quinta-feira

Preservativos e causas

«That's the message at the International AIDS Conference in Toronto, where the aim is to destigmatize the humble prophylactic by turning them into brooches and pins as part of a movement called "The Condom Project." The initiative is aimed at fighting the spread of HIV by making people comfortable with condoms.» [MSN Link] [via Jumento]
  • Se calhar já os usamos e não sabemos, à avaliar pela fraca taxa de natalidade - regressiva - há décadas em Portugal. E se não fossem as brasileiras, as ucranianas, as romenas, as africanas do espaço lusófono já estaríamos abaixo dos dois dígitos... Se é que não estamos já. Até na natalidade Portugal é pequenino, à altura dos líderes da oposição que temos a que se somam em proporcionalidade os governos desta última meia dúzia de anos. Infra segue outro modelo.. Ai se o Augustus vê isto...

  • Post dedicado a um amigo que dizia que "fazer amor de preservativo enfiado era como tomar banho de gabardine". Depois ele casou, teve imensos filhos e nunca mais o vi. Espero que não tenha já falecido de HIV... Espero!!!

O Hotel Estoril -Sol e o amianto, os sabonetes e roupões..

Quem não retém na memória a imagem esplendorosa do Hotel Estoril-Sol - ex-libris de outros tempos mesmo em frente à praia na famosa linha do Estoril já a fronteirar com Cascais... Quem não se lembre que se mande ao mar. Mas a estória que aqui contamos é triste e até faz chorar as ondas do mar: as que vêem e as que vão, e as outras principalmente, só para apurarmos aqui o nosso jeitaço para a poesia marítima. Mas o escopo (como dizem os nossos amigos brasileiros, e já são já imensos os que consultam este espaço - esperemos que com proveito) deste post é outro. É sobre os riscos para a saúde pública dos munícipes de Cascais e adjacências, como em tempos alertou a Deco - uma grande Associação de Consumidores - da qual em tempos fiz parte, mas quando não me enviaram o relógio que prometeram num brinde-macaco que fizeram na proposta - perguntei-lhes se era assim que pretendiam honrar os princípios da defesa do consumidor que tanto apregoavam. Resultado: mandei-os dar uma volta ao bilhar grande, e depois segui-se um namoro de mais de três com cartinhas pestilentas a convidarem o cliente defraudado nas suas expectativas (eu próprio) a regressar aquele salão de princípios. Só o dinheirão que aqueles altruistas gastaram nos portes das dezenas de cartas enviadas dava para comprar meia dúzia de relógios, mas enfim.. É a vida. É claro que nunca mais entrei nesse salão de festas porque a deco - naquele instante - perdeu toda a credibilidade para mim. Mas dizia - senão nc mais contamos a nossa estória - a deco (não confundir com um jogador de bola com o mesmo nome) devido ao problema do amianto usado na construção do edificío dizia que o Hotel representava um perigo eminente para a saúde. Imaginem um casal recém-casado ou mesmo o empresário barrigudo que leva a secretária de fim-se-semana e atraca alí numa suite no Estoril-Sol... e nos quartinhos, na sala, wherever - snifa todo aquele amianto... Julgo que ali um homem até perde a erecção, e depois como é que elas iriam entender... Era complicado. Bom, aquela fora a posição da Deco, à qual, estranhamente, se contrapusera a posição da Administração do Hotel ES, dizendo que não haveria qualquer motivo para alarme, dado que à semelhança do que sucedeu com os sabonetes, toalhas, toalhetes e demais turcos, fronhas e outros adereços, o amianto também havia sido roubado pelos clientes portugueses que costumavam alí parar. Portanto, informe-se aqui a Deco desta situação, embora hoje ainda interpele os meus botões-de-punho-côr-de-burro-quando-foge por que razão aquele elefante branco ainda não se dissolveu!! Será por causa dos lobi dos surfistas!!! Surfistas, alí??? Deixamos a questão a Tony Capucho...

Blog-day: alguns embrulhos com prendas lá dentro

Como hoje é o dia dos blogs deixamos aqui uma muita breve referência à qualidade e excelência de alguns desses espaços, uma opção naturalmente subjectiva. Mas antes queremos dizer que podemos mais fácilmente conhecer um blogger se o lermos diáriamente do que um jornal ou um jornalista que nele escreva durante uma década. As relações que mantemos com alguns bloggers são sólidas, dado que a densidade da relação intelectual que se atinge através daquilo que se lê é objectivamente superior à que se pode obter no quadro das relações fora do Rizoma.
Dito isto, mais uma nota prévia à eleição dos blogs que aqui sugerimos. E que é a seguinte: seguindo a teorização do conhecido Giorgio Nova - existem três tipos de bloggers:
1) Os caçadores:
2) Os intriguistas;
3) E os xamãs
- Pela nossa parte não vamos em "comboios", temos filtros potentes que nos afastam da valeta, pelo que tendemos a seguir aqueles que oferecem algum capital de conhecimento, análise, humor, competência, paixão e de Sperança, o resto é com o Ornitorrinco de que falava Umberto Eco..., saí fora do molde.
Dito isto deixamos aqui as nossas recomendações:
1) O Jumento pela excelência sistémica que apresenta - inatacável a todos os títulos, até irrita;
2) O Memórias Futuras - pela lições de história e de bom senso que me dá (é o blog do meu tio, mas se fosse só do primo ou do carteiro citá-lo-ía na mesma);
3) O Marketeer500 - pela teorização de marketing que se propõe abordar a generalidade dos assuntos. Está aposta em vender pentes a carecas... Admirável!!!;
4) O Sobre o tempo que passa - pela cultura histórica, jurídica e politológica, mas anda "emigrado" do Rizoma..
5) O La Vem a Nau Catrineta - um blog amante da cultura e das letras que agora mudou de face, mas que trabalha por causas;
6) O Pululu - para quem segue as questões africanas e, em particular, as matérias da lusofonia que outrora integraram o Império que hoje não existe;
7) Um blog recente - o WebSemantic - com um conceito espantoso de hiperelacionamento visando descodificar os múltiplos significados na Rede;
8) O nosso (outro) Globália - que enquadrou as questões da Liberdade e da Segurança através de um romance recente em que valerá a pena meditar;
9) O Mixikó - pela boa disposição e pela forma lúdica com que interpreta o mundo;
10) O Escritomaniaca - como símbolo da irreverência juvenil despontando já saber e reflexão surpreendentes;
11) O Pleitos, Apostilas e Comentários - pelo vigor e conteúdo ético-moral das matérias;
12) O Açorda Quântica - pela expertise e ductibilidade na manipulação imagética, esperemos, contudo, que credite mais conteúdos...
13) Por fim, e para não ser injusto, dedicamos aqui pesada homenagem ao defundo Jumento da blogdrive que terminou ontem os seus dias no ciber-espaço e agora encontrou novo palheiro na blogspot/blogger.
  • Esta é a imagem que o Macroscópio se reflecte a si próprio quando bloga. Mas não o recomendamos porque, como é sabido, trata-se duma "fraude"... , embora persiga Ideais como: a Liberdade, a Segurança, a Justiça entre os homens de bem.

Ver o mundo através da fruta

As coisas boas da Natureza:
No sentido dos ponteiros do relógio: banana prata, abacate, papaia, maracujá banana, fruto delicioso (ou maravilha), manga, outro maracujá banana, maracujá tomate e maracujá (simples) ao centro.
Picada no Fumaças. E porque este é um espaço de política e poesia e de outros prazeres, com charutos à misturas, pergunto-me como explicaríamos o funcionamento do mundo actual através da origem daquelas belas frutas. O que é que o mara-cú-já, a papaia, a manga, a banana ... teriam para nos dizer acerca da economia, da sociedade, da política, das cultura, dos costumes, enfim, da própria civilização. Como seria o mundo se ele fosse uma permanente cintura verde, ou a verdejar... Compraríamos o petróleo mais barato? Seríamos mais felizes... Hoje quando vou aos hiper-mercados comprar fruta, e nem sempre é daquela, digo sempre o mesmo para os meus botões: estamos a ser enganados!!!

