sábado

Seguro quer que Cavaco convoque Conselho de Estado

Seguro quer que Cavaco convoque Conselho de Estado


Seguro quer que Cavaco convoque Conselho de Estado


Na reacção ao chumbo do Tribunal Constitucional a três normas do Orçamento do Estado, António José Seguro pede a convocação de um Conselho de Estado.
"Esperamos uma palavra do Presidente da República", que não se pode "refugiar em comunicados institucionais" perante um problema do país. O líder do PS entende que o caminho não pode ser o aumento dos impostos e que os partidos devem tentar encontrar uma nova solução. O PS está disponível para participar nesse processo, declarou.
Seguro criticou o Governo por "reiteradamente" violar a Constituição, afirmando que isso é "indesculpável". O caminho para ‘tapar o buraco’, antecipado pelo Governo, com o aumento dos impostos e mais cortes, não é para o líder do PS uma alternativa admissível. "É necessário parar com os cortes. Basta!".
Na declaração aos jornalistas, Seguro pronunciou-se ainda a favor da «renegociação das condições de pagamento da dívida do Estado».
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Obs: Embora seja uma "jogada de mestre", Cavaco, as usual, e em ordem a salvar a pele (a sua e a dos seus amigos políticos) fará orelhas moucas.É lamentável, mas é assim.  

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O precioso apoio de Belém ao cadáver adiado







Belém suporta politicamente Passos coelho, e é isso que neutraliza toda a oposição. O Tribunal Constitucional ainda é a única instituição que barra o caminho a um governo quase despótico e impreparado - que faz do imposto o guia de governação. O resultado está à vista: um Portugal cilindrado, destruído, sem esperança.


Este também é o Portugal de Cavaco, locatário de Belém. E assim se escreve mais uma página negra da história do Portugal contemporâneo. 

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Governo preparado para novo aumento de impostos

Governo preparado para novo aumento de impostos


Subida do IVA para 25% pode estar em cima da mesa. Primeiro-ministro voltou a admitir esta sexta-feira nova subida da carga fiscal.

Governo preparado para novo aumento de impostos

Depois do oitavo chumbo do Tribunal Constitucional nesta legislatura, tem a palavra o Governo de Passos Coelho. Que estratégias vai adotar para colmatar o buraco orçamental, superior a mil milhões de euros? [...]

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Obs: Esta coisa que alguns ainda designam de governo, mas que é, na realidade, um cadáver adiado, só conhece uma palavra sinónimo de governo - que é - aumentar impostos. Uma concepção de governo que desvirtua a própria democracia e trucida a coesão social e destrói literalmente o tecido económico nacional, já de si extremamente frágil. 

Isto não é um governo, evoca a imagem daquele mau adepto do Benfica que batia na mulher sempre que o seu club perdia. A metáfora é triste, mas este projecto de primeiro ministro é o símbolo da decadência e destruição de um país. 

Não merece nem mais uma hora no cadeirão de S. Bento. A sua continuação nele é crime de lesa-pátria. Até a malta do centro-direita mais lúcida e séria já compreendeu isso. 

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sexta-feira

Guterres e a envolvente política partidária

De fora, ou de dentro, o que dirá António Guterres da situação de alguma fragmentação interna e de luta pela liderança em que o PS entrou, após os magros resultados das europeias?! 

- O que diz o coração de Guterres?
- O que diz a razão do actual Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados (desde 2005) e futuro-candidato a Belém?

- Será que as respostas são previsíveis e lineares?
- Como seria hoje o sótão de Guterres...

Tudo questões que nem A. J. Seguro nem A. Costa saberiam hoje responder com exactidão. 

