segunda-feira

O estado do jornalismo nos "States" vs blogosfera

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In our inaugural report, we suggested that the heart of that declining trust was a “disconnect” over motive. Journalists see themselves as acting on the public’s behalf. The public believes they are either lying or deluding themselves. There was further evidence of that skepticism in 2005. The Pew Research Center for the People and the Press found that 75% of Americans believed that news organizations were more concerned with “attracting the biggest audience,” while only 19% thought they cared more about “informing the public.”1 (...) The percentage of people who believe that criticism of the military weakens American defenses has been rising as well, and in 2005 reached its highest point (47%) since 1985 (then 31%).3 But the declines in public confidence are hardly across the board. While esteem is still down from the mid 1980s, more Americans see the press as moral than in recent years (43%, up from 39% in 2002). More see the press as willing to admit mistakes (28% vs. 23% in 2002). More see the press as “highly professional” (59% vs. 49% in 2002).4 (...) The public is also more inclined than a few years ago to favor the press’s right to report on stories that it considers of national interest over the government’s need to censor to protect national security. Following the terrorist attacks of September 11, only 39% of Americans thought it was more important for the press to be able to report, while 53% favored government security. By February 2006, the numbers had reversed, with 56% favoring reporting to 34% more concerned with government security. (...) No magic formula seems embedded in the numbers. Some of them rise and fall with the news. During 2005, the press helped Americans know about Hurricane Katrina, the Asian Tsunami, secret security prisons abroad, and later, in early 2006, about the Bush Administration’s conducting domestic wire tapping without first getting court warrants. Whether that performance influenced the approval numbers is difficult to know. What does seem consistent is that the public apparently appreciates the idea that the press is aspiring to work in the public interest, trying to get it right, trying to be aggressive. People have serious doubts about whether journalists live up to those ideals, and they are disposed to think that money, rather than the public good, drives press behavior.
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  • -Image Hosted by ImageShack.us Depois de ler este Relatório sobre o estado da arte da informação nos media clássicos - que aqui designamos por mediasfera - julgamos oportuno fazer algumas relações, comentários e críticas, especialmente numa época em que os jornais, revistas, tvs - enfim os media tradicionais - deveriam ter a humildade de aprender algo com alguma da melhor blogosfera que se vai fazendo mundo fora, até em Portugal, e não, como sucede, salvo raras excepções de citações de jornalistas assimilados/integrados na engrenagem da mediasfera que também têm blogs - mas omitem generalizada e deliberadamente as fontes que surrateiramente consultam "queimando", assim, os princípios deontológicos que subscreveram na sua profissão ou carteira profissional. É um pouco, mau grado a comparação, como o médico dizer a 2 pacientes de uma comunidade - onde se encontram por azar 2 ciganos - que todos são tratados salvo os de étnia cigana. Este é, em nosso entender, a conduta que hoje, regra geral, a mediasfera tem relativamente à blogosfera portuguesa.
  • - Matérias produzidas e analisadas no Macroscópio já foram depois plagiadas noutros meios sem citação de fonte, e o mesmo se passa com muitos, muitos outros blogs que fazem um trabalho original, com criatividade e com seriedade e transparência - linkando sempre que possível autores de outros conteúdos que podem valorizar-nos. O Jumento, por exemplo, e que é um exemplo já bem conhecido entre nós, até com fotos suas indevidamente esbulhadas, já tem denunciado essa espiral do plágio. Ora é contra este fenómeno deliberado de gate-keeper sistemático das fontes que, enquanto investigador e (subsidiáriamente) enquanto blogger me insurjo. Penso que é legítimo fazê-lo, julgo mesmo que é minha obrigação aclarar o pouco que sei destas relações obscuras entre mediasfera e blogosfera.
  • Dito isto, caberá integrar aqueles factos problemáticos na nossa teorização e experiência portuguesa que vamos tendo desta actividade de blogging, enquadrando, relacionando, tentando compreender como os meios de comunicação de massas e a Internet se relacionam entre si, e depois como tudo isto interage (ou não!!!) com esse diamante mais perfeito e madura do Rizoma que é a blogosfera - de que o Macroscópio é apenas um elo duma vasta cadeia que opera em tempo real: argumentando, fiscalizando, vigilando como muitos erros e exageros à mistura, naturalmente. Eu próprio os cometo, eu próprio os corrijo. Temos, aliás, muitas dúvidas e poucas certezas... Pela minha mão ou por sugestão alheia, como já tem sucedido, e fico sempre grato por isso.