Blog-day

Já vimos lemas de vida, referências morais e éticas e até guias-turísticos muito bem produzidos entre muitos outros desdobráveis a cores e tudo, mas confesso que este farol que encima o blog Atribulação de um Alentejano em directo é algo me transcende e, quiça, surpreende o marketing mais avançado teorizado por Philip Kotler e a gestão para organizações sem fins lucrativos de P. Drucker e até a própria realidade. Isto faz-me lembrar a frase que um amigo um pouco mais velho do que eu dizia quando nos sentávamos à conversa numa esplanada. Vinha o empregado de mesa e ele perguntava-lhe:

- Então, vive feliz?! Invariavelmente os interpelados ficavam sem saber o que responder, foram tantas e tantas vezes que isso sucedeu que até eu me convenci que fomos educados para não fazer os outros felizes, o que é um sintoma de estupidez inaudita, dado que se faço alguém feliz o "bolo" geral da felicidade também aumenta (tendencialmente), e, por tabela, também sou capaz de levar uma talhada maior. Doravante, eu próprio procuro sempre tratar quem me serve pelo nome próprio, sou sempre melhor atendido e, ao mesmo tempo, confiro dignidade ao outro. Não custa nada. Será isto a economia da felicidade?! - um novo ramo da ciência económica a despontar via blogosfera?! Não o sabemos. O que sabemos, além da ambição cega da economia, e também pela mesma via, é que hoje é o Blog-day, e, como tal, nada melhor do que o dedicar aqui a este narrador incansável de trajectos lisboetas cujos conteúdos agora me desvio de falar, porque isso é só para aqueles titulares de BM 320 para cima, e eu, confesso, ainda não atingi esse patamar.

- By the way: e você vive feliz?!!

  • Rogamos aos nosso leitores que agora não se enganem e que em lugar de ler blog-day dêem a volta ao texto e leiam, por lapso, blog-gay, e aí entornamos o caldo todo, embora saibamos que faríamos muita gente feliz. A avaliar pelas estatísticas da natalidade e dos costumes sexuais dos tugas este é um sector em franca expansão, i.é, com procura crescente, ao invés dos indicadores sociais da economia portuguesa. Viva o blog-gay, perdão - Blog-day!!!

quarta-feira

Idiotices expressas

Consabidamente a relação dos jornalistas entre si nunca foi das melhores: a inveja e a intriga é o prato do dia do métier dessa corporação, a sedução ao poder faz o resto para estragar as relações. Mas as relações destes com os jornalistas estrangeiros que reportam de Portugal (com excepções) também não é diferente. Só que aqui o caso transpira idiotice. Já que inúmeros jornalistas e repórteres estrangeiros a operar em Portugal entendem que os jornalistas portugueses concederam demasiado tempo de antena à visita (oficial) que Bill Gates fez ao nosso país. Sucede, porém, que no day-after o jornal oficial de Pito Balsemão, que saí aos sábados e parece um lençol de cama de casal imprimiu a seguinte manchete:
  • Jornalistas do país de Bill Gates acham que jornalistas portugueses dedicaram tempo de mais a Bill Gates, durante a visita que Bill Gates fez a Portugal, para estreitar relações entre Portugal e a Microsoft de Bill Gates.
Com densidade jornalística deste quilate não será difícil ao Sol - novo semanário dirigido por José A. Saraiva, esvaziar aquele semanário que, na prática, já é um verbo de encher.

Loucura extra-Erasmo

Image Hosted by ImageShack.usHá quem diga que a loucura é um descaminho da razão só seguido por aquelas pessoas que se encontram fora de si; outros, não senhor, defendem o Elogio da Loucura made in Erasmo. Nós subscrevemos esta última leitura, evidentemente. Em tempos conturbados só assim vamos lá, e dobramos o cabo das tormentas da mediania que todos os dias os jornais, as tvs, as revistas, os politicos - e demais cambada - nos pretende impingir no âmbito desse tal processo de socialização diário, até ao fim dos nossos dias. Vem isto a propósito do seguinte: lembrar-se-ão, certamente, quando em 2005 o homem mais rico do mundo veio a Portugal... Refiro-me a Bill Gates. Pois bem. Então, Sócrates, PM de Portugal, lembrando-se da vaga de patriotismo do Euro 2004, pediu que cada português pendurasse nas janelas de sua casa o logo do Windows da Microsoft. Paralelamente, esse sub-produto cultural que temos cá pelo burgo e dá pelo nome de D. Duarte Pio de "Bragança" (diz ele..) descobre que o Bill Gaitas (também) se chama William Gates III, confundindo-o, assim, com um monarca perdido no sótão da memória de Pio, que logo se apressa a agendar um meeting com Bill no famoso Hotel D. Pedro - alí às Amoreiras, grande obra realizada por Tomás Taveira. Quem já não se lembrará das performances artísticas (!!!) deste mui sui generis arquitecto... Muitas senhoras devem-se ter arrependido de o ter conhecido, mas enfim!! Outras, porventura, ainda continuam por lá fazendo compras e vendo as montras, entre muitas outras sensações... Outras ainda têm de trabalhar lá sem ter lugar para estacionar o carro. Enfin... Nós, qualquer dia, ficamos com a mania que somos o George Cloney e vamos fazer cinema alí para o Teatro D. Maria e pedimos um caché elevadíssimo. Meus senhores, isto é Portugal no III milénio. Parece loucura, parece ficção, mas não-não é!!! É pura realidade. E com tanta realidade assim - atrevemo-nos a perguntar a Socas onde diabo se meteu o famoso Choque Tecnológico...Image Hosted by ImageShack.us
  • Post dedicado ao estuário do rio Tejo para onde (me disseram) jogaram o Plano Tecnológico, juntamente com o choque...

Erasmo de Roterdão: uma referência, um guia, um farol, minha lux

  • Já aqui o dissemos mas repetimos: Elogio da Loucura é uma das Obras mais importantes do pensamento ocidental de todos os tempos escrita por um genial humanista. Procuramos seguir o seu exemplo, i.é, nunca usando da técnica do vested interest, do disfarce, como os que pretendem passar por sábios e se passeiam como macacos vestidos de púrpura ou asnos cobertos com pele de leão. Qualquer que seja o disfarce, as orelhas acabam sempre por os atraiçoar...
  • E é ao seguir este guia, que citamos aqui uma das suas passagens com que mais nos identificamos:

Bem sabeis como de um discurso que lhes custou 30 anos de trabalho, ou que nem sempre é obra sua, juram que levaram apenas três dias a escrevê-lo, por desfastio, ou mesmo a ditá-lo. Quanto a mim, sempre me agradou dizer tudo que me vem à cabeça.

  • Post dedicado a Erasmo e ao valor da autenticidade bem como às pessoas que vivem como pensam sem cuidarem de pensarem como vivem.

Dois retratos de Portugal - by Jumento -

  • Image Hosted by ImageShack.usNota prévia: parece que devido a problemas com o servidor blogdrive (que ainda funciona a carvão...) o Jumento irá transferir-se para o melhor servidor: o blogger, naturalmente. Se assim for faz muito bem e será bem-vindo. Eis os votos dos já cá estão. O seu novo acesso far-se-á por aqui (link)
  • PRAÇA DO CAMPO PEQUENO: UMA VERGONHA (in Jumento)

Aquilo a que se está a assistir na Praça do Campo Pequeno é uma vergonha, foram feitas as obras de renovação da praça de touros, o espaço público foi usado para a construção dos acessos ao centro comercial, a inauguração foi feita com pompa e circunstância e o jardim ficou esquecido e ao abandono. Durante meses foram instaladas vedações e estaleiros que contribuíram para degradar o jardim e o mínimo que se esperaria era que depois da inauguração da obra os estaleiros fossem desmontados e o jardim devidamente tratado. Mas não, apenas se cuidou do interesse dos privados, o jardim ficou destruído ou ocupado por estaleiros e ao abandono. Nenhum dos muito bem pagos dos assessores do Eng. Carmona o ajuda a ver o abuso indigno a que se está a assistir na Praça do Campo Pequeno? Parece que só o que dá lucro, a privados ou à CML, chama a atenção desta equipa autárquica...

