terça-feira

O Implacável Antagonista Somos Nós Mesmos - por Philip Roth -

 A AMÉRICA ESTARÁ HOJE CONFRONTADA COM ESTA IMPREVISIBILIDADE, E ATRAVÉS DELA O MUNDO INTEIRO. DAÍ O PERIGO DO NOSSO TEMPO.

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O Implacável Antagonista Somos Nós Mesmos

Resultado de imagem para Philip Roth, frasesO trajecto era interminável. Teria deixado escapar uma volta na estrada ou a próxima morada seria aquilo mesmo: um caixão que conduzíamos pelas trevas sem espaço, contanto e recontando os eventos incontroláveis que nos levaram a transformarmo-nos em alguém imprevisto. E tão depressa! Tão rapidamente! Tudo fica para trás, a começar por quem somos, e a certa altura indefinível acabamos por compreender parcialmente que o implacável antagonista somos nós mesmos. 

Philip Roth, in 'Teatro de Sabbath' 
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quinta-feira

Evocação de Vergílio Ferreira e de Sartre - irmão de pensamento do humanismo existencialista -

Vergílio Ferreira (1916-96)

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O inferno são os outros, - dizia Sartre.
E é sobretudo por isso que se usam óculos escuros (in Pensar)Resultado de imagem para Jean Paul Sartre e Vergílio Ferreira

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  • A nota ganha particular relevância a avaliar pelo belo dia de sol que hoje esmaga o Portugal continental. Uma brasa...
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quarta-feira

Passos Cuelho e o salário mínimo: too mu(t)ch...

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O ex-delegado do diabo Wolfgang Schaüble em Portugal - afirmou hoje na Assembleia da República a seguinte pérola: "o salário mínimo foi aumentado demais".

- Vindo de alguém que desconhecia as suas obrigações contributivas perante a Segurança Social (e foi relapso no seu pagamento durante meia dúzia de anos, e só as pagou porque foi descoberto pelos jornalistas de investigação);

- Vindo de alguém envolvido na Tecnoforma (com o seu amigo Miguel Relvas, o turbo-licenciado), uma empresa de formação profissional para sacar fundos ao Estado;

- Vindo de alguém que ultrapassou a Troika pela direita e impôs um regime austeritário em Portugal, empobrecendo os portugueses e destruindo boa parte do tecido empresarial - só pode ser um elogio aos trabalhadores, quer do sector público a quem esbulhou as reformas e pensões, quer os do sector privado a quem tirou qualidade de vida por imposição da maior carga fiscal desde 1974. 

Em face do exposto, alguém sugira ao pupilo de Schaüble um curso de formação avançado na Síria - com um One ticket way... 

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O regresso de George Orwell - via Trump - numa América guiada pelo ódio, medo e revanchismo

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Nota previa: Quando a guerra é paz, o medo é liberdade, a bondade é maldade e assim por diante..., estamos todos conversados..
- Vale a pena regressar a George Orwell e ao seu romance - 1984 - (escrito em 1949) para recordar as práticas dum regime totalitário e repressivo. E de como uma sociedade colectivista, que supostamente defenderia o povo e o bem comum, pode assumir traços da mais pérfida oligarquia capaz de eliminar quem a ela se opuser. 


- Todavia, o regresso a Orwell fará ainda mais sentido se correlacionarmos a sua narrativa com a psicografia da "nova besta" que assumiu altas funções na sala oval, como PR dos EUA. Este, assim como é relatado no romance do jornalista e escritor, desenvolve um culto duma personalidade algo intimidatória (visível na relação com os media, e não só...) e põe a tónica em mecanismos de fiscalização, controlo e censura acerca daquilo que os outros pensam, dizem e fazem. Trump é assim: uma espécie de "cão de guarda" do pensamento dos outros. 

A avaliar pela personalidade e comportamento da besta negra da nova América, o registo das suas intenções e decretos presidenciais (quer na esfera do proteccionismo económico, quer no isolacionismo político) só podemos ajuizar por futuras invasões na área dos direitos do indivíduo e a um esquema alternativo de conceber, simular e divulgar factos, ou factóides, que, em rigor, traduzem as maiores deturpações da realidade - desde que elas sirvam para justificar a impreparação técnica, cultural e política de Trump enquanto PR dos EUA. 