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Se Costa não conseguir, Seguro marca Congresso

Se Costa não conseguir, Seguro marca Congresso


Seguro quer obrigar Costa a demonstrar que dificilmente consegue apoios para convocar o Congresso. E, depois disso, marca-o ele.
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Guerra. Despiques entre Costa e Seguro vêm de trás.
Guerra. Despiques entre Costa e Seguro vêm de trás.  / Arquivo Expresso

A estratégia de António José Seguro aposta claramente na fragilização de António Costa. Ao
que o Expresso apurou, a direção do PS acredita que, nesta altura, o autarca de Lisboa 
"dificilmente" conseguirá reunir os apoios exigidos pelos Estatutos para a marcação de
 um Congresso extraordinário. "A única forma de haver diretas e um Congresso será só
através do secretário-geral, por vontade expressa da Comissão Nacional, das federações e
dos militantes o Costa não consegue", diz fonte da direção, lembrando: "Ele teve duas
oportunidades e não avançou porque não quis". Depois do ataque de Costa, anunciando a
vontade de concorrer a líder e fazendo saber que a contagem de espingardas estava a
começar a ser-lhe favorável, Seguro e os seus apoiantes respondem agora.  À letra.
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Obs: Uma guerra de personalidades e de nervos. A coligação ultra-liberal agradece. Entretanto, ainda não
se formaram ideias novas para mostrar que um difere do outro em prol do país. Este é o tempo dos golpes de
rins, o tempo do circo político que vai dar mais pão e espectáculo ao povo.

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quinta-feira

Guerras felinas Leones Vs Guepardos

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quarta-feira

Vangelis - conquest of paradise

Veremos qual a versão escolhida por António Costa para sonorizar o embate que se avizinha. Embora seja bom não perder de vista que o adversário é a coligação ultra-selvagem que se alapou em S.Bento, para prejuízo de todos os portugueses, até daqueles que votaram nela.  


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Os cálculos de António Costa - por Luís Menezes Leitão -

OS CÁLCULOS DE ANTÓNIO COSTA.

QUARTA-FEIRA, 28.05.14

Conheço António Costa há mais de trinta anos, desde os tempos da Faculdade de Direito, e sempre verifiquei nele a existência de uma grande ambição política, que alia a um enorme calculismo, gerindo o seu percurso ao milímetro. No PS Costa soube sempre estar do lado do vencedor das eleições internas, fosse ele Soares, Constâncio, Sampaio, Guterres, Ferro Rodrigues ou José Sócrates. Precisamente por isso a sua ascensão no PS foi sempre imparável, tendo estado sempre muito próximo dos sucessivos secretários-gerais e atingido quase sempre elevados lugares no Governo. Foi Secretário de Estado e depois Ministro dos Assuntos Parlamentares no primeiro governo de Guterres, tendo depois passado para Ministro da Justiça no segundo. Se nos Assuntos Parlamentares demonstrou capacidade política e facilidade de relacionamento com o Parlamento, factores essenciais num governo minoritário, já na Justiça não deixou saudades. Ainda hoje o sector se ressente das reformas disparatadas que António Costa então lançou. Precisamente por isso nesse Governo o Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Ricardo Sá Fernandes, resolveu intervir na área de Costa a propósito do caso Camarate, o que levou Costa a demitir-se com estrondo. A demissão só foi revogada depois de Guterres ter demitido Ricardo Sá Fernandes, o que demonstrou o peso político que Costa tinha.

O abandono de Guterres do Governo não perturbou a ascensão de Costa, que avançou logo para deputado europeu como nº2 da lista de Sousa Franco. A vitória de Sócrates em 2005 dá-lhe o lugar de nº2 do partido e do Governo, ainda que com uma pasta relativamente irrelevante, como a da Administração Interna. Com a defenestração de Carmona Rodrigues em Lisboa, António Costa vê a hipótese de encontrar um lugar que lhe permitiria posicionar-se para a sucessão de Sócrates, distanciando-se do seu governo, ou até para as presidenciais, à semelhança do percurso de Jorge Sampaio. A sua gestão de Lisboa tem sido um desastre, mas Costa tem um capital de simpatia e sempre teve boa imprensa, e os adversários que lhe apresentaram sempre foram muito piores que ele, o que tem levado os lisboetas a escolher o mal menor.

A vitória de António José Seguro no PS correspondeu, porém, à primeira vez em que Costa passou a ter como líder do seu partido um inimigo político. Por outro lado, os apoiantes de Sócrates desesperavam com o distanciamento de Seguro em relação ao seu antigo líder, pelo que naturalmente empurraram Costa para a liderança, no que pareceu um drama de Shakespeare. Mas o calculismo de Costa prevaleceu e não avançou contra Seguro. Não tinha a vitória assegurada e se avançasse corria o risco de perder o comboio das presidenciais, onde as sondagens o davam como a única alternativa da esquerda a Marcelo.

