domingo

Tempos cruzados: a música, a política e a mentira. A sociedade de mentirosos e as proof-lies

Não conheço ninguém que não minta, oculte ou dissimule algo para algum fim específico, pessoal ou institucional. É assim no quadro das relações múltiplas que desenvolvemos em sociedade: em casa, na sociedade, no emprego, na escola, na associação, no sindicato, no partido, na igreja e, por maioria de razão, na esfera política para onde convergem todos os interesses e tensões que fazem andar ou bloquear uma sociedade inteira. Daqui decorre que todos nós, mais ou menos, mentimos, ocultamos ou dissimulamos informação, muitas das vezes até por razões de estatuto, ou até para apresentar uma importância (social e intelectual) que, na verdade, não se tem.
A mentira, bem ou mal, e a representação social que lhe anda associada, integra a nossa conduta em sociedade. Haverá sempre pessoas que dirão o que pensam em voz alta, sem temer consequências de nada nem de ninguém, mas essas pessoas também não deixarão de ocultar outros aspectos que lhe serão convenientes na sua relação com a sociedade ou com o Estado.
Só que por vezes a mentira converte-se numa arte, é nesse caso que se impõe maior precisão e rigor ao nível dos enunciados, das regras e das leis que a formatam. Hoje Portugal, por variadas razões, que tem a ver com a conjuntura e a natureza da personalidade das pessoas que integram a chamada classe política, tem uma relação difícil com os factos, ou aquilo que, num dado momento, se convencionou designar verdade. Consabidamente, as oposições têm acusado o actual PM de mentiroso, de resto Ferreira leite tem usado e abusado dessa fórmula sem, contudo, pormenorizar.
Há dias numa entrevista à RTP Leite referiu essa palavra vezes sem conta, mas os factos que apresentou para a sustentar não passam de indícios, e isto só adensa e compromete a relação de confiança que os cidadãos deveriam ter com os seus responsáveis políticos, sendo que a oposição - à falta de melhores argumentos - também não consegue escapar ao peso da dissimulação, do empolamento dos nossos dados socioeconómicos a fim de dramatizar ainda mais o desespero colectivo dos portugueses, de ocultar as sua falta de ideias e de alternativas para construir um Portugal melhor. Isso tudo junto também prefigura uma certa modalidade de mentira em política.
E na contabilidade das mentiras o que se afigura pior para os portugueses?!: aquilo que a oposição acusa o PM, ou aquilo que os portugueses gostariam de ver na oposição e não vêem?
Como a resposta não é fácil, neste jogo do "gato e do rato" em que mergulhou o (dis)funcionamento das nossas instituições democráticas (veja-se o caso canceroso a que chegou a nossa justiça, repleta de metástases contagiando toda a sociedade que hoje não está imune a nada de perverso aí gerado), também podemos concluir que a sociedade portuguesa vive hoje uma tipologia de comportamentos que tendem a replicar falsificações políticas a grande cadência, cabendo ao aparelho judicial e aos media duas dessas grandes fontes de maledicência, intriga e fábrica de rumores que hoje faz carreira em Portugal.
Nuns casos por razões de ordem político-partidária, mas também por razões de natureza económico-financeira, de estatuto, de vaidade e de pura vendetta pessoal, afirmação e notoriedade, pois não podemos esquecer que um jornal é uma empresa que visa o lucro e quanto mais papel vender junto dos leitores mais adia o seu processo de falência empresarial. Eis o clima cultural que se instalou entre nós, e percorre os circuitos do poder político, mediático e judicial actualmente em Portugal.
Um clima que já contagiou os meios económicos e a sociedade civil no seu conjunto e que não é gerador de confiança para ninguém, e bem sabemos como a economia gira em torno desse grande valor que é a CONFIANÇA - hoje inexistente entre nós.
Toda esta práxis sociopolítica em Portugal, de tão recorrente, já se tornou uma constante entre nós, daí começar a instaurar-se uma doutrina: a doutrina da mentira que é o instrumento intelectual capaz de racionalizar esse novo modus operandi, e não me reporto apenas aos circuítos do poder, que nos permite tipificar três grandes tipos de mentira entre nós, e a que a oposição, especialmente a "chefe de divisão" da actual direcção do maior partido da oposição, hoje de saída, recorre para fazer a sua política caseira.
A mentira por calúnia com vista a diminuir os méritos do homem público que acusa; a mentira por adição com o fito de os ampliar na sociedade; e a mentira por efeito de transladação - com o objectivo de transferir esses efeitos de uma situação ou personagem para outro.
Ou seja, a mentira é hoje uma praxis política muito generalizada entre nós, nuns casos decorre - não duma intencionalidade deliberada em querer prejudicar, mas porque a compressão do tempo não libertou energias (e tempo) para se avaliar os dados e formular correctamente os enunciados, sobretudo em matéria de estatísticas. E aqui o papel de Ferreira leite ainda tem sido mais pernicioso do que qualquer outro agente de poder, pois ela não se coibe, apenas com fitos partidários e de vingança pessoal (porque foi humilhada eleitoralmente), de empolar uma realidade - já de si penosa - numa catástrofe, minando a confiança nos agentes da sociedade e da economia apara a corrigir.
Todas estas derivas revelam que a mentira política entre nós começou a ter uma dignidade quase institucional que corresponde às artes, apenas faltando conceber para ela a categoria de sistema.
É esta novel condição que converte Portugal e os portugueses, especialmente de quem nos vê ou avalia a partir do exterior, numa espécie de sociedade de mentirosos, cabendo aqui um papel preponderante (e nocivo) aos media na disseminação - via fugas de informação pelo decadente sistema de justiça - que procura colocar à mesa de cada português que ainda têm a paciência de ler certos jornais, falsas notícias que outros (no seio do aparelho judicial, e pagas a peso de ouro) forjaram.
Não há, pois, inocentes nesta cadeia ininterrupta da desgraça, maledicência e vendettas pessoais que se instaurou em Portugal - e veio para ficar (pela teia de conexões e dependências entretanto gerada): ou porque o jornalista A, B ou C não foi destacado como repórter ou assessor para Washington dc; ou porque o jornal semanário D não recebeu os milhares de euros em Pub. institucional de certa instituição financeira.. Há sempre uma má razão para justificar uma conduta que é, consabidamente, o móbil do "crime".
A esta luz, onde fica a captura da verdade a fornecer ao leitor por parte do jornalista? reside no seu bolso, no seu status, na sua fama ou notiriedade ou ainda na sua vaidade pessoal - por ter mandado abaixo o ministro H, J ou L. Proezas de que, depois, frequentemente se vangloriam em privado, pois é esse o barómetro, nas suas cabeças de ervilha, que os fazem sentir bem, com poder: o poder negativo de destituir alguém dum cargo importante. Muitas das vezes usando e abusando de informação forjada ou manifestamente falsa ou truncada.
Hoje, infelizmente, campeia o mau jornalismo em Portugal, e não obstante existirem indícios que são preocupantes e que devem ser investigados a sério e de forma celere pelo aparelho judicial (que dever ser reformado sob pena de ficar uma anedota), a que os jornalistas não podem - nem devem - substituír-se (pois incompetentes para o fazer) - são eles, ou melhor, alguns desses jornalistas (os tais a quem o Estado, a banca ou algum empresariado) cortou os subsídios fechando a torneira do dinheiro que para lá jorrava, - as correias de transmissão de certas informações que ganham uma dimensão político-partidária e que acabam por interferir com a própria legitimidade democrática do povo português realizada em sufrágio eleitoral.
De resto, em certos meios jornalísticos, que é uma confraria, desenvolve-se uma prática experimental da mentira política que visa, precisamente, lançar no mercado político e na opinião pública as chamadas mentiras experimentais, as proof-lies, que operam como uma espécie de sondas de 1ª carga a fim de perceber se aquela carga irá detonar e fazer as suas baixas.
Infelizmente, chegámos a este ponto Zero da política, e se muitos portugueses não confiam hoje nos seus dirigentes políticos, estou plenamente convencido que confiam menos na oposição politico-partidária existente assim como em alguns jornalistas de cano-esgoto que julgam estar a fazer história em Portugal.