  • Contudo, antes de entrarmos própriamente nos comentários aos factos produzidos naquele Relatório, caberá referir que as mudanças trazidas pela blogosfera são imensas, múltiplas e profundas - ainda que imperceptíveis, como temos referido. É como se não víssemos o vento a passar por nós, apenas o sentimos, embora saibamos que ele passa a grande velocidade. Um exemplo que ilustra isto: na mediasfera há um jornalista, repórter, wherever - que produz uma matéria, assegura a sua redação, e depois o seu editor, director corrige-a (ou não). Ou seja, o jornalista é vigiado e controlado de perto pelo seu superior hierárquico que lhe faz as correcções, e lhe diz que lugar os factos que narra devem ocupar na hierarquia da sua redação. Desta feita, o editor/director funciona como uma espécie de watchdog do seu próprio jornalista. Depois a história é publicada, ganha foros de cidade e um, dois, uma dezena de bloggers - apanham essa notícia e faz um comentário sobre ela: criticando-a, elogiando-a e/ou promovendo-a ou enviando-a para o "tarrafal" das notícias.
  • Quer isto dizer que em 1º lugar o jornalista é controlado pelo seu editor, depois da matéria publicada aparece-lhe o "fiscal" da blogosfera (que em muitos casos, diga-se em abono da verdade - tem condutas lamentáveis, na forma e na substância, denotando também uma arrogância mitigada com ignorância que até chateia..., temos de ter paciência também para com estes agentes da soberba e da irrelevância cultural que julgam que o mundo se reduz ao fundo do seu bolso vazio) que lê essa matéria e a elogia ou critica no seu blog. Regra geral, citando a fonte donde extraíu essa notícia, ao invés da conduta mais lamentável e censurável dos editores de jornais, articulistas, opinionmakers de coisa nenhuma (às vezes sofisticados plagiadores cujos conteúdos e redação se desmontam em dois tempos). Portanto, logo aqui - neste equilíbrio precário - há um fosso entre a conduta da blogosfera e da mediasfera.
  • Para acudir a estas disfunções, errros, omissões e até má fé, talvez não fosse má ideia que se criasse em Portugal uma espécie de OBSERVATÓRIO DA BLOGOSFERA - cuja missão seria zelar pela qualidade das relações no seu seio e entre ela e os media tradicionais, regulada por um corpo de regras deontológicas a fim de evitar esta selva em que todos vivemos, com esbulhos múltiplos à mistura feitos todos os dias, com acusações, recriminações, ofensas, ameaças e muitas, muitas outras coisas denunciadas por um blog famoso de Pacheco Pereira (o Abrupto) que, no capítulo das enormidades que se deixam nas caixas de correio por parte desse trolls - merece o nosso consenso. Ele poderia bem utilizar toda a influência que tem - dentro e fora da blogosfera - para zelar por este tipo de iniciativa cujo fim seria exclusivamente regular a selva de relações que hoje campeia entre estes diversos ciber-actores e potenciar a qualidade da blogosfera com regras e observando standards mínimos no plano ético. Quem sabe se até muitos dos deputados, dos políticos, dos agentes da alta Administração do Estado não aderissem a esta nova onda de "institucionalização" da blogosfera de qualidade em Portugal!!! Fica o desafio a todos os homens de bem que se preocupam com este tipo de questões. Até porque a credibilidade decorre sempre duma interacção e não de uma coroa que o monarca tem na cabeça - mas que depois nada faz pelo seu povo. Ora, o objectivo dessa busca de qualidade blogosférica - que hoje manifestamente não existe - visará ilustrar cidadãos mais exigentes e informados, que possam na mediasfera e na blogosfera realizar um trabalho de superior qualidade, recolhendo informações com critério, citando devidamente as fontes, filtrar antes de publicar, em suma, observando regras claras que assegurem e reforcem essa qualidade.
  • Feitas estas considerações já estamos em condições de nos abalançar sobre o cerne da questão desta equação: porque razão a maior parte das pessoas - que informam a chamada Opinião pública - (nacional e internacional) perderam a confiança nos agentes tradicionais da informação? Como, de resto, se comprova pela leitura daquele Relatório, que aqui nos serve de ponto de partida.
  • Será porque se trata de informações oficiais e, por essa razão, merece o natural descrédito das pessoas - que só vêem nessas agências potentados económicos mais precupados em consolidar resultados de "bilheteira" ou posição no ranking das demais empresas congéneres com quem entram em concorrência selvagem para disputar um lugar ao sol? Será por causa da facturação? reflexo da lamentável concentração económica a que as empresas deste sector últimamente têm sido objecto por parte de algum empresáriado.
