Tempos cruzados: a música, a política e a mentira. A sociedade de mentirosos e as proof-lies
Rachel Star... TILL THERE WAS YOU (JORDI LABANDA CHARACTERS)
Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
Rachel Star... TILL THERE WAS YOU (JORDI LABANDA CHARACTERS)
Etiquetas: A mentira em política, Autopsicografia
Etiquetas: A estadista, olhar penetrante
Pelo que a nossa bela democracia semipresidencialista e/ou parlamentar, consoante as conjunturas e o vigor dos agentes do poder - se tem convertido não num regime autocrático, mas numa república medidática perversa, ou seja, numa mediacracia que humilha, impõe as suas agendas a belo-prazer, acusa sem culpa formada, viola o direito que o cidadão comum não pode violar, enfim, os media em Portugal entraram naquilo que é a total inimputabilidade dos seus actos. E isso tem que mudar.
Se nada mudar, lá teremos de concluir pelas palavras de um amigo do Doutor Jivago, da autoria de Boris Pasternak, em que se afirma - em matéria de democracia - que o que fora concebido como algo nobre e elevado tornou-se matéria bruta. É, precisamente, isso que alguns chefes de jornais semanários, aflitos com a sua contabilidade criativa, fazem: escavacam a democracia em nome dos seus proventos, da sua fama, notoriedade e Pub. a qualquer custo, nem que para isso tenham de "matar" o direito, achincalhar a justiça... Tudo para vender mais papel, engordarem as suas contas e liquidar alguns agentes do poder que também os tentaram "decapitar", pois nesta guerra não há inocentes... Já para não falar na concorrência que alguns desses pasquins têm relativamente ao semanário de Balsemão.
É assim que o pensamento dos grandes filósofos da política, como J. Locke, J.J. Rousseau, Alexis de Tocqueville, J. Bentham ou J. Stuart Mill, que a maior parte desses chefes de jornais só ouviram de passagem, ainda que tenham a mania de vir a ser prémios nóbeis, é literalmente amputado em nome da pior democracia, da pior justiça e, já agora, da imprensa mais promíscua e indecente neste canto da Europa, ainda que feita à custa e à conta dos leitores otários que compram esses pasquins.
Pois se hoje não podemos - nem devemos - acreditar na política nem nos políticos, muito menos devemos ser crédulos relativamente à pasta manhosa de alguns jornalistas que traçam a sua linha editorial em função das quotas de Pub. que arregimentam das instituições do Estado e do mundo empresárial com interesses na política e que financiam os partidos, e isso só descredibiliza ainda mais jornais semanários que hoje tentam reinventar o mau e persecutório jornalismo feito nas décadas de 80 e 90 do séc. XX quando Paulinho portas era o comandante-chefe dessa cruzada contra o cavaquismo.
Obs: Sugira-se o nome da srª Ferreira leite para o prémio "desgraça" que durante dois anos inflingiu à vida pública nacional, não tanto por representar o PSD nessa idiotice, mas porque todas as suas intervenções, salvo honrosas excepções, representaram um atentado à inteligência, sensibilidade e visão dos portugueses. Esta senhora é o caso típico de que nenhum português deve seguir ou cuja influência - por ser perniciosa - deve apenas circunscrever-se à sua esfera privada por não ter dado nenhum contributo à vida pública nacional, apenas servindo-se da política e dos seus canais formais e informais de Belém para nutrir a intriga política em Portugal.
Seal-It's a man's world quincy jones - secret garden CHAKA KHAN AINT NOBODY BEST VERSION EVER
Armando Vara era o administrador do BCP responsável pelo financiamento do Sol quando o jornal passou pelos problemas financeiros há um ano, afirmou o director do semanário na AR.(...)Público
Obs: [es]Tá visto que trata-se mais de guerras financeiras e do ganha-pão do arqº saraiva e dos jornalistas em geral do semanário afecto ao psd do que própriamente da verdade jornalística e da sua preocupação com as mestelas que fornecem aos leitores, violando o segredo de justiça, mecanismo que supostamente protege os cidadãos. De resto, a atitude e o discurso de certos jornalistas faz supôr a seguinte montagem: de súbito, alguém assume o papel de Paulinho Portas na década de 80/90, enquanto director do Indy no abate ao cavaquismo, e Vara vestiu a pele de Cavaco. E assim se pratica um certo jornalismo em Portugal: um banco privado altera a sua política de marketing no jornal, tirando de lá a Pub. institucional, e o jornal, como medida de retaliação, vinga-se do banco e dos administradores desse banco. Isto só confunde os portugueses, isto não é nem jornalismo nem política. É pura sacanagem. O arqº saraiva ao afirmar esta linha primária de raciocínio nem sequer se apercebe que age e manda agir dessa forma persecutória relativamente a certos órgãos do poder por razões estritamente de natureza económica e de vendetta pessoal, e isso é tudo menos a busca da verdade com que todo e cada jornalista se deve preocupar quando manuseia informação. Mas há jornalistas idiotas, kamikases que quando estão dando um tiro no pé nem sequer percebem que acabaram de dar um tiro no outro pé. E é a essa prática que chamam jornalismo de investigação, sério e credível...