Rachel Star... TILL THERE WAS YOU (JORDI LABANDA CHARACTERS)

Cock Robin - Just Around The Corner

A mentira em política: um traço fisiológico e um ADN que não cai fácilmente

A mentira tem bases fisiológicas, é algo que deforma a realidade e remete para a arte do fingimento, logo encaminha-nos para o comportamento dos actores políticos por excelência. A esta luz todos sabemos que há aspectos na vida do PM mal explicados, são conhecidos e alguém deveria informar Sócrates que quando se exalta com jornalistas menores só complica mais a sua vida, portanto além daqueles aspectos o sr. PM também deve temperar-se. Um Xanax ou um Lexotan. Santana optava pela siesta, só que depois Portugal parava, e nós já somos mui pobres. Mas entre aquilo que o PM oculta e as mentiras da srª Ferreira leite é preferível continuar a depositar fé naquele do que passar um cheque em branco na senhora. Foi por isso que o povo português (re)depositou confiança popular em Sócrates. De resto, a questão da mentira política é muito mais complexa e remete-nos para a reflexão política profunda, que agita a República de Platão até ao Príncipe de Nicolau Maquiavel, em que a questão, em rigor, se coloca assim: dever-se-á, para seu bem, esconder a verdade ao povo, enganá-lo com vista à sua salvação? - como nos adianta W. Krauss... A arte da mentira política, lembremo-nos do que Paulo Portas - enquanto jornalista do Indy dizia do facto de ser político nos programas do Herman José ... - é de facto a arte de fazer crer ao povo falsidades salutares, com determinado bom fim. Porque o povo não tem direito nenhum à verdade política, assim como não deverá possuir bens, terras ou castelos. Essa verdade - na esfera política - sempre foi (propriedade) privada, por isso até a "estadista de olhar penetrante" - ver post abaixo - sabe que só se diz a verdade quando ela for conveniente, até lá a senhora lá vai lendo as cábulas do filósofo da Marmeleira. O problema é que hoje já não são apenas os políticos a professar essa doutrina de Nicolau, mas também, e abundantemente, a classe jornalística que agora se reclama do monopólio da "verdade" (da novilíngua - em que a verdade é a mentira, para recuperar George Orwell), e que julga poder fazer o que bem entende da democracia através das suas úteis e idiotas mentiras supondo, desse modo, que driblam os políticos, enchem os bolsos vendendo papel inútil aos leitores alienados que acreditam em todas as mestelas e, de caminho, ainda acabam com o jornalismo de referência liderado por Balsemão. No fundo, não podemos dizer muito mal dos políticos que temos, nem dos jornalistas que vemos por aí porque, em rigor, toda a gente mente: os pais mentem aos filhos, nem sempre por boas razões; os maridos mentem às suas mulheres e, não raro, estas também os traem; os filhos mentem compulsivamente aos pais; o fisco engana-nos a todos com primor unilateral em nome dum suposto desenvolvimento nacional e bem comum; os padres - alguns - são o que são; Deus é teimoso e obstinado e nunca nos aparece à frente, sobretudo quando mais precisamos d 'Ele; e, por regra, os ministros enganam o povo para o governarem, e o povo, para se livrar dos ministros, põe a correr boatos caluniosos e rumores embusteiros que também representam outras tantas toneladas de mentira. Portanto, a mentira não é apenas um exclusivo da máscara decadente da senhora Ferreira leite, que é compulsivamente mentirosa - por não ter uma única ideia e estar inepta para articular duas ideias básicas, é (antes) um capital genético que herdámos, e às tantas somos como o poeta, que, ao fazer a sua Autopsicografia, dizia que fingia tão completamente que era dor a dor que deveras sentia. E assim, para evocar o genial Pessoal, que vale mais do que todos os manuais de Ciência Política, andamos a entreter a razão neste nosso "comboio de corda" que nunca mais nos tira do atoleiro em que mergulhámos. E o pior é que isto está tão mal que também já lá não vai com mais um poema. Nem sei mesmo se nos safamos contando mais umas mentiras...
  • Notas dedicadas a todos os mentirosos que conheço, que são alguns, e aos que desconheço, certamente em maior número. No fundo, dirigo-me a todos. Na realidade, é mentira e a ilusão que governam as nossas vidas...do berço à cova.

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sábado

Ferreira leite e a maledicência são termos em sinonímia

Narrativas desesperadas: o olhar penetrante da "estadista"... Confirma-se depois que estava a "flirtar" O Maques Guedes ou era o Anacleto Louçã?!! Quid juris...
Obs: Por momentos pensei que a "estadista" de olhar penetrante estava a referir-se ao pequeno democrata da Madeira, o Al berto joão que além de condicionar a vida pública e civil a todos aqueles que não têm o cartão do partido não podem apresentar projectos de obras públicas adjudicadas pelo Governo regional, também chama nomes "bonitos" aos jornalistas, ao Presidente Cavaco (o "sr. Silva") e anda há 30 anos a enxovalhar os portugueses do continente que já não o suportam. Um idiota assim deveria ser popularmente destituído. Mas reina o medo, o falso consenso e a crónica paz podre naquela bela ilha. Leite - que aqui lê mais um texto assinado pelo seu assessor e filósofo da Marmeleira, pacheco, esquece-se as narrativas e a praxis política do Al berto na ilha e aquilo que ele tem feito aos cidadãos e aos empresários que não jogam no seu fragmentário clube. Infelizmente, as palavras da "estadista de olhar penetrante" aplicam-se melhor ao Al berto, ou "bokassa", para recorrer à terminologia tecno-politica do parlamentar jaime gama (que cínica e hipócritamente já mudou de opinião, sem que os factos se alterassem), do que ao actual PM. Pacheco terá que afinar o discurso para a madrinha de AnTónio preto voltar a ler.
João Jardim chama bastardos aos jornalistas @ SIC

Entrevista a Alberto João Jardim

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Entrevista interessante sobre Turismo a Luís Patrão

O programa “Radar de Negócios” da RTPN debruçou-se esta semana sobre três empreendimentos que valorizam a oferta turística e constituem âncoras para o desenvolvimento das regiões em que se inserem.
Em entrevista ao programa, Luís Patrão, presidente do Turismo de Portugal, deu conta da qualificação crescente da oferta hoteleira nacional e realçou a importância de apostar em novas rotas para garantir a acessibilidade ao destino por parte de mercados que estejam a reagir melhor à redução da procura turística a nível mundial, originada pela crise.
Ver entrevista com o Presidente do Turismo de Portugal, Luís Patrão.
Obs: Vale a pena ver a entrevista porque apresenta um registo pedagógico e ajuda-nos a pensar a melhor forma de promover Portugal no exterior, hoje mais necessário do que nunca.