O jornalista e também político George Orwell - designava esses esquemas como o "duplipensar" e "novilíngua", e a conduta da besta negra não veio inaugurar nada de novo na história da cultura, apenas veio adensar os perigos da eliminação da democracia e da instauração duma pequena ditadura que, seguramente, terá  os dia contados. Resta saber com que estragos para o mundo, e para a América, o seu mandato vai ficar na história negra deste primeiro quartel do séc. XXI.
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"1984" no top de vendas após "factos alternativos" de Trump








O clássico romance, sobre uma sociedade que vive sob um regime político totalitário e repressivo, e em que os factos são distorcidos e suprimidos numa nuvem de "noticiários", chegou ao primeiro lugar do top de vendas da Amazon, depois de uma subida constante nos últimos dias, que o levou a superar a lista de best-sellers.
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Evocação de Jorge Luís Borges - Nostalgia do Presente -

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Nostalgia do Presente

Naquele preciso momento o homem disse: 
«O que eu daria pela felicidade 
de estar ao teu lado na Islândia 
sob o grande dia imóvel 
e de repartir o agora 
como se reparte a música 
ou o sabor de um fruto.» 
Naquele preciso momento 
o homem estava junto dela na Islândia. 

Jorge Luis Borges, in "A Cifra" 
Trad. de Fernando Pinto do Amaral 
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terça-feira

O regresso das fronteiras -por Luís Meneses Leitão -

Nota prévia: É uma reflexão que resume eficientemente o espírito de desconstrução da integração económica dos últimos 50 anos, e, com ela, o "abate a tiro" - através do proteccionismo mais atávico - daquilo que se convencionou designar por globalização - via integração económica - baseada nos grandes espaços e de que a União Europeia foi, até há pouco tempo, paradigma. Contudo, veremos se a Europa encontra nesse proteccionismo e isolacionismo norte-americanos a resposta integrada a esse desafio, ainda que as previsões, com o Brexit à cabeça, sejam pessimistas.

E Portugal, já formulou um plano B para a eventualidade de querer sair do €uro? 

- Parece fazer sentido esta preocupação. Ou o inverso, com mais e mais INTEGRAÇÃO e União Europeia. 

- Mas onde estão esses líderes, essas políticas e esses eleitorados?

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O regresso das fronteiras, jornal I

Luís Meneses Leitão

A semana que passou ficou marcada por duas importantes comunicações políticas. Logo no início da semana, a primeira-ministra britânica, Theresa May, cuja completa indefinição sobre os termos da saída do Reino Unido da União Europeia já lhe tinha garantido o epíteto de Theresa Maybe, veio afinal optar agora por um corte radical entre o Reino Unido e a União Europeia, o denominado hard Brexit. O Reino Unido abandona, assim, definitivamente o mercado único, a fim de recuperar o controlo sobre a imigração europeia e a possibilidade de impor taxas alfandegárias às importações.
Já no final da semana tivemos o discurso da tomada de posse de Donald Trump, que confirmou totalmente ao que vinha. Para ele, os EUA andam há muito tempo a proteger as fronteiras dos outros países, quando deviam era proteger as suas. No seu discurso, a palavra de ordem foi muito clara: a América primeiro, o que significa comprar americano e contratar americano. Vão existir, assim, fortes restrições à contratação de trabalhadores estrangeiros e o presidente já anunciou a imposição de pesadas taxas às empresas que coloquem as suas fábricas fora dos EUA.
É impossível não ver a mudança de paradigma que isto representa para a economia mundial. Até agora tínhamos assistido a sucessivos fenómenos de integração económica regional e até mesmo mundial, com a globalização a ditar as suas regras. Agora, duas das principais economias do mundo enveredam pelo protecionismo, dando um golpe mortal nos espaços económicos regionais de que faziam parte, a União Europeia e a NAFTA. Se tiverem sucesso, todo o processo de integração económica ficará em causa.
Na verdade, como o estado do processo de integração europeia já está a demonstrar, a integração económica só funciona em épocas de prosperidade, quando há dinheiro para distribuir. Quando a crise chega, a solidariedade acaba e os países querem é proteger os seus cidadãos. E, nesse aspeto, as fronteiras são o instrumento principal para assegurar essa proteção. As fronteiras estão de volta e agora é cada um por si. Habituem-se.
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O que é bom para a General Motors é bom para a América e vice-versa...

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Charles Wilson foi um ex-Secretário de Estado da Defesa norte-americano (1953-57) que serviu a administração do Presidente D. Eisenhower e era o CEO da multinacional General Electric.[link] Uma ocasião perguntaram-lhe se ele poderia tomar uma decisão livre enquanto responsável pela Defesa cujos efeitos poderiam ser conflituantes com os da multinacional que também representava. 

