quarta-feira

Uma antevisão do Dia do Trabalhador...

... Todos os anos é isto..., apesar do discurso da globalização, da igualdade e da condição de género...

As palavras: o mundus sensibilis e o mundo intelligibilis. O petróleo, o pão e o arroz...

Em crítica estética dizemos inúmeras vezes que o artista "transfigurou a realidade". Sucede coisa análoga na filosofia - quando as palavras são transfiguradas, embora num sentido lógico e conceptual, com base num processo de abstracção. Fonte, por sua vez, da capacidade especulativa, e é aqui que as palavras levantam vôo e captam novas realidades. Como nas artes em geral: na música, na escultura, na pintura e também na filosofia - o objecto essencial não é o mundus sensibilis, mas o mundus intelligibilis. Não se trata já de perceber, mas sim de conceber. E hoje concebe-se pouco, talvez seja por essa razão que andamos todos a dizer e a ouvir o mesmo... O petróleo dispara, o dólar cai, o euro sobe. Tudo isto é razão de tanto atraso político e cultural. E agora até o preço do pão e do arroz dispara... Qualquer dia passamos a comer é as palavras. E depois alguém se encarregará de dizer que a inflação também atinge as palavras. Hoje já nada nem ninguém está a salvo!!!
Dois exemplos musicais dessa "des"referenciação criativa:
Willy Denzey - "Et si tu n'existais pas"
B5 - Let's Groove

terça-feira

A sociedade da autoprotecção

Todo o homem, salvo se tiver alheado de tudo, visa limitar o risco de vitimação: fecha a porta à chave e mete a tranca, tranca as porta da sua viatura, mete o dinheiro no banco, evita sair à noite ou circular por artérias perigosas fora de horas, evita deixar objectos de valor no seu carro, etc... Este quadro de precauções visa assegurar a autoprotecção - vista como o conjunto de medidas não violentas tomadas por cada indivíduo a fim de escapar à tal vitimação. O objectivo é as pessoas precaverem-se com eficácia contra o crime. Razão por que, e por força da tipologia dos crimes emergentes que vão golpeando a sociedade, urge na família, na escola, na sociedade criar uma cultura de prevenção ao crime. Fazê-lo é assegurar não só uma melhor qualidade de vida como também dificultar a vida aos criminosos. O Grupo de Trabalho que funciona no âmbito do MAI a fim de estudar medidas contra o carjacking [ver Vídeo] é, já, um forte sinal de que os criminosos e delinquentes (reais e potenciais) terão de mudar de vida a curto prazo. Pois no médio e longo prazos serão metidos na cadeia...

Um caso de provincianismo - por Francisco Sarsfield Cabral -

Um caso de provincianismo, in Público
Antes do 25 de Abril, os poucos jornalistas estrangeiros que trabalhavam em Portugal deram um auxílio precioso à oposição ao regime. Através desses correspondentes, Mário Soares, por exemplo, conseguiu tornar conhecidas no mundo notícias que desagradavam ao regime e que a censura impedia de divulgar internamente.
Logo após o 25 de Abril e durante o agitado PREC (processo revolucionário em curso) Portugal fazia manchete em jornais e revistas de toda a parte. Ao país afluíram muitos e qualificados jornalistas estrangeiros, para seguirem os acontecimentos político-militares que aqui se sucediam.
Depois, felizmente, veio a normalização democrática. O país deixou de representar uma ameaça ao equilíbrio entre o Ocidente e o império soviético e, como seria de esperar, o interesse dos “média” internacionais por Portugal reduziu-se.
Mas não é do interesse nacional vivermos ignorados do globo neste cantinho ocidental da Europa. A imagem que predomina de Portugal no estrangeiro (quando existe alguma imagem) é a de um país antiquado, tristonho e simpático. Não é o que mais convém a quem tem de competir internacionalmente e precisa de atrair turistas e investidores.
Ficamos satisfeitos por Cristiano Ronaldo ou José Mourinho se tornarem celebridades. Mas não chega. De vez em quando gastam-se milhões em propaganda colocada em jornais e revistas de outros países. No entanto, ignoram-se os correspondentes estrangeiros que estão entre nós e que, de forma mais eficaz e bem mais barata, poderiam contribuir para uma maior projecção de Portugal no mundo.
Na recente sessão comemorativa dos 30 anos da Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal – realizada, não por acaso, na Fundação Mário Soares – foi chocante ouvir o que vários correspondentes contaram sobre a maneira como os poderes públicos os ignoram e marginalizam. Desde a dificuldade de acesso destes correspondentes (que trabalham em regra isolados) aos membros do Governo e a altos dirigentes do Estado, blindados por assessores que nem sempre os atendem ao telefone nem respondem às suas chamadas, até à exigência corrente de exigir o envio de um “e-mail” para as mais singelas perguntas (como saber a hora de uma conferência de Imprensa) não faltaram exemplos raiando o absurdo.
A excepção terá sido um secretário de Estado do Turismo, Alexandre Relvas, que percebeu as vantagens de convidar um grupo de correspondentes estrangeiros para uma viagem no Douro, em vez de comprar caríssimas páginas de publicidade na imprensa internacional. Até porque as pessoas acreditam mais em artigos de jornalistas do que em anúncios. Mas também se falou da jornalista de uma agência alemã, que esperou em vão dois meses e meio por uma entrevista com um responsável pelo turismo, acabando por ser presenteada com um folheto relativo ao programa turístico… do ano anterior.
Não dar importância aos correspondentes estrangeiros revela uma razoável dose de estupidez. Não aproveitamos o interesse desses jornalistas pelo nosso país, ao não os ajudarmos a produzirem histórias capazes de levarem os respectivos órgãos de comunicação social a publicá-las.
Mas essa atitude revela também o provincianismo português. O nosso pequeno mundo circunscreve-se às trapalhadas da política nacional, ao futebol doméstico e a pouco mais. Adoramos que os estrangeiros digam bem de nós e até os tratamos com simpatia, mas fechamo-nos na nossa concha.
Décadas e décadas de isolamento internacional deixaram a sua marca, claro. Mas, de um modo geral, os portugueses que emigraram integraram-se bem noutros ambientes e noutras culturas. Mostraram uma abertura ao diferente que já se manifestara nos Descobrimentos. Só que nós somos descendentes dos que ficaram por cá…
Esta mentalidade fechada e provinciana é fatal num mundo onde os transportes e comunicações progrediram vertiginosamente. No passado, ela trouxe duas consequências aparentemente opostas: um complexo de inferioridade perante tudo o que é estrangeiro (automaticamente valorizando o que se faz “lá fora”) e a rejeição dos “estrangeirados”, isto é, dos que pretenderam modernizar Portugal. No presente, o provincianismo dificulta a nossa afirmação económica e cultural num mundo cada vez mais globalizado. Implica ficarmos à margem.
Francisco Sarsfield Cabral Jornalista

Obs: Mais um eficiente e oportuno artigo do Francisco, não só por espelhar um "puxar" pela classe de que faz parte com brio, competência e isenção, além da enorme experiência que faz dele já um decano dos jornalistas económicos e políticos em Portugal com quem sempre se pode aprender, mas também porque o Governo, a Administração e os actores sociais em geral devem ter os canais abertos com os correspondentes estrangeiros acreditados em Portugal por razões óbvias que acima são explicadas.

Não o fazer, como refere Sarsfield Cabral, é um sinal de pacóvia "estupidez". Por outro lado, os assessores, consabidamente, há-os de dois tipos: 1) os Assessores-pavões - que foram convidados para a função através de um quadro de relações pessoais mas sem nenhuma capacidade intelectual, técnica e cultural que os habilitem a exercer cabalmente essas funções, daí ao deslumbre e ao perfume do poder vai um passo, razão por que não sabem usar do poder que têm e tornam-se naturalmente arrogantes para com as pessoas em geral e os correspondesntes estrangeiros em Portugal; 2) e os Assessores por vocação - que são verdadeiros homens de gabinete, intelectual, técnica e culturalmente capazes de compreender rapidamente uma questão/problema e sobre ele edificar uma comunicação ou um quadro de solução que pode ajudar o agente político a tomar uma decisão em prol do bem comum de que falava Aristóteles.