A democracia tele-mediática à portuguesa. A lição do Dr. Jivago de Boris Pasternak

A democracia portuguesa tem virado uma vergonha pegada, e aquilo que o Estado liberal e o Estado de direito conceberam em matéria de direitos, liberdades e garantias tem ido pelo cano abaixo nestes últimos anos. Constatamos estas graves lacunas quando percebemos a dimensão do funcionamento dos media em Portugal: não conhecendo as estatísticas nesta área, mas arrisco a afirmar que actualmente mais de metade das notícias do âmbito político entre nós é gerada por via criminosa, violando segredos de justiça - que aí deveria estar - até que juízes e tribunais apurassem a cabal verdade dos factos, e só depois julgassem, criminalizassem ou arquivassem as matérias objecto de investigação judicial. Punindo as pessoas ou ilibando-as. Mas não é isso que se verifica.
O que acontece é que um arquitecto ou jornalista influente tem acesso a informações oriundas do aparelho judicial (pagas a peso de ouro), e muitos destes funcionários - por razões de ordem financeira e motivações politico-partidárias - deixam-se corromper sob falsas promessas, elevadas remunerações e assim lá vão provocando as suas vendettas privadas ajudando, de caminho, as oposições a ser poder em Portugal. Está, na verdade, tudo invertido. Os jornalistas converteram-se em polícias, os juízes são acusados de laxismo e de serem amigos e coniventes com o poder legítimo em funções, como diz o saraivo do semanário que hoje assume o papel do Indy, e os políticos ficam prisioneiros dos media neste jogo do gato e do rato sem, verdadeiramente, se conseguirem defender. Os cidadãos, claro está, ficam sem saber em que verdadeiramente acreditar, fazendo apenas os seus juízos e emitindo as suas opiniões em função das suas orientações ideológicas, partidárias e gostos pessoais.
Esta grande questão, ou problema, cai naquilo que podemos designar problema da democracia em Portugal, cujas transformações remetem para uma série de lamentos relativamente ao disfuncionamento como os media, a política e os cidadãos interagem entre si para construir uma sociedade moderna e desenvolvida e um Estado de direito, que garanta aquelas liberdades individuais que hoje estão sendo diáriamente violadas, ante a impotência de todo o aparelho judicial, que também parece querer vingar-se de alguma maldeformação da democracia de Abril que ficou incompleta e feriu de morte a republica dos juízes.
Pelo que a nossa bela democracia semipresidencialista e/ou parlamentar, consoante as conjunturas e o vigor dos agentes do poder - se tem convertido não num regime autocrático, mas numa república medidática perversa, ou seja, numa mediacracia que humilha, impõe as suas agendas a belo-prazer, acusa sem culpa formada, viola o direito que o cidadão comum não pode violar, enfim, os media em Portugal entraram naquilo que é a total inimputabilidade dos seus actos. E isso tem que mudar.

Se nada mudar, lá teremos de concluir pelas palavras de um amigo do Doutor Jivago, da autoria de Boris Pasternak, em que se afirma - em matéria de democracia - que o que fora concebido como algo nobre e elevado tornou-se matéria bruta. É, precisamente, isso que alguns chefes de jornais semanários, aflitos com a sua contabilidade criativa, fazem: escavacam a democracia em nome dos seus proventos, da sua fama, notoriedade e Pub. a qualquer custo, nem que para isso tenham de "matar" o direito, achincalhar a justiça... Tudo para vender mais papel, engordarem as suas contas e liquidar alguns agentes do poder que também os tentaram "decapitar", pois nesta guerra não há inocentes... Já para não falar na concorrência que alguns desses pasquins têm relativamente ao semanário de Balsemão.

É assim que o pensamento dos grandes filósofos da política, como J. Locke, J.J. Rousseau, Alexis de Tocqueville, J. Bentham ou J. Stuart Mill, que a maior parte desses chefes de jornais só ouviram de passagem, ainda que tenham a mania de vir a ser prémios nóbeis, é literalmente amputado em nome da pior democracia, da pior justiça e, já agora, da imprensa mais promíscua e indecente neste canto da Europa, ainda que feita à custa e à conta dos leitores otários que compram esses pasquins.

Pois se hoje não podemos - nem devemos - acreditar na política nem nos políticos, muito menos devemos ser crédulos relativamente à pasta manhosa de alguns jornalistas que traçam a sua linha editorial em função das quotas de Pub. que arregimentam das instituições do Estado e do mundo empresárial com interesses na política e que financiam os partidos, e isso só descredibiliza ainda mais jornais semanários que hoje tentam reinventar o mau e persecutório jornalismo feito nas décadas de 80 e 90 do séc. XX quando Paulinho portas era o comandante-chefe dessa cruzada contra o cavaquismo.

Prémio "desgraça"

8 DE MARÇO DIA DA MULHER,dn

VOTE AQUI NAS CINCO MULHERES MAIS INFLUENTES NA SOCIEDADE PORTUGUESA
Para a comemoração dos 100 anos do dia internacional da mulher, o DN lança aos seus leitores o desafio de votarem nas cinco mulheres mais influentes da sociedade portuguesa. Não deixe de participar.
Obs: Sugira-se o nome da srª Ferreira leite para o prémio "desgraça" que durante dois anos inflingiu à vida pública nacional, não tanto por representar o PSD nessa idiotice, mas porque todas as suas intervenções, salvo honrosas excepções, representaram um atentado à inteligência, sensibilidade e visão dos portugueses. Esta senhora é o caso típico de que nenhum português deve seguir ou cuja influência - por ser perniciosa - deve apenas circunscrever-se à sua esfera privada por não ter dado nenhum contributo à vida pública nacional, apenas servindo-se da política e dos seus canais formais e informais de Belém para nutrir a intriga política em Portugal.

Seal, Quincy Jones e Barry White, CHAKA KHAN, pérolas no tempo...

Seal-It's a man's world

quincy jones - secret garden

CHAKA KHAN AINT NOBODY BEST VERSION EVER

Jornalismo vs política. Pura sacanagem...

Armando Vara era o administrador do BCP responsável pelo financiamento do Sol quando o jornal passou pelos problemas financeiros há um ano, afirmou o director do semanário na AR.(...)Público

Obs: [es]Tá visto que trata-se mais de guerras financeiras e do ganha-pão do arqº saraiva e dos jornalistas em geral do semanário afecto ao psd do que própriamente da verdade jornalística e da sua preocupação com as mestelas que fornecem aos leitores, violando o segredo de justiça, mecanismo que supostamente protege os cidadãos. De resto, a atitude e o discurso de certos jornalistas faz supôr a seguinte montagem: de súbito, alguém assume o papel de Paulinho Portas na década de 80/90, enquanto director do Indy no abate ao cavaquismo, e Vara vestiu a pele de Cavaco. E assim se pratica um certo jornalismo em Portugal: um banco privado altera a sua política de marketing no jornal, tirando de lá a Pub. institucional, e o jornal, como medida de retaliação, vinga-se do banco e dos administradores desse banco. Isto só confunde os portugueses, isto não é nem jornalismo nem política. É pura sacanagem. O arqº saraiva ao afirmar esta linha primária de raciocínio nem sequer se apercebe que age e manda agir dessa forma persecutória relativamente a certos órgãos do poder por razões estritamente de natureza económica e de vendetta pessoal, e isso é tudo menos a busca da verdade com que todo e cada jornalista se deve preocupar quando manuseia informação. Mas há jornalistas idiotas, kamikases que quando estão dando um tiro no pé nem sequer percebem que acabaram de dar um tiro no outro pé. E é a essa prática que chamam jornalismo de investigação, sério e credível...

Será caso para dar uma imensa gargalhada.

Sócrates leva Alegre consigo a Moçambique. Sugira-se outro convidado...

José Sócrates convidou Manuel Alegre a integrar a comitiva que o acompanha de terça a sexta-feira da próxima semana, em visita oficial a Moçambique. Expresso
Manuel Alegre telefonou a José Sócrates para o informar de que estariam em Maputo na mesma altura. Ele, na qualidade de presidente do júri do prémio literário Leya, iria a Maputo entregar o prémio de 2009 ao vencedor, o escritor moçambicano José Paulo Borges Coelho. Estava previsto deslocar-se em voo regular mas José Sócrates, que fretou um avião para levar a comitiva na viagem oficial, convidou-o a subir a bordo como convidado de honra
. (...)
Obs: Sugira-se ao PM que inclua também na sua comitiva Fernando Nobre, pois um médico qualificado sempre faz mais falta a bordo do que um ex-deputado com décadas de parlamento que nenhum contributo liquido deu à governação e ao país.

Surf - Onda GIGANTE!!!

O Mar - uma economia - Naturalmente...

"A Associação Oceano XXI, que está a dinamizar o Cluster do Conhecimento e da Economia do Mar com o propósito de valorizar o mar como fonte de riqueza económica. Cerca de 70 entidades públicas e privadas, entre elas universidades e institutos de investigação e associações empresariais estão envolvidas neste projecto.
Promover a agregação dos sectores e das actividades económicas tradicionais ou com forte componente inovadora fomentando o acesso a serviços tecnológicos e ao empreendedorismo na área marítima é o principal objectivo, envolvendo desta forma os sectores das pescas, portos e indústrias marítimas, investigação e turismo marítimo de natureza.
Naturalmente que aspectos importantes que podem ter forte impacto nas actividades económicas nacionais".
in Naturalmente...