Será caso para dar uma imensa gargalhada.
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Contemporâneos - Gafes:Manuela Ferreira Leite
Susana Félix - Amanhecer Susana Félix - (bem) na minha mão Vício De Ti Donna Maria - Quase Perfeito
Nobre irá dinamizar os eleitores móveis, sensibilizar os comportamentos de consumo, irá tratar as audiências por "tu", dada a sua experiência, mensagem profundamente humana/humanista e telegenia, tudo isto fará de Nobre uma estrela no firmamento que lhe permitirá ser uma espécie de deus menor, estando em todo o lado ao mesmo tempo.
O tal Obama branco (e multicultural) entre nós...
Nesta medida, Nobre irá dilematizar os portugueses a escolher entre a sociedade anónima - com que outros tratam as massas em busca do votinho cínico, e a sociedade personalizada deste seu novo oráculo que repousa no poder da sociedade civil, na qual se revê e através da qual os seus elementos lhe reconhecem legitimidade neste duplo jogo do "gato e do rato" em que se transformou a democracia de opinião que acaba por influenciar os resultados eleitorais em Portugal.
Uma coisa é certa, com Fernando Nobre a concorrer o risco do ridículo, da hipocrisia, das jogadas de poder diminui radicalmente, não só por questões de carácter, mas também porque Nobre não é mais um elemento parido pelo aparelho partidário que esteve sentado à manjedoura do Estado durante décadas sem dar qualquer contrapartida ao país e aos portugueses.
Este conjunto de razões fazem de Fernando Nobre um virtual vencedor.
Obs: Miguel Sousa Tavares é um jornalista seguro de si e muito versátil, e, essencialmente, é um grande repórter. Está de parabéns, apesar de o achar pouco imaginativo, logo demasiado previsível. Mas o que ele tem a mais, tem o Crespo a menos - que só muito dificilmente distingue uma rolha duma garrafa, e, por isso, designa de jornalismo aquilo que todos sabem ser um misto de ódio, ressentimento e uma terrível impreparação técnica, profissional e intelectual para entrevistar seja quem for. Alguém o enganou quando lhe disse que ele poderia ser jornalista, que reclama uma condição nuclear no metier: ser rigoroso e objectivo.
Confesso que isto não me surpreende, pois como observador atento da actividade politico-mediática e com mais qualificações científicas e académicas do que o pobre crespo, que é um jornalista mangas-de-alpaca, percebe-se que é o seu ressentimento pessoal e corporativo que o empurrou para esta mesquinha cruzada - que hoje, como ainda ontem António Vitorino explicitou, põe jornalistas contra políticos, estes contra aqueles e, mais grave e deprimente - como se está a verificar - põe jornalistas uns contra os outros. E nesta medida crespo contribui liquidamente para degradar não só as funções do jornalismo em Portugal, como também para aviltar o trabalho que os jornalistas qualificados e isentos desenvolvem diáriamente na sua actividade. Crespo, de facto, mentiu e foi pérfido ao tentar fazer uma introjecção - canalizando a autoria da sua própria mentira para outros, beneficiando, nessa campanha canalha, da oposição, mormente do parasita e liliputeano csd de Portas que até o convidou para proferir uma conferência sobre política externa dos EUA (pobre crespo...) no preciso momento em que crespo ensaiava a sua cruzada contra o seu target, por acaso o PM. Um jornalista - que se pretende isento - a ser instrumentalizado por um partido da oposição, e depois quer ser levado a sério pelos portugueses. Crespo, por quem nunca dei uma palha, e basta ver a sua linguagem, as suas articulações, as suas questões e trejeitos nas entrevistas que arrasta, é hoje símbolo do paradigma negativo do péssimo jornalismo que hoje se pratica em Portugal. E um jornal, assim como um jornalista, deixa de ser credível quando o seu poder passa a deformar a realidade em nome de interesses ou de ódios pessoais, de que também é apanágio o casal Moniz quando o jornal e 6ªfeira vegetava na paisagem mediática. De facto, é triste constatar o que vale um jornalista, precisamente pela boca de outro jornalista que em público o desmente. É triste quando a principal função de um jornalista é assegurar convites para certas pessoas aparecerem na televisão. Foi assim que o écran de tv se converteu hoje numa espécie de espelho de Narciso, num lugar sem reflexão, sem pensamento, completamente medíocre e vazio. Esperemos que amanhã o dito crespo não escreva outra mestela tentando convencer os portugueses de que foi um assessor do PGR ou do STJ que condicionou José Leite Pereira, director do JN, a ir ao parlamento chamar mentiroso ao crespo, um dos jornalistas mais facciosos em Portugal em que hoje nenhum português razoável acredita.