Aqui também é importante a formação cultural e humana do Assessor, que deve ser alguém pouco impressionável, que não se deixe seduzir pelo perfume do poder e relativizar o sentido das coisas na perene existência da vida: a humildade, a competência, a ductibilidade de raciocínio, e o sentido de missão pública de par com a sua imaginação sociológica - devem conciliar-se para encontrar o melhor quadro de comunicação entre esse triângulo de poder que a pressão do tempo coloca à troika de actores que, a dado momento, tem de fazer a quadratura do círculo:

1. O correspondente - deseja obter informação especializada junto do assessor e pressiona-o nesse sentido;

2. O assessor - tem de saber fornecê-la na justa medida sem, contudo, falar de mais nem de menos: se falar de mais abre o jogo e penaliza o núcleo da decisão comprometendo o interesse público; se falar de menos, revela excesso de prudência que pode ser lido como medo;

3. E o agente/decisor político - quando toma a sua decisão deve fazê-lo com segurança, mas também com a garantia de que o jornalista estrangeiro cá acreditado dá uma imagem tão favorável quanto positiva do País donde reporta, porque é da qualidade dessa informação debitada para o mundo que se forma uma percepção e uma imagem externa do que é hoje o Portugal político, económico, social e cultural.

Numa palavra: quanto melhor os correspondentes estrangeiros forem tratados no nosso país mais e melhor é a imagem externa de Portugal. Quanto aos assessores arrogantes são, por regra ignorantes, o decisor político só tem que fazer uma coisa: substituí-los por pessoas qualificadas, é que a imagem e fiabilidade do governo, duma autarquia ou da administração em geral (ou até duma empresa privada cujo objectivo é o lucro) passa também por ter quadros qualificados à sua frente, não o fazer também é um sinal de estupidez.

Daí a oportunidade e a eficácia com que esta sábia reflexão do Francisco nos interpela para tão crucial questão no quadro da comunicação pública que hoje se coloca à generalidade dos decisores em contexto de globalização competitiva.

O espírito capitalista do carjacker contrasta com a sua condição social

Consabidamente o carjacking é hoje, um pouco por toda a Europa, o crime da moda: rende, é rápido e eficaz. O seu modus operandi também é conhecido: encapuçados e com armas de fogo surpreendem a vítima e forçam-na a sair da viatura, por vezes com violência, mas a natureza deste crime, pela marca de viatura que escolhe, não deixa de ser o pior que o capitalismo neoliberal comporta. Na medida em que os criminosos escolhem marcas de topo, todas germânicas - Audi, BMW e Mercedes - para cometer os seus crimes aos quais outros estão associados, como o assalto a caixas multibanco. Isto revela duas coisas comezinhas e aparentemente irreconciliáveis: 1) a vitimação é um fenómeno tão generaalizado que pode atingir qualquer um de nós; 2) este tipo de crime é mais frequente, a ajuizar pelas estatísticas conhecidas, nas pessoas proprietárias de carros de gama alta. O que significa que estes criminosos vivem ainda com o trauma marxista do conflito de classes, posto que as categorias sociais escolhidas para alvo desses crimes espelham bem a forma como esse crime não se distribui ao acaso na população. Além de não haver cobardia maior daquela que o carjacker é autor, já que só conseguem entrar num carro encapuçados e com pistolas nas mãos. Pergunto-me se saberão conduzir ou se esses assaltos também não servem para uma estreia na arte das quatro rodas...

Combate ao Carjacking. O Ministério da Administração Interna não pára... Parabéns ao Grupo de Trabalho

No capítulo da prevenção, a aposta vai sobretudo para condutores bem informados, através de campanhas que expliquem aos cidadãos a auto-protecção e como reagir em caso de roubo.
Os proprietários dos veículos vão ser incentivados a instalar equipamentos de alerta, de localização ou que permitam imobilizar as viaturas em caso de roubo. Para isso, vão contar com uma redução nos prémios do seguro.
O grupo de trabalho sugere também equipamentos de última geração para as forças de segurança. Nomeadamente sistemas de leitura automática de matrículas.
Nos locais e horas identificados como os de maior perigo relativamente ao carjacking vai haver operações conjuntas entre a PSP e a GNR.
São propostas que resultam de quatro reuniões de representantes do Mnistério da Admninistração Interna, das forças de segurança, das seguradoras e de associações do sector automóvel.
Dentro de um mês deverão ser postas em prática
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Segundo o relatório preliminar do Grupo de Trabalho Carjacking, a que o PortugalDiário teve acesso, o caminho a seguir está muito bem definido e compreende medidas relativas à prevenção e a à reacção. É aqui que entra a vontade de fomentar as novas tecnologias em prol deste combate diário ao roubo violento de viaturas.
Na área da intervenção, este Grupo de Trabalho, que compreende vários elementos dos organismos oficiais e privados ligados à segurança e indústria automóvel (inclusivamente as seguradoras), detectou-se a necessidade de melhorar a informação e comunicação, como a realização de um site que possa agregar conselhos úteis, para além de publicidade e mailings.
Mas, o aspecto fundamental é o desenvolvimento de tecnologias que possam ser integradas nos próprios automóveis, ajudando à sua detecção depois de terem sido roubados. A vontade do Primeiro-Ministro é avançar com este tipo de abordagem, abrindo-se mesmo a possibilidade de criar incentivos fiscais a empresas de seguros e de comercialização de automóveis.
Ideia já existe no mercado
O Grupo de Trabalho quer que o mercado reaja e pede às universidades para entrarem no processo, embora a tecnologia já exista em Portugal e até seja utilizada por várias figuras públicas.
A i-mob Ibéria disponibiliza, em parceria com a Vodafone, o Wireless Safe Car, que basicamente é um sistema instalado no automóvel, que permite ao condutor detectar o seu veículo através de uma simples chamada. «O que o Sr. Primeiro-ministro pretende vai ao encontro do que já temos. Neste momento, inclusivamente, já temos um acordo com a seguradora Zurich, que dá benefícios a quem tiver instalado este sistema e o caminho é desenvolver parcerias mais aprofundadas», contou ao PortugalDiário o director-executivo da empresa, Alexandre Martins.
O Governo está interessado em implementar este sistema, na sua versão mais básica, que está preparado para detectar a viatura e até imobilizá-la, sem que o ladrão se aperceba do que está a acontecer. «Recentemente tivemos o caso de uma figura pública que recuperou o carro no dia seguinte, porque tinha este sistema instalado. É algo que consegue ser muito eficaz», frisou, informando que existe uma versão Premium, com características mais avançadas.
Nos dois casos, é instalado um equipamento que contém um modem de comunicações e um Sim Card Vodafone (que permite a comunicação de e para o veículo) e uma antena GPS (para captação de posições que permitem a localização). Basta fazer uma simples chamada para o nº 91xxx instalado na viatura, digitalizar a sua password e escolher a funcionalidade pretendida, por exemplo: para imobilizar a viatura, carregue na tecla nº 2 do seu telemóvel; para saber a localização da sua viatura, carregue na tecla nº 9 do seu telemóvel. A mensalidade é de oito euros, mas no futuro poderá ser menor.
Reacção
Premissa essencial é convencer os condutores a não reagirem no momento em que são assaltados, uma vez que os ladrões normalmente transportam armas de fogo. O sistema fará o resto, com necessária intervenção das autoridades policiais. Neste ponto, o Grupo de Trabalho considera importante a integração de todos os sistemas de informação para uma mais eficaz detecção de veículos roubados.
Em particular, será essencial adquirir para as forças de segurança equipamentos de última geração que permitam a detecção automática de matrículas e veículos em circulação. Um sistema que já existe nos Estados Unidos e que pode facilmente ser integrado em Portugal.
As conclusões destas propostas terão de ser apresentadas pelo Grupo de Trabalho até 29 de Maio.