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Pink Floyd - Another Brick in the Wall - part 2

sexta-feira

A Madeira do Al berto...e o falso consenso

Este personagem, que é, na prática, o democrata mais anti-democrata do Portugal e ilhas, está agora a viver o momento do falso consenso, aproveitando-se da compaixão nacional para revelar uma personalidade que, de facto, não tem. Lamentavelmente, a política é este teatro que vemos no elemento. Infelizmente, perderam-se vidas, e essas o pequeno democrata jamais as conseguirá recuperar, nem a dor às suas famílias. Mas uma coisa é certa: a haver um balanço sério de toda esta tragédia, e em boa medida ela deverá ser imputada aos "fluxos autoritários" deste sujeito, um dia alguém terá de ter a coragem de responsabilizar o feitor de certas políticas públicas em detrimento de outras, igualmente importantes, mas menos espalhafatosas. O Al berto não pode continuar a gerir a ilha como quem cava o seu quintal. É imoral que o continue a fazer, e, em breve, a limpeza que agora se faz às infra-estruturas e à generalidade dos espaços públicos selváticamente afectados por aquele" (des)planeamento e (des)ordenamento, doentivo e capitalista do território, deverá estender-se à identificação duma nova liderança que, ao menos, ouça os técnicos de planeamento e gestão do território, que é coisa que manifestamente o Al berto desconhece, e é pena, pois se hoje alguém pagou isso com vidas deve-o, em forte medida, àquela irresponsabilidade do pequeno democrata há 30 anos alapado ao poder, e a coisa agrava-se porque dá de si uma imagem pública de que faz e sabe-fazer aquilo que se impõe no momento certo, qual soberba... Em rigor, estamos diante de um vendedor de sabões que, julgava, nos dias que correm, já não ser (mais) possível estar no poder. Por aqui também se mede a incomensurável credulidade de um povo bom e ingénuo, mas, ao mesmo tempo, com baixa cultura política, que - sendo pessoas afáveis, trabalhadoras e muito hospitaleiras - erraram quando persistem na ilusão das mentiras e patranhas daquele que os lidera (em direcção ao abismo). Daqui desejamos Força ao corajoso povo madeirense que tem um líder que só empata e desplanifica. Quando o verdadeiro balanço desta tragédia se fizer, sei bem quem irá ficar muito mal na foto de família. Estou para ver se, então, fumará o seu charuto...cubano!!! que também é um mimo com que este petite democrata atribui aqueles que dele discordam.

Tragédia na Madeira: Um desastre já anunciado há dois anos (Versão 5 Minutos)

[o legado de] Manuela Ferreira leite... "a sopa está a ficar fria..."

Manuela Ferreira leite é, como aqui temos dito e redito, o pior trauma que aconteceu na vida interna do PSD e amiúde na sociedade civil portuguesa, ainda por cima eleita no Congresso de Guimarães (berço da nacionalidade): o estilo, a forma, a substância - nada ali tem a ver com nada. Um nada que representa uma ofensa à inteligência, sensibilidade e dignidade dos portugueses.
Agora a senhora está de saída, e não deixando saudade alguma, a quem quer que seja, resta-nos fazer o funeral antecipado da dita para a posteridade.
Um fffffuneral político que consiste em constatar que Leite teve um "grande mérito", especialmente ao nível do experimentalismo político, posto que o PSD apostou internamente, com a cumplicidade estreita do seu alter-ego, Pachco pereira, o filósofo da Marmeleira, em testar a pior fórmula pessoal e política para ver quanto tempo durava no ciclo político pós-Barroso. O resultado está aí: dois anos consecutivos de acidentes, traumas e neuroses.
E esse balanço traduz-se, sumariamente, pelo seguinte "legado": Leite não só afundou a credibilidade do maior partido da oposição, subtraindo-lhe a capacidade de pensar e de gerar novas ideias, projectos e novas políticas públicas, como também hipotecou o futuro, pois ao não se vislumbrar alternativas consistentes, o que a Manuela induziu foi o deslocamento do eleitorado tradicional do PSD para o PS, CDS e BE, descalcificando o partido de massa crítica e fez com que os eleitores se afastassem deste psd por muitos e bons anos.
Tenho para mim que os danos colaterais infligidos por leite ao Psd e à sociedade portuguesa, foram tantos e tamanhos que não há companhia de seguros que queira fazer um seguro para cobrir este sinistro, passe a analogia.
Leite sai e deixa atrás de si uma política de terra queimada, má memória e uma grande doutrina de idiotice política no seu partido que, doravante, Rangel ou "Passes" Coelho (como diz o jornalista Crespo) terão de romper.
A evolução das circunstâncias e a degradação das condições de funcionamento dos dispositivos do sistema político democrático, mormente a justiça, podem até gerar uma consequência perversa na avaliação geral da superirodade do regime democrático, caso o maior partido da oposição não assuma, de facto, um papel que já teve no passado.
Mas melhor do que aqui referimos, o vídeo abaixo é, talvez, a melhor súmula caricatural do que foram estes dois anos de desastres pegados da autoria da srª dótora Manuela Ferreira leite, o apêndice de Belém e o porta-voz não autorizado do sr. Presidente Cavaco e Silva, como diz o zé povinho...
Portugal, os portugueses e, já agora, o eleitorado do PSd merecia melhor... E Sá Carneiro, coitado, deve estar à voltas no túmulo, cheio de urticária.

Contemporâneos - Gafes:Manuela Ferreira Leite

Donna Maria

Há Amores Assim" Donna Maria

Música portuguesa de qualidade: Susana Félix e Donna Maria

Susana Félix - Amanhecer

Susana Félix - (bem) na minha mão

Vício De Ti

Donna Maria - Quase Perfeito

quinta-feira

Fernando Nobre: exigirá dos portugueses escolher entre o poder (negativo e aparelhístico) e a influência (social positiva). O Obama "branco" entre nós

Fernando Nobre não tem uma dupla face, como é apanágio da maior parte dos políticos, pelo que aquilo que revela ser em privado não é muito distinto daquilo que representa publicamente. Tive oportunidade de o conhecer 1999, então precisava que ele integrasse um projecto editorial sobre a temática das ONG de que era autor, coisa que ele fez de bom grado, sem me conhecer de parte nenhuma, apenas com base no material que lhe apresentei e que foi logo depois objecto de edição. Tudo fair.
Desde aí fiquei com boa impressão do homem, pois se me recebeu a mim sem me conhecer de parte alguma, também seria capaz de receber qualquer outra pessoa em situação similar, isto é apenas um traço de carácter do homem que aqui testemunho. Luta contra a indiferença, de resto tem essa motivação bem patente inscrita numa placa assim que se entra na fundação AMI, e que tem também sido o seu lema de vida por esse mundo fora.
Não tenho qualquer interesse ou contrapartida na sua campanha, apenas reconheço nela algumas potencialidades, além da originalidade que em Portugal representa alguém com influência oriundo da sociedade civil, apesar de não ser a-político, como referiu. Aliás, ninguém é, e a neutralidade absoluta, em matéria de conhecimento, como em tempos Weber explicou, também não existe, tomamos sempre partido. Eis o nosso sentido para a vida.
Mas a razão pela qual entendo que FN é um candidato virtualmente vencedor prende-se com o facto de o trunfo político, nas modernas sociedades complexas que hoje todos vivemos, consiste na acumulação de percepções, que se traduz numa capitalização de atenção pública com um valor positivo que nem Cavaco nem o poeta Alegre comportam. Precisamente, por estão demasiados embrenhados nas tricas partidárias e no mundo subterrâneo que daí decorre.
Nobre será, assim, aquela voz que alcança mais ouvidos, cujos olhos registam o maior número de contactos e cujas mãos os portugueses mais acenos de saudação farão. Disso não tenho dúvida alguma. Ou seja, a proeminência é a nobreza moderna, e Nobre tem essa qualidade de forma inata, nem sequer precisa de trabalhar essa faculdade que, doravante, a própria democracia irá aprimorar.