Então, C. Wilson respondera - como quem faz a quadratura do círculo - que poderia conciliar as duas situações (a política e a empresarial), já que o que era bom para a General Electric era bom para a América e vice-versa

Se fizermos a transposição dessa formulação de micro-política e de contexto internacional do pós IIGM para os nossos dias, em que a América "ganhou um novo presidente" (talvez o mais impreparado da sua história constitucional), o que podemos afirmar é que aquela conciliação de interesses é posta abruptamente em perigo e questiona o equilíbrio internacional das demais nações que há muito praticam o comércio internacional, ainda que de forma regulada por acordos bi e multilaterais. 

Trump tem dado sinais e actuado colocando tudo em jogo, fazendo perigar os equilíbrios internacionais do pós-IIGM. A saber: 

- A NATO está desactualizada e de pouco serve, além de que a América de Trump não quer continuar a pagar pela Defesa dos outros (leia-se, os Europeus que não pagam as quotas desse esforço de Segurança & Defesa); 
- Implodiu o NAFTA - o acordo comercial livre entre o México e o Canadá; 
- Entende que o projecto da União Europeia pouco interessa, especialmente agora em que não se vislumbra objectivo estratégico nem lideranças capazes de dar novo rumo a essa moribunda Europa, que é tudo menos "solidarista"; 
- Prevê que além Brexit - com a saída do RU do projecto europeu (excepto a moeda, que continuava autónoma da moeda única) - outros países seguiram o exemplo do velho aliado da América, o que também interessa a Trump, pois uma Europa fraca permite um agigantar da América, mesmo escolhendo os perigosos trilhos do proteccionismo económico e do isolacionismo geopolítico.

Vertentes que irão, seguramente, abrir espaço à mega-economia da China e à imperial ambição da Rússia (que trabalha para restaurar o império) para preencher esses novos vazios nos domínios económico e geopolítico.

Desse modo, o que era bom para a multinacional General Electric, há 70 anos, seria também enriquecedor para o tecido conjuntivo da América do pós-IIGM sem, com isso, penalizar as economias emergentes do Velho Continente, como a Alemanha, por ex., que estava a reerguer-se da destruição nazi e dos danos que sofreu pelas forças aliadas que conseguiram terminar a guerra e negociar os termos da nova ordem internacional regulada na conferência de Yalta, em 1945.

Hoje, ao invés, o que é - ou será (!??) - bom para a América do troglodita Trump não é, seguramente, bom para o mundo, pela incerteza e riscos económicos, militares e geoestratégicos que uma liderança impreparada e virulenta irá colocar no teatro da decisão internacional. 

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O legado dum ano de Marcelo em Belém. Perguntas sem resposta






Marcelo, goste-se ou não dele, tenhamos votado ou não nele para Belém, alterou a vida pública em Portugal neste último ano. Além de ter distendido as relações institucionais entre os portugueses, que com a troika trouxe tensão e conflito, ele tem coadjuvado o governo na obtenção de resultados políticos de que a concertação social foi uma meta. Uma meta agora questionada por precipitação política de A.Costa, o chefe da geringonça, e porque o PR incentivou esse acordo precário por falta de consentimento por parte das duas pernas da geringonça, e que a fazem andar: o BE e o PCP. 

Agora, o PR e o PM têm uma granada descavilhada nas mãos e que ambos, na medida das suas possibilidades, tentam resolver através dos dois palácios: o de S. Bento e o Palácio de Rosa/Belém.

Mas Marcelo fez muito mais coisas.Todavia, há coisas de nunca fala, nunca equaciona, nunca problematiza no espaço público. 

A saber:

- Marcelo nunca falou nas PPPs, fonte do maior sorvedouro do erário público;
- Marcelo nunca falou nas descomunais rendas da EDP que empobrecem os portugueses e limitam as possibilidades das empresas utilizarem factores energéticos de modo competitivo;
- Marcelo nunca tentou perceber como funciona a cartelização dos preços dos combustíveis que, em Portugal são um escândalo pela forma como os preços são fixados.

Será que Marcelo não conhece estas realidades e o seu impacto negativo na economia nacional? Será que não anda de carro? não consome energia? será que não tem amigos empresários que se queixam pela forma como a EDP fixa os preços descomunais da energia em Portugal? 

Será que Marcelo nunca falou com o seu amigo Ricardo sobre estas matérias!?. 

Por que razão Marcelo se acobarda ante estas gravosas questões que têm escavacado a economia portuguesa e empobrecido os portugueses?

É também por causa destas perguntas sem resposta que Marcelo ainda é um homem que merece muita reserva política por parte de milhares de portugueses lúcidos, por mais popular (ou popularucho) que ele venha a ser no decurso do seu mandato presidencial. 