  • ESTÁ DE REGRESSO A UNIVERSIDADE DE VERÃO do PSD (Jumento):

«A Universidade de Verão do PSD inicia hoje uma semana de aulas com "professores" como Durão Barroso e Marcelo Rebelo de Sousa, e termina no próximo domingo com o discurso de rentrée do líder do partido, Marques Mendes.» [Diário de Notícias

Link] Despacho do Senhor director-geral do Palheiro: «Sugira-se a Durão Barroso que dê uma lição subordinada ao tema "como subir na vida à custa do país"»
  • Dois breves comentários do Macroscópio: São dois retratos do Portugal contemporâneo que dizem mais do que certos compêndios de sociologia ou lições de "ralações" internacionais. Agonizam e revelam bem ao estado de degração política e moral a que chegámos. No 1º caso avulta o mais primitivo oportunismo do "obrismo" (selectivo) autarquico que se engalana todo em dias de festa para minguar logo de seguida na espuma dos dias. Espelha provincianismo, falta de carácter político e uma concepção da política local pior do que certas políticas públicas africanas. Ter-se-á Carmona enganado quando concorreu a Lisboa!? Mas nesta questão só me admiro é porque razão a Provedoria da Justiça ainda não impugnou a legitimidade do exercício do poder do actual autarca que continua a governar a capital quando, de facto, já deveria ter sido destituído do cargo à luz das inúmeras ilegalidades que se conhecem em matéria de licenciamento de "certas" obras na Capital. Carmone pode continuar, pod gozar da cumplicidade de certos apoios que o sustentam por fios, mas é já um autarca ferido de morte, um figurante duma narrativa menor que opera sem alvará...
  • O 2º episódio é uma desgraça e tem nome: Zé Durão Barrroso. Foi ele o responsável pela principal crise política, social e económica quando cometeu aquilo que os historiadores ainda podem vir a classificar como o mais grave crime político post-25 de Abril: o de deslealdade e alta traição à nação onde desenvolvia responsabilidades políticas como PM. A substância e a forma que acompanharam essa traição a Portugal fariam de Barroso um personagem indigno de governar o que quer que fosse, quanto mais ser o mordomo-mor da Europa, ainda por cima com desvantagens objectivas para Portugal. A sua actuação no terreno tem levado a que um novo conceito seja teorisado pela Ciência Política: o conceito de sinistralidade política - de que é o principal fautor. Sugira-se, em conformidade, que se codifique na Constituição da República Portuguesa - na sua próxima revisão - a inserção desse normativo para punir este novo tipo de crime: deslealdade e alta traição política à nação. Codificação essa, para servir de exemplo e prevenir futuros casos de alta traição à pátria, que depois poderia ser transposto e integrado no aquis comunautaire - para aí fazer doutrina, costume e valer como lex europeia.

terça-feira

Portugueses orgulhosos de serem portugueses

Há uns tempos um semanário dito de referência que mais parece um lençol e sai aos sábados registava que os portugueses estavam orgulhosos de serem portugueses, segundo um estudo da multinacional de consultoria Mackinsey aí publicado. Mas o estudo estava tão "bem feito" que continha apenas uma pergunta:
  • Está satisfeito por ter nascido português ou preferia ter nascido no Ruanda?

Depois disto ficámos com ensejo de perguntar ao nobilizado - por erro - se preferia ser português ou se está contente por ser espanhol...

O absurdo da literatura lusa

Toda as pessoas que têm a bondade de vir ao Macroscópio ler o que por cá se pensa, escreve e diz - já se aperceberam de duas coisas: 1) que este é um espaço de Liberdade; 2) e que, como tal, tende a visar ideias, pessoas, instituições, situações que consideramos ser de grande injustiça perante o mundo e até a sociedade portuguesa. José Zaramago, consabidamente, foi nobilizado mas, na realidade, tratou-se de um erro crasso do júri do Prémio, e dum conjunto de contextos sociopolíticos - que vão da ajudinha que então o sub-secretário de Estado da Cultura lhe deu ao vetar o seu livro, ao marketing pujante da editora, à promoção do PCP que ao tempo também deu uma forcinha e mais uns etc... De tudo resultou um autor mediano nos temas, na densidade filosófica, na forma e na qualidade global da literatura que produz (com baixa reflexividade). Não obstante isto, o senhor passou por génio. Com a agravante de tratar temas-quadro no III milénio que as correntes literárias e outros autores já desenvolveram hà 20/30 anos na Europa com mais sucesso, originalidade e melhor estilo. Por outro lado, quando as autoridades da Cultura deste país procuram fomentar a leitura e recorrem a Zaramago para promover algo que vá para além dos seus próprios direitos de autor, o homem só se sai com declarações do tempo da pedra lascada de "bexigas" e doutras fatalidades verdadeiramente lamentáveis, para não dizer execráveis. É lamentável, mas é a mais pura verdade. Um grande escritor, ao invés do que muitos comentaristas dizem, tem também o dever de ser um exemplo ético, estético e cultural. As coisas não são estanques, nem isoladas umas das outras. Ora zaramago não consegue preencher nenhum desses standards mínimos, e no caso do regime cubano, que não passa duma ditadura empedernida, era suposto que o nobel luso fizesse uns comentários democráticos, nem que fosse para lançar umas farpas aos "yanquis imperialistas da América do Norte" cuja política externa só tem contribuído para o reforço daquela ditadura funesta que ainda mata e manda matar pessoas por delito de opinião, reflexo, aliás, da personalidade histriónica e altamente perturbada de Fidel Castro, amigo do escritor, diga-se de passagem. Em face destes factos, apetece dizer que J. Zaramago não passa dum filho adoptivo de Granada, cá ao burgo só vem para acertar contas com a editora e fazer umas compras no Chiado e produzir umas declarações aberrantes que espanta qualquer pessoa que esteja em vias de se iniciar em leituras mais recomendáveis. Mas parece que o escritor declinou essa oferta de Granada, e nós, como alternativa, sugerimos aqui ao dito que se diriga a Pyongyang, a Teerão, a Bagdad ou mesmo - pasme-se!!! a Havana - tudo "locais recomendáveis" para o autor aí ver reconhecida essa adopção. Porque as novas gerações portuguesas além de desconhecerem quem é o dito escritor, depois de conhecerem as suas tomadas de posição e alguma trajectória de vida duvido que se inclinassem sequer a tocar numa das lombadas dos seus mui medianos livros. E há tempos até fui ao velhinho Pavilhão da Fil assistir ao lançamento de um dos seus livros, em que estava presente Mário Soares e Marcelo R. de Sousa, sendo que a análise deste ao livro foi tão, mas tão estranha que, no final, Zaramago pergunta a Marcelo: - se era um homem estruturalmente de esquerda. Este corou depois de ter percebido as asneiras que disse, ainda que inconscientemente. Mas o que quero sublinhar nessa ocasião é que, efectivamente, o Pavilhão da Fil estava quase repleto, mas mais de 90% das pessoas deviam ter uma média de idade na casa dos 70 anos. Nesse dia senti-me mal, e se fora para ouvir Marcelo, depois de ouvir este pior fiquei... Quem lá foi sabe do que falo. E quem souber do que falo terá também razões para lamentar esta feira de vaidades, este tráfico de influências que se movimentam também a este nível. E isto, meus senhores, é mais uma imagem podre do Portugal cultural que temos: um Portugal que cheira mal. Como democrata que sou e amante da Liberdade achei que tinha a obrigação e o dever moral de denunciar esta modalidade de corrupção das almas que ainda graça em Portugal. Sei que muitas pessoas pensam como eu, mas como muitos também são uns cobardolas e uns envergonhados, ficam-se apenas pelas conversinhas de corredor a lamentar o lamentável... Este post também é dedicado a essas "lesmas" da democracia (mole e hipócrita) fabricada por Abril.

Constantino Cavafy

  • QUANTO PUDERES
Se não podes fazer da vida o que tu queres, tenta ao menos isto, quanto puderes: não a disperses em mundanas cortesias, em vã conversa, fúteis correrias. Não a tornes banal à força de exibida, e de mostrada muito em toda a parte e a muita gente, no vácuo dia-a-dia que é o deles - até que seja em ti uma visita incómoda. 90 E Mais Quatro Poemas (1913)

A blogosfera não é o marketing da mediasfera, é o milagre do III milénio

Quando hoje comparo a importância relativa que os media tradicionais - jornais, revistas, tv - têm com a blogosfera penso que nada mais existiu antes dela. Cada meio terá, seguramente, o seu lugar na esfera da globalidade virtual, mas é a emergência da blogosfera que permite hoje compreender, melhor do que qualquer outro veículo, o que fazemos, quem somos, donde viemos e até para onde vamos. É esta emergência, este renascimento intelectual que torna cada um desses blogs um lugar único na cosmovisão que cada um de nós revelará ao mundo. Neste sentido, a tecnologia social facultada pela blogosfera é algo mais imaterial do que material, porque cria mundos nas cabeças das pessoas. Mundos de ideias, de opiniões, de mercados. Se não fosse este poderoso veículo como poderíamos desenvolver a nossa identidade, a nossa diferença intelectual e cultural, revelar o nosso ADN civilizacional, em suma, segmentar-nos, posicionarmo-nos e definir os nossos objectos de análise em função dos problemas que escolhemos avaliar. É a blogosfera que nos tem dado a arte suprema e a convicção de que não estamos aqui para "vender" nada estragado, fora de prazo ou iludir os nossos clientes/leitores - com um conteúdo que não corresponde ao nome. A blogosfera não é o marketing nem a face cosmética dos jornais, revistas e tvs. A blogosfera é, hoje, o principal instrumento de comunicação que permite criar valor comum a custo zero para todos ao mesmo tempo e por onde perpassam as principais narrativas do nosso tempo e da nossa circunstância. Pelo que haverá uma tendência para dividir a história da comunicação global entre as tecnologias da comunicação modernas (antes da blogosfera) e as TC post-modernas - que coabitam na blogosfera. E isto, meus senhores, tem nome: é o milagre do 1º quartel do III milénio.