Por outro lado, Fernando Nobre irá também operar uma outra revolução ao nível das percepções na sociedade portuguesa, pouco habituada a grandes mudanças nos contextos socioeleitorais, e que se liga com o facto de a questão essencial já não saber quem governa, mas quem é governado?

Nobre irá dinamizar os eleitores móveis, sensibilizar os comportamentos de consumo, irá tratar as audiências por "tu", dada a sua experiência, mensagem profundamente humana/humanista e telegenia, tudo isto fará de Nobre uma estrela no firmamento que lhe permitirá ser uma espécie de deus menor, estando em todo o lado ao mesmo tempo.

O tal Obama branco (e multicultural) entre nós...

Nesta medida, Nobre irá dilematizar os portugueses a escolher entre a sociedade anónima - com que outros tratam as massas em busca do votinho cínico, e a sociedade personalizada deste seu novo oráculo que repousa no poder da sociedade civil, na qual se revê e através da qual os seus elementos lhe reconhecem legitimidade neste duplo jogo do "gato e do rato" em que se transformou a democracia de opinião que acaba por influenciar os resultados eleitorais em Portugal.

Uma coisa é certa, com Fernando Nobre a concorrer o risco do ridículo, da hipocrisia, das jogadas de poder diminui radicalmente, não só por questões de carácter, mas também porque Nobre não é mais um elemento parido pelo aparelho partidário que esteve sentado à manjedoura do Estado durante décadas sem dar qualquer contrapartida ao país e aos portugueses.

Este conjunto de razões fazem de Fernando Nobre um virtual vencedor.

Fernando Nobre ainda será o "Obama" português...

Nobre faz tremer Bloco que Alegre passou três anos a unir
dn
Manuel Alegre ou Fernando Nobre? A resposta só tem de ser dada daqui a um ano, nas urnas. Mas a pergunta está a dar que pensar e a dividir os militantes bloquistas.
Em Janeiro, o BE colocou-se ao lado de Alegre. Só que a entrada de Nobre na corrida a Belém baralhou as contas. Fugindo sempre à palavra "precipitação", vários dirigentes bloquistas têm admitido que as presidenciais ainda "pouco têm de definitivo".
Os apoiantes de Nobre reflectem uma "opinião que existe no meu espaço político e que não deve ser estigmatizada", escreveu o eurodeputado Miguel Portas, num texto publicado no Facebook em que reitera a posição do BE.
Mais à frente, deixou um aviso a Alegre: "Entre o dia de hoje e o do voto muita água correrá debaixo da ponte. Todos acabaremos por votar em função do modo como cada candidato for interpretando a vertiginosa velocidade em que as diferentes crise se estão a movimentar em Portugal."
Rui Tavares, o independente eleito eurodeputado na lista do BE, ainda não deu o apoio a qualquer candidato. Tavares recusou comentar a posição do Bloco mas disse ao DN que "quer ouvir o que os dois candidatos têm a dizer".
Nobre foi mandatário do BE às europeias. "As causas do BE são também as minhas causas", sublinhou, na altura. Embora se tenha apresentado como um cidadão que não fica nem à esquerda nem à direita, é consensual que Nobre vai disputar o eleitorado de Alegre.
Entre os bloquistas, há quem condene o socialista por não romper com José Sócrates com medo de estar a alienar o apoio do PS nas presidenciais. Para outros, é a figura de Fernando Nobre que os leva a não seguir o partido.
Ao DN, a deputada Ana Drago admitiu que "Nobre é admirado por tanta gente, que haverá quem não o coloque imediatamente de fora". Mas recusou a ideia que o BE se tenha "precipitado" a apoiar Alegre. "Fizemos um longo caminho nos últimos três anos de debate e reflexão com Manuel Alegre [debate da Trindade e fórum das esquerdas, na Aula Magna] e concordamos na avaliação crítica do Governo," explicou a bloquista.
Ana Drago lembrou que o BE, na sua Convenção, decidiu apoiar uma candidatura crítica que pudesse unir a esquerda contra o bloco conservador que deve apoiar a recandidatura de Cavaco Silva. Reconhecendo que ainda se está "muito no início", a deputada disse não acreditar que Nobre tenha a capacidade de união de Alegre.
Drago admitiu duvidar do sentido de haver duas candidaturas à esquerda, mas descartou a hipótese de apelar à desistência de qualquer deles. Nobre já deixou claro que não lhe daria ouvidos, frisando que a sua candidatura é "um combate pessoal" para "levar às últimas consequências".
Obs: Para quem está desavindo com a influência excessiva das máquinas partidárias no sistema político em Portugal, a candidatura "virgem" de Fenando Nobre é uma pedra no charco desta nossa partidocracia, ainda que se possa pensar que Mário Soares possa ter tido alguma influência de bastidores no lançamento de Nobre a Belém.
Mas ainda que essa conexão tenha algum fundamento, Nobre tem um capital simbólico na sociedade portuguesa de tal modo grande, que essa eventual ligação ficará dissolvido na sua actividade como médico sem fronteiras, como benemérito planetário, como salvador de vidas, enfim, como um verdadeiro membro oriundo da sociedade civil que deseja ter uma voz activa nos negócios públicos do seu país.
Este capital simbólico acumulado vai, naturalmente, muito além das alegadas influências que os rivais de Alegre, como é objectivamente Mário Soares, e terão um peso social e político específico na candidatura de Nobre a Belém. Portanto, Nobre é suficientemente grande para poder falar por si, sem amarras como por vezes se afirma.
De resto, tenho para mim, dadas as discordâncias que os nomes de Cavaco e Alegre geram em milhões de portugueses que não se revêem num e noutro, que Nobre, dada a sua notoriedade e cosmopolitismo consegue converter o seu capital simbólico, enquanto médico sem fronteiras e fundador da AMI, a maior ONG do país, em capital político traduzido em votos, coisa que Alegre jamais conseguirá fazer - quando se evoca o seu milhão de votos nas últimas eleições presidenciais - que hoje só muito dificilmente serão racionalizados na sua campanha.
Neste contexto social e político em emergência altamente específico, porque a partidocracia sempre tomou conta dos candidatos ao poder em Portugal, é de grande interesse ver um civilista - como Fernando Nobre - ainda que seja um homem estrutural e ideológicamente de esquerda - lançar a sua candidatura a Belém e contando apenas com os apoios que irá recolher na sociedade civil.
Mesmo que na reta final da campanha Mário Soares faça as suas habituais aparições públicas ao lado de Nobre (até para mostrar que está politicamente vivo, como fez apoiando Socas), será sempre o médico sem fronteiras que assumirá o activo da sua campanha, assim como o capital simbólico e a credibilidade junto dos portugueses - que Alegre não tem e Cavaco deseja recuperar através da desgraça da Madeira.
Todas essas condições fazem de Nobre um virtual vencedor, um candidato da sociedade profunda contra o aparelho de Estado - de que o deputado e poeta Alegre nunca se conseguirá desvincular e Cavaco dissociar - e essa variável representará uma razão de peso que só poderá empurrar Fernando Nobre mais depressa para a vitória.
Sendo que a sua capacidade de gestão e de iniciativa política, transferindo dez mil contos para auxiliar os madeierenses é, já, um sinal da graça de Nobre, que se antecipou a Cavaco e ao pobre poeta que nenhuma ideia tem para Portugal.
Neste contexto social, político e moral altamente inovador em Portugal, não me surpreenderia que Fernando Nobre representasse em Portugal um pouco da audácia e da esperança que Barack Obama desempenhou nos EUA, com os resultados que todos nós conhecemos.
Nesta linha, Fernando Nobre será, potencialmente, o nosso Obama branco...

