quarta-feira

O PSD não está só em crise, vive o estertor da morte. "Isto está tudo grosso"...

A circunstância de em 2008 o maior partido da oposição ter de equacionar o seu futuro a partir destas duas pessoas só revela uma coisa: loucura política. Ou, como diria o outro: um "bando de loucos" está em marcha para comandar o psd. E até parece já haver pressões junto de Pedro Passos Coelho para desistir da sua candidatura em função da movimentação das tropas em torno de um ou de outro destes players da República. É óbvio que isto não é saudável para ninguém: Jardim é um vencedor de eleições mas politicamente desequilibrado, por vezes roça o ofensivo e em política importa manter um certo equilíbrio mental que Jardim manifestamente não tem. Ninguém o imagina a presidir a um Conselho de Ministros ou a negociar em Bruxelas um pacote social ou económico sem ofender ou injuriar meia dúzia de eurocratas - acabando por comprometer tudo num ápice; Santana, por seu turno, é o perdedor mais velho e agastado da República - apesar da sua ainda tenra idade.

Tanto um como outro não têm perfil para o cargo, e a sua possibilidade revela que as pessoas, em estado de desespero, acreditam em tudo, até em Santana e em Jardim. Eis os personagens que hoje se tornaram no foco dessa crença, usando palavras vazias, poses velhas como o tempo e uma fé desesperada que agasta ainda mais as bases do partido que, em rigor, não acredita em nenhum deles.

Na ausência de uma religião, as pessoas têm de acreditar em algo, embora esse algo na vida do psd hoje espelhe uma perturbação do impulso verdadeiramente preocupante. O que deixa entrever que já não são apenas algumas elites dos partido que está doente, mas a máquina do partido e, em boa medida, as suas bases ao permitir que eles avancem. Dado que ao tornar plausível essas duas desastrosas opções - Santana e Jardim - o partido está, em primeiro lugar, a reconhecer o facto de que não tem gente mais qualificada e, nesse termo, o partido da Lapa tende a incorrer num jogo de piromania patológico - com lideranças semestrais - verdadeiramente alucinantes.

Este ambiente a prazo ou padrão de emotividade excessiva, de desconforto, de interacções negativas, de traições e deslealdades, de intrigas e de vinganças revela bem hoje o discurso que colonizou o PSD e traduz a sua dramatização e teatralidade que só impressiona os mais fracos e impressionáveis.

Perante este quadro clínico negro na vida interna do PSD diria, recuperando uma frase de Alberto João Jardim dita num Congresso do partido:

Isto está tudo grosso...