Todavia, não importa perder tempo com estas questões, dado que estão ao arbítrio do director de informação que tem quase todo o poder no jornal que dirige. O arquitecto, o Manoel Fernandes - ex-director do Público - são pessoas que têm uma concepção do jornalismo como alavanca para eliminar políticamente pessoas, seja por vaidade ou porque o governante A, B ou C deixou de fazer Pub. nas suas páginas. Não devemos esquecer que os jornais são empresas cuja motivação é o lucro, mas que, para além disso, têm ainda a faculdade de minar a confiança da opinião pública naqueles de que não gostam, e não hesitam em utilizar o soit-disant jornalismo isento e objectivo para os queimar na praça pública. Com meias palavras, foi isso que depreendi das palavras do prof. António Hespanha, que daqui felicito, e que não tem papas na língua e deu uma lição de sinceridade ao país que o viu. Até nas questões de falso consenso que hoje se abateu na vontade de Al berto joão da Madeira e o PM, é óbvio que só por oportunismo e conveniência - por via da infeliz catástrofe - é que o presidente vitalício do Governo regional da Madeira teve aquele comportamento. Ou seja, este pequeno "ditador" da ilha comportou-se, talvez pela 1ª vez, como um democrata porque, pura e simplesmente, está aflito. Se bem que o povo madeirense se deva distinguir daquele que autoritáriamente o comanda, e fá-lo sempre com soberba e com desprezo pelas ideias dos outros, sobretudo daqueles que sabem mais do que Al berto jardim, o que também não é difícil. De resto, a lógica dos argumentos do pequeno ditador assume sempre uma postura de força, ofensiva e nunca revelando níveis de racionalidade. Isto entronca com uma questão maior, que consiste em saber como é que a verdade social é hoje organizada, sendo que ela é demasiado importante e complexa para ser deixada exclusivamente à imprensa, que está repleta de falhas em Portugal, além das motivações políticas e económicas existentes e das vaidades pessoais, que influenciam sobremaneira a objectividade com que os factos deveriam ser relatados, e não são. Logo, a teoria de que os media podem registar aquelas forças e realidades com isenção e objectividade, é uma ilusão. É falsa. Basta que o director do jornal tenha um ódio de estimação por alguém na sociedade com mais currículo do que ele, o que também não é difícil, referenciando aqui o exemplo de António Hespanha - se comparado com o seu visado que tem um currículo pobrezinho e vive obsecado com a eliminação política do PM e em ser prémio Nóbel da literatura, para que nenhum jornalista do seu jornal se atreva a publicar seja o que for. É que os jornais são empresas, têm uma hierarquia rígida e muitos dos seus quadros e jornalistas operam sob medo, sob a possibilidade de sofrerem coacções ou retaliações de vária ordem, ou até mesmo, no limite, serem despedidos. Lamentavelmente, este sector socioprofissional vive condições de trabalho altamente precárias, por isso eles desejam integrar os gabinetes ministeriais e, assim, compensarem as falhas de remuneração, estatuto e de poder que desejariam ter no jornalismo e que vão encontrar naqueles gabinetes do poder - que os promove, mas com o custo de alguma promiscuidade. Infelizmente, este ciclo relacional - altamente pornográfico - e que não abona nem a política nem os media - tem-se repetido em Portugal nas últimas décadas. O que os media podem fazer é relatar alguns factos registados nas instituições, mas a que depois somam argumentos seus mitigados com algumas opiniões (também suas). E estando em causa conflitos de natureza política, a densidade opinativa e a carga dramática que os editores de jornais perpassam às matérias que publicam aumentam exponencialmente. Portanto, a ideia de que os jornalistas são máquinas de transparência, isentas e imparciais, é completamente falsa. A necessidade e a natureza dos materiais sociais que têm entre mãos obriga-os, não raro, a serem promíscuos e a traficarem informação subvertendo, por vezes, completamente o seu sentido original para deixar um significado diferente na mente do leitor que papa aquelas mestelas no fim da linha. É óbvio que há jornalistas sérios e competentes. Dois exemplos breves de sinal contraposto: Miguel Sousa Tavares é um desses elementos com quem se aprende algo, e que se esforça por respeitar a deontologia da profissão, além de grande