segunda-feira

O candidato surpresa do PSD. Tarda, mas pode aparecer a (a)sapar... Anacronismos

A forma como o psd tem sido atacado, tornando-o alvo da chacota nacional, coisa nunca antes vista na história do partido, confere razão às palavras da dr.ª Manuela Ferreira Leite - quando hoje, na apresentação da sua candidatura à liderança do partido, revelou essa indignação. Uma indignação que pode tornar a vida política interna ao PSD numa incógnita permanente. Nesse sentido, pergunto-me, ante os cacos e estilhaços na cidade, se não haverá (ainda) mais um candidato surpresa à liderança do partido da Lapa... A tendência é para eles cairem dos céus, que nem tordos, e esborracharem-se no alcatrão.
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Género: FICÇÃO POLÍTICA
ANACRONISMOS DA SOEIRO PEREIRA GOMES E DO LARGO DO CALDAS

À última da hora, como reserva, parece que Meneses tem um candidato surpresa, a dona Zita Seabra, ex-PCP hoje a militar no PSD; e o dr. Fernando Roboredo Seara, ex-dirigente do CDS e autarca-paraquedista de Sintra pelo PSD - apoia Santana. Mas como Zita é a editora que faz o favor de editar os livros de Santana Seara "está em casa" porque ao apoiar um está automáticamente a apoiar o outro sem, contudo, desagradar a Meneses. Enfim, uma novela sul-americana. Razão tinha António Barreto quando há anos copiou a fórmula que cunhou o PSD - dizendo que se tratava de um albergue espanhol, e é, de facto.

- Agora só falta Chaplin...

Algumas curtas sobre o Notas Soltas de António Vitorino -

António Vitorino analisou os "cacos" do PSD, segundo expressão de Alberto João da Madeira, e nesses - Manuela Ferreira Leite apresentou-se como o caco-maior, pelo menos o mais institucional do partido ou aquele que concita mais apoios de peso (Marcelo, Pacheco e Rui Rio). Aqui o analista tocou na chaga e referiu:
O problema de Manuela Ferreira Leite é ganhar o partido falando para o País.
Seria muito interessante que a candidatura de Ferreira Leite entrasse em dialéctica com a candidatura de Pedro Santana Lopes, sempre generoso e disponível, gerando até uma certa tensão entre ambos nesse ajuste de contas interno. Ganhando, com isso, a candidatura mais jovem, menos comprometida e, talvez, a mais promissora representada por Pedro Passos Coelho que até já conta com o apoio da Distrital do Porto de Marco António - cuja sua frase mais conhecida é: eu sou amigo de toda a gente...
Veremos se os cacos se estilhaçam ainda mais ou se algum dos candidatos a jogo consegue reunir as peças e apresentar uma bela jarra de flores, que não seja jarreta...

Uma troika de representações dos competidores na luta interna pela liderança no PSD

Pedro Passos Coelho sem experiência mais com agilidade. É uma esperança há pelo menos uma década. É uma "ilha" entre os da sua geração.
Pedro Santana Lopes mas também pode ser Alberto João da Madeira. São capazes de tudo, até do pior. Alguns elefantes, traumatizados, acabam por matar os seus próprios treinadores, outros são capazes de criar ninhos nos sítios mais inesperados. Um dia a casa vem a baixo... Será Manuela Ferreira Leite - já não com o seu braço-direito, o famoso António preto, - mas o notório e comprido braço esquerdo, agora composto por três mini-alavancas: Marcelo, Pacheco e Rui Rio. Há já quem diga que é com aquele longo braço esquerdo que Leite irá "governar"..., os cacos da Lapa.
Também isto é arte. A arte do PSD no III milénio.

O regresso do passado na presença da drª Manuela Ferreira leite. Adiar o futuro do psd. Com o alto patrocínio das águas Luso...

A drª Maria Manuela Dias Ferreira Leite é economista e dirigente política portuguesa. É militante do psd, partido pelo qual foi Deputada à AR e exerceu funções governativas em 1990 como Secretária de Estado do Orçamento até 1991, seguindo-se o cargo de Secretária de Estado Adjunta e do Orçamento, que cessou em em 1993 para ser, até 1995, Ministra da Educação. E durante o período de 1995-1999 presidiu à Comissão Parlamentar de Economia, Finanças e Plano da Asssembleia da República.

Depois foi ministra de Estado de Durão, altura em que a economia vivia uma situação orçamental dramática, o que conduziu a uma série de decisões impopulares, fazendo com que Ferreira leite ficasse conhecida como a "Dama-de-ferro" ou a Margaret Thatcher à portuguesa. Por divergências políticas com Santana Lopes afastou-se da vida política activa, e a deserção de Durão para Bruxelas fez com que Ferreira leite se incompatibilizasse com o próprio Durão e até se afastasse da política activa - até Marques Mendes retomar as rédeas do poder no partido. De resto, a dama-de-ferro foi docente e tem exercido funções no Banco de Portugal.
Hoje é candidata simultaneamente à liderança do PSD e ao cargo de PM. Mas como ministra da Educação, das Finanças e pelos demais cargos que ocupou alguém, um dia, lhe detectou algum rasgo, alguma iniciativa digna de registo, alguma ideia ou projecto que revelasse um potencial de energia para a nação!?
Como observador dos factos sociais com peso político confesso que nunca identifiquei esse desiderato na agora candidata a PM. Mas também é de elementar justiça reconhecer que nunca identifiquei igual necessidade nas capacidades de Santana Lopes, que até foi PM - na sequência da fuga de Durão para Bruxelas.
Então, se as coisas são assim e não de outra maneira, o que é que Ferreira leite verdadeiramente representa no PSD e em Portugal?
Em nossa opinião é simples responder a essa interrogação. Leite encerra, de facto, uma imagem austera, de seriedade mas, na prática, isso só não basta, assim como não basta dizer que as contas públicas da nação devem estar equilibradas como um orçamento doméstico, tratando-se o governo da nação uma operação em larga escala do governo da Oikos, i.é, da casa de cada um de nós.
Só faltou Ferreira leite sublinhar aquele adágio que Salazar gostava de trautear: só comprava um fato quando dinheiro para dois. Hoje, ao invés, as pessoas compram logo três fatos e não têm dinheiro para nenhum.
Mas Ferreite leite, apoiada por Marcelo, é, na realidade, pelo seu estilo e pelo tipo de ideias que costuma defender (by the book) - representa o passado. Representa os conceitos rígidos que se aprisionam a si próprios dentro do modelo de economia estática que a senhora defende, pois no tempo em que exerceu funções governativas nunca cuidou da atracção de investimento nem em medidas de tipo fiscal para facilitar essa atracção de Investimento Directo Estrangeiro ou a implementação de medidas tendentes a facilitar a vida ao empresariado nacional - que vivia com o garrote na garganta.
Eis a imagem de "seriedade e competência" que Ferreira leite cristalizou em si, por isso é natural que as sondagens - de entre os outros competidores internos (Santana, Passos Coelho, Patinha Antão e Neto da Silva - não falo em Jardim porque este não é para levar a sério..) deu de si ao país e às sondagens que nos (des)governam. É pouco, manifestamente pouco. Mas é neste fragmento de verdadesinha que Marcelo acredita e apoia, juntamente com Pacheco Pereira, Rui Rio e mais umas quantas personalidades do partido.
A esta luz Ferreira leite tem uma competência demasiado especializada, muito confinada às questões de economia e finanças mas desligada do todo da economia nacional, da qual, aliás, nunca teve uma visão estruturante de futuro que revelasse um projecto ou uma ideia de Portugal alternativo à actual visão reformista que Sócrates tem imposto ao País.
Quando se fala em capital percebe-se que que esse conceito se deve ligar às questões de propriedade, ao empresariado e ao lucro, quando se fala em investimento lembramo-nos do aumento da riqueza nacional, na criação de emprego sustentável e duma melhoria da qualidade de vida que, por sua vez, suportam as demais componentes da produtividade geral da nação. Mas quando se ouve falar no nome de Manuela Ferreira leite pensamos logo naquela cara de pau, espelhando austeridade por todos os lados, toneladas de seriedade em cada poro... Mas para que servem uma e outra sem visão, sem projecto, sem rasgo!?
Temos, certamente, de perguntar ao Marcelo, ao Rui Rio e ao Pacheco Pereira - que são uma espécie de novel Ângelo Correia da dama-de-ferro, os conselheiros-mor da Margareth Thatcher nesta política à portuguesa.
Manuela Ferreira leite pode ser uma técnica séria e empenhada naquilo que faz, disso não tenho a menor dúvida. Mas a política exige pessoas com mais skills, com um nível e um background mais diversificado e com uma visão integrada das várias políticas sectoriais que, no seu conjunto, desenhem uma ideia de futuro para Portugal. Coisa que manifestamente não vejo em Ferreira leite, e acaso exista esse desígnio é mais facilmente identificado em Pedro Passos Coelho do que em leite.
Portanto, persistir no seu nome, como fazem Rio, Pacheco e Marcelo só revela teimar em conceitos do passado, caras do passado tentando - através deles - mudar uma realidade que ja não reconhece valia aqueles conceitos nem alternativa aquele nome. Nesta linha, Ferreira leite é, hoje, uma mulher com conceitos velhos sem nenhum potencial de futuro.
No fundo, ela assume o papel sacrificial que aqueles três (Marcelo, pacheco e Rio) não querem representar por terem mais a perder:
1. Rui Rio perderia a Câmara Municipal do Porto e ficaria desempregado na política nacional, por isso não quer trocar o certinho pelo risco, manda a Manela Leite
2. Marcelo, acaso fosse a jogo contra Socas, teria de deixar o comentário político, ficaria privado dos seus mergulhos no Guincho e suspenderia as aulas, coisa de que gosta muito, além de perder o élan que vai mantendo por ser um comentador ouvido em Belém. Envia a Manela...
3. Pacheco Pereira perderia o seu estatuto de intelectual do partido, além de não ter nenhuma hipótese de ganhar o que quer que fosse (porque é simplesmente odiado pelas bases do partido), nem a Junta de Freguesia da Marmeleira, como um dia chegou a vaticinar Luís Filipe Meneses. Pacheco também envia a Manela para a fogueira...
Numa palavra: Ferreira Leite apresenta-se a jogo porque nenhum daqueles três tem coragem política para sair do casulo e enfrentar Sócrates nas eleições legislativas de 2009.
A dama-de-ferro representa, afinal, uma tripla camada geológica de recalcamento na vida interna do psd que hoje fala por si. O medo político de Marcelo, Rio e Pacheco cristalizou-se na ingenuidade de Ferreira leite que hoje caminha, a passos largos, em direcção a uma parede de betão, e mesmo que Socas não obtenha a maioria absoluta em 2009 - tal deve-se à dispersão de voto no PCP e no BE, e não na recuperação do velhinho e decrépito PSD.
Daí o passado decadente que Leite representa, juntamente com todos aqueles que a acompanham. Daí a utilidade estratégica em validar o nome de Pedro Passos Coelho, ainda que sem experiência política...

