O que é bom para a General Motors é bom para a América e vice-versa...
Charles Wilson foi um ex-Secretário de Estado da Defesa norte-americano (1953-57) que serviu a administração do Presidente D. Eisenhower e era o CEO da multinacional General Electric.[link] Uma ocasião perguntaram-lhe se ele poderia tomar uma decisão livre enquanto responsável pela Defesa cujos efeitos poderiam ser conflituantes com os da multinacional que também representava.
Então, C. Wilson respondera - como quem faz a quadratura do círculo - que poderia conciliar as duas situações (a política e a empresarial), já que o que era bom para a General Electric era bom para a América e vice-versa.
Se fizermos a transposição dessa formulação de micro-política e de contexto internacional do pós IIGM para os nossos dias, em que a América "ganhou um novo presidente" (talvez o mais impreparado da sua história constitucional), o que podemos afirmar é que aquela conciliação de interesses é posta abruptamente em perigo e questiona o equilíbrio internacional das demais nações que há muito praticam o comércio internacional, ainda que de forma regulada por acordos bi e multilaterais.
Trump tem dado sinais e actuado colocando tudo em jogo, fazendo perigar os equilíbrios internacionais do pós-IIGM. A saber:
- A NATO está desactualizada e de pouco serve, além de que a América de Trump não quer continuar a pagar pela Defesa dos outros (leia-se, os Europeus que não pagam as quotas desse esforço de Segurança & Defesa);
- Implodiu o NAFTA - o acordo comercial livre entre o México e o Canadá;
- Entende que o projecto da União Europeia pouco interessa, especialmente agora em que não se vislumbra objectivo estratégico nem lideranças capazes de dar novo rumo a essa moribunda Europa, que é tudo menos "solidarista";
- Prevê que além Brexit - com a saída do RU do projecto europeu (excepto a moeda, que continuava autónoma da moeda única) - outros países seguiram o exemplo do velho aliado da América, o que também interessa a Trump, pois uma Europa fraca permite um agigantar da América, mesmo escolhendo os perigosos trilhos do proteccionismo económico e do isolacionismo geopolítico.
Vertentes que irão, seguramente, abrir espaço à mega-economia da China e à imperial ambição da Rússia (que trabalha para restaurar o império) para preencher esses novos vazios nos domínios económico e geopolítico.
Desse modo, o que era bom para a multinacional General Electric, há 70 anos, seria também enriquecedor para o tecido conjuntivo da América do pós-IIGM sem, com isso, penalizar as economias emergentes do Velho Continente, como a Alemanha, por ex., que estava a reerguer-se da destruição nazi e dos danos que sofreu pelas forças aliadas que conseguiram terminar a guerra e negociar os termos da nova ordem internacional regulada na conferência de Yalta, em 1945.
Hoje, ao invés, o que é - ou será (!??) - bom para a América do troglodita Trump não é, seguramente, bom para o mundo, pela incerteza e riscos económicos, militares e geoestratégicos que uma liderança impreparada e virulenta irá colocar no teatro da decisão internacional.
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