Será a blogosfera "filha" do 11 de Setembro?!

Como já aqui referimos foi em 2002/03 que tomei um contacto mais directo e imediato com essa realidade hiper-real que é a blogosfera. Até lá pensava que ter um blog era assunto de engenheiros sofisticados que sabiam manipular software e fórmulas matemáticas complexas que estariam fora do meu alcance mental. Afinal, tratava-se duma tecnologia simples mas, ao mesmo tempo, sofisticada, de uso fácil, barata, veloz e extensiva a todos. Regresso ao assunto daquilo que poderei qualificar como teoria sociológica da blogosfera, já que o mundo continua a não prestar, os factos que ele gera também não e o que se vai passando em Portugal também não é digno de grandes metafísicas ou reflexões que convidem à originalidade. Além disso o termo de Agosto resolveu mostrar que ainda tem a erecção temperamental doutros tempos. Mas as origens da blogosfera são um tema que me interpela recorrentemente, tanto mais que me comecei a interessar por ela tendo como referência esse marco dramático do mundo contemporâneo que foi um dos actos terroristas mais bárbaros da história da humanidade: o 11 de Setembro em N.Y. - a que se seguiram outros actos terroristas, dos quais evoco o de 11 de Março em Madrid que matou cerca de 200 pessoas. Mas o que tudo isto tem a ver com a blogosfera ou sequer com o jornalismo tradicional? À partida nada, pensando melhor - tem tudo a ver. Senão vejamos: foi com a concretização bárbara desses actos terroristas que começou a despontar na sociedade civil mundial uma certa consciência planetária de ver e analisar os problemas, de os encrarar de frente, de os desmontar, de os surpreender, pois é nisto que a ciência - através de conceitos poderosos e prospectivos - consegue surpreender (e planear) a realidade. Logo, uma sociedade que não produz conceitos é sempre apanhada desprevenida e cai sobre si própria. Ora foi nesse caldo de cultura, saído do 11 de Setembro, em que tudo fervilhava, até as novas tecnologias da informação e da comunicação (TIC) - que emergiu o tal jornalismo de fronteira, i.é, o jornalismo altruísta, solidarista, de pendor eminentemente humanitário e cívico. Se bem que quando esta transformação ocorreu a Rede já era um lugar de alta confluência - para onde tudo e todos corriam a todo o tempo, desde as informações autobiográficas e superficiais sem interesse público ao "pesado" da informação pública gerado pelas empresas ou agências noticiosas que operam no sector. Tudo, doravante, se misturava. De modo que entre os velhinhos que já lá estavam a operar e os novos players que entretanto acederam ao ciber-espaço para trocar informações e conhecimento - instalou-se uma certa confusão, uma certa destruição criativa, como diria o grande economista austríaco Joseph Shumpeter - que Peter Drucker ainda chegou a conhecer. Mas dessa confusão parecia não resultar uma direcção precisa sobre o que fazer, sobre o modo mais eficiente a dar às tecnologias disponíveis e ao saber instalado. Foi, pois, ante essa incerteza estratégica que teve lugar esse acto bárbaro na história do terrorismo mundial e as Torres do WTC vieram ao chão com milhares de mortos por entre escombros, suicídios e muitas-muitas outras (e indizíveis) tragédias. Parece até, à luz do que se disse, que foi esta barbaridade que operou nas nossas mentes a função de catalizador que faltava. Talvez seja um pouco exagerada esta análise, mas se eu na altura já tivesse um blog qual seria a minha reacção senão tentar compreender o que levara aqueles bárbaros a fazer o que fizeram!!?? Tentaria explicá-lo, mas também os responsabilizaria, mais aos seus mentores. Esses "cabecilhas" não acreditam nas 12 virgens que estão no céu à aguardar os mártires, esses são os mentores, são a cabeça da hidra que a blogosfera também ajudou a combater - publicando fotos, narrativas, trajectos, métodos de actuação e financiamento, enfim, um sem número de aspectos e de pormenores que - directa ou indirectamente - têm ajudado as autoridades a prevenir esse tipo de crimes tão hediondos quanto cobardes como ajudar a prender e a desmantelar essa corja de parasitas (invisíveis) que ainda vive à face da terra. É nesse sentido que julgo, em parte, podermos afirmar que a blogosfera (também) é uma "filha" do 11 de Setembro, e este mais não é do que uma dedicatória sentida a todos os que perderam a vida nessa barbárie animada por votos de esperança aos seus familiares e amigos que por cá ficaram, testemunhando o resto. Um resto que hoje pode também ser combatido pela blogosfera. Em nome de quÊ, afinal? senão da Liberdade e da Segurança - ou do balance entre esses dois conceitos e valores tão importantes no 1º quartel do III milénio.

Lembram-se do Lacoste...

Magia...