Danni Carlos - Coisas Que Eu Sei e MARIA BETHANIA - JEITO ESTUPIDO DE TE AMAR

Danni Carlos - Coisas Que Eu Sei

MARIA BETHANIA - JEITO ESTUPIDO DE TE AMAR

Evocação de George Orwell: a "nova língua" e a verdade conveniente. A mentira na Análise...

A análise social e política é um labirinto de emoções, técnicas e vontades. Pois toda a informação é trabalhada constantemente, revista e, consequentemente adulterada. É da ordem das coisas. É um devir constante. Revistas, jornais, livros, filmes, etc.., todos esses documentos são meros suportes dessa adulteração, adaptação às necessidades e condições do momento. Neste quadro dialéctico, entra em acção a "nova língua", um expediente teorizado por George Orwell que nos permite identificar a tal realidade conveniente do momento, e em cada momento nos infinitos momentos por que passamos desde o berço até à cova.

Deixa assim de haver uma verdade e a cultura (do momento) passa a operar como uma imposição soberana, à qual não se consegue escapar. Portanto, o homem, o analista em especial, está impossibilitado de assimilar até o próprio presente, razão por que se limita a cumprir ordens que, não raro, confunde com a própria vontade. Eis o que se passa na actual crise do PSD - em que os actores se confundem com os analistas, e estes com os protagonistas numa terrível confusão de papéis nesta política à portuguesa...

No topo da hierarquia da "verdade" temos o presente com a sua "realidadesinha", com os seus "factos" que, contradizendo a "verdade" anterior a anquilam pela simples razão de serem diferentes dela. Ou seja, contradizendo-a provam simultaneamente que essa tal verdade é falsa - lançando o homem num espaço de recíproca aniquilação no velho jogo da verdade/mentira.

Desta feita, e aqui os analistas têm a vida dificultada e têm, necessáriamente, que se rodear dos maiores cuidados com os seus comentários, por acção e por omissão, pelo que dizem e pelo que omitem nos silêncios do poder, sob pena de estarmos todos a assistir à formação de profissionais da mentira, técnicos que diáriamente processam informação e alteram os dados da equação anteriores pertencentes a um passado que, também ele, vai mudando consoante o presente, ou seja, pela "verdade" do momento.

Sendo certo que o pensamento - adapta-se a esta realidade não contestando as evidências, ainda que por vezes as recrie, com mais ou menos imaginação.

O problema no analista decorre do facto de ele se tornar assustadoramente capaz de deformar a realidade, acreditando e não acreditando ao mesmo. É aqui que os espectadores menos habilitados e com menos "filtros" se sentem confusos e tendem a acreditar que o analista é um jogador, e este também não deixa de ser analista.

Ou seja, sobrevém a "borrada" quando é o próprio espectador que passa a comungar das convicções, sentimentos, emoções de demais manhas do analista, já que ambos passam a acreditar e não acreditar simultaneamente.

Esta esquizofrenia tem de ser desmontada, peça-a-peça. E esse trabalho é aqui reconhecido pelo Macro e creditado ao grande novelista, ensaista e crítico político e de cultura que foi George Orwell. O qual nos deixou uma outra perplexidade:

É que a relação entre o homem e o poder é cada vez mais uma interrogação para a qual não se encontra facilmente uma resposta.

domingo

Marcelo Rebelo de Sousa vota na "lista do regime" (como diria Alberto João) encabeçada por Ferreira Leite