Esse comboio foi, porém, perdido há dias com o inesperado avanço de Guterres. Com o seu mandato na Câmara esgotado, Costa percebeu por isso que tinha que apear Seguro, para o que contribuiu o resultado decepcionante das eleições europeias. Se esses resultados fossem de legislativas Seguro seria amanhã Primeiro-Ministro num governo de bloco central com o PSD, projecto que anda a ensaiar há bastante tempo, que corresponde aos desejos de Cavaco, e parece ter pelo menos a complacência de Passos Coelho. Para a grande maioria dos militantes do PS isso seria, porém, um cenário de terror, só admitindo um governo à esquerda com o PCP, à semelhança de Sampaio em Lisboa, ou pelo menos com Marinho Pinto. Costa percebeu assim que tinha uma alternativa política a Seguro e decidiu apresentá-la aos militantes.

Se houver congresso, os militantes do PS vão votar assim entre duas alternativas: um governo PS+PSD liderado por Seguro ou um governo PS+PCP (ou Marinho Pinto) liderado por Costa. Quanto à actual maioria, os seus 27% representam em primeiro lugar o descalabro do CDS, a quem as sondagens dão pouco mais de 2% e corre o risco de desaparecer do mapa político. O PSD vai sair disto com cerca de 24% dos votos, destinado apenas a servir de muleta a Seguro, já que não o será seguramente de Costa. No fundo, estar-se-á a repetir agora do lado do PSD a sina do PS que depois de uma austeridade extrema ficou reduzido em 1985 a 20% dos votos, só vindo a recuperar 10 anos depois. Não sei é porque é que se insiste nesta deriva.

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O PS em ebulição pós-europeias e pré-legislativas

Imagem picada aqui


Dividido entre duas legitimidades, a instituída - ocupada por Seguro; e a da oposição interna, corporizada por António Costa. Ambas desafiam o PS e a generalidade dos simpatizantes - a repensar ideias que consubstanciam um programa de governo para disputar eleições em 2015 à coligação ultra-liberal e confiscatória actualmente no poder e apenas "segurada" pelo balão de oxigénio permitida por Belém, patrono desta medíocre coligação que tanto mal tem feito ao país e aos portugueses.

Com efeito, é neste colete-de-forças que se coloca a questão de saber quem melhor, na área do PS, poderá disputar as eleições legislativas em 2015. Quem melhor bate a dupla-maravilha de Passos Coelho e Portas em 2015: Seguro ou António Costa?

O aparelho do partido, com as suas federações e concelhias entende que é aquele; a sociedade civil pensa que Costa oferece mais garantias para bater esta direita com tique fascistas e imposteiras. Esta dualidade de opiniões conduz necessariamente a uma luta política interna dirimida num Congresso extraordinário. 

Por outro lado, há também uma questão de natureza pessoal (porque a política faz-se com pessoas!!) que divide os dois candidatos a PM pelo PS, ou seja, António Costa é mais velho e goza duma larga experiência governativa, tendo já ocupado várias pastas ministeriais e desempenha agora a função de edil da capital do país; ao invés, Seguro foi secretário de Estado da Juventude e ocupou outros cargos de menor responsabilidade, oferecendo no quadro das inevitáveis comparações um menor currículo e também menor projecção no plano nacional.

Veremos, doravante, como Seguro resiste ao cerco de Costa e debita ideias mobilizadoras em Congresso a fim de convencer os militantes, a sociedade e os media de que tem duas asas para voar; e, ao mesmo tempo, como Costa se diferencia do seu competidor para tentar conquistar os militantes e a sociedade - debitando um plano de governo para Portugal - simultaneamente diferenciador de Seguro e do actual governo - que tem enterrado Portugal e os portugueses vivos, tamanha é a carga fiscal e as erradas políticas públicas deste XIX Governo (in)Constitucional.

