que parece uma coisa pode revelar-se noutra completamente diferente.
Veremos o que as novidades duma Monarquia Constitucional revelam à República cujo país tem as fronteiras mais antigas da Europa. Até neste ponto a madrasta aliança luso-britânica - com os "camones branquinhos da Europa" que gostam muito do nosso Vinho do Porto, nos está a ser desvantagosa.
Como diria alguém: eu não gosto de ser enrr....
E era de Espanha que dizíamos que de lá nem bom vento nem com casamento...
Também aqui urge fazer um revisionismo da história.
Das duas uma: cheira-me a que algum grande empresário da concorrência de Alcochete queira lançar uma OPA ao PM. Ou então, tese igualmente plausível, aquela gente do Serious Fraud Office anda a ver muito Monty Python - de que deixamos aqui uma amostra-spam, já que agora é de mails que se trata...
Monty Python - Spam