O prof. Marcelo Rebelo de Sousa apoia Manuela Ferreira Leite porque ela encarna a imagem de seriedade, confiança e credibilidade. Imagem construída no partido e no governo e atestada nas sondagens - que a sinalizam como a mais indicada para candidata a PM.
Mas à luz do dr. Alberto João da Madeira a drª Ferreira leite representa a "lista do regime", e segundo o eng.º Mira Amaral - a dita "não tem competências" para o lugar. É óbvio que Marcelo está equivocado, e como é professor não deixa de ser problemático que não consiga distrinçar isso à légua. E depois ainda diz que os afectos e as emoções são secundários neste tipo de apoios políticos...
De Pedro S.Lopes diz que não tem tropas e de Pedro Passos Coelho diz que poderá ser um bom candidato a líder do partido, mas não a PM - falta-lhe experiência governativa, autárquica e o mais. Enfim, o costume...
Pergunto-me, seguindo esta "brilhante" linha de raciocínio, o que diria Marcelo de Cavaco na Figueira-da-Foz, em 1985!? Bem sei que Cavaco já havia sido ministro das Finanças de Sá Carneiro, etc e tal..
Assim como na acção política - também no domínio da análise identificamos as "análises do regime". Explicito:
1. Marcelo não vota em Santana Lopes porque é um impenitente reincidente, além de o achar um tremendo incompetente e o detestar pessoalmente. Isto é o que Marcelo pensa, deveria dizê-lo e não enfeitar o discurso num embrulho piroso de Domingo à noite em que já ninguém acredita. Análise implica seriedade, transparência e verdade, e não omissão ou confusão de sentimentos. Mais-a-mais Santana Lopes conseguiu ganhar Lisboa, coisa que Marcelo nunca conseguiu, daí o ressentimento que lhe ficou. Todos hoje guardamos o ridículo que foi aquele mergulho no rio Tejo. Fica para memória futura.
2. Por outro lado, Marcelo também não vota no Pedro Passos Coelho porque não dá o seu apoio a novatos sem provas dadas na vida política.
Sem querer questionar aqui o elevado raciocínio de um grande comunicador nacional, devo dizer que as análises de Marcelo me fazem lembrar, cada vez mais, os próprios protagonistas políticos no teatro de operações.
Ou seja, as análises aqui expendidas relativamente ao cenário que ora se coloca na luta pela liderança do PSD - e na identificação de um candidato a PM - traduzem as análises velhas do passado.
Vejamos então, segundo o nosso entendimento, o que está associado a este esquema mental do analista que visa apoiar o "passado do passado", alguém sem rasgo, sem capacidade de articular um discurso interdisciplinar e plurisectorial (e até com escasso vocabulário, o que dificulta a expressão), ainda assim, Marcelo elege Ferreira leite, a madrinha do António Preto (o pior do pior do PSD..) para "sua" candidata a PM.
Das duas uma: ou Marcelo é ingénuo, e apoia piamente a "damasinha-de-ferro" de Durão - que até de Economia & Finanças tem uma visão estática e redutora, ou então apoia a senhora cínicamente, pois sabe antecipadamente que ela não tem estaleca para ir a eleições contra Sócrates, e, à última da hora - o PSD entra novamente em convulsão interna e o partido reclama a quente um D. Sebastião que, teóricamente, seria Marcelo que salvaria o convento e iria a jogo contra Sócrates nas eleições legislativas de 2009 - ficando, nesse caso, Ferreira leite como a Secretária-Geral do partido. Quiça até - auxiliada por António preto - novamente, como seu braço-ante-braço-punho-e-dedos direito para a ajudar na gestão da vida interna do partido. Desta feita, sem "cartas de condução" à mistura, de preferência...
Seja como for, sendo Marcelo ingénuo ou politicamente cínico - ou ambas as coisas ao mesmo tempo, a sua análise remete-nos para um passado preocupante. Pois ao apoiar uma mulher do passado, que nunca revelou ter uma única ideia para o País - a não ser a contenção do défice ante a autoridade bruxelense - que até levou Sampaio a ironizar e dizer que há mais vida para além do défice - Marcelo está, ele próprio, a posicionar-se como um homem do passado, a viver do passado, sendo que o futuro, para ele, é reduzido ao presente chamado Manela Ferreira leite. É pobre, pobrezinho...
I.é, a actualização (analítica) do passado na mente de Marcelo faz-se em função da imagem que Ferreira Leite deu de si no passado afinada pelas sondagens do presente. E a antevisão do futuro que Marcelo faz do futuro do seu partido é, em bom rigor, o passado sempre actualizado no presente.
Por isso damos aqui 9 Val. a Marcelo para ele ir a exame em Setembro... E com muita benevolência.

sábado

O massacre na Monarquia do Nepal e a degradação política no PSD. Um paralelo tão arriscado quanto alucinante

NOTA PRÉVIA MACRO:
Aqui vemos a família real do Nepal, objecto da carnificina por parte do príncipe herdeiro, Dipendra, que não hesitou em massacrar toda a família, porque a sua Mãe, a rainha Aishwarya e outros membros da família real, se opunham ao seu casamento com a sua mulher amada. Depois de matar a família, inclusivé o seu Pai, o rei Birenda, Dipendra resolveu suicidar-se. Parece que um dos guardas reais também deu (mais) um tirinho na tola do então príncipe herdeiro para se certificar que Dipendra já não faria mais estragos na família real. Enfim, uma desgraça que aqui evocamos por correlação à degradação da vida interna no PSD desde há uns anos a esta parte. Com a única diferença relativamente à chacina da monarquia nepalesa abatida em Junho de 2001 a que o mundo assistiu estupefacto. É que que na Lapa não há tiros com balas reais, embora se registem inúmeros "tirinhos nos pés"... Veremos a trajectória desse perturbante paralelo.
Em princípio, como referimos, esse assassinato colectivo teria sido provocado por uma disputa em torno do casamento de Dipendra, porque a sua mãe, a rainha, não aceitava a noiva que ele havia escolhido. E depois de ter morto a sua família, Dipendra suicidou-se. Ao todo foram 11 vítimas, e Dipendra, é bom sublinhá-lo, não cursou Direito na Faculdade de Direito de Lisboa, mas era formado pelo Eton College, no Reino Unido. Esse massacre obrigou a uma redefinição da composição da família real do Nepal, dado ter-se alterado a ordem de sucessão, o que posicionou noutros termos o futuro da monarquia nepalesa.
Ou seja, até ao massacre, em Junho de 2001, nunca o problema da sucessão da monarquia nepalesa se tinha colocado, um pouco à semelhança da liderança de Cavaco no PSD até 1995, salvaguardadas as devidas distâncias entre estes dois factos políticos separados pela natureza das coisas e por milhares de quilómetros de distância. A partir da queda de Cavaco, em 1995, todos os líderes subsequentes foram contestados: Marcelo, Durão, Santana lopes, Marques Mendes, Meneses e tutti quanti.
Todos caíram prematuramente, sem poder nem glória:
1. Marcelo fez uma aliança contra-natura com o cds, e nenhuma aliança se faz top-down. Tanta inteligência e talento para cair num abismo;
2. Durão só chegou ao poder (e após perder todos os debates no hemiciclo com António Guterres que nunca lhe deu hipótese) após a desistência deste na sequência da derrota das eleições autárquicas de 2002;
3. MMendes tinha capacidade de trabalho, determinação e organização mas teve um nó górdio chamado Lisboa que o fez perder a liderança de forma agreste para Meneses - embora tenha sido o PS e António Costa que capitalizaram, felizmente para Lisboa e para os lisboetas;
4. Meneses, por sua vez, nunca passou de um político regional que um dia desceu à Capital e onde nunca se conseguiu afirmar com ideias e políticas públicas alternativas ao PS reformista de Sócrates. Foi igual a si próprio: um sentimentalão apaixonado pela secretária. Oxalá essa "aliança" funcione dados os conhecidos problemas com a taxa de natalidade (regressiva) que Portugal enfrent. Aqui Meneses sempre poderá dar uma lição a Marcelo...
5. De Santana não há muito a dizer, a não ser rezar por ele e pelas campanhas de agiprop suicidas que ele encomenda - via Gomes da silva - para lezar terceiros (Marcelo, Fernanda Câncio, etc...), mas que depois acabam por ter um efeito de boomerang.
Estes factos, apesar de terem uma natureza diversa, envolverem circunstâncias sociopolíticas e culturais distintas, não deixam de nos fazer pensar quanto à trajectória do futuro das sociedades, sejam elas ocidentais ou asiáticas, pois ambas carecem de reformas continuadas para se ajustarem à mudança dos tempos. Reformas que são cada vez mais prementes por força das dinâmicas sociopolíticas, económicas, ambientais e de âmbito tecnológico que hoje varrem o mundo de forma assustadora.
Daí que a morte do rei Birenda, que encontra paralelo na queda de Cavaco em 1995, em Portugal, converteu o príncipe Gyanendra, irmão do falecido soberano e tio de Dipendra, no novo rei do Nepal e seu filho único, o príncipe Palas, no príncipe herdeiro. Paralelamente, Fernando Nogueira e Durão Barroso foram os delfins de Cavaco, sendo que Durão ganhou o congresso e acabou por ser o sucessor de Cavaco, mas contestado.
Sucede, porém, que a escolha daqueles membros da família real não eram queridos pelos nepaleses, assim como aquela sucessão de líderes que passaram pelo PSD na sua fase post-Cavaco. De resto, o novel rei, irmão do falecido rei Birenda, era considerado um homem autoritário cujo perfil favorecia o regresso da monarquia absoluta, substituída em 1990 pelo rei Birenda por uma monarquia parlamentar.
Portanto, o povo nepalês tinha todas as razões não só para desgostar como também para desconfiar das motivações do novel rei do Nepal. O mesmo se passou quando Durão desertou e deixou o "quiosque do seu governo" entregue (monárquicamente) a Santana Lopes. Assim sendo, o Nepal, em face da tragédia protagonizada pelo príncipe herdeiro Dipendra, que se metia na "passa" e era amigo do alcóol, além de ser um sentimentalão teleguiado pelo capricho das mulheres de quem gostava, testemunhou a passagem de um rei amado e evoluído (democráticamnte) por um rei odiado e com uma perspectiva regressiva da história - perante o humilde povo nepalês que a tudo assistia com grande consternação e impotência.
Ora, a situação no PSD - não conhecendo mortes físicas, tem vindo a agonizar lentamente num exercício de degenerescência política que não é bom para ele próprio, enquanto organização político-partidária com vocação alternativa ao poder, para o PS que está no Governo (e precisa de ser estimulado por propostas alternativas credíveis e desafiantes (que jamais poderão vir dos radicalismos do BE, do anacronismo do PCP e do populismo do CDS), nem para o conjunto do sistema político português que assim deixa de poder contar com o estabilizador e a massa crítica de uma força política importante para pensar Portugal à luz duma alternativa credível ao PS.
Vejamos agora os termos do paralelo: Cavaco, embora não sendo rei, deslocou-se para Belém - donde administra e arbitra o comportamento dos actores políticos; o PSD deixou de poder contar com ele/Cavaco para efeito de potência socioleleitoral e até no plano da concertação política - nacional e internacional - pois Cavaco hoje concerta tudo de forma eficiente com Sócrates numa admirável cooperação estratégica; havendo um vaccum de poder no PSD o problema adensa-se: Marcelo espera por Belém e vai fazendo a sua politicasinha do comentário nas missas de Domingo - cada vez mais desinteressantes, embora sirvam para promover a leitura e facilitar cash-flow às editoras; Manela Ferreira Leite é uma contabilista do Vale do Ave que só sabe fazer balancetes e só é tolerada por ser amiga de Cavaco e ser senhora; Durão pensou sempre mais no seu umbigo do que nos interesses do partido, por isso emigrou com mala de luxo; MMendes virou administrador de empresas na "privada" (agora, além de ganhar mais - também tem tempo para a família); Meneses foi uma nota-de-página de Gaia que desceu à Capital; Santana não desce nem sobe, enterra-se. Não passa duma nota-de-roda-pé num livro de história que hoje já ninguém quer recordar.
De modo que hoje chegámos a isto: a um não-ser, a um beco. Ao beco da Lapa.
Um beco que não deixa de representar, a seu modo, uma tragédia para o PSD, que é considerado o maior partido do sistema político português (com mais militantes inscritos), à semelhança do Benfica com a sua massa associativa, apesar de não ganhar nada...
Sendo que o mais grave desta equação é que aqueles que poderiam, como Marcelo, pegar agora no partido para o organizar e credibilizar, não querem sacrificar as suas ambições pessoais à edificação dessa nobre tarefa; aqueles que, como Santana, dentro e fora do governo agravaram as condições de credibilidade, eficiência e de eficácia no desempenho global do partido junto da sociedade - são os que, embora indesejados pelas bases e pela sociedade no seu conjunto, ora se apresentam, obsessivamente, ao "trono" da liderança do partido para, por via disso, ser (novamente) candidato a PM.
Nessa óptica reincidente e impenitente, Santana irá contra a parede duas vezes num curto espaço de tempo... O que prova que ele não Pensa, só Sente, como demonstrámos numa outra reflexão infra...
Neste contexto - de paralelo político arriscado, será caso para dizer que cada um tem a tragédia que merece.
Embora, com isto (também) não esteja a sugerir que Santana faça o que fez o então príncipe herdeiro do Nepal - Dipendra - à família real. Até porque hoje o PSD não tem nenhuma "família real".
Aquilo, no dizer de Alberto João da Madeira, mais parece um "bando de loucos", talvez por isso se explique que "eles se vão todos suicidar", como afirmou o presidente do Governo regional.
Hoje, pergunto-me se Alberto estava a falar em termos politicos ou físicos...