Sendo certo que do lado do poder, PSD-CDS, esta contra-natura coligação deverá olhar duma maneira para o PS liderado por Costa e doutra para o PS dirigido por Seguro, e do cômputo das duas ser-lhe-á talvez mais penoso enfrentar o PS de Costa, caso este venha a ganhar o congresso, a sociedade e os media.

Seja como for, ninguém se esquece daquele episódio melindroso espelhado na imagem supra em que Costa, dizendo desconhecer Seguro foi por este interrompido numa entrevista à SIC - por ocasião da realização de um congresso em que o edil fazia o seu comentário à estação de Carnaxide.

A reacção de Costa àquela "invasão" de Seguro no estúdio aberto foi sintomática:  abandonou a entrevista em pleno directo. Ora isto reflecte uma realidade pessoal, geracional e institucional que nunca poderá ser apagada da consciência de ambos e de todos aqueles que apoiam activamente um e outro candidato agora à  liderança do PS para conquistar o poder em 2015. 

Há memórias que o tempo nunca apaga, e elas são também o carburante necessário para dinamizar o futuro a fim de construirmos um presente mais promissor neste conturbado jogo do tempo. 



  • PS: Se atendermos ao miserável cv do actual PM, podemos supor que qualquer pessoa pode chegar ao vértice do aparelho de Estado, desde que seja persistente e tenha uma férrea obsessão pelo poder. 

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terça-feira

António Costa disponível para avançar contra Seguro

António Costa disponível para avançar contra Seguro

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ObsEntalado entre a bossa do camelo (medo de não avançar e receio de abrir uma cisão no PS nesta delicada fase), A.Costa - é, doravante, desafiado pela dureza dos factos a provar que será um melhor líder do PS e, consequentemente, um mais credível candidato a PM do que Seguro nas eleições legislativas do próximo ano. Certo, ou quase certo, é já o posicionamento de Guterres para Belém, o que só dificulta esta caminhada de Costa para o Largo do Rato tendo em mira o cadeirão de S. Bento a fim de substituir o actual cadáver adiado que lá se encontra.

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quarta-feira

Howard Zinn: guerra..




“Historically, the most terrible things - war, genocide, and slavery - have resulted not from disobedience, but from obedience.” 




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Obs: Em Portugal, pessoas como "passus cuelho" - que governa como aqui o escrevo, deveria, antes de gerir uma empresa ou assumir o comando dum governo de um país (nem que seja para o estragar!!) ler um pouco de história, conhecer mundo, enfim, cultivar-se. Não fazer nada disto e assumir os comandos de tamanha empresa, um país, nem que seja por puro engano, é também uma nova forma de "guerra, genocídio e escravatura" - dirigido contra as Pessoas, a Economia, a Cultura, lesando o conjunto das forças vivas e simbólicas que integram um país. 

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terça-feira

Evocação do historiador e cientista politico Howard Zinn



Howard Zinn quotes (showing 1-30 of 130)

“TO BE HOPEFUL in bad times is not just foolishly romantic. It is based on the fact that human history is a history not only of cruelty, but also of compassion, sacrifice, courage, kindness.
What we choose to emphasize in this complex history will determine our lives. If we see only the worst, it destroys our capacity to do something. If we remember those times and places—and there are so many—where people have behaved magnificently, this gives us the energy to act, and at least the possibility of sending this spinning top of a world in a different direction.
And if we do act, in however small a way, we don’t have to wait for some grand utopian future. The future is an infinite succession of presents, and to live now as we think human beings should live, in defiance of all that is bad around us, is itself a marvelous victory.” 


― Howard Zinn

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Dietas macacas - O grito do bugio



Estou em crer que este macaco está a tentar dizer que o PS é um vírus. 
Se assim for, devemos supor que a "inteligência do macaco" é infinita. 
Assim como a sua idiotice.

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Frases que merecem meditação


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Os estragos da troika - por Daniel Oliveira -



Os estragos da troika no seu laboratório


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domingo

Ode para o futuro - por Jorge de Sena -





Ode para o Futuro, aquiFalareis de nós como de um sonho. 
Crepúsculo dourado. Frases calmas. 
Gestos vagarosos. Música suave. 
Pensamento arguto. Subtis sorrisos. 
Paisagens deslizando na distância. 
Éramos livres. Falávamos, sabíamos, 
e amávamos serena e docemente. 