  • Sendo certo que muitos dos jornalistas que asseguram esse trabalho de "consulta" à blogosfera - aí bebem e depois omitem as fontes - tendam a dizer, prontamente, que operam no estrito interesse público animados pela busca da verdade, mostrando como são isentos e imparciais, regras que qualquer jornalista que se preze defende. Essa será, naturalmente, a sua perspectiva socioprofissional, a qual não coincide, como bem sabemos, com a percepção mais generalizada do público que pensa, por seu turno, que essas agências de informação ou empresas do sector - têm um objectivo primordial a atender: a prossecussão do lucro, do prestígio e de um conjunto de estratégias de poder que servem aos seus grupos económicos, aos seus accionistas - que nem sempre se harmonizam com os interesses e as legítimas expectativas dos mercados a que se destinam: o público.
  • Desta feita, fica a descoberto a desarmonia dos interesses entre os objectivos de muitas agências de informações, jornais, revistas, tvs e os públicos a que se destinam. Mas como grande parte desse público tem pouca massa crítica e vive alienado, não percebe o que se passa nos corredores desses poderes, nem sequer as escandaleiras que têm afectado imensos jornais e jornalistas que dentro e fora de portas têm falsificado documentos, fontes, análises - regra geral motivados por motivos de índole pessoal, financeira/económica, por mero capricho ou de vendetta pessoal. Infelizmente, estas são algumas das razões ou os móbeis do "crime" de desinformação a que hoje - bloggers ou não - todos estamos mais ou menos sujeitos.
  • Até porque hoje são em reduzido número os empresários que controlam o grosso das publicações. Sem querer farpear o grupo impresa de Balsemão - atente-se nos múltiplos meios de que dispõe no mercado: Não será demais? Gostaríamos de saber o que o sr. prof. Francisco Pito Balsemão acha desta pequena concentração, já que é (ou era) docente nessa área da Universidade Nova. Será que as acusações que muitas pessoas e instituições respeitadas dirigem ao seu grupo são fundadas? Seria um bom tema de Verão para o debate do PSD - que anualmente monta tenda em Castelo de Vide - sob o título pomposo de jornadas ou curso de Verão - com a finalidade de descobrir novos valores, novos líderes políticos. Fica mais esta sugestão aos poderes e aos micropoderes que navegam pelos interstícios do Poder.
  • Por outro lado, este Relatório que aqui nos serve de referência reflecte ainda outro aspecto: o estrondoso crescimento e consumo de ciber-informação. Eu sou apenas um pequeno exemplo: não compro um jornal de papel há 3 anos, consumo tudo via net. Revistas idem, idem... E muitos farão o mesmo - representando só aqui um grande prejuízo para as ditas publicações que outrora capitalizavam à conta do leitor. Hoje, creio, que é esse desfalque que a mediasfera também não perdoa aos ciber-consumidores, e uma das "armas" que têm para os punir é, precisamente, omitir as fontes de inúmeros desses blogs que hoje já fazem um trabalho diário na Rede muito superior aos jornais ditos de referência: em produção de análise, em grafismo, em produção de reflexão, em criatividade, em profundidade no tratamento das matérias - em tudo. Só a arrogância e a soberba de alguns jornalistas de poltrona impede fazer esse reconhecimento óbvio - à vista de todos. Além de lhes estragar o negócio. E ninguém lúcido quer "dar o ouro ao bandido"...
  • Complementarmente, muitos bloggers são já hoje vistos como elementos credíveis na cadeia de produção de informação e análise. Mais do que nos media tradicionais. Não só mais credíveis, como também mais rápido e mais barato - e são todos estes factores que, combinadamente, vão dando a machadada nos instrumentos do jornalismo tradicional - que cada vez vende menos publicações - e quando inverte essa tendência é, lamentavelmente, por recurso às velhinhas práticas de noticiar as grandes broncas, os casos de pedofilia, alguns crimes passionais, os fait-divers do Jet-9, alguns incêndios e muita-muita bola - nesta rotina e espuma dos dias.
  • Daqui decorre uma outra grande conclusão: é que os bloggers (alguns deles, evidentemente!!!) são já hoje vistos como agentes/actores de confiança, não só porque não têm nenhum editor/director por trás deles cortando ou censurando aquilo que eles querem ou não escrever, como também não dependem económicamente desta actividade - ao invés dos jornalistas que vivem sob ambas as condicionantes: a editorial e a económica. Além da organizacional, já que os jornalistas trabalham para empresas ou organizações que têm de apresentar resultados e algumas até são cotadas em bolsa - muitas delas regidas por regras pouco flexíveis e muito pouco sensíveis à partilha de informação com os demais operadores do meio.