Hoje faz um ano que assumiu funções em Belém, na qualidade de PR. 
- Força Marcelo, não te acobardes!!!

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segunda-feira

O Bloco Central de Palácios está vivo - por Pedro Adão e Silva -


Nota prévia: Uma reflexão lúcida de Pedro A. e Silva. Pois também quero crer que Marcelo precisa de ser moderado pelo Governo. Mas não deixa de ser interessante vislumbrar como é que o PM  (que fez um acordo com os parceiros sociais sem estar devidamente apoiado pela geringonça) encontra uma escapatória para o previsível chumbo da TSU que, pela 1ª vez, põe no mesmo barco político BE, PCP e PsD, que nem sequer chega a ser uma traquitana da Lapa..


Hoje, o Presidente traça a legislatura completa como cenário político viável, anuncia metas orçamentais ainda mais ambiciosas que as já de si ambiciosas apresentadas esta semana pelo primeiro-ministro, crescimento acima do esperado e, mesmo na frente bancária, afasta “peça por peça” as nuvens negras que vislumbrava na primavera.
Não sabemos, contudo, até que ponto esta versão de Presidente com discurso de executivo e a alinhar com o Governo não terá sido marcada pelo contexto das últimas duas semanas. É verdade que o que Marcelo disse corresponde a uma consolidação do entendimento que tem feito do seu mandato, mas talvez tenhamos assistido a um aumento de volume da mensagem, muito por força dos estilhaços políticos provocados pelo acordo de concertação.
O Presidente não só defendeu o acordo firmado entre Governo e parceiros sociais, como assumiu parte da paternidade do mesmo, afirmando que gostava mesmo que este tivesse sido mais amplo e com um horizonte de médio prazo. Leia-se, a desfeita de Passos Coelho não foi apenas ao Governo e aos parceiros sociais. Foi também uma desfeita ao Presidente da República.
Acima de tudo, representa um abalo no objetivo estratégico do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa: moderar a política portuguesa e construir um espaço de entendimento que compense o desvio de esquerda no Parlamento. Neste, como em muitos outros aspetos, os interesses de Costa e Marcelo são convergentes. A António Costa interessa ter um espaço para entendimentos alternativos aos da maioria parlamentar e Marcelo quer recentrar política e programaticamente os partidos do “arco da governação”. Passos Coelho, pelo contrário, sabe que a sua sobrevivência política depende da falência da geringonça mas, em igual medida, do fim do Bloco Central de Palácios, entre Belém e São Bento. Enquanto assim for, Marcelo e Costa continuarão a convergir e Marcelo e Passos, de forma mais ou menos escondida, continuarão a divergir.
O que a entrevista do Presidente da República mostra é que, a menos que surja uma crise profunda e inesperada, Presidente e primeiro-ministro continuam interessados em apoiar-se mutuamente. Pelo menos nos próximos tempos, a popularidade e a capacidade política de ambos depende da forma como conseguirem articular os seus interesses. O bloco central de palácios está vivo e Marcelo e Costa recomendam-no.
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sábado

O castelo moderno: o encastelamento da América de Trump

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Os castelos medievais estavam cercados por muralhas dentro das quais a aristocracia e os seus servos se protegiam dos inimigos. Com o passar do tempo houve uma evolução no pensamento político que passou a defender que a vida moderna se identificasse com a liberdade das cidades e os povos, as sociedades, as economias poderiam interagir umas com as outras através da criação de pontes que a todos beneficiavam. 

Nascera a ideia de que já não havia a necessidade de fechar portas e usar as velhas pontes levadiças, como víamos nos filmes que retratavam esse período da história medieval a caminho da idade moderna, feita de luzes e do racionalismo. Significa esta evolução de pensamento e de acção que, nos últimos três séculos, as ruas e as cidades se tornaram livres e esses espaços públicos passaram a ser ocupados pelas populações, sem exclusões.

Recentemente, a América contemporânea testemunhou um regressou ao tempo antigo, à divisão, ao apelo ao proteccionismo no plano económico e ao isolacionismo no plano geopolitico, com dispensa da NATO e implosão da UE que, aliás, é há uns anos um projecto falhado no Velho Continente. No fundo, uma reposição do encastelamento típico do idade medieval - com recurso às velhas pontes levadiças. 

Veremos, doravante, como o novel PR dos EUA, sem qualquer preparação política prévia, "irá proteger a América" do mundo e dos seus principais adversários, inimigos e aliados, desconfiando de todos em graus diferenciados. 