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Vicente amigo - tres notas para decir te quiero

Moloko "Familiar Feeling"

Santana é a negação de si próprio. O seu pior inimigo...

Durão e Santana, dois pupilos de Sá-Carneiro: um em Bruxelas tem razões para sorrir; o outro, pelo burgo, dá permanentemente aos portugueses razões para chorar. Pergunto-me se o dr. Lopes não terá um único amigo que lhe diga a verdade e...
Não quero crer que Santana Lopes tenha ficado tão desfocado da realidade após aquela traumática experiência governamental de seis meses em S. Bento, que até originou um livro editado por dona Zita Seabra.. Parece nada ter aprendido, como tal cultiva a obsessão de aparecer na tv debitando palavras e mais palavras sem sentido, levadas pelo vento. Ele consultou Meneses, Jardim, não avançaria se Marcelo avançasse, desmente o cacique da Madeira, entra em contradição, desmente-se a si próprio, não tem equipa, Marco António da distrital do Porto que apesar de seu amigo (ele é amigo de toda a gente) não o apoia, o filho de Meneses é mandatário de Pedro Passsos Coelho. Enfim, Santana está fadado para se envolver em disputas intestinas e sem sentido que colocam o psd numa posição ainda mais caricata e ridícula digna da revista "caras", e ainda tem a lata de proclamar o seu único "ismo": o sá-carneirismo!!! pois eu creio que se Sá Carneiro, em respeito à sua memória, cá regressasse seria para se demarcar de Lopes, na forma e no fundo de fazer política. Disso não teria a menor dúvida. Santana é assim uma sombra pálida de si próprio, uma ameaça instrínseca permanente ao common sense, razão por que é preciso dizer não a essa chantagem da omnipresença oca e vazia nos media, denunciar essa atitude emotiva e obsessiva senão mesmo primária com que certos figurantes do teatro político luso brindam a plateia deste país à beira-mar sepultado. Há limites para a poluição visual, sonora e política!!!

sexta-feira

O 25 de Abril - por Sophia de Mello Breyner Andresen e As políticas no Tratado de Lisboa - por António Vitorino.

Sophia de Mello Breyner Andresen
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
O sublinhado é nosso.
AS POLÍTICAS NO TRATADO DE LISBOA
António Vitorino jurista
A aprovação parlamentar do Tratado de Lisboa abre o caminho a que Portugal seja o nono país da União a concluir o processo de ratificação.
Em anterior escrito deixei claro que um Tratado, por si só, não muda o mundo. Mas o Tratado de Lisboa permite responder a duas questões centrais do futuro da União: que políticas beneficiarão de um novo impulso e que dinâmica gerará o novo quadro institucional.
Vejamos hoje as inovações do Tratado de Lisboa que giram em torno de quatro grandes áreas políticas.
Desde logo a política externa e de segurança, com especial relevo para a cooperação estruturada no domínio da defesa. Neste capítulo, além da alteração institucional que decorre da criação de um Alto Representante que simultaneamente preside ao Conselho das Relações Exteriores e que é vice-presidente da Comissão coordenador das relações externas em geral (comércio, desenvolvimento, ajuda humanitária etc.), a opção fundamental do Tratado de Lisboa é a de conferir à União uma coerência acrescida tanto no campo da acção político-diplomática como no domínio do relacionamento económico e financeiro com países terceiros.
Esta inovação assenta na circunstância de hoje a União ser o maior doador de ajuda ao desenvolvimento à escala internacional, além de representar o maior mercado interno regional, mas tal peso enquanto potência económica e civil não encontra correspondência na capacidade de intervenção política e diplomática.
A natureza de potência civil será, com o Tratado de Lisboa, complementada com uma componente de segurança e militar, permitindo assim prolongar a acção da política externa no específico domínio da resolução das crises internacionais e da segurança em sentido lato.
O modelo de cooperação estruturada em matérias de defesa (agência de armamentos, interoperabilidade de equipamentos, participação voluntária dos Estados em função de critérios de capacidade militar, partilha de equipamentos e desenvolvimento de sinergias em termos de projecção de forças e de emprego operacional conjunto, em coerência com as obrigações decorrentes da participação na Aliança Atlântica) apresenta-se como particularmente exigente e será, sem dúvida, um dos terrenos de eleição do desenvolvimento do projecto de integração europeia. Aos países que dele fizerem parte serão colocadas opções importantes em termos da organização e funcionamento das suas forças armadas.
O Tratado de Lisboa inova também na definição das bases legais necessárias à definição de uma política europeia de imigração (admissão de imigrantes legais e integração desses imigrantes nas sociedades de acolhimento) e no reforço da cooperação policial e judiciária na luta contra o terrorismo e o crime organizado transnacional, incluindo a criminalidade financeira.
Já no que concerne à política energética, o Tratado de Lisboa recolhe o essencial das inovações do defunto tratado constitucional, clarificando regras de solidariedade em termos de aprovisionamento e colocando especial ênfase nos ganhos de eficiência energética, tudo isto enquadrado na estratégia europeia de resposta às alterações climáticas.
Finalmente, no plano das políticas sociais, o Tratado de Lisboa clarifica os fundamentos do modelo económico europeu, definido como de economia social de mercado, retoma o objectivo do pleno emprego e consagra uma base legal que permitirá conciliar o acesso dos cidadãos aos serviços públicos com a lógica da liberalização dos mercados e com as regras de concorrência vigentes no mercado interno. A que acresce que a consagração da Carta dos Direitos Fundamentais, com a mesma força jurídica dos Tratados, consolida o reconhecimento, no mesmo plano de igualdade e de dignidade, dos clássicos direitos civis e políticos e dos direitos económicos e sociais, bem como alguns direitos ditos de quarta geração (como por exemplo os que têm a ver com o progresso da medicina e das biotecnologias).
Convenhamos que não são poucos os desafios que o Tratado de Lisboa coloca no plano das políticas da União. Assim haja a vontade de os utilizar plenamente!
Obs: Publique-se com redobrado interesse pelo facto de a matéria coincidir com a simbologia que já hoje representa 34 anos de Democracia post-25 de Abril. O que seria hoje Portugal acaso o País do fado estivesse ficado de fora do projecto da UE...