Blogosfera entra no mundo político: o caso Trent Lott

  • Por causa dum silêncio estranho no mundo dos jornais e dos operadores de tv nos dias após às declarações de Trent Lott, em 2002, no decurso duma festa para celebrar o 100.º aniversário do seu companheiro do Partido Republicano, o senador Strom Thurmond, aquele foi imbuído pela nostalgia e fez umas declarações tão surpreendente quanto perigosas. Ou seja, Trent Lott, que então era líder da maioria do Senado dos EUA, evocou a campanha de Strom Thurmond em 1948, durante a qual ele tinha advogado a manutenção da segregação racial ("bem" conhecida na África do Sul como apartheid). E depois ainda acrescentou que os EUA - enquanto nação - estaria hoje melhor se Thurmond tivesse ganho essa compita eleitoral meio século antes. Estas são as declarações, estes foram os factos.
  • Vejamos agora como isto se tornou um absurdo e que papel teve a blogosfera nesse absurdo. Com efeito, aquelas declarações são, de per se, lamentáveis, pois instigam à discriminação e ao racismo, ultrajam toda uma nação e os princípios e os ideais que ela defende, tanto mais a América - símbolo da Liberdade - que até lá tem uma enorme estatátua oferecida pela França no séc. XVIII.
  • Mas a estranhesa do caso resultou da falta de interesse ou atenção que a generalidade da imprensa escrita e estações de tv atribuiu a esse lamentável episódio. Ao que se sabe apenas o ABC referiu o facto e o Washington Post publicou um pequeno artigo e fechou a questão. E foi esse o fraco eco dos media perante umas declarações tão graves - que jamais poderiam passar em claro, i.é, sem consequências públicas de maior.
  • Tudo findaria aí se - há sempre um "But" - a blogosfera não tivesse repescado o assunto e por mail, via blogs, jornais online, tivessem conferido uma nova projecção mais mediática ao caso, como à partida se suponha por parte da mediasfera e atendendo à natureza racista daquelas declarações do senador Trent Lott - que era ao tempo, sublinho, líder da maioria do Senado dos EUA, um dos postos mais importantes e influentes no aparelho de decisão política norte-americano.
  • A primeira consequência deste paradigmático caso foi que a blogosfera conseguiu manter viva uma chama que os media tradicionais nem sequer quiseram acender. Mas o que é facto é que a história daquela celebração do centenário de Thurmond viveu para além do momento que lhe deu origem, para despeito dos próprios profissionais tradicionais da informação que decidiram (editorialmente) encerrar o assunto no momento em que ele ocorreu. Como quem quer esconder algo que tem um rabo enorme...
  • Porém, inúmeros foram os bloggers que protestaram pelo teor daquelas racistas declarações, e alguns revelaram-se tão ou mais indignados pela própria falta de atenção que era suposto os media darem ao assunto. Foi então, por pressão dos bloggers, que a história inundou os meios de comunicação social dos EUA, e foi aí que G.W.Bush se viu forçado a repreender o autor daquelas lamentáveis declarações, Trent Lott, que era, curiosamente, seu aliado no Congresso. Sucede que a pressão aumentou desmesuradamente e o próprio Trent Lott se demitiu do post que ocupava, para descanso de todos.
  • Vejamos agora as lições que daqui podemos extrair da perspectiva da blogosfera:
  • 1. Este talvez tenha sido o 1º caso de dimensão política mediática em que foi a própria blogosfera que impulsionou a dinâmica dos acontecimentos, os quais levaram àquela demissão;
  • 2. Doravante, políticos, agentes sociais, organizações religiosas, as pessoas, os empresários - todos passaram a ter um status e uma autoridade próprias, diferente da que se vivia no mundo pré-blogosfera;
  • 3. As pressões, por outro lado, passaram a irromper da base para o topo já sem a mediação e os filtros dos media clássicos. Era como se cada um de nós, a partir de um dado momento, disséssemos: doravante eu falo com Deus - dispenso a mediação dos vigários - esses intermediários em que deixámos de confiar na Terra- rompendo-se, desse modo, as velhas hierarquias impostas pelos meios de comunicação tradicionais e do qual emanava grande parte da sua autoridade e arrogância;
  • 4. Passou a operar não já o modelo de comunicação da Idade industrial mas um modelo de fluxos permanentes, crescentes se bem que não lineares - que podem desequilibrar, a qualquer momento, o sentido da Opinião pública internacional;
  • 5. Este caso fez-nos compreender também como as fontes de informação deixaram de ser geridas exclusivamente na óptica dos media tradicionais, subtraindo-lhes o poder de defeinir, a cada momento, o agenda-setting do dia, da semana ou do mês. Doravante, a fixação desse agenda-setting é determinado em conjunto - se bem que de forma não consentida - pelo conjunto dos operadores no Rizoma, o que implica a contemplação do crescente papel da blogosfera no agendamento da informação no interior das nações e na escala ou na esfera da globalidade;
  • 6. Qualquer cidadão informado com um mínimo de talento pode aceder às fontes e definir - também ele - parte desse agenda-setting com muito maior rapidez - quebrando-se, assim, o velho problema das fugas de informação que em Portugal é o prato do dia, especialmente ao nível da Procuradoria-Geral da República - cujo PR ainda mantém o respectivo titular, conhecido pela Pantera cor de Rosa, com a agravante de que o líder do PsD - não obstante tantos e tantos dislates, erros, omisssões e pura incompetência por parte do sr. Xouto Moura - ainda faça elogios à forma como tem desenvolvido as suas funções de Procurador. Num país civilizado e com common sense este senhor já estava demitido há pelo menos dois anos..., ou então ter-se-ía demitido, o que revelaria mais bom senso;
  • 7. O perigo de tudo isto remete para a própria blogosfera que, muitas vezes, é uma força terrível, como se fosse guiada por uma multidão irracional e desgovernada. O que nos coloca uma questão séria: e se a blogosfera, na avaliação dum determinado caso, comete erros de avaliação?! Esses erros tendem a projectar-se em catadupa na Rede, de forma imparável..., como uma bola de neve. Aqui o problema não é só a assunção desse erro, mas o facto de quem se sente com a força pode não querer (mais) reconhecer que está errado. E isto também comporta riscos. Sabemos que por vezes temos a força da razão, outras vezes, mais graves, só temos a razão da força - e é isso que também na blogosfera terá de ser regulado, limitado, se possível, codificado. E o tal OBSERVATÓRIO DA BLOGOSFERA poderia ser um bom pontapé de saída para a institucionalização desse código de conduta cooperativo entre todos os operadores da informação e da análise em Portugal.
Eis a lição que aqui tiramos do episódio Trent Lott.
  • Post dedicado a todos os bloggers e jornalistas conscienciosos do trabalho que fazem. A todos aqueles, afinal, que sabem existir uma diferente crucial entre: ter a força da razão e dispôr, arbitráriaramente, da razão da força.

segunda-feira

Giuseppe Granieri - um nome a reter -

Giuseppe Granieri Image Hosted by ImageShack.us Um nome a reter, na 1ª pessoa (c/ a sua imagem de marca, "anque fora Honda VFR 800 la storia seria piu diferenti"):
  • Non saprei dire bene chi sono (un baule pieno di gente, direbbe Pessoa) e cosa faccio (tante cose, tutte senza nome proprio), ma so benissimo cosa mi ha dato la vita. In rigoroso ordine di apparizione: 2 genitori deliziosi, una laurea umanistica, 2 gatte, un cavallo, un cane (che non è mai stato mio, ma lui non lo sa) e un certo grugno. Ah, sono nato nel novembre del 1968. Il che, lo so per sentito dire, coincide con un segno zodiacale del quale ignoro ogni implicazione. Ultime relazioni ed articoli a stampa: Image Hosted by ImageShack.us La Rivoluzione dei Weblog: intervista a Giuseppe Granieri intervista, L'Unità, 1 settembre 2004 La Rete come luogo politico nella terza era delle Democrazie paper, Fondazione Einaudi, Roma Economia politica della Rete Internet News La nuova critica in Rete Internet News Per una epistemologia dei weblog paper, Università della Tuscia, Viterbo Noi e le nuove comunità che raccontano il mondo Internet News Quell'uomo al centro della Rete Il Sole 24 Ore - @lfa - non più disponibile online Feed e aggregatori La democrazia emergente Image Hosted by ImageShack.us In breve Come ha fatto Internet a svilupparsi tanto negli ultimi dieci anni, senza alcun governo e alcun coordinamento? Che cosa succede quando centinaia di milioni di persone hanno a disposizione una grande infrastruttura di comunicazione per scambiarsi conoscenza e organizzarsi tra loro? La tecnologia ci ha trasformati in cittadini che vivono in un doppio sistema di regole: quello dello Stato e quello dello spazio condiviso della società digitale. Oltre un miliardo di individui connessi tra loro stanno rapidamente delineando nuovi equilibri globali e una vera metamorfosi del sistema di valori, idee, identità culturali, politiche, sociali. Con alcune costanti, che ci permettono di intuire la direzione che stiamo prendendo. Indice Nota dell’autore – Prologo. Tecnologie della doppia cittadinanza – Parte prima La grammatica dei network – 1. Sistema operativo – 2. Network sociali – 3. Network che si danno una forma – Parte seconda Cose che cambiano – 4. Conoscenza – 5. Media – 6. Mercati – 7. Individui – 8. Politica – Epilogo. Una nota e 95 tesi – Bibliografia – Indice dei nomi.