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sexta-feira

A investidura de Trump: o impossível acontece

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Foi investido no poder da República Imperial o homem mais impreparado, inculto, litigante, arrogante e soberbo de que há memória na história constitucional da América do Norte.  

Sem plano nem projecto, mas apenas eivado dum proteccionismo económico que pode conduzir a "guerras" (comerciais e de tipo militar) nas relações internacionais; litigante com a China, com o Ocidente europeu e, curiosamente, complacente com a Rússia de Putin - que este habilidosamente tem vindo a instrumentalizar para que que Trump destrua a NATO e, assim, abra caminho à nova Rússia para Oeste e, ao mesmo tempo, os EUA se libertem daquilo que hoje consideram um fardo ao nível do budget militar necessário para manter aquelas forças militares em prontidão no quadro da NATO. 

No fundo, a impreparação de Trump representa um risco acrescido para a humanidade - nos planos económico, militar, ambiental e também no âmbito dos valores democráticos, donde resulta uma regressão civilizacional da maior potência do mundo. 

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quinta-feira

arranjinhocosta.pt - por André Macedo -

Nota prévia: André Macedo faz um eficiente apanhado do último mês e meio neste Portugal da novela mexicana da CGD e, agora, complementado pelo folhetim da descida (não consentida pelo BE e PCP) da TSU visando a concertação social sem que, para o efeito, o Governo PS se tenha acertado com aqueles dois partidos que integram a geringonça e viabilizam o seu funcionamento. Ainda é cedo para avaliar se o risco é maior para Passos, ao ter feito o seu volte face relativamente a esta medida que no passado recente aplicou; ou se a geringonça sofre aqui o seu primeiro grande revés.
A sorte de A. Costa é que nesta guerra - o papel do PR, MRS, é também coadjuvante e crucial para o governo. A essa luz Costa e Marcelo funcionam como a bossa do camelo para Passos - e parece não haver dúvidas que o intuito é esmagá-lo. Através do "arranjinho", como sublinha o articulista.

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quarta-feira

Carta aberta de Silva Peneda a Pedro Passos Coelho - por José Silva Peneda -

Nota prévia: Isto não é uma carta ao líder da mais fraca oposição de que há memória no Portugal democrático, é uma encomenda de caixão (político) fino à Servilusa visando a pessoa do sr. Passos Coelho. 