Uma angústia delida, melancólica, 
sobre ela sonhareis. 

E as tempestades, as desordens, gritos, 
violência, escárnio, confusão odienta, 
primaveras morrendo ignoradas 
nas encostas vizinhas, as prisões, 
as mortes, o amor vendido, 
as lágrimas e as lutas, 
o desespero da vida que nos roubam 
- apenas uma angústia melancólica, 
sobre a qual sonhareis a idade de oiro. 

E, em segredo, saudosos, enlevados, 
falareis de nós - de nós! - como de um sonho. 

Jorge de Sena, in 'Pedra Filosofal'

Tema(s): Futuro Ler outros poemas de Jorge de Sena 

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O país dos sacanas - Jorge de Sena -



porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma.

Jorge de Sena, em "40 Anos de Servidão"

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ObsE logo hoje, que aos sacanas que partem - a troika agiota - se reforça com os sacanas que ficam: o XIX Governo (in)Constitucional.
- Aposto que Passos Coelho, dentro da sua imediata e grandiosa mediocridade intelectual e pequenez cultural, nunca leu Jorge de Sena. 
- Doravante, não terá razões para o fazer. E mesmo que tivesse, aquela pequenez o impedia de o fazer.

- À Anália -  que aqui se lembrou de evocar JS. 
Evocação bem lembrada.