A Primavera... Um ar de Liberdade que já não há no 25 de Abril do séc. XXI!!!

Os tempos impõem leis, costumes e práticas diferenciados. Há umas décadas certas coisas eram permitidas, hoje não. Esta composição é um sinal dessa evolução dos tempos.., para felicidade dos pássaros - que hoje morrem por outras razões...
Composição
A Primavera... Ai, como eu gosto da Primavera, com ela vem o sol, as flores, os dias mais alegres, mais frescura. É tão bonita a Primavera. Na Primavera, tudo cheira a flores, e há os passarinhos e os seus ninhos. E as abelhinhas fazem mel. Mas o que eu gosto mais na Primavera são os passarinhos, a voarem, a cantarem, é tão bonito. Eu gosto tanto da Primavera. Eu gosto muito da Primavera e gosto muito de passarinhos fritos.
Faro, 21 de Março de 1993.
Escrita por uma criança de 9 anos.

quinta-feira

A vida interna do PSD, crónica duma morte anunciada: ajuste de contas entre santanistas e cavaquistas (via Ferreira Leite).Strengthinpoland

É o regresso de alguém que sai dos "cuidados intensivos"..., para fazer atletismo. Pedro Santana Lopes, para tentar capturar uma liderança que nunca teve à frente do partido, muito menos no Governo que um dia, atabalhoadamente, procurou liderar. Nesta medida, e segundo as indicações do Conselho Nacional do psd - Santana prefigura-se como o principal oponente de Manuela Ferreira Leite na luta pela liderança do psd.
Na prática, isto significa que Santana irá ajustar contas com a pesada herança do velho cavaquismo representado pela dama-de-ferro Ferreira Leite - uma líder de facção - como Alberto João da Madeira lhe chama, por isso está com Pedro - que diz que já passou o tempo de andar por aí...
Na frente de luta com Pedro Passos Coelho Santana ainda espartilhará mais o eleitorado do partido. Desconhecemos, contudo, se ele procurava dizer que agora é que se ia evaporar à avaliar pela sua irrelevância política e pelas insustentáveis posições políticas tomadas nestes últimos anos na vida pública nacional.
Numa palavra: Santana quer mesmo ser um mártir, e em 2009 sê-lo-á e, por essa razão, nunca mais será ninguém na vida política em Portugal. Ele, no fundo, e como tem pressa de viver - como James Dean - está a antecipar esse vórtice para a morte - que ele julga ser o Paraíso. Santana sempre foi o seu próprio pior inimigo.
Luís Filipe Meneses teve dignidade na saída. Diz que se remete ao silêncio nos próximos tempos e saíu a chorar. É bonito isto!! Os homens também choram. E quando o jornalista lhe pergunta se estava magoado (!!!???) - com ele caminhando e a chorar na companhia eloquente de Ângelo (que nunca chora mas apoia todos, mormente os vencedores) - ainda pensei que Meneses pedisse ao jornalista para se ir enforcar com uma corda ou com um arame. Mas Meneses não perdeu a fleuma britânica que, infelizmente, nunca usou para com MMendes - que até ditador lhe chamou há seis meses, entre outros epítetos. De facto, a política pode ser a actividade mais nobre mas também representa um vulcão de injustiças em permanente gestação. Desta feita foi Meneses que levou com uma la(r)va...
Marco António faz-me lembrar aquele porta-vox que decora uma rábula e a repete até acreditar nela. É amigo (íntimo) de Meneses, seu Vice na CM de Gaia, tem de fazer o seu papel: almofada para amparar o chefe na queda, apesar de poder ser um pouco mais criativo e não comportar-se como o burocrata papagueante de Gaia. Politicamente ficou frustrado por ver Jardim (o seu candidato) apoiar Santana, nº 2 do seu líder e chefe da bancada parlamentar do psd.
No fundo, isto revela uma clivagem (sempre existente) entre os menesistas e os santanistas, entre o Norte e o Sul - mas erro crasso decorre do facto de Marco António ver em Alberto da Madeira uma opção realista para a liderança do psd. Quem afirma uma enormidade destas revela não ter sensibilidade para a política e cometer um grave erro de avaliação psicológica relativamente aos fenómenos sociais com peso político.
Pergunto-me por que razão Marco António, que tem um nome que evoca uma paisagem histórica da Roma antiga, não se dedica a fazer a historiografia do Grande Porto e do seu contributo para o fomento das obras públicas na Madeira. Há até quem diga que se deveria dedicar à venda de Seguros - em função do número de acidentes e da elevada sinistralidade política que o psd, doravante, irá passar a registar nas artérias de Portugal...
Mário Patinha Antão é um economista sólido com ideias consistentes acerca de muita coisa. Aprende-se sempre ao ouvi-lo. E só o facto de não se perder tempo ao ouvir as suas opiniões constitui já um sinal positivo, o problema é que não goza de apoios internos no partido e está já velho demais para querer montar na "burra do poder". Ao invés, Santana é bem mais novo geracionalmente mas mais idoso politicamente.
Uma das razões pelas quais Ferreira leite não quis discutir com Patinha Antão no Prós & Contras de dona Fátima resulta do facto de a "dama-de-ferro" até de Economia saber muito pouco, ao contrário do que por aí se apregoa. FErreira leite teve medo e não foi.
De facto, Ferreira leite - além de madrinha do António Preto - talvez o pior exemplo ético e político no psd da última década - não passa de uma líder de facção (como Alberto João a cunha) que ainda mantém algum capital político pelo facto de ser (mulher e gozar de uma discriminação positiva) e, por sua vez, ser afilhada de Belém e Cavaco lhe dar alguma cobertura institucional (oficiosa).

Aqui vemos Alberto João aflito para ir fazer xi-xi, e como se enganou na porta do WC entrou no elevador. Mas no elevador não há sanitários, razão da existência de Zeca Mendonça: encaminhar o insular ao destino certo.

Aqui há duas verdades políticas a reter: apoiar Jardim para a liderança do psd seria converter o "contenente" num circo permanente para manter os portugueses a rir ininterruptamente, além de Alberto perder o poder na ilha e a glória de 30 anos que lá fez com os recursos enviados pela República; como uma desgraça nunca vem só, os papéis inverteram-se e Alberto passa a apoiar o "menino-guerreiro" - na esperança de que Santana trate bem a ilha e, uma vez no poder, assegure a manutenção dos apoios financeiros à Madeira. Nada de novo sob os céus, portanto...