Exmo. Senhor Dr. Passos Coelho
Presidente do Partido Social Democrata
Maia, 17 de janeiro de 2017
A decisão anunciada por V. Ex.ª, de que o grupo parlamentar do PSD votará contra um dos pontos do acordo celebrado em sede de concertação social fere muito gravemente a identidade do PSD e atenta contra o seu património. Ora, é sabido que quando se começa a alienar património, normalmente o que se segue é a falência.
Qualquer força política só tem credibilidade se for capaz de se apresentar na base de um conjunto de valores coerentes entre si e que a diferencia de todas as outras.
O PSD nasceu em condições muito difíceis, sem beneficiar de apoios internacionais, e cresceu com base num entusiástico apoio popular, muito assente nas classes médias e em muitos portugueses do meio rural.
"É sabido que quando se começa a alienar património, normalmente o que se segue é a falência."
Os valores fundamentais que caracterizam a identidade do PSD são a liberdade, valor supremo para a plena realização do ser humano; a valorização da chamada sociedade civil, em que o PSD é a força política que melhor soube encarnar o pensamento do bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, quando este escreveu: "Tanto do Estado quanto seja necessário, tanto da liberdade cívico-política quanto seja possível"; a importância do papel da classe média, pois o PSD desde o início percebeu que uma sociedade desenvolvida pressupõe uma classe média pujante; a existência de estabilidade política, como elemento basilar para o desenvolvimento; e uma visão de modernidade na forma de governar assente na valorização e no desenvolvimento de uma cultura de compromisso.
Ao contrário de outras forças políticas de origem marxista que querem impor as suas verdades, na base de uma pretensa vitória de uma classe social sobre as outras, o PSD, como partido interclassista que é, sempre entendeu que as melhores soluções para os problemas do país devem ser estudadas, analisadas, discutidas e decididas atendendo aos diversos interesses envolvidos. O crescimento económico e o desenvolvimento não resultam da ação de uns poucos, mas sim do esforço conjugado de muitos.
A concertação social é, por isso, um património do PSD, e prova disso tem sido o papel dos seus governos no desenvolvimento dessa plataforma de entendimento.
"Aceito o facto de o governo ter agido com ligeireza, não assegurando condições para assinar o acordo."
Sobre o recente acordo de concertação aceito o facto de o governo ter agido com ligeireza, não cuidando de assegurar que dispunha de todas as condições para assinar o acordo. Também aceito que se possa discordar da solução, relativamente ao desconto da taxa social única para os beneficiários do salário mínimo, muito embora eu próprio, como titular da área social em dois governos de Cavaco Silva, tenha adotado soluções idênticas, para ajudar a atenuar problemas relacionados com grupos sociais mais desfavorecidos em termos de acesso ao emprego como foram os casos dos jovens, dos desempregados de longa duração e dos deficientes, ou para serem aplicadas em regiões mais afetadas por crises económicas e sociais, como aconteceu na península de Setúbal e no Vale do Ave.
Mas tenho muita dificuldade em aceitar que, de forma direta e objetiva, o meu partido vote ao lado de forças políticas que nunca valorizaram a concertação social, nem o diálogo entre as partes, porque sempre tiveram uma conceção totalitária de exercício do poder.
"Tenho dificuldade em aceitar que o meu partido vote ao lado de quem nunca valorizou a concertação social"
Dos valores que atrás identifiquei como fazendo parte do património do PSD, um deles tem estado esquecido. Refiro-me à importância da classe média, fortemente fustigada durante a aplicação do programa da troika. Neste ponto, não me assiste o direito de responsabilizar exclusivamente o PSD, porque a criação de condições para essa desvalorização tem as suas raízes em governos do PS, mas também não deixa de ser verdade que os governos presididos por V. Ex.ª não evidenciaram sinais evidentes de preocupação com a derrocada que se abateu sobre grande parte da classe média no nosso país.
Mas agora, com a decisão anunciada por V. Ex.ª, a situação é pior porque o PSD criará uma rotura numa das suas bases identitárias, atentará contra o seu próprio património político e contra muito dos seus tradicionais apoiantes que estão nas pequenas e médias empresas, nas instituições particulares de solidariedade social, nas Misericórdias e em sindicatos da UGT.
"A decisão anunciada por V. Ex.ª criará [no PSD"
O PSD só foi um partido de roturas quando sentiu que algum dos seus valores fundamentais se encontrava ameaçado e, nessas alturas, soube portar-se com muita coragem e foi entendido pelos portugueses.
Os portugueses sempre identificaram o PSD como o partido que busca de forma incessante o compromisso.
É em nome desta componente ideológica e de toda uma coerente prática passada, baseada em valores que identificam o PSD como o partido português autenticamente social-democrata, que apelo a V. Ex.ª para que mude de opinião.
Cumprimentos.
José A. da Silva Peneda
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segunda-feira

Mário Soares 1924-2017. Já pode ser estátua - por Daniel Oliveira -

Nota prévia: Uma reflexão lúcida e realista por Daniel Oliveira que merece meditação.

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As escolhas que Soares fez, que lhe garantiram sempre novos inimigos, marcam a história de Portugal nos últimos 50 anos. Daniel Oliveira explica porquê, (in Expresso, link)





