domingo

O PSD e a Procissão dos impenitentes...

Impõe-se uma incursão a Francisco Goya - através da Procissão dos (im)penitentes, demonstrando que a ânsia do (auto)castigo parece reflectir um escondido e permanente complexo de culpa do indivíduo. Ora, isto evoca-me a situação intestina no actual PSD - que entrou em processo de autofagia.
A diferença reside no facto de saber se os candidatos a líderes, as bases do partido e a parte da sociedade que os apoia - se consideram penitentes ou impenitentes, isto fará toda a diferença.
Quer dizer, quando hoje se olha para a anarquia em que se transformou o PSD, mormente após a expulsão de MMendes da direcção do partido por Meneses e Santana, o que se vê é um conjunto de pertinazes impenitentes, convencidos de que nenhum erro cometeram, e que, por essa razão, não se sentem intimados a corrigir os seus erros e obstinadas omissões. Povoados por uma fé cega nas suas atitudes, só lhes resta mandar a razão e o common sense às malvas.
Eis o que tem feito a dupla-maravilha de Santana & Meneses desde que assaltarm o poder na Lapa - sem que daí resulte benefício para o partido, para o governo socialista (que poderia valorizar apresentando soluções políticas alternativas dentro e fora do Parlamento) e, claro está, para o País. Por outro lado, as pessoas que assaltaram o poder na Lapa comportam outro erro grave: após aderirem intelectualmente a ideias sem fundamento (contra o Estado, a sociedade e as pessoas em concreto) ainda não caíram em si, razão por que ainda não lhes sobreveio aquela dose sentimento de autopiedade que é comum ter-se em situações semelhantes. Sendo que o mais grave, como se ouve por parte de alguns apoiantes da dupla-maravilha (Santana & Meneses) é que ao proporem as mesmas opções reiteradas pelas mesmas caras (do passado recente) - se tornam uns impenitentes reincidentes nessa heresia política que não os leva a lado nenhum.
Nesse sentido, aquilo que se vê no PSD não é bem uma luta por ideias e projectos em prol do País, mas mais um Julgamento interno transmitido em directo - em que uns executam outros numa guerra civil sem precedentes nem piedade na história do partido.
Calculo as voltas que no túmulo Francisco Sá Carneiro estará a dar, ante as risadas bruxelenses de Durão barroso - que emigrou para a Europa - onde dá inúmeras conferências de imprensa - e, agora, nem sequer é chamuscado com esta Procissão dos impenitentes em que o seu próprio partido se transformara - também por sua grande responsabilidade.