O espírito capitalista do carjacker contrasta com a sua condição social
Consabidamente o carjacking é hoje, um pouco por toda a Europa, o crime da moda: rende, é rápido e eficaz. O seu modus operandi também é conhecido: encapuçados e com armas de fogo surpreendem a vítima e forçam-na a sair da viatura, por vezes com violência, mas a natureza deste crime, pela marca de viatura que escolhe, não deixa de ser o pior que o capitalismo neoliberal comporta. Na medida em que os criminosos escolhem marcas de topo, todas germânicas - Audi, BMW e Mercedes - para cometer os seus crimes aos quais outros estão associados, como o assalto a caixas multibanco. Isto revela duas coisas comezinhas e aparentemente irreconciliáveis: 1) a vitimação é um fenómeno tão generaalizado que pode atingir qualquer um de nós; 2) este tipo de crime é mais frequente, a ajuizar pelas estatísticas conhecidas, nas pessoas proprietárias de carros de gama alta. O que significa que estes criminosos vivem ainda com o trauma marxista do conflito de classes, posto que as categorias sociais escolhidas para alvo desses crimes espelham bem a forma como esse crime não se distribui ao acaso na população. Além de não haver cobardia maior daquela que o carjacker é autor, já que só conseguem entrar num carro encapuçados e com pistolas nas mãos. Pergunto-me se saberão conduzir ou se esses assaltos também não servem para uma estreia na arte das quatro rodas...
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