O maior elogio que posso fazer a Mário Soares é aquele que poucos farão por estes dias, em que a canonização simula consensos que nunca existiram: ele está entre as figuras mais odiadas e mais amadas deste País. Como apenas acontece aos políticos que fazem escolhas difíceis. E as escolhas que Soares fez, que lhe garantiram sempre novos inimigos, marcam a história de Portugal nos últimos 50 anos. Soares escolheu o combate ao fascismo e os saudosistas não o suportam. Escolheu a descolonização e os retornados odeiam-no. Escolheu a democracia liberal e a CEE e os comunistas não lhe perdoam. E cada escolha sua deixou tanto ressentimento por ser quase sempre decisiva para o que somos hoje. Tem a sua cota-parte de culpa em tudo o que de bom e de mau nos aconteceu desde o 25 de Abril. Essa é a qualidade que ninguém lhe pode tirar: não é inocente de nada. Felizmente, porque não há maiores inúteis do que os políticos que se banham nas águas puras das ideias e morrem sem culpa nem obra.
Com o papel que teve na nossa história, Mário Soares nunca se pôde dar ao luxo da coerência absoluta e da mera declaração de princípios. Isso é para os homens de religião. O seu percurso, as suas lealdades, até as suas convicções foram muitas vezes sinuosas, tendo apenas a democracia como único valor constante, o que não é pouco. Houve o Soares da austeridade de 1983 e o que combateu a austeridade de 2011. O que meteu o socialismo na gaveta e o que tirou, já na velhice, o radicalismo do armário. O que escolheu o lado dos EUA na Guerra Fria e se manifestou contra os EUA na guerra do Iraque. O que se abraçou a Cunhal no Aeroporto da Portela e combateu Cunhal na Fonte Luminosa. O que fez dupla com Zenha e enfrentou Zenha, foi amigo de Alegre e conspirou contra Alegre. O que foi desleal com os amigos de sempre e o que levou a lealdade para lá do limite da sanidade na prisão de Sócrates. Não foi apenas porque a realidade mudou e só os burros não mudam. Foi porque Soares sempre foi mais pragmático do que ideológico.
Enquanto o corpo deixou, Soares manteve-se em cena, sem nunca deixar que o transformassem numa figura de museu. Acreditou que todo o tempo de vida era o seu tempo. Na sua reeleição para Belém, em 1991, tinha conseguido 70% dos votos. Era o pai querido da Nação, principal referência política e moral da democracia portuguesa. Mas, com 80 anos, não teve medo de descer de um pedestal com que poucos poderiam sonhar para se candidatar de novo à Presidência. A política que reencontrou era muito diferente, com uma comunicação social muito mais agressiva do que no passado e um escrutínio muito mais apertado. Este já não era, afinal, o seu tempo.
Não vou fingir que venho do lado de onde vem Soares. Não me revia no que na sua vida foi excesso de tática e intuição e pouco de estratégia e convicção. No vício da política que valeu sempre mais do que a própria política. Mas tenho por Soares a admiração que se tem por quem foi intransigente na defesa da democracia e nunca quis ser uma estátua de si mesmo. Mesmo quando a estátua que estava encomendada, e que lhe era totalmente devida, era de pai fundador da nossa democracia. Como todas as contradições e erros que se exigem a quem faz questão de deixar uma marca da sua passagem pela vida, Soares mudou Portugal. E mudou-o para melhor. Agora sim, podemos erguer a estátua.

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domingo

MÁRIO SOARES (1924-2017) Mário Soares, um esboço biográfico (Parte 1) - por Vasco Pulido Valente -