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sexta-feira

Thomas Piketty e O Capital no Século XXI

Thomas Piketty e O Capital no Século XXI




I. O que podemos saber sobre a repartição da riqueza e a sua evolução desde que existe o capitalismo? Se é certo que ela é sempre desigual, e se é certo que existem dados seguros para a estudar, pelo menos, desde o século XVIII em França, verificamos que essa desigualdade tem vindo a diminuir nos últimos 200 e tal anos? Ou, pelo contrário, tem vindo a aumentar? Como devemos aferir a justiça ou injustiça da repartição desigual da riqueza no quadro do capitalismo? O que nos diz ela sobre o próprio capitalismo como sistema de produção e distribuição de riqueza? Estas são as perguntas fundamentais do livro de Thomas Piketty, O Capital no Século XXI.
Quando o li, há umas semanas, estava ainda longe de imaginar o brutal impacto que ele viria a ter. Apesar das quase 700 páginas da edição inglesa, e das quase 1000 da edição francesa, atingiu recentemente a surpreendente condição de ser o mais vendido na Amazon. Paul Krugman chamou-lhe “o livro da década”. Stiglitz, Solow, Milanovic e outros economistas de topo foram igualmente elogiosos. Escreveram-se entretanto dezenas de recensões. Todos os dias aparece uma nova, ou mais do que uma. As recensões mais recentes são quase todas de economistas de direita que procuram pôr em causa as principais teses de Piketty. Outras são igualmente críticas, embora venham de economistas de esquerda. A estes, Piketty parece porventura demasiado favorável ao capitalismo; àqueles, demasiado hostil. De facto, a sua concepção do capitalismo implica, por um lado, prezá-lo como um extraordinário produtor de riqueza, de inovação, de tecnologia, de bem-estar, em suma: de desenvolvimento — mas, por outro, implica condená-lo como um sistema que tende a repartir a riqueza de um modo demasiado desigual e, na verdade, injusto e anti-democrático.
Felizmente, Piketty não escreve apenas para economistas, nem sequer apenas para especialistas das diversas áreas das ciências sociais e humanas. “A repartição da riqueza é uma questão demasiado importante para ser deixada apenas a economistas, sociólogos, historiadores e filósofos. Ela interessa a toda a gente, e ainda bem”, sublinha na introdução. Por esta razão, não há praticamente nada no livro que não esteja explicado de forma bastante elementar e clara — de tal forma, aliás, que o volumoso calhamaço se lê quase como um romance.    
II. Para ser mais exacto, o volumoso calhamaço lê-se como um livro de história económica e, em grande medida, é um livro de história económica. Esta é provavelmente uma das razões por que muitas das recensões escritas por economistas são tão negativas e, em muitos casos, distorcem tão gravemente as teses de Piketty (nalguns casos, isso explica-se também pelo facto de os recenseadores fingirem ler um livro que não leram). Alguns dos economistas que escreveram sobre o livro pressupuseram que as teses de Piketty não poderiam não pretender ter o estatuto de verdades a priori de um modelo económico — quando, na verdade, pretendem ter apenas o estatuto de verdades históricas e, portanto, empíricas; outros perceberam bem a sua natureza apenas histórica e empírica — mas consideraram que, precisamente por isso, o livro não prova o que pretende provar, sobretudo quando fala do futuro. 
Mas façamos a pergunta que todas as recensões têm feito e devem fazer: estamos, de facto, perante um livro que diz algo de fundamentalmente novo e muda a nossa forma de olhar para o mundo? um livro que faz avançar decisivamente a nossa compreensão do mundo em que vivemos e que, por isso, interessa, não apenas a economistas, e não apenas a sociólogos, historiadores e filósofos, mas, de facto, a toda a gente?
O livro é uma história do “capital”, como o título indica. “Capital”, para Piketty, tem um sentido lato (na verdade bastante conforme com o uso comum do termo), e significa o mesmo que “património”, ou “riqueza”: designa todo e qualquer “activo” (financeiro ou não financeiro, produtivo ou não produtivo) em que seja possível investir e que possa, por isso, proporcionar um retorno, seja este um retorno explícito (sob a forma, por exemplo, de rendas, dividendos, juros, ou lucros), seja um retorno implícito (como, por exemplo, a renda de habitação que não se paga quando se tem casa própria). Segundo Piketty, só este conceito de capital (nada usual na ciência económica) permite compreender o capitalismo e estudar a desigualdade económica no sistema capitalista — só esse conceito de capital permite desenvolver os métodos e explorar as fontes que conduzem à compreensão dos mecanismos da distribuição desigual do património, isto é, dos mecanismos que explicam a desigualdade não apenas (e não tanto) como um fenómeno resultante de diferenças salariais (ou de rendimentos do trabalho) quanto de diferenças na repartição da riqueza (e, portanto, no retorno do capital).
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Obs: Medite-se num tema crucial que se pode resumir assim: nunca tão poucos tiveram tanto, como sublinhámos aqui, noutro artigo em que Paul Krugman diz o que lhe vai na alma acerca das "novas" oligarquias socioeconómicas no mundo contemporâneo. 
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quinta-feira

A banha-da-cobra elevada ao hemiciclo




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Obs: O nível de degradação da actual maioria desse cadáver adiado que é o XIX Governo (in)Constitucional - não se circunscreve apenas à esfera política, económica e financeira; ela espelha também as suas opções e gostos presumivelmente de natureza "socio-cultural", e o resultado está bem à vida com este tipo de banha-da-cobra elevado ao Parlamento. Em breve, veremos a dissecação do livro de São Cipriano para aferir o modo como o governo nos espeta a todos, contribuintes, o seu punhal de prata. 

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Freitas do Amaral "Nova lei pode levar à privatização das praias"

Nova lei pode levar à privatização das praias
O Parlamento aprovou uma lei que facilita a vários proprietários de casas ou empreendimentos a menos de 50 metros do mar a árdua tarefa de provar que estão perante propriedade privada e não do Estado.

A estes proprietários será exigida, em vez de uma prova que remonta aos anos 1864 ou 1968, dependendo dos casos, apenas a apresentação de documentação administrativa municipal ou predial que remonte à entrada em vigor do licenciamento municipal dentro dos perímetros urbanos.

Contudo, se para os proprietários esta é uma boa notícia, nem todos estão de acordo. Freitas do Amaral entende estar “no caminho errado”, já que “podemos estar a destruir o domínio público hídrico”.

"Compreendo que situações como a vila de Albufeira, que está toda debruçada sobre o mar, sejam abrangidas por esta exceção. (Mas) “é grave se se estender isto a todas as praias, pois os privados poderiam começar a cobrar pelo acesso” afirmou, em declarações ao Expresso.