O problema é que Alberto, mais uma vez, revelou ser um homem de blufs: na ilha disse que se tivesse tropas avançaria. Aqui chegado a máquina do partido prometeu-lhe essas tropas, mas ele encolheu-se. Avançou Santana.

Ora, entre a audácia e a cobardia política Alberto deu mais um ar da sua graça e afinou a sua atitude temerata. Para o ano, em pleno Carnaval, confesso estar curioso para ver como é que Al berto da Madeira consegue representar esse seu novel papel de "cobardolas da política à portuguesa" com um toque insular...

Haverá máscara para tanto!?

PS: Como mero observador dos fenómenos sociais com peso político esperemos que o candidato ganhador, para a saúde mental dos portugueses, seja Pedro Passos Coelho. É o que tem menos vícios e manhas e aquele que oferece maior potencial transformador e de mudança visando um Portugal mais moderno e desenvolvido. Passos Coelho está à direita na imagem - com MMendes, com quem rompeu por discordâncias política de fundo quando aquele liderava o partido.

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: strengthinpoland

quarta-feira

O PSD não está só em crise, vive o estertor da morte. "Isto está tudo grosso"...

A circunstância de em 2008 o maior partido da oposição ter de equacionar o seu futuro a partir destas duas pessoas só revela uma coisa: loucura política. Ou, como diria o outro: um "bando de loucos" está em marcha para comandar o psd. E até parece já haver pressões junto de Pedro Passos Coelho para desistir da sua candidatura em função da movimentação das tropas em torno de um ou de outro destes players da República. É óbvio que isto não é saudável para ninguém: Jardim é um vencedor de eleições mas politicamente desequilibrado, por vezes roça o ofensivo e em política importa manter um certo equilíbrio mental que Jardim manifestamente não tem. Ninguém o imagina a presidir a um Conselho de Ministros ou a negociar em Bruxelas um pacote social ou económico sem ofender ou injuriar meia dúzia de eurocratas - acabando por comprometer tudo num ápice; Santana, por seu turno, é o perdedor mais velho e agastado da República - apesar da sua ainda tenra idade.

Tanto um como outro não têm perfil para o cargo, e a sua possibilidade revela que as pessoas, em estado de desespero, acreditam em tudo, até em Santana e em Jardim. Eis os personagens que hoje se tornaram no foco dessa crença, usando palavras vazias, poses velhas como o tempo e uma fé desesperada que agasta ainda mais as bases do partido que, em rigor, não acredita em nenhum deles.

Na ausência de uma religião, as pessoas têm de acreditar em algo, embora esse algo na vida do psd hoje espelhe uma perturbação do impulso verdadeiramente preocupante. O que deixa entrever que já não são apenas algumas elites dos partido que está doente, mas a máquina do partido e, em boa medida, as suas bases ao permitir que eles avancem. Dado que ao tornar plausível essas duas desastrosas opções - Santana e Jardim - o partido está, em primeiro lugar, a reconhecer o facto de que não tem gente mais qualificada e, nesse termo, o partido da Lapa tende a incorrer num jogo de piromania patológico - com lideranças semestrais - verdadeiramente alucinantes.

Este ambiente a prazo ou padrão de emotividade excessiva, de desconforto, de interacções negativas, de traições e deslealdades, de intrigas e de vinganças revela bem hoje o discurso que colonizou o PSD e traduz a sua dramatização e teatralidade que só impressiona os mais fracos e impressionáveis.

Perante este quadro clínico negro na vida interna do PSD diria, recuperando uma frase de Alberto João Jardim dita num Congresso do partido:

Isto está tudo grosso...

O tabusinho de Santana Lopes: o "vietname" da política à portuguesa

O dr. Santana Lopes representa hoje uma multidão desordenada no psd, embora aquilo que o partido da Lapa necessite seja precisamente o inverso, i.é, carece de uma multidão ordenada, de um exército político que faça verdadeira oposição ao governo socialista - que tem tido um impulso reformista e uma praxis política social democrata.
Mas Santana Lopes, é útil recordar, já foi inúmeras coisas: docente (incompleto), autarca (a meio gás e em regime de saltimbanco), um repórter e entertainer de tv (frustrado), um PM (lamentável) e, agora, como líder da bancada parlamentar do psd não se distinguiu uma única vez da mediania das suas intervenções no hemiciclo, nem ganhou um único debate contra Sócrates.
Mas mais importante do que fazer essa contabilidade é constatar que desde que Santana negociou com Meneses a sua função no hemiciclo (por ocasião do "aniquilamento político" de MMendes por essa "dupla-maravilha") nenhuma mais-valia resultou para Portugal, nenhuma legislação ou política pública - discutida em sede parlamentar - veio beneficiar a qualidade de vida dos portugueses - ou a economia e a sociedade no seu conjunto sofreram um incremento - na sequência directa da sua intervenção parlamentar. Nada, zero...
Ora, daqui resulta que Santana está deslocado nessa função onde, aliás, nunca se sentiu à vontade - apesar de ser um tribuno estimulante, embora em contexto de comício partidário, não em sede parlamentar onde a sua prestação é, nitidamente, sofrível.
É à luz destes factos, que não decorrem da minha imaginação ou fantasia, que Santana Lopes (a haver algum tabú!!??) ainda perde mais politicamente do que se tivesse uma atitude limpa e sincera de dizer: não sou / ou sou candidato à actual liderança do PSD. Nesta conformidade, decorrente deste caldo de cultura calculista, as pessoas olham para Santana com um sentimento de tremenda desilusão, e porquê?
Essencialmente porque Santana prefere sentir a pensar. E sentindo o tamanho do seu ego vai alimentado a sua ambição numa terrível espiral mas, ao mesmo tempo, as bases que o apoiam e a sociedade em geral - olha para ele como um político gasto, sem projecto e com um passivo pesado sobre os ombros. Não sendo velho, Santana já é uma relíquia da política à portuguesa que ilustra qualquer museu de etnografia política. Aquela imagem do 1º eurodeputado já se esbateu há muito.
Hoje, a sua árida irrelevância política, a sua ausência de pensamento próprio sobre a globalidade das políticas sectoriais ou até uma visão para Portugal que faça sentido em contexto de globalização competitiva e que funcione como alternativa ao governo reformista de José Sócrates, em rigor, não existe. E não existe em Santana nem no conjunto da oposição em Portugal.
Apesar de todas estas ausências de pensamento, Santana persiste no erro, na sua obsessão em agarrar-se ao poder, em combater numa geografia política para a qual sabe antecipadamente não estar preparado. Isto é aquilo a que designo a fase do Vietname político de Santana. E é assim porque ele prefere SENTIR a PENSAR.
Assim sendo, e ocupando o sentimento a função essencial do pensamento é óbvio que, à luz dos calculusinhos políticos de Santana, fará todo o sentido ele fazer mais um tabusinho nesta fase de cuidados intensivos do PSD.
Apesar de tudo, Santana nunca deixou de ser um menino-guerreiro artificial, reclamando-se até de um papel quasi-providencial por um dia ter conhecido e apertado meia dúzia de vezes a mão a Francisco Sá Carneiro. Lá bem no fundo, Santana ficou, para sempre, prisioneiro dessa "gaiola de ferro" - para a qual, hoje, ainda não encontrou a porta de saída.
Por isso ficou prisioneiro do seu próprio ego, agravado pelo facto de o SENTIMENTO ser visto como um factor mais válido do que o PENSAMENTO.
Porque se Santana pensasse há muito que já teria tirado umas boas e longas férias..., e ter dito a muita gente: hasta la vista!!!
Não o fazendo, Santana perde em toda a linha, porque aí são as pessoas, a sociedade em geral - que quer ver Santana pelas costas. Com ou sem tabúuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
Hora H - Santana Lopes na CNN - pt2
Santana Lopes e as miúdas da FHM
Gato Fedorento - Santana Lopes 1
Gato Fedorento - Santana Lopes 2