Nota prévia: Um grande artigo biográfico de MS por VPV

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O Diário de VPV
A carreira de Mário Soares não teve nada de particularmente notável até 1962. Como muito boa gente começou aos vinte anos pelo PC, atraído pela aventura (e os perigos dela), pelo radicalismo e pelo facto simples de não existir na oposição qualquer outra alternativa. Com o PC e pelo PC trabalhou no MUD e, a seguir, na candidatura de Norton de Matos à Presidência da República. A “colaboração” com os comunistas, se assim se pode chamar, porque ele chegou a dirigente, não resistiu à ineficiência e à intolerância geral da seita. Em 1950, é expulso do “Partido” por “indisciplina” e “derrotismo”.
Isto, que lhe deu tempo para acabar de se formar em Histórico-Filosóficas e começar o curso de Direito, também o deixou isolado e sem destino político evidente. Fora a actividade platónica de um pequeno círculo de advogados da Baixa, não havia nesse tempo desértico nada a que ele pudesse aplicar a sua habilidade e energia política. De quando em quando, lá vinha um abaixo-assinado ou protesto de personalidades, que no fundo só serviam para actualizar os ficheiros da PIDE. A oposição foi um incómodo para a Ditadura, mas nunca foi uma verdadeira ameaça. Certamente sem grande esperança e por puro desemprego cívico, Soares funda em 1955, a Resistência Republicana com uma dezena de amigos, que não se distinguiu por coisa alguma na vida política portuguesa; e adere ao Directório Democrático Social de três figuras venerandas da democracia (António Sérgio, Jaime Cortesão e Azevedo Gomes), que eram um símbolo mais do que uma força.
Entretanto o mundo mudava. Em 1958, aparece surpreendentemente a candidatura de Humberto Delgado (com o apoio de Soares), que revelou ao melancólico país da Ditadura a extensão e a fúria de uma boa parte da população. E, em 1962, a chamada “crise académica”, para grande estupefacção dos próceres do regime, veio provar que nem com os filhos da burguesia podiam contar. Infelizmente, as relações entre os dirigentes da “crise” e Mário Soares não foram boas. Primeiro, por culpa dos dirigentes da “crise”, que com uma ridícula arrogância desprezavam a “velha” oposição republicana (mas não o PC). Eles mobilizavam de um dia para o outro milhares de estudantes, tinham uma espécie de imprensa (em stencil), tinham instalações, tinham automóveis e tinham dinheiro. E o que tinham os democratas da Baixa, excepto 30 anos de mal empregada indignação e de conspirações falhadas? Mas, fora isso, que já não era pouco, o pessoal do movimento académico, quando não militava no Partido Comunista, exibia – por competição e para defesa própria – um radicalismo que Soares já várias vezes rejeitara. A geração de 1962 ficou por isso longe da social-democracia europeia e do futuro PS até muito depois do “25 de Abril”.
De qualquer maneira estas pequenas questões domésticas interessavam pouco perante a guerra de África, que em 1961 começou em Angola. Dos políticos portugueses com uma certa notoriedade só Soares percebeu que a Ditadura deixara de ser um pequeno problema de um país pequeno e sem influência para se tornar um problema internacional, em que tarde ou cedo as grandes potências se envolveriam. A oposição já não se fazia, ou devia fazer, em Lisboa ou no Alentejo, mas na América e na Europa, principalmente na Europa. Em 1962, Soares transformou a Resistência Republicana em Resistência Republicana Socialista e, em 1964, criou na Suíça a Acção Socialista Portuguesa, uma maneira hábil de se ir ligando aos grandes partidos europeus.
Estabelecer a credibilidade da oposição portuguesa num Ocidente anticomunista e desconfiado era uma extraordinária tarefa para um extraordinário homem. Sem a sobre-humana simpatia e a sobre-humana confiança de Mário Soares talvez fosse impossível. Mas, pouco a pouco, ele conseguiu; e Salazar percebeu. O regime não se inquietava excessivamente com a agitação da Baixa ou com um ou outro protesto de estudantes, nem sequer com as raras greves que o PC ia promovendo. Mas Soares falando à solta na América, na Alemanha ou em Inglaterra, era um risco real, ainda por cima com uma guerra em curso e sendo ele advogado do general Humberto Delgado, que a PIDE matara. Salazar não hesitou em o desterrar para S. Tomé.
Quando ascendeu a Presidente do Conselho, Marcelo Caetano, provavelmente para mostrar o seu duvidoso liberalismo, arranjou uma tranquibérnia jurídica para permitir que Soares voltasse a Portugal. Voltou e imediatamente concorreu à eleição para a Assembleia Nacional (como na altura se chamava o “parlamento”) com uma lista de gente socialista ou próxima do socialismo, rompendo com a tradição de “unidade” anti-salazarista sob a qual o Partido Comunista se disfarçava sempre. Mais do que isso. Marcelo prometera eleições “honestas” (que evidentemente o não seriam) e Mário Soares trouxe a Portugal um grupo de inspectores da Internacional Socialista, que as declararam falsas. Dali em diante, a presença em Portugal do homem que o denunciara em público como mentiroso e que lhe retirara qualquer espécie de legitimidade era intolerável para Marcelo Caetano. Ameaçando Soares com a prisão e o desterro, Marcelo conseguiu que ele ficasse num exílio forçado até 1974. Mas perdeu mais com esta manobra do que ganhou. Por uma vez relativamente livre, Soares tinha tempo e meios para expandir e fortalecer a ASP, que em 1972 a Internacional Socialista admitiu como membro pleno; e para escrever um livro, o “Portugal Amordaçado”, publicado em francês. Mas nem nestes anos de solidão se aproximou dos novos “resistentes”, que haviam fugido à PIDE, à guerra e a Penamacor (uma unidade penal), e que em Paris se deixaram absorver pelo “renascimento marxista”, conduzido por um louco, Louis Althusser, que acabou por se proclamar um profeta e matar a mulher. De revista para revista, esta gente discutia com ódio teológico as miudezas da sua fé, enquanto Soares tratava do que era importante e consequente.
Por essa altura, já o império soviético se começava a desfazer. A Europa de Leste e a própria URSS estavam endividadas ao Ocidente até ao pescoço e a URSS, em particular, não queria pagar uma segunda Cuba ao dr. Álvaro Cunhal e mesmo depois do “25 de Abril” foi parca com o PCP e crítica da política “revolucionária”. A Europa ocidental, pelo contrário, ainda não sentia a gravidade da sua decadência e abria a porta a um (ainda modesto) alargamento. Soares já se tornara parte dessa Europa. Conheceu Brandt, Schmidt, Callaghan, Nenni, Mitterrand e a generalidade das grandes personagens que, tarde ou cedo, decidiriam do nosso destino.
Em 1973, fundara o PS na Alemanha, com dinheiro alemão e o patrocínio do SPD, e no dia em que desembarcou em Santa Apolónia não desembarcava sem apoios, sem um instrumento e sem um papel. Havia muita força sob a sua aparente fraqueza.
(continua)
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