quarta-feira

O regresso de Miguel Sousa Tavares

Estreou na noite de segunda-feira o seu novo programa, Sinais de Fogo, com uma entrevista ao primeiro-ministro. Fez 1,3 milhões de espectadores de audiência média. Como avalia este número?Não sei se é muito se é pouco, não sou especialista em audimetria. E como avalia as respostas do primeiro-ministro. Respondeu a tudo?Acho que responder, respondeu a tudo. Se ele foi convincente ou não isso é uma coisa que só as pessoas em casa podem dizer.
Estava nervoso?
A única coisa que me pôs nervoso foi o desencontro de tempos com a régie. Estive 20 minutos sem saber quanto tempo me restava. Não sabia a cronometragem, só tive a noção de que estava errada. Devia ter recebido um sinal quando faltassem dez minutos e não recebi. Isso distraiu-me bastante. Há anos que não fazia uma coisa assim.
Que lhe parece o resultado?
Parece-me que tive muita coragem, se quer que lhe diga. Foi estar em directo durante 75 minutos, num programa totalmente novo, que nunca tinha sido testado e do qual só se tinha feito um ensaio. Tinha teleponto, mas não usei. Não usei porque não consegui. Nunca consegui. Havia outras coisas que não conhecia. As perguntas foram de improviso, foram muitas coisas de improviso.
As perguntas foram combinadas com o primeiro-ministro?
Não, nada. Foi completamente livre.
Ele conhecia os temas que seriam abordados na entrevista?
Ele perguntou quais seriam os temas, mas isso é normal. A única coisa é que ele fazia questão de falar sobre a matéria económica, mas eu também queria falar sobre a questão económica.
Portanto, a questão de ter de incluir esse tema nem se colocou...
Não, e não pode haver temas tabus. Se ele me dissesse que havia um tema tabu e se esse assunto fosse aquele que interessava, não se podia fazer. Se ele não falasse sobre a história da TVI [caso da alegada tentativa de controlo dos media] não havia entrevista.
O que é que o primeiro-ministro disse depois da entrevista?
No final nem tivemos tempo de nos despedir. Os fotógrafos caíram em cima dele e deixei de ver o primeiro-ministro.
No próximo programa será difícil igualar estes resultados. Não haverá outro entrevistado tão importante.
Pois, é verdade. Agora começa a dor de cabeça destes programas, da qual já não tinha saudades nenhumas, que tem a ver com os convidados.
Quem será o próximo convidado?
Estou à espera de uma resposta.
Obs:
Miguel Sousa Tavares é um jornalista seguro de si e muito versátil, e, essencialmente, é um grande repórter. Está de parabéns, apesar de o achar pouco imaginativo, logo demasiado previsível. Mas o que ele tem a mais, tem o Crespo a menos - que só muito dificilmente distingue uma rolha duma garrafa, e, por isso, designa de jornalismo aquilo que todos sabem ser um misto de ódio, ressentimento e uma terrível impreparação técnica, profissional e intelectual para entrevistar seja quem for. Alguém o enganou quando lhe disse que ele poderia ser jornalista, que reclama uma condição nuclear no metier: ser rigoroso e objectivo.

Eis o jornalismo de "excelência"...

O Tio do Primeiro-Ministro

Herman Surpreendido

terça-feira

As malandrices do jornalista Mário crespo

O director do JN, José Leite Pereira, foi hoje à Comissão de Ética na AR desmontar as patranhas do jornalista mário Crespo, a propósito de um texto de opinião que o seu autor resolveu transformar num strep-tease no pior dos cabarés, afinal, tão ao gosto do dito crespo - quando na própria AR mostrava uma T-shirt escabrosa, que alinha com o quilate do medíocre jornalismo que pratica.
A dado passo o dito crespo diz o seguinte a Leite Pereira:
- ‘Não publiques a notícia. Não publiques a notícia e nunca mais publico no JN’ e pôs ponto final à conversa”, revelou (o director).
Confesso que isto não me surpreende, pois como observador atento da actividade politico-mediática e com mais qualificações científicas e académicas do que o pobre crespo, que é um jornalista mangas-de-alpaca, percebe-se que é o seu ressentimento pessoal e corporativo que o empurrou para esta mesquinha cruzada - que hoje, como ainda ontem António Vitorino explicitou, põe jornalistas contra políticos, estes contra aqueles e, mais grave e deprimente - como se está a verificar - põe jornalistas uns contra os outros.
E nesta medida crespo contribui liquidamente para degradar não só as funções do jornalismo em Portugal, como também para aviltar o trabalho que os jornalistas qualificados e isentos desenvolvem diáriamente na sua actividade.
Crespo, de facto, mentiu e foi pérfido ao tentar fazer uma introjecção - canalizando a autoria da sua própria mentira para outros, beneficiando, nessa campanha canalha, da oposição, mormente do parasita e liliputeano csd de Portas que até o convidou para proferir uma conferência sobre política externa dos EUA (pobre crespo...) no preciso momento em que crespo ensaiava a sua cruzada contra o seu target, por acaso o PM.
Um jornalista - que se pretende isento - a ser instrumentalizado por um partido da oposição, e depois quer ser levado a sério pelos portugueses.
Crespo, por quem nunca dei uma palha, e basta ver a sua linguagem, as suas articulações, as suas questões e trejeitos nas entrevistas que arrasta, é hoje símbolo do paradigma negativo do péssimo jornalismo que hoje se pratica em Portugal. E um jornal, assim como um jornalista, deixa de ser credível quando o seu poder passa a deformar a realidade em nome de interesses ou de ódios pessoais, de que também é apanágio o casal Moniz quando o jornal e 6ªfeira vegetava na paisagem mediática.
De facto, é triste constatar o que vale um jornalista, precisamente pela boca de outro jornalista que em público o desmente.
É triste quando a principal função de um jornalista é assegurar convites para certas pessoas aparecerem na televisão. Foi assim que o écran de tv se converteu hoje numa espécie de espelho de Narciso, num lugar sem reflexão, sem pensamento, completamente medíocre e vazio.
Esperemos que amanhã o dito crespo não escreva outra mestela tentando convencer os portugueses de que foi um assessor do PGR ou do STJ que condicionou José Leite Pereira, director do JN, a ir ao parlamento chamar mentiroso ao crespo, um dos jornalistas mais facciosos em Portugal em que hoje nenhum português razoável acredita.