"Se continuarmos por este caminho, as praias são todas privadas e o Estado não recebe nada em troca", acrescentou. Na perspetiva do administrativista, o diploma que dita estas regras é "um documento perigoso” e gerará ambiguidade.

“Acho curioso que este Governo se preocupe tanto com os direitos adquiridos de alguns privados com casas ou empreendimentos hoteleiros junto ao mar e não se preocupe com os direitos adquiridos dos reformados", lamentou.

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Obs: O Prof. Diogo Freitas do Amaral há muito que sabe que este governo não conhece limites à sua heresia legislativa, e, agora, caso esta legislação comece a ser aplicada, o país está diante mais um crime de lesa-pátria que urge contrariar. 

Por isso é que o principal problema do país radica no próprio governo, em particular na sua cabeça, que carece de limpeza urgente. 

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quarta-feira

Ulrich Beck tem uma receita para salvar a Europa: construí-la de baixo para cima


Ulrich Beck tem uma receita para salvar a Europa: construí-la de baixo para cima

A União desenvolveu-se “através da cooperação transnacional das elites”, diz o sociólogo alemão AFP
Pediram-lhe que trouxesse uma reflexão sobre a Europa à abertura do VIII Congresso Português de Sociologia, esta segunda-feira, na Universidade de Évora, e Ulrich Beck levantou a questão “crucial”: “Como pode a Europa garantir a paz e a liberdade dos cidadãos face a velhas e novas ameaças e, desta forma, ganhar o apoio dos eurocépticos para um novo ‘sonho europeu’”?
O professor da Universidade de Munique, um dos mais influentes pensadores da actualidade, começou por lançar uma pergunta “simples” à plateia repleta de sociólogos: “O que é a Europa?” “Na verdade, na verdade, não há ‘Europa’; há europeização, um processo de transformação em curso”, avisou, conforme o discurso preparado a que o PÚBLICO teve acesso.
A ambivalência, explicou, marca a história comunitária. Por um lado, a União “permitiu à Europa libertar-se da sombra projectada pela sua história sangrenta”. Por outro, criou uma “Europa de efeitos colaterais”, que “vira a vida das pessoas de cabeça para baixo e, desse modo, provoca resistência nacional e étnica”.
O sociólogo alemão acha espantoso que o processo de integração europeia não siga um guião. A europeização é improvisada. E durante algum tempo a política de efeitos colaterais até parecia ter vantagens para quem a dirigia: “Não exigia programa político independente ou legitimação política”. A União desenvolveu-se “através da cooperação transnacional das elites com os seus próprios critérios de racionalidade”. O resultado, diz, está à vista: “uma Europa sem europeus”. E o reverso, em tempo de crise, não é um movimento pró-europeu, mas anti-europeu.
Os movimentos anti-europeus, defendeu o também professor da London School of Economics, estão a instrumentalizar as contradições deste processo. Não atacam apenas os muçulmanos ou os estrangeiros, também as “elites liberais”, que, na opinião de muitos, estão a destruir as identidades nacionais: acusam-nas de terem permitido a entrada de estrangeiros e de terem criado “a “União Europeia - essa abstracção demoníaca - e o Estado social no qual os outsiders estão a tentar sentir-se em casa”.
Ulrich Beck  encontra contradição neste sentimento anti-europeu. Apoiantes do partido anti-europeu UKIP, exemplificou, querem que a Grã-Bretanha se transforme numa espécie de Hong Kong. Ora, “o que quer que isso signifique até poderia ser bom para Londres, mas certamente seria um desastre para a província, onde a maioria dos seus eleitores vive”. O sociólogo enfatiza o paradoxo: “Nem o Sr. Wilders [nos Países Baixos]  nem Le Pen [em França] vão proteger os mais vulneráveis das forças do mercado global”.
Na sua opinião, se as elites querem acabar com esta “tempestade de ódio destrutivo, têm de ter alguma ideia de metamorfose social da Europa”. “Um sinal importante poderia ser - para pegar no Manifesto Português de Março de 2014 - pedir mais tempo para a integração económica, enquanto a Europa dá alguns passos para uma política fiscal e para uma política de investimento social comuns”, indicou.