  • Feliz ou infelizmente, até neste domínio os bloggers levam vantagem moral, além da expertise de conhecimentos que trazem para o sistema ou para a galáxia de informação global que passou a engrossar os fluxos do Rizoma. Ao mesmo tempo que os media tradicionais estão limitados por meios, tempo e dinheiro ao ter de cobrir o mundo inteiro nas peças que fazem e depois nos entram casa-a-dentro e, não raro, nos tiram o apetite para concluir o jantar. Aqui aproveito para elogiar muitos desses repórteres competentes e dedicados, como Carlos Fino e outros, que fazem do risco um modo de vida. Alguns também já são bloggers, e ainda bem porque partilham links, qualificam a blogosfera, trazem mais transparência e credibilidade a toda a galáxia de relações em tempo real.
  • Portanto, a grande questão que aqui queria partilhar era a de saber - se cada um de nós "ler com olhos de ver" aquele Relatório - o pode aplicar ao seu país, à situação concreta da sociedade em que se insere? Pela nossa parte, e para nos subtraírmos a tomadas de posição ambíguas, cremos que grande parte daquele retrato se nos aplica perfeitamente. Mas essa é apenas a opinião do Macroscópio. Outras haverá, porventura.
  • Mas agora falo também como investigador. Aparte estas guerrazinhas de alecrim e manjerona, que espero se resolvam com um inteligente esprit de síntese a contento de todos os operadores que "mexem" na informação, do facto de operar na blogosfera nasce um método de trabalho que é verdadeiramente alucinante. Não só por que é próximo do trabalho de sapa que um jornalista tem de fazer - talvez por isso eles se sintam tão "despidos" quanto banalizados - doravante - mas, ao mesmo tempo, porque a blogosfera coloca problemas metafísicos, filosóficos, epistemológicos e semiológicos verdadeiramente alucinantes e para os quais não há respostas imediatas.
  • Julgo, a concluir este extenso artigo - para o qual pedimos alguma compreensão - dada a natureza mais densa desta exposição - que só por estas últimas razões já terá valido a pena os génios da informática e do ciber-mundo terem descoberto esta hiper-ferramenta de partilha de conhecimento. A coisa mais desagradável que poderia suceder a esta reflexão seria que amanhã ela fosse lida como um esquema para denunciar as fragilidades da mediasfera ou até pôr a nú a vulnerabilidade do jornalismo ante a emergência do blogosfera. Não é esse o nosso propósito, que isso fique claro. Até porque defendo uma complementaridade entre ambos os meios (que hoje já existe tímida e secretamente, como uma relação incestuosa entre Carlos e Maria Eduarda d'Os Maias)de modo a fazer melhor aquilo que cada um, isoladamente, não consegue assegurar. Portanto, esta reflexão visa tão somente alertar para aquilo que muitos de nós já sabem: é que as pontes de diálogo e de cooperação serão sempre muito mais proveitosas do que os muros do silêncio, dos plágios e da manutenção sofisticada da omissão cirúgica de informação.
  • Então, se hoje um simples blogger - como o Macroscópio - é capaz de reconhecer que depende de muitos jornais e sítios online - seria também curial que a mediasfera reconhecesse que aprende com a blogosfera, e que a forma de estabelecer relações sérias e duradoiras passa pela transparência, pelo reconhecimento, pela citação devida das fontes, em suma pela seriedade no trabalho que se faz.
  • É que até aqui muita coisa mudou neste campo de relações. Vejamos: dantes um jornalista tinha só o seu "boss" à perna; hoje ele tem uma carrada de formigas - que são todos os bloggers que o vigiam. E são esses vigilantes que, não raro, falam pelo próprio jornalista, assumindo o papel de porta-vox. Esta alteração do quadro de relações sociais irá colocar novos desafios à própria democracia e à manutenção do sistema político tal como ele existe hoje.
  • O ideal seria que destas novas interacções o cidadão ficasse mais exigente, mais ilustrado, o Estado melhor preparado para lhe responder, a democracia florescesse e, se possível, se não fôr pedir muito..., que os tais jornalistas de poltrona cessassem o "trabalhinho" menos honesto que tantas e tantas vezes fazem - que só os afasta da concretização dos ideais que aqui cultivamos. Veremos se o Macroscópio - com todo o esforço teórico-conceptual que tem dedicado a esta problemática, não ficará a pregar no deserto - que, consabidamente, não tem água, e arrisca-se a ficar também sem areia por causa dos ventos e contra-ventos...que, se não tivermos cuidado, podem cegar.

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