António Hespanha e a qualidade dos homens em Portugal

António Hespanha é um jurista e historiador com currículo e com obra feita, por isso não se compara a qualquer editor de jornal ressentido por Balsemão o ter despedido em tempos, para logo se apressar a fundar outro semanário e passar à concorrência. Hespanha, dos escassos minutos que visionei ontem o Prós & Contras - referiu aquilo que muitos de nós já sabem: quando alguém na sociedade civil faz um comentário ou procura fazer uma correcção a algo escrito nem sempre os directores dos jornais dão voz às pessoas. Parece, segundo Hespanha, que o arquitecBlockquoteto saraiva se portou mal, não publicando uma nota correctiva reclamada pelo autor.
Infelizmente, estas condutas discricionárias por parte de alguns directores de órgãos de comunicação social são frequentes. Ou trata-se de vedetas mediáticas com acesso directo aos canais de decisão dos media ou então aqueles que legitimamente pretendem reclamar ficam literalmente pendurados e silenciados. Mas estas reclamações serão, seguramente, questões menores por parte de jornalistas opacos e que têm uma vida completamente oculta, vivendo na penumbra, mas que não abdicam de passar a vida a espiolhar literalmente a vida dos outros, sejam políticos, empresários ou jornalistas da concorrência que importa neutralizar. Quer por questões pessoais, institucionais ou de mercado.
Todavia, não importa perder tempo com estas questões, dado que estão ao arbítrio do director de informação que tem quase todo o poder no jornal que dirige. O arquitecto, o Manoel Fernandes - ex-director do Público - são pessoas que têm uma concepção do jornalismo como alavanca para eliminar políticamente pessoas, seja por vaidade ou porque o governante A, B ou C deixou de fazer Pub. nas suas páginas. Não devemos esquecer que os jornais são empresas cuja motivação é o lucro, mas que, para além disso, têm ainda a faculdade de minar a confiança da opinião pública naqueles de que não gostam, e não hesitam em utilizar o soit-disant jornalismo isento e objectivo para os queimar na praça pública.
Com meias palavras, foi isso que depreendi das palavras do prof. António Hespanha, que daqui felicito, e que não tem papas na língua e deu uma lição de sinceridade ao país que o viu. Até nas questões de falso consenso que hoje se abateu na vontade de Al berto joão da Madeira e o PM, é óbvio que só por oportunismo e conveniência - por via da infeliz catástrofe - é que o presidente vitalício do Governo regional da Madeira teve aquele comportamento. Ou seja, este pequeno "ditador" da ilha comportou-se, talvez pela 1ª vez, como um democrata porque, pura e simplesmente, está aflito. Se bem que o povo madeirense se deva distinguir daquele que autoritáriamente o comanda, e fá-lo sempre com soberba e com desprezo pelas ideias dos outros, sobretudo daqueles que sabem mais do que Al berto jardim, o que também não é difícil. De resto, a lógica dos argumentos do pequeno ditador assume sempre uma postura de força, ofensiva e nunca revelando níveis de racionalidade.
Isto entronca com uma questão maior, que consiste em saber como é que a verdade social é hoje organizada, sendo que ela é demasiado importante e complexa para ser deixada exclusivamente à imprensa, que está repleta de falhas em Portugal, além das motivações políticas e económicas existentes e das vaidades pessoais, que influenciam sobremaneira a objectividade com que os factos deveriam ser relatados, e não são.
Logo, a teoria de que os media podem registar aquelas forças e realidades com isenção e objectividade, é uma ilusão. É falsa. Basta que o director do jornal tenha um ódio de estimação por alguém na sociedade com mais currículo do que ele, o que também não é difícil, referenciando aqui o exemplo de António Hespanha - se comparado com o seu visado que tem um currículo pobrezinho e vive obsecado com a eliminação política do PM e em ser prémio Nóbel da literatura, para que nenhum jornalista do seu jornal se atreva a publicar seja o que for.
É que os jornais são empresas, têm uma hierarquia rígida e muitos dos seus quadros e jornalistas operam sob medo, sob a possibilidade de sofrerem coacções ou retaliações de vária ordem, ou até mesmo, no limite, serem despedidos. Lamentavelmente, este sector socioprofissional vive condições de trabalho altamente precárias, por isso eles desejam integrar os gabinetes ministeriais e, assim, compensarem as falhas de remuneração, estatuto e de poder que desejariam ter no jornalismo e que vão encontrar naqueles gabinetes do poder - que os promove, mas com o custo de alguma promiscuidade. Infelizmente, este ciclo relacional - altamente pornográfico - e que não abona nem a política nem os media - tem-se repetido em Portugal nas últimas décadas.
O que os media podem fazer é relatar alguns factos registados nas instituições, mas a que depois somam argumentos seus mitigados com algumas opiniões (também suas). E estando em causa conflitos de natureza política, a densidade opinativa e a carga dramática que os editores de jornais perpassam às matérias que publicam aumentam exponencialmente. Portanto, a ideia de que os jornalistas são máquinas de transparência, isentas e imparciais, é completamente falsa.
A necessidade e a natureza dos materiais sociais que têm entre mãos obriga-os, não raro, a serem promíscuos e a traficarem informação subvertendo, por vezes, completamente o seu sentido original para deixar um significado diferente na mente do leitor que papa aquelas mestelas no fim da linha. É óbvio que há jornalistas sérios e competentes. Dois exemplos breves de sinal contraposto: Miguel Sousa Tavares é um desses elementos com quem se aprende algo, e que se esforça por respeitar a deontologia da profissão, além de grande repórter; Mário crespo, é uma caixinha de subjectividades, parcial e tendencioso que se deixa absorver pelos seus ódios de estimação e, desse modo, fica tolhido pelas funções e competências de rigor, imparcialidade, objectividade e isenção que o bom jornalismo deve observar, e que crespo manifestamente desconhece.
Salvo, talvez, quando apresenta o "jornalismo de excelência" da CBS - em que o dito crespo só fala 15 segundos para tematizar a entrada da peça e depois desaparece de cena. Aí sim, ele é rigioroso e objectivo. Quando deixa de ler o teleponto transmuta-se num pântano, cheio de salamalques para aqueles que gosta, e repleto de farpas para aqueles por quem não nutre simpatia. É isto o jornalismo faccioso de crespo.
Em suma: aquelas observações pertinentes que ontem o prof. António Hespanha fez relativamente a uma certa casta pouco credível de jornalistas e de jornalismo-pitbull que ainda flutua em Portugal - entronca com uma ideia que explica, precisamente, que é essa mesma imprensa que assume um carácter persecutório e conspirativo relativamente a certos titulares ou órgãos de poder em Portugal, seja à direita seja à esquerda, mas que, em rigor, pouco ou nada se preocupam com as condições lastimáveis em que opera a justiça entre nós nem se preocupa com a defesa e promoção dos direitos dos cidadãos, alguns deles mui qualificados, quando estão em jogo relações com os media. Aí o arqº saraiva e outros como ele que têm agendas-escondidas, comportam-se como o Al berto jardim a assobiar ao cochicho...Já não se preocupam com a (verdadeira) liberdade de expressão dos cidadãos.
A imprensa é muito mais frágil do que a teoria democrática já admitiu. E é, por maioria de razão, demasiado frágil para carregar todo o peso da soberania popular às suas costas, até porque a ser assim tal representaria a maior das perversidades democráticas, sobretudo se nos lembrarmos quem são alguns jornalistas em Portugal, como actuam, como são financiados e quais são, na realidade, as suas verdadeiras motivações pessoais, financeiras e comerciais num quadro de globalização competitiva que é cada vez mais selvagem no mundo (e no mercado editorial) em Portugal.

Figo é inteligente: entre Sócrates e Leite preferiu aquele...

Especula-se que Luís Figo foi pago para aparecer a tomar um café com o PM na véspera das eleições legislativas de 2009. Pessoalmente, duvido que Figo se tenha deixado corromper a esse nível, ou sequer que os putativos corruptores tenham tido essa motivação. Seria um acto kamikase. Por outro lado, Figo já é milionário q.b., e deve ter sido confrontado com o seguinte dilema, como sucedeu a milhares de portugueses: entre optar por Sócrates, pouco mas seguro, e Ferreira leite, péssima e desastrada, Figo assustou-se e preferiu aquele. Apesar de Figo já ter chegado à reforma, não queria entrar nela apoiando Ferreira leite, manchando o seu glorioso passado apoiando a pior líder do maior partido da oposição do pós-25 de Abril. Apesar de tudo, o Figo não decidiu mal em face das opções. Mas para a próxima, se Figo quiser ser um "homenzinho", e quiser apoiar publicamente o seu candidato a PM, poderá apoiá-lo com mais naturalidade, dissolvendo-se as dúvidas que ele próprio também ajudou a criar.
Obs: Duvido que qualquer jogador de futebol da 3ª divisão aceitasse patrocinar a campanha de Ferreira leite, mesmo tratando-se de um contrato milionário. Conclusão: até um jogador da 3ª divisão tem a sua ética.

