Ferreira Leite a guardiã dos mercados financeiros. A estátua do Alberto: 50m de populismo e narcisismo
Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
Manela Ferreira Leite desviou a cómoda e o relógio de caixa alta que Meneses re-arrumou quando cilindrou Marques Mendes (com os votinhos de Santana) na Lapa. E o pusiché também já não está no mesmo sítio - ao tempo de Santana e Durão...
Isto já não é só um drama para o PSD. É uma tragédia comediada assistida em directo pelos portugueses - sempre que a "viúva negra" aparece, desta feita, para agravar, utiliza linguagem do Marquês de Sade.
Agora, já só faltam as ligas e o chicote. Aguardemos pelo debate do OGE em Outubro próximo na AR.
O "masoquismo puro" de Ferreira leite e a forma como a srª equaciona, molda e operacionaliza a [sua] democracia de trazer por casa - ainda nos leva a todos a ouvir James Brown, Sex Machine.
Quem diria...
James Brown - Sex Machine - Live at studio 54
Julia Roberts & Paul Newman @ Good Morning America Duas notas (e meia):
Luís Marques Mendes ainda é, de entre muitos políticos nacionais, um político sério, estruturado, estudioso dos dossiers e com imensa experiência política. Um cavaquista convicto - que aí cresceu politicamente e distribuía jogo parlamentar ao tempo em que Cavaco se sentou no cadeirão de S. Bento e Portugal conheceu uma fase natural de expansão social e económica, ou seja, com mais redes viárias alavancadas com os famosos Fundos Comunitários - além duma classe média e hiper-consumista que também nasceu com o cavaquismo. Méritos de Cavaco e da nossa adesão à então CEE. Mendes, no fundo, cresceu com os Fundos Comunitários, v.q., que desde de pequenino que ele anda na política.
Hoje apareceu a lançar um livro - Mudar de Vida - que visa partilhar a sua experiência na vida pública e, se possível, desafiar a vida político-partidária a discutir as soluções políticas para os problemas dos portugueses dentro de um quadro ético - que ele julga faltar em Portugal. E tem razão. Ninguém está a ver a Manela Ferreira Leite a discutir ideologias, trocar ideias ou a fomentar um grupo de reflexão - à margem do recorte de imprensa de Pacheco - para obrigar a srª a dizer qualquer coisa de útil ao País.
Portanto, até mesmo quando Mendes suspira - esse silêncio jogava contra o fantasma de Ferreira Leite, além do título do seu livro - que espero vir a ler - e que parece ter aproveitado a corrente do Obama, que Sócrates reproduziu e que hoje Marques Mendes também não quis negligenciar. Portanto, anda tudo na onda da mudança, e até o douto Marcelo apoiou o mote a Força da Mudança de Sócrates em Guimarães.
Mendes está hoje de bem com a vida, já não tem nem Meneses nem Santana a armadilharem a sua liderança no PSD, está a ganhar pelo menos 3 ou 4 vezes mais do que ganhava e com menos stress - enquanto administrador duma empresa de energias renováveis. Portanto, em linha com as políticas governamentais na área energética. Também deve ter, seguramente, mais tempo para estar com a família e os amigos, coisa que não tem preço, e que não existe quando se está na vida pública activa.
Mas a dada altura, volvidos 15 min. da entrevista, que Judite conduzia como podia, dentro daquele figurino de jornalismo político hiper-previsível, que também não ajudou o entrevistador a soltar-se e a ser criativo, também não disse mais nada de inovador ao País. Remetia para o livro, neste sentido mais parecia o Saramago a criar suspense sobre a sua última obra a fim de levar as pessoas a comprar o livro e a lê-lo.
Ressalto mais um ou dois aspectos que desfazem um pouco a ideia de coerência absoluta que Mendes quis vender aos portugueses, designadamente quando um famoso deputado do psd, António Preto, foi indiciado de práticas ilícitas na qualidade de advogado duma emprega no Norte que - ao que consta - passava demasiadas cartas de condução - e Mendes, porque era imperioso assegurar o dinheiro das quotas dos militantes, segurou um deputado de que Lisboa inteira desconfiava e sobre quem impendia acusações de corrupção, e doutros ilícitos que ajudavam a explicar enriquecimento em causa própria.
O caso foi grave, conhecido e, então, Marques Mendes assobiou ao cochicho, como diria o douto Marcelo, seu grande amigo. Pois mesmo quando Mendes interferia diáriamente na gestão política de Carmona em Lisboa, pedindo-lhe para meter assessores que nem frequência universitária tinham, Marcelo atribuía a famosa nota de 16 Val. a Mendes na sua missa domingueira. Portanto, a coerência de Mendes também tem limites, um pouco como a de Marcelo a dar notas (o que dirão os seus alunos, com tanta parcialidade e injustiça?!), limites que se agravam quando outros autarcas - também judicialmente indiciados de práticas ilícitas, Mendes não deixou de os apoiar à sua recandidatura.
Obviamente, Mendes que não podia estender essa confiança política a Isaltino Morais, em Oeiras - de quem ainda hoje os portugueses só desconfiam por causa da estupidez da mentira cozinhada para o efeito, e que remetia para a estória de um sobrinho do autarca que trabalhava na Suíça como taxista. Muito provavelmente, lá as bandeiras eram mais recheadas...
Mas globalmente, considero positiva a postura de Luís Marques Mendes na vida pública em Portugal, e até quando disse que Portugal precisa muito de apresentar propostas concretas para os vários problemas do País - o que ele estava a fazer, ainda que de forma sincera e ingénua, era a fulminar Manela Ferreira leite - que além de não ter propostas - também não as saberia discutir se alguém lhe as desse.
Numa palavra: Luís Marques Mendes - não é Meneses nem Santana (vale até mais do que ambos, como escrevi aqui há anos), é um político mais sólido, mais articulado, mais conhecedor dos problemas do País e menos demo-populista. Na linha de Fernando Nogueira, que em 1995 disputou a liderança do PSD e perdeu-a para Durão Barroso. E apesar da caricatura que Meneses procurou fazer de Mendes nas eleições para as directas do PSD - gozando com a sua baixa estatura física, o "ex-laranja mecânica" de Cavaco - por ser hiper-energético - tem hoje capital político na mão que nem Meneses nem santana têm e, a prazo, poderá jogá-lo quando, onde e como quiser - sem pedir batatinhas à actual "governanta da Moviflôr" da Lapa, como hoje vemos Santana (de cócoras) esperando que a Manela lhe dê a benção para o pior PM que Portugal jamais teve no post-25 de Abril - tenha ordem para se apresentar às eleições autárquicas em Lisboa em 2009.
Ora aí está, Luís Marques Mendes, se quisesse, seria esse candidato ideal do PSD para Lisboa, e faria mossa se avançasse. Teria até o apoio pro-activo da actual presidente da AM de Lisboa, Paula Teixeira da Cruz, outra boa candidata pela mesma área política.
Tudo visto e somado: parabéns a Marques Mendes por esta sua prestação editorial e pelo contributo ético que deu à política e ao país. Esperemos, desta vez, que o sem vergonha do deputado António Preto, um poço de desvios representando o pior que a tralha dos partidos políticos hoje representa em Portugal, também possa ler o livro e tirar as suas conclusões...
Nem que seja para inglês ver - e começar, assim, o seu processo de reciclagem política.
PS: Solicite-se comentários a Ferreira leite, Isaltino Morais, Santana e Meneses. Por escrito ao A. Preto, ou melhor este pode passar um comentário em forma de carta de condução.