repórter; Mário crespo, é uma caixinha de subjectividades, parcial e tendencioso que se deixa absorver pelos seus ódios de estimação e, desse modo, fica tolhido pelas funções e competências de rigor, imparcialidade, objectividade e isenção que o bom jornalismo deve observar, e que crespo manifestamente desconhece. Salvo, talvez, quando apresenta o "jornalismo de excelência" da CBS - em que o dito crespo só fala 15 segundos para tematizar a entrada da peça e depois desaparece de cena. Aí sim, ele é rigioroso e objectivo. Quando deixa de ler o teleponto transmuta-se num pântano, cheio de salamalques para aqueles que gosta, e repleto de farpas para aqueles por quem não nutre simpatia. É isto o jornalismo faccioso de crespo. Em suma: aquelas observações pertinentes que ontem o prof. António Hespanha fez relativamente a uma certa casta pouco credível de jornalistas e de jornalismo-pitbull que ainda flutua em Portugal - entronca com uma ideia que explica, precisamente, que é essa mesma imprensa que assume um carácter persecutório e conspirativo relativamente a certos titulares ou órgãos de poder em Portugal, seja à direita seja à esquerda, mas que, em rigor, pouco ou nada se preocupam com as condições lastimáveis em que opera a justiça entre nós nem se preocupa com a defesa e promoção dos direitos dos cidadãos, alguns deles mui qualificados, quando estão em jogo relações com os media. Aí o arqº saraiva e outros como ele que têm agendas-escondidas, comportam-se como o Al berto jardim a assobiar ao cochicho...Já não se preocupam com a (verdadeira) liberdade de expressão dos cidadãos. A imprensa é muito mais frágil do que a teoria democrática já admitiu. E é, por maioria de razão, demasiado frágil para carregar todo o peso da soberania popular às suas costas, até porque a ser assim tal representaria a maior das perversidades democráticas, sobretudo se nos lembrarmos quem são alguns jornalistas em Portugal, como actuam, como são financiados e quais são, na realidade, as suas verdadeiras motivações pessoais, financeiras e comerciais num quadro de globalização competitiva que é cada vez mais selvagem no mundo (e no mercado editorial) em Portugal.
Sociedade da incerteza e do medo O fim da Guerra Fria e a queda do lastimável Muro de Berlim em lugar de nos trazer um clima de paz e tranquilidade importou para a arena internacional um ambiente de incerteza, risco, perigo e medo. Esta comezinha constatação permite-nos aferir que vivemos numa sociedade – e numa época - de medo – que é como o Toyota, veio para ficar, conforme o slogan da marca. O dilúvio na Madeira representa várias dessas dimensões da sociedade do risco e do medo que se instalou entre nós. Por um lado, porque quando as forças da natureza se combinam entre si a força do homem e da tecnologia para aplacar os seus efeitos são praticamente nulos; por outro lado, a Madeira e os madeirenses estão hoje a pagar décadas de negligência em obras de recuperação e manutenção ao nível do saneamento, esgotos e demais infra-estruturas de apoio que têm reiteradamente vindo a ser secundarizadas em favor das chamadas obras de fachada, que só valorizam certas camadas da população, a classe A, e, naturalmente, o turista rico do Norte da Europa que demanda a ilha a fim de usufruir as suas belezas naturais e o seu microclima. Não são, de facto, os madeirenses que usufruem das suas belezas naturais nem dos seus equipamentos, toda a política de turismo gizada pelo presidente vitalício da Madeira está orientada para o turista rico do Norte da Europa. É como se Al berto João jardim entendesse que os seus concidadãos fossem uns "cubanos" como gosta de proclamar relativamente a terceiros, e só os turistas ricos pudessem ter acesso às coisas boas da ilha. Eis a política de turismo (e de planeamento regional) do democrata mais anti-democrata do país, prisioneiro que está no seu próprio paradoxo e já com o pesar nos ombros de dezenas de vítimas. Não deve ser uma experiência agradável de se suportar. Em rigor, os milhões de euros – provenientes do continente e da União Europeia - geridos pelo presidente vitalício do Governo regional da Madeira – têm sido orientados para aquelas obras de fachada, algumas delas essenciais às comunicações, mas isso tem sido feito com grande desrespeito das chamadas obras invisíveis na rede subterrânea que hoje, se estivessem modernizadas, permitiram