A democracia tele-mediática à portuguesa. A lição do Dr. Jivago de Boris Pasternak
Pelo que a nossa bela democracia semipresidencialista e/ou parlamentar, consoante as conjunturas e o vigor dos agentes do poder - se tem convertido não num regime autocrático, mas numa república medidática perversa, ou seja, numa mediacracia que humilha, impõe as suas agendas a belo-prazer, acusa sem culpa formada, viola o direito que o cidadão comum não pode violar, enfim, os media em Portugal entraram naquilo que é a total inimputabilidade dos seus actos. E isso tem que mudar.
Se nada mudar, lá teremos de concluir pelas palavras de um amigo do Doutor Jivago, da autoria de Boris Pasternak, em que se afirma - em matéria de democracia - que o que fora concebido como algo nobre e elevado tornou-se matéria bruta. É, precisamente, isso que alguns chefes de jornais semanários, aflitos com a sua contabilidade criativa, fazem: escavacam a democracia em nome dos seus proventos, da sua fama, notoriedade e Pub. a qualquer custo, nem que para isso tenham de "matar" o direito, achincalhar a justiça... Tudo para vender mais papel, engordarem as suas contas e liquidar alguns agentes do poder que também os tentaram "decapitar", pois nesta guerra não há inocentes... Já para não falar na concorrência que alguns desses pasquins têm relativamente ao semanário de Balsemão.
É assim que o pensamento dos grandes filósofos da política, como J. Locke, J.J. Rousseau, Alexis de Tocqueville, J. Bentham ou J. Stuart Mill, que a maior parte desses chefes de jornais só ouviram de passagem, ainda que tenham a mania de vir a ser prémios nóbeis, é literalmente amputado em nome da pior democracia, da pior justiça e, já agora, da imprensa mais promíscua e indecente neste canto da Europa, ainda que feita à custa e à conta dos leitores otários que compram esses pasquins.
Pois se hoje não podemos - nem devemos - acreditar na política nem nos políticos, muito menos devemos ser crédulos relativamente à pasta manhosa de alguns jornalistas que traçam a sua linha editorial em função das quotas de Pub. que arregimentam das instituições do Estado e do mundo empresárial com interesses na política e que financiam os partidos, e isso só descredibiliza ainda mais jornais semanários que hoje tentam reinventar o mau e persecutório jornalismo feito nas décadas de 80 e 90 do séc. XX quando Paulinho portas era o comandante-chefe dessa cruzada contra o cavaquismo.
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