O estado do jornalismo nos "States" vs blogosfera

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In our inaugural report, we suggested that the heart of that declining trust was a “disconnect” over motive. Journalists see themselves as acting on the public’s behalf. The public believes they are either lying or deluding themselves. There was further evidence of that skepticism in 2005. The Pew Research Center for the People and the Press found that 75% of Americans believed that news organizations were more concerned with “attracting the biggest audience,” while only 19% thought they cared more about “informing the public.”1 (...) The percentage of people who believe that criticism of the military weakens American defenses has been rising as well, and in 2005 reached its highest point (47%) since 1985 (then 31%).3 But the declines in public confidence are hardly across the board. While esteem is still down from the mid 1980s, more Americans see the press as moral than in recent years (43%, up from 39% in 2002). More see the press as willing to admit mistakes (28% vs. 23% in 2002). More see the press as “highly professional” (59% vs. 49% in 2002).4 (...) The public is also more inclined than a few years ago to favor the press’s right to report on stories that it considers of national interest over the government’s need to censor to protect national security. Following the terrorist attacks of September 11, only 39% of Americans thought it was more important for the press to be able to report, while 53% favored government security. By February 2006, the numbers had reversed, with 56% favoring reporting to 34% more concerned with government security. (...) No magic formula seems embedded in the numbers. Some of them rise and fall with the news. During 2005, the press helped Americans know about Hurricane Katrina, the Asian Tsunami, secret security prisons abroad, and later, in early 2006, about the Bush Administration’s conducting domestic wire tapping without first getting court warrants. Whether that performance influenced the approval numbers is difficult to know. What does seem consistent is that the public apparently appreciates the idea that the press is aspiring to work in the public interest, trying to get it right, trying to be aggressive. People have serious doubts about whether journalists live up to those ideals, and they are disposed to think that money, rather than the public good, drives press behavior.
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  • -Image Hosted by ImageShack.us Depois de ler este Relatório sobre o estado da arte da informação nos media clássicos - que aqui designamos por mediasfera - julgamos oportuno fazer algumas relações, comentários e críticas, especialmente numa época em que os jornais, revistas, tvs - enfim os media tradicionais - deveriam ter a humildade de aprender algo com alguma da melhor blogosfera que se vai fazendo mundo fora, até em Portugal, e não, como sucede, salvo raras excepções de citações de jornalistas assimilados/integrados na engrenagem da mediasfera que também têm blogs - mas omitem generalizada e deliberadamente as fontes que surrateiramente consultam "queimando", assim, os princípios deontológicos que subscreveram na sua profissão ou carteira profissional. É um pouco, mau grado a comparação, como o médico dizer a 2 pacientes de uma comunidade - onde se encontram por azar 2 ciganos - que todos são tratados salvo os de étnia cigana. Este é, em nosso entender, a conduta que hoje, regra geral, a mediasfera tem relativamente à blogosfera portuguesa.
  • - Matérias produzidas e analisadas no Macroscópio já foram depois plagiadas noutros meios sem citação de fonte, e o mesmo se passa com muitos, muitos outros blogs que fazem um trabalho original, com criatividade e com seriedade e transparência - linkando sempre que possível autores de outros conteúdos que podem valorizar-nos. O Jumento, por exemplo, e que é um exemplo já bem conhecido entre nós, até com fotos suas indevidamente esbulhadas, já tem denunciado essa espiral do plágio. Ora é contra este fenómeno deliberado de gate-keeper sistemático das fontes que, enquanto investigador e (subsidiáriamente) enquanto blogger me insurjo. Penso que é legítimo fazê-lo, julgo mesmo que é minha obrigação aclarar o pouco que sei destas relações obscuras entre mediasfera e blogosfera.
  • Dito isto, caberá integrar aqueles factos problemáticos na nossa teorização e experiência portuguesa que vamos tendo desta actividade de blogging, enquadrando, relacionando, tentando compreender como os meios de comunicação de massas e a Internet se relacionam entre si, e depois como tudo isto interage (ou não!!!) com esse diamante mais perfeito e madura do Rizoma que é a blogosfera - de que o Macroscópio é apenas um elo duma vasta cadeia que opera em tempo real: argumentando, fiscalizando, vigilando como muitos erros e exageros à mistura, naturalmente. Eu próprio os cometo, eu próprio os corrijo. Temos, aliás, muitas dúvidas e poucas certezas... Pela minha mão ou por sugestão alheia, como já tem sucedido, e fico sempre grato por isso.
  • Contudo, antes de entrarmos própriamente nos comentários aos factos produzidos naquele Relatório, caberá referir que as mudanças trazidas pela blogosfera são imensas, múltiplas e profundas - ainda que imperceptíveis, como temos referido. É como se não víssemos o vento a passar por nós, apenas o sentimos, embora saibamos que ele passa a grande velocidade. Um exemplo que ilustra isto: na mediasfera há um jornalista, repórter, wherever - que produz uma matéria, assegura a sua redação, e depois o seu editor, director corrige-a (ou não). Ou seja, o jornalista é vigiado e controlado de perto pelo seu superior hierárquico que lhe faz as correcções, e lhe diz que lugar os factos que narra devem ocupar na hierarquia da sua redação. Desta feita, o editor/director funciona como uma espécie de watchdog do seu próprio jornalista. Depois a história é publicada, ganha foros de cidade e um, dois, uma dezena de bloggers - apanham essa notícia e faz um comentário sobre ela: criticando-a, elogiando-a e/ou promovendo-a ou enviando-a para o "tarrafal" das notícias.
  • Quer isto dizer que em 1º lugar o jornalista é controlado pelo seu editor, depois da matéria publicada aparece-lhe o "fiscal" da blogosfera (que em muitos casos, diga-se em abono da verdade - tem condutas lamentáveis, na forma e na substância, denotando também uma arrogância mitigada com ignorância que até chateia..., temos de ter paciência também para com estes agentes da soberba e da irrelevância cultural que julgam que o mundo se reduz ao fundo do seu bolso vazio) que lê essa matéria e a elogia ou critica no seu blog. Regra geral, citando a fonte donde extraíu essa notícia, ao invés da conduta mais lamentável e censurável dos editores de jornais, articulistas, opinionmakers de coisa nenhuma (às vezes sofisticados plagiadores cujos conteúdos e redação se desmontam em dois tempos). Portanto, logo aqui - neste equilíbrio precário - há um fosso entre a conduta da blogosfera e da mediasfera.
  • Para acudir a estas disfunções, errros, omissões e até má fé, talvez não fosse má ideia que se criasse em Portugal uma espécie de OBSERVATÓRIO DA BLOGOSFERA - cuja missão seria zelar pela qualidade das relações no seu seio e entre ela e os media tradicionais, regulada por um corpo de regras deontológicas a fim de evitar esta selva em que todos vivemos, com esbulhos múltiplos à mistura feitos todos os dias, com acusações, recriminações, ofensas, ameaças e muitas, muitas outras coisas denunciadas por um blog famoso de Pacheco Pereira (o Abrupto) que, no capítulo das enormidades que se deixam nas caixas de correio por parte desse trolls - merece o nosso consenso. Ele poderia bem utilizar toda a influência que tem - dentro e fora da blogosfera - para zelar por este tipo de iniciativa cujo fim seria exclusivamente regular a selva de relações que hoje campeia entre estes diversos ciber-actores e potenciar a qualidade da blogosfera com regras e observando standards mínimos no plano ético. Quem sabe se até muitos dos deputados, dos políticos, dos agentes da alta Administração do Estado não aderissem a esta nova onda de "institucionalização" da blogosfera de qualidade em Portugal!!! Fica o desafio a todos os homens de bem que se preocupam com este tipo de questões. Até porque a credibilidade decorre sempre duma interacção e não de uma coroa que o monarca tem na cabeça - mas que depois nada faz pelo seu povo. Ora, o objectivo dessa busca de qualidade blogosférica - que hoje manifestamente não existe - visará ilustrar cidadãos mais exigentes e informados, que possam na mediasfera e na blogosfera realizar um trabalho de superior qualidade, recolhendo informações com critério, citando devidamente as fontes, filtrar antes de publicar, em suma, observando regras claras que assegurem e reforcem essa qualidade.
  • Feitas estas considerações já estamos em condições de nos abalançar sobre o cerne da questão desta equação: porque razão a maior parte das pessoas - que informam a chamada Opinião pública - (nacional e internacional) perderam a confiança nos agentes tradicionais da informação? Como, de resto, se comprova pela leitura daquele Relatório, que aqui nos serve de ponto de partida.