uma maior vasão dos caudais que acabaram por destruir habitações e matar pessoas. Esta política de aparente modernização turística e de desenvolvimento regional – para "inglês ver" – deve ser publicamente denunciada e, consequentemente, imputar as devidas responsabilidades ao referido presidente vitalício que tem gerido a ilha como se do seu quintal se tratasse. Isto é não só lamentável como inaceitável. O terrorismo, a crise e a recessão económicas, o degelo e o efeito de estufa – cujos efeitos devastadores nos planos social, empresarial e ambiental – representam outras das dimensões que fazem da sociedade em que vivemos um espaço global exposto ao risco e à destruição. Isto entronca com uma reflexão de Carlinhos Marx proferida no séc. XIX quando afirmava que, num sentido inesperado, os fenómenos significativos ocorrem duas vezes na história: da primeira vez, aparecem como tragédia; da segunda, como comédia. Se bem que os danos físicos e as perdas humanas nada tenham de comédia, mas o que é facto é que o homem hoje está completamente exposto a esse duplo perigo: económico e social, por um lado, e ao perigo de tipo ambiental/natural, por outro e cujas consequências são de mais complexa previsão e resolução, ainda que se possa fazer algo em matéria de prevenção. Basta que, para o efeito, se adequem as necessárias políticas públicas às necessidades do território e da gestão correcta e racional dos recursos naturais, que é coisa que Alberto João jardim, negligentemente, não fez na Madeira. E o que é mais curioso, com o devido respeito pelas pessoas e famílias enlutadas, é que é por razões de ordem natural – e não de natureza sociopolítica – é que este tipo de negligência política hoje se põe a nu, ante a dureza trágica dos factos, alguns dos quais irreparáveis. Por outro lado, o homem nunca viveu uma numa sociedade tão segura, mas isso também não cria um crescimento proporcional de segurança, gerando antes uma clima de insegurança. E é nesse paradoxo que hoje todos vivemos: por um lado, nunca tivemos tantos meios e equipamentos e tecnologia para fazer face às zangas da Natureza, por outro lado, nunca como hoje tivemos tanto medo dos infortúnios e azares da vida. E se assim é, acaba por ser a variável “medo” que se impõe, em detrimento da esperança num futuro melhor. Desde o aparecimento do homem que as sucessivas civilizações equacionaram as ameaças e os riscos, seja por via da intuição e do pressentimento, seja pela via racional e das tecnologias que criámos para lhes fazer face, e, hoje, mitigada com a crise económico-financeira e social, somos todos confrontados – seja na Madeira ou no Haiti – e salvaguardas as devidas diferenças, com o abismo que circundam as frágeis condições que não só tematizam a nossa existência como, de súbito, uma pessoa, uma família ou famílias inteiras estão dormindo ou simplesmente descansado em suas próprias casas – e segundos depois tudo isso se reduz a escombros. Por isso o povo da Madeira merece todo o apoio possível nesta hora difícil, circunstância que nos deverá tornar mais humildes face à vida e às condições da existência, tanto mais que as sociedades complexas da nossa contemporaneidade se distinguem umas das outras pela forma como percebem, pensam e planificam as suas próprias vulnerabilidades, riscos, ameaças e inseguranças e pelas correspondentes estratégias para lhes responder em tempo útil, tendo sempre como prioridade salvar vidas humanas em perigo. Coisa que o Al berto joão jardim não conseguiu fazer. E porque nada disto foi integrado na equação das políticas públicas - locais e regionais – do Governo daquele presidente vitalício da ilha, num sinal claro de violação à rotatividade democrática na Madeira, que aquele deverá ser politicamente responsabilizado por esta tragédia que se abateu sobre aquelas pessoas, bens e infra-estruturas. Governar uma ilha dotada de recursos naturais paradisíacos não deve ser apenas um exercício narcísico e egocêntrico centrado em meia dúzia de infra-estruturas de apoio ao turismo regional, é muito mais do que isso. E como esse trabalho de “formiga” e de planeamento foi inteiramente descurado por aquele responsável, o desastre humano também assume as proporções lastimáveis que já conhecemos, ainda que a contabilidade das perdas humanas e materiais, lamentavelmente, ainda esteja longe de estar fechado.