sexta