segunda-feira

Madeira: a sociedade do medo e da insegurança

Hotel-Savoy da Madeira. O governo duma ilha deve ir além da construção de equipamentos para a classe A - que integra os turistas ricos do Norte da Europa. Hoje o choque com a realidade é dramático e os seus efeitos são trágicos. Haverá que apurar responsabilidades.
Sociedade da incerteza e do medo
O fim da Guerra Fria e a queda do lastimável Muro de Berlim em lugar de nos trazer um clima de paz e tranquilidade importou para a arena internacional um ambiente de incerteza, risco, perigo e medo. Esta comezinha constatação permite-nos aferir que vivemos numa sociedade – e numa época - de medo – que é como o Toyota, veio para ficar, conforme o slogan da marca.
O dilúvio na Madeira representa várias dessas dimensões da sociedade do risco e do medo que se instalou entre nós. Por um lado, porque quando as forças da natureza se combinam entre si a força do homem e da tecnologia para aplacar os seus efeitos são praticamente nulos; por outro lado, a Madeira e os madeirenses estão hoje a pagar décadas de negligência em obras de recuperação e manutenção ao nível do saneamento, esgotos e demais infra-estruturas de apoio que têm reiteradamente vindo a ser secundarizadas em favor das chamadas obras de fachada, que só valorizam certas camadas da população, a classe A, e, naturalmente, o turista rico do Norte da Europa que demanda a ilha a fim de usufruir as suas belezas naturais e o seu microclima.
Não são, de facto, os madeirenses que usufruem das suas belezas naturais nem dos seus equipamentos, toda a política de turismo gizada pelo presidente vitalício da Madeira está orientada para o turista rico do Norte da Europa. É como se Al berto João jardim entendesse que os seus concidadãos fossem uns "cubanos" como gosta de proclamar relativamente a terceiros, e só os turistas ricos pudessem ter acesso às coisas boas da ilha. Eis a política de turismo (e de planeamento regional) do democrata mais anti-democrata do país, prisioneiro que está no seu próprio paradoxo e já com o pesar nos ombros de dezenas de vítimas. Não deve ser uma experiência agradável de se suportar.
Em rigor, os milhões de euros – provenientes do continente e da União Europeia - geridos pelo presidente vitalício do Governo regional da Madeira – têm sido orientados para aquelas obras de fachada, algumas delas essenciais às comunicações, mas isso tem sido feito com grande desrespeito das chamadas obras invisíveis na rede subterrânea que hoje, se estivessem modernizadas, permitiram uma maior vasão dos caudais que acabaram por destruir habitações e matar pessoas. Esta política de aparente modernização turística e de desenvolvimento regional – para "inglês ver" – deve ser publicamente denunciada e, consequentemente, imputar as devidas responsabilidades ao referido presidente vitalício que tem gerido a ilha como se do seu quintal se tratasse. Isto é não só lamentável como inaceitável.
O terrorismo, a crise e a recessão económicas, o degelo e o efeito de estufa – cujos efeitos devastadores nos planos social, empresarial e ambiental – representam outras das dimensões que fazem da sociedade em que vivemos um espaço global exposto ao risco e à destruição.
Isto entronca com uma reflexão de Carlinhos Marx proferida no séc. XIX quando afirmava que, num sentido inesperado, os fenómenos significativos ocorrem duas vezes na história: da primeira vez, aparecem como tragédia; da segunda, como comédia. Se bem que os danos físicos e as perdas humanas nada tenham de comédia, mas o que é facto é que o homem hoje está completamente exposto a esse duplo perigo: económico e social, por um lado, e ao perigo de tipo ambiental/natural, por outro e cujas consequências são de mais complexa previsão e resolução, ainda que se possa fazer algo em matéria de prevenção. Basta que, para o efeito, se adequem as necessárias políticas públicas às necessidades do território e da gestão correcta e racional dos recursos naturais, que é coisa que Alberto João jardim, negligentemente, não fez na Madeira.
E o que é mais curioso, com o devido respeito pelas pessoas e famílias enlutadas, é que é por razões de ordem natural – e não de natureza sociopolítica – é que este tipo de negligência política hoje se põe a nu, ante a dureza trágica dos factos, alguns dos quais irreparáveis.
Por outro lado, o homem nunca viveu uma numa sociedade tão segura, mas isso também não cria um crescimento proporcional de segurança, gerando antes uma clima de insegurança. E é nesse paradoxo que hoje todos vivemos: por um lado, nunca tivemos tantos meios e equipamentos e tecnologia para fazer face às zangas da Natureza, por outro lado, nunca como hoje tivemos tanto medo dos infortúnios e azares da vida. E se assim é, acaba por ser a variável “medo” que se impõe, em detrimento da esperança num futuro melhor.
Desde o aparecimento do homem que as sucessivas civilizações equacionaram as ameaças e os riscos, seja por via da intuição e do pressentimento, seja pela via racional e das tecnologias que criámos para lhes fazer face, e, hoje, mitigada com a crise económico-financeira e social, somos todos confrontados – seja na Madeira ou no Haiti – e salvaguardas as devidas diferenças, com o abismo que circundam as frágeis condições que não só tematizam a nossa existência como, de súbito, uma pessoa, uma família ou famílias inteiras estão dormindo ou simplesmente descansado em suas próprias casas – e segundos depois tudo isso se reduz a escombros.
Por isso o povo da Madeira merece todo o apoio possível nesta hora difícil, circunstância que nos deverá tornar mais humildes face à vida e às condições da existência, tanto mais que as sociedades complexas da nossa contemporaneidade se distinguem umas das outras pela forma como percebem, pensam e planificam as suas próprias vulnerabilidades, riscos, ameaças e inseguranças e pelas correspondentes estratégias para lhes responder em tempo útil, tendo sempre como prioridade salvar vidas humanas em perigo. Coisa que o Al berto joão jardim não conseguiu fazer.
E porque nada disto foi integrado na equação das políticas públicas - locais e regionais – do Governo daquele presidente vitalício da ilha, num sinal claro de violação à rotatividade democrática na Madeira, que aquele deverá ser politicamente responsabilizado por esta tragédia que se abateu sobre aquelas pessoas, bens e infra-estruturas.
Governar uma ilha dotada de recursos naturais paradisíacos não deve ser apenas um exercício narcísico e egocêntrico centrado em meia dúzia de infra-estruturas de apoio ao turismo regional, é muito mais do que isso. E como esse trabalho de “formiga” e de planeamento foi inteiramente descurado por aquele responsável, o desastre humano também assume as proporções lastimáveis que já conhecemos, ainda que a contabilidade das perdas humanas e materiais, lamentavelmente, ainda esteja longe de estar fechado.

James Ellroy

Público
James Ellroy
"Poder dar um tiro em alguns mafiosos - isso, sim, far-me-ia feliz" 17.02.2010 - Luís Maio James Ellroy assume que é homem à altura dos homens dos seus livros: autoritário e com forte fixação em mulheres; homem de consciência, mesmo se a conduta pessoal não é a mais correcta. Foi uma entrevista tensa e musculada - faz justiça à fama de génio contorcido do escritor a que Joyce Carol Oates chamou "o Dostoievski americano".
Quando cheguei, James Ellroy estava a dar outra entrevista. Falava num tom de voz doce, sinal de já ter criado cumplicidade com uma colega de outra publicação. No final até lhe pediu para voltar a entrevistá-lo para o ano que vem, quando sair o seu novo livro. Então, afinal, a irascibilidade e a soberba, frequentemente denunciadas pelos críticos de Ellroy, não passam de mistificação? Fiquei com a impressão que o escritor norte-americano de 61 anos guarda a sua face mais sedutora para jornalistas de saias. Digamos que a minha conversa com Ellroy evoluiu em muitos sentidos, menos para uma grande confraternização ídolo/fã - o que está longe de querer dizer que tenha redundado num fracasso. Na verdade, até parece ter resultado melhor no papel que ao vivo.
James Ellroy esteve em Lisboa, no decurso da "tournée" de "Sangue Vadio", o romance que encerra a trilogia "Underworld USA". Entre nós a Presença acaba de reeditar "A Dália Negra", "A Colina dos Suicídios", "No Escuro da Noite" e "Sangue na Lua". A edição de "Sangue Vadio" fica prometida para Maio.
Os degraus da ambição (...)

Temporal na Madeira...

Uma equipa de cães pisteiros e de mergulhadores estão a efectuar buscas no estacionamento do centro comercial da Anadia, junto à ribeira João Gomes, no Funchal. Estima-se que haja pelo menos dois mortos...
DN
Portugal recebeu 48 milhões em 2003
Escolas encerradas no Funchal
Presidente da junta galgou montes para dar novas de Curral das Freiras
'Calamidade' evitada para não assustar turistas