  • Será porque se trata de informações oficiais e, por essa razão, merece o natural descrédito das pessoas - que só vêem nessas agências potentados económicos mais precupados em consolidar resultados de "bilheteira" ou posição no ranking das demais empresas congéneres com quem entram em concorrência selvagem para disputar um lugar ao sol? Será por causa da facturação? reflexo da lamentável concentração económica a que as empresas deste sector últimamente têm sido objecto por parte de algum empresáriado.
  • Sendo certo que muitos dos jornalistas que asseguram esse trabalho de "consulta" à blogosfera - aí bebem e depois omitem as fontes - tendam a dizer, prontamente, que operam no estrito interesse público animados pela busca da verdade, mostrando como são isentos e imparciais, regras que qualquer jornalista que se preze defende. Essa será, naturalmente, a sua perspectiva socioprofissional, a qual não coincide, como bem sabemos, com a percepção mais generalizada do público que pensa, por seu turno, que essas agências de informação ou empresas do sector - têm um objectivo primordial a atender: a prossecussão do lucro, do prestígio e de um conjunto de estratégias de poder que servem aos seus grupos económicos, aos seus accionistas - que nem sempre se harmonizam com os interesses e as legítimas expectativas dos mercados a que se destinam: o público.
  • Desta feita, fica a descoberto a desarmonia dos interesses entre os objectivos de muitas agências de informações, jornais, revistas, tvs e os públicos a que se destinam. Mas como grande parte desse público tem pouca massa crítica e vive alienado, não percebe o que se passa nos corredores desses poderes, nem sequer as escandaleiras que têm afectado imensos jornais e jornalistas que dentro e fora de portas têm falsificado documentos, fontes, análises - regra geral motivados por motivos de índole pessoal, financeira/económica, por mero capricho ou de vendetta pessoal. Infelizmente, estas são algumas das razões ou os móbeis do "crime" de desinformação a que hoje - bloggers ou não - todos estamos mais ou menos sujeitos.
  • Até porque hoje são em reduzido número os empresários que controlam o grosso das publicações. Sem querer farpear o grupo impresa de Balsemão - atente-se nos múltiplos meios de que dispõe no mercado: Não será demais? Gostaríamos de saber o que o sr. prof. Francisco Pito Balsemão acha desta pequena concentração, já que é (ou era) docente nessa área da Universidade Nova. Será que as acusações que muitas pessoas e instituições respeitadas dirigem ao seu grupo são fundadas? Seria um bom tema de Verão para o debate do PSD - que anualmente monta tenda em Castelo de Vide - sob o título pomposo de jornadas ou curso de Verão - com a finalidade de descobrir novos valores, novos líderes políticos. Fica mais esta sugestão aos poderes e aos micropoderes que navegam pelos interstícios do Poder.
  • Por outro lado, este Relatório que aqui nos serve de referência reflecte ainda outro aspecto: o estrondoso crescimento e consumo de ciber-informação. Eu sou apenas um pequeno exemplo: não compro um jornal de papel há 3 anos, consumo tudo via net. Revistas idem, idem... E muitos farão o mesmo - representando só aqui um grande prejuízo para as ditas publicações que outrora capitalizavam à conta do leitor. Hoje, creio, que é esse desfalque que a mediasfera também não perdoa aos ciber-consumidores, e uma das "armas" que têm para os punir é, precisamente, omitir as fontes de inúmeros desses blogs que hoje já fazem um trabalho diário na Rede muito superior aos jornais ditos de referência: em produção de análise, em grafismo, em produção de reflexão, em criatividade, em profundidade no tratamento das matérias - em tudo. Só a arrogância e a soberba de alguns jornalistas de poltrona impede fazer esse reconhecimento óbvio - à vista de todos. Além de lhes estragar o negócio. E ninguém lúcido quer "dar o ouro ao bandido"...
  • Complementarmente, muitos bloggers são já hoje vistos como elementos credíveis na cadeia de produção de informação e análise. Mais do que nos media tradicionais. Não só mais credíveis, como também mais rápido e mais barato - e são todos estes factores que, combinadamente, vão dando a machadada nos instrumentos do jornalismo tradicional - que cada vez vende menos publicações - e quando inverte essa tendência é, lamentavelmente, por recurso às velhinhas práticas de noticiar as grandes broncas, os casos de pedofilia, alguns crimes passionais, os fait-divers do Jet-9, alguns incêndios e muita-muita bola - nesta rotina e espuma dos dias.
  • Daqui decorre uma outra grande conclusão: é que os bloggers (alguns deles, evidentemente!!!) são já hoje vistos como agentes/actores de confiança, não só porque não têm nenhum editor/director por trás deles cortando ou censurando aquilo que eles querem ou não escrever, como também não dependem económicamente desta actividade - ao invés dos jornalistas que vivem sob ambas as condicionantes: a editorial e a económica. Além da organizacional, já que os jornalistas trabalham para empresas ou organizações que têm de apresentar resultados e algumas até são cotadas em bolsa - muitas delas regidas por regras pouco flexíveis e muito pouco sensíveis à partilha de informação com os demais operadores do meio.
  • Feliz ou infelizmente, até neste domínio os bloggers levam vantagem moral, além da expertise de conhecimentos que trazem para o sistema ou para a galáxia de informação global que passou a engrossar os fluxos do Rizoma. Ao mesmo tempo que os media tradicionais estão limitados por meios, tempo e dinheiro ao ter de cobrir o mundo inteiro nas peças que fazem e depois nos entram casa-a-dentro e, não raro, nos tiram o apetite para concluir o jantar. Aqui aproveito para elogiar muitos desses repórteres competentes e dedicados, como Carlos Fino e outros, que fazem do risco um modo de vida. Alguns também já são bloggers, e ainda bem porque partilham links, qualificam a blogosfera, trazem mais transparência e credibilidade a toda a galáxia de relações em tempo real.
  • Portanto, a grande questão que aqui queria partilhar era a de saber - se cada um de nós "ler com olhos de ver" aquele Relatório - o pode aplicar ao seu país, à situação concreta da sociedade em que se insere? Pela nossa parte, e para nos subtraírmos a tomadas de posição ambíguas, cremos que grande parte daquele retrato se nos aplica perfeitamente. Mas essa é apenas a opinião do Macroscópio. Outras haverá, porventura.
  • Mas agora falo também como investigador. Aparte estas guerrazinhas de alecrim e manjerona, que espero se resolvam com um inteligente esprit de síntese a contento de todos os operadores que "mexem" na informação, do facto de operar na blogosfera nasce um método de trabalho que é verdadeiramente alucinante. Não só por que é próximo do trabalho de sapa que um jornalista tem de fazer - talvez por isso eles se sintam tão "despidos" quanto banalizados - doravante - mas, ao mesmo tempo, porque a blogosfera coloca problemas metafísicos, filosóficos, epistemológicos e semiológicos verdadeiramente alucinantes e para os quais não há respostas imediatas.
  • Julgo, a concluir este extenso artigo - para o qual pedimos alguma compreensão - dada a natureza mais densa desta exposição - que só por estas últimas razões já terá valido a pena os génios da informática e do ciber-mundo terem descoberto esta hiper-ferramenta de partilha de conhecimento. A coisa mais desagradável que poderia suceder a esta reflexão seria que amanhã ela fosse lida como um esquema para denunciar as fragilidades da mediasfera ou até pôr a nú a vulnerabilidade do jornalismo ante a emergência do blogosfera. Não é esse o nosso propósito, que isso fique claro. Até porque defendo uma complementaridade entre ambos os meios (que hoje já existe tímida e secretamente, como uma relação incestuosa entre Carlos e Maria Eduarda d'Os Maias)de modo a fazer melhor aquilo que cada um, isoladamente, não consegue assegurar. Portanto, esta reflexão visa tão somente alertar para aquilo que muitos de nós já sabem: é que as pontes de diálogo e de cooperação serão sempre muito mais proveitosas do que os muros do silêncio, dos plágios e da manutenção sofisticada da omissão cirúgica de informação.
  • Então, se hoje um simples blogger - como o Macroscópio - é capaz de reconhecer que depende de muitos jornais e sítios online - seria também curial que a mediasfera reconhecesse que aprende com a blogosfera, e que a forma de estabelecer relações sérias e duradoiras passa pela transparência, pelo reconhecimento, pela citação devida das fontes, em suma pela seriedade no trabalho que se faz.
  • É que até aqui muita coisa mudou neste campo de relações. Vejamos: dantes um jornalista tinha só o seu "boss" à perna; hoje ele tem uma carrada de formigas - que são todos os bloggers que o vigiam. E são esses vigilantes que, não raro, falam pelo próprio jornalista, assumindo o papel de porta-vox. Esta alteração do quadro de relações sociais irá colocar novos desafios à própria democracia e à manutenção do sistema político tal como ele existe hoje.
  • O ideal seria que destas novas interacções o cidadão ficasse mais exigente, mais ilustrado, o Estado melhor preparado para lhe responder, a democracia florescesse e, se possível, se não fôr pedir muito..., que os tais jornalistas de poltrona cessassem o "trabalhinho" menos honesto que tantas e tantas vezes fazem - que só os afasta da concretização dos ideais que aqui cultivamos. Veremos se o Macroscópio - com todo o esforço teórico-conceptual que tem dedicado a esta problemática, não ficará a pregar no deserto - que, consabidamente, não tem água, e arrisca-se a ficar também sem areia por causa dos ventos e contra-ventos...que, se não tivermos cuidado, podem cegar.