Em seu entender, poder-se-ia “começar com medidas modestas” relacionados com protecção social, como o rendimento mínimo ou o subsídio de desemprego. E avançar para programas destinados a “actualizar as capacidades dos trabalhadores pouco qualificados”, sinal de que “a Europa a partir de agora iria construir a sua competitividade com base na competência - e não nos salários baixos.”
“Como pode a Europa superar a sua actual crise de convivência?”, perguntou. Há algo na Europa que a torne “sexy”? Hoje, é preciso ter uma visão cosmopolita até para perceber o desespero que fervilha nos subúrbios e transborda para os protestos anti-europeus. Por todo lado há pluralidade cultural - resultado dos fluxos migratórios, da Internet, das alterações climatéricas, da crise, das ameaças digitais.
À medida que a globalização vai esbatendo as velhas fronteiras, há quem procure novas. “Quem enveredar pela via nacionalista - e isso aplica-se não só a [Vladimir] Putin [Presidente da Rússia], mas de alguma maneira também ao Reino Unido, à direita e à esquerda anti-europeista na França e em toda parte - mais uma vez evoca a auto-destruição da Europa”, avisa.
Focando-se na Ucrânia, Ulrich Beck falou em “consequência paradoxal: a agressão étnico-nacionalista de Putin não é apenas assustadora para o Ocidente. É também unificadora. A chanceler alemã, Angela Merkel, usou uma notável e clara linguagem diplomática. Ela acusou a Rússia de recorrer à `lei da selva’ no conflito com a Ucrânia. Ela disse que, se a Rússia continuar com esta agressão, ‘nós, os Estados vizinhos, entenderemos isso como uma ameaça contra nós’.”
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Obs: Importa sublinhar que Ulrick Beck é, de par com Anthony Giddens, um dos sociólogos mais originais e influentes no mundo contemporâneo, e os seus trabalho têm-se destacado na área da globalização, modernização, questões ambientais e, claro, sociedade de risco, talvez o conceito que mais impacto teve entre nós nos últimos 20 anos. 
A leitura destas notas não trazem nada de novo às suas interessantes preocupações de ordem social: com o trabalho e as relações laborais, com a competitividade, com a reconstrução da Europa, com as elites medíocres que actualmente mandam nesta (des)Europa, enfim, com todo o contexto operacional em que o chamado capitalismo global tem destroçado as condições dos povos e das sociedades mais periféricas do sul da Europa, de que Portugal, Grécia, Espanha e outros têm sofrido os tais efeitos colaterais anunciado pelo sociólogo. 
Numa palavra: o pensamento crítico e reflexivo de sociólogos desta envergadura são, hoje, cada vez mais necessários aos processos de tomada de decisão que, intra e extra-muros se colocam ao processo de reconstrução europeia. 
E isso passa por revitalizar uma dimensão social, ou melhor, pela recuperação do pilar solidarista da Europa de Jacques Delors - que nada tem a ver com esta Europa de Durão e do directório germânico, que fragmentou a Europa e cilindrou o seu processo de decisão institucional bem como marginalizou as competências e atribuições que cada instituição da UE tinha até à hegemonia germânica (e francesa, vigente com Sarkozy).
Pelo que as propostas sociais de Ulrick Beck são tão oportunas quanto interessantes para a Europa emergente, na qual não tem lugar Durão e todos aqueles que fizeram da Europa instrumentos de poder pessoal para responder às carreiras que cada um traçou para si, em manifesto prejuízo do reforço do bem comum da velha Europa que agora precisa de renascer das cinzas e reconquistar o espaço, o poder, o status quo que já teve no passado recente. 
Sendo certo que muitas das ideias defendidas por Beck têm sido objecto de reflexão por António José Seguro, no âmbito do PS e do que este partido pensa acerca do que deverá ser a Europa no futuro imediato. 
Também aqui, esta consonância de pontos de vista pode tornar-se ainda mais interessante para reforçar certas posições europeias. 
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