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O génio de Bruno Bozzetto: viver num apartamento...

  • - Como será viver num apartamento? Será que ele tem razão?
  • - Pois eu creio que sim, e o papel dos génios é esse mesmo: narrar em 3 min. aquilo que outros jamais conseguirão fazer em resmas de sebentas anquilosadas.
  • - Dedicamos este post ao Bruno Bozzetto e também ao Carlos Francisco - e sua família, em particular à "Anocas" que foi operada e agora ainda está mais "braza" como o Verão em curso - por nos ter chamado a atenção deste magnífico trailer, afinal um lapidar retrato do mundo contemporâneo, muito em particular daqueles que vivem encaixotados em coelheiras - como diria um outro amigo meu.
  • - Julgo que valerá a pena visionar o trailer. Veja, pense e medite - mas, pfv, não repita o exercício!!! So let's look at the trailer... (aqui).

  • A três animais que há dias conheci no Galeto: Zora, Puppy e Shushy With Derek's regards...

A mudança provocada pela BLOGOSFERA

Em lugar de ter a Internet que os técnicos inventaram, estamos a encontrar-nos com a Internet que merecemos.
  • Bruce Sterling

De facto, é aterrador ler isto mas, ao mesmo tempo, teremos de reconhecer que a Blogosfera está a mudar a nossa relação com a informação, com o trabalho, a organização da produção e a geração do saber, com as pessoas, as instituições, com o Estado e a sociedade civil, enfim, com todos os agentes sociais, económicos e culturais. No domínio profissional, social e do lazer..., nada escapa a esse efeito devastador de mudança, ainda que imperceptível. Parece até que esta faceta da alfabetização digital é uma componente essencial da própria alfabetização geral e de formação da personalidade do indivíduo.

Recordo-me ainda a triste figura que fiz em 2002/03 - ao levantar o meu PC numa empresa que reparava computadores - e de ter perguntado ao técnico de serviço, par hazard, o sócio-gerente que se dizia ser um expert em informática (no hard e no software..):

  • Olhe preciso de um site, sabe como isso se faz? - Respondeu-me que isso seria uma operação muito delicada, morosa e com alguns custos. Pelo que teria primeiro de ir falar com um engenheiro para me montar o site. O assunto morreu alí, porque uns dias depois um amigo a quem contei a estória riu-se na minha cara e perguntou-me se já tinha ouvido falar no blogger...

domingo

Rebuçado Dr. Bayard - por Ena Pá 2000 - M.J. Vieira

  • Tratando-se de um blog de Marketing gostaríamos de saber o que o Marketeer500 pensa do assunto... E se lhe faltar a voz numa reunião importante no momento em que você é o centro das atenções.. Como reagir?! Presumo que resolver este problema espelha a mesma dificuldade do que (tentar) vender um pente a um careca... Em ambos os casos se exige perícia.

As escolhas de Marcelo

Já aqui temos discordado de algumas opiniões (mais quadradas) comentadas por Marcelo R. de Sousa na RTP. Hoje confesso ter gostado de o ver e de o ouvir em todas as frentes: doméstica e internacional. Parece que o que não vai bem é uma certa mafia do meio "futebolítico" que funciona como um estado dentro Estado não obedecendo a nenhuma lei e instalando só a confusão na cidade. Igualmente bem esteve Flôr Pedroso, uma das melhores jornalistas políticas, que, por momentos, ía ficando como o camarada jerónimo de sousa aquando das eleições presidenciais - chegando mesmo a ficar afónico facto que o obrigou, então, a abandonar o estúdio. E por causa disso ainda conseguiu ter uns votinhos a mais... O povo português tem sempre muita compaixão dos desvalidos... Veremos agora no lamentável epifenómeno de Setúbal se tem uns votinhos a menos... Por isso, e como esses momentos em televisão devem ser muito delicados, felicitamos aqui Flôr Pedroso por ter dado a volta ao assunto, que é como quem diz - aproveitou bem os 5 min. de prosa de Marcelo - que continua uma máquina voadora com hélices de ideias na cabeça - para retemperar a vox e olear a laringe. Não sofra mais, tome os rebuçados Dr. Bayard...

Tecno-modernices

Passar o rato pela cara (Link) (Picada no Jumento)

Imagination, Ilusion

Ilusion...

A economia portuguesa à luz do Ornitorrinco

Meus senhores, não estamos a tentar perceber se isto é tourada. Nem sequer a tentar perceber se o Ornitorrico (ver post infra) seria um castor, uma toupeira ou um pato. O que sugerimos é que se o Ornitorrinco se deparasse com uma "tourada" destas talvez achasse estar diante um sarilho superior aquele que limitou Kant ou deu pasto à teoria cognitiva de Umberto Eco - para a compensar. Estes raciocínios - por analogia - são hoje cada vez mais necessários na blogosfera - cruzando a filosofia, a semiologia, a ciência política, a sociologia, a psicologia e outras ciências sociais (ocultas). E julgo que o são por uma questão simples: cada vez mais hoje nos aparecem coisas fora do molde, como o ornitorrinco - esse watermole - como lhe chamaram inicialmente. Assim sendo, poderemos concluir que isto também não é uma tourada qualquer, pode representar a economia portuguesa...

O Ornitorrinco e a Blogosfera: tributo a Umberto Eco

O ornitorrinco é um animal estranho, muito estranho. É achatado e parece que foi concebido para desafiar a imaginação do homem e toda a classificação científica sobre ele. Mede cerca de meio metro, pesa mais ou menos 2 quilos, tem o corpo achatado coberto de pêlo castanho-escuro, não tem pescoço - como certas pessoas - e tem cauda de castor; tem bico de pato, de cor azulada por cima e rosada por baixo, não tem pavilhões auricolares e as suas quatro patas confinam com cinco dedos palmados, mas com garras, vive debaixo de água, aí se alimenta, pode ser considerado um peixe, a fêmea põe ovos, mas aleita as suas crias, embora não se vejam os bicos das testas, nem, de resto, se vêem os testículos nos machos, que são internos. Parece um animal do outro mundo, feito de bocados de outros animais (daí a analogia com a blogosfera). Mas o genial Umberto Eco, conhecido escritor, esteta e semiólogo, além de muitas outras coisas só próprias dos génios, elabora um pensamento sobre o animal para relativizar as categorias analíticas de Kant, ou seja, correlacionando-o ao pensamento de Kant de modo a analisar um problema filosófico acerca das categorias interpretativas que permitem ao Homem conhecer, apreender, compreender o mundo exterior através de narrativas inteligíveis. Em termos práticos, Kant havia teorizado os princípios à priori - tempo e espaço - , mas perante o Ornitorrinco (que é estranho até no nome) - Kant - encontrar-se-ía sem conceitos adequados para o descrever, já que se trata, como vimos, dum animal que parece (ao mesmo tempo) uma toupeira, uma lontra, um castor e até tem um pouco de pato. Voilá, o ornitorrinco. E o homem - o que é senão essa adaptação múltipla ao meio: leão, raposa, lobo, cordeiro, borrego e às vezes um grande cornudo, ainda que seja o último a sabê-lo... A questão que se coloca, por analogia à própria blogosfera, é como é que os naturalistas poderiam descrever um animal que ainda não tinham descoberto, já que os conceitos disponíveis não eram suficientemente elásticos para o descrever. Neste caso, que nome dar à "coisa" que se desconhece? Daí o problema do conhecimento colocado pelo Ornitorrinco, uma questão eminentemente filosófica e epistemológica. Ora bem, com o Rizoma - que anima a Internet - coloca-se recorrentemente esse problema, dado que nela emergem coisas, situações, relações, processos, estruturas, interacções para os quais ainda não há conceitos devidamente estabilizados. Quando isso sucede na blogosfera poderemos dizer que estamos diante o problema do Ornitorrinco. A blogosfera é indizível, vai muito além do jornalismo clássico, surpreende pela velocidade, pela expertise, pela rede de conexões que ostenta, pelo software social que influencia, enfim, pelo efeito agregador, explorador e pelo empower que transfere para os indivíduos.. Não obstante tudo isso, caímos num drama e numa armadilha do qual ainda não saímos:
  • O drama é que falamos quase sempre em generalizações e as coisas são singulares. Por outro lado, a linguagem que utilizamos nomeia mas, ao mesmo tempo, obscurece as evidências existentes.
- Também isto é estranho, tal como o Ornitorrinco da Austrália..., e a blogosfera que colonizou o mundo: o de fora e o de dentro...
  • Post dedicado, naturalmente, a Umberto Eco, ao seu génio e ao seu trabalho sobre Kant e o Ornitorrinco

Umberto Eco olhando para um ponto fixo: será para Kant, para o Ornitorrinco ou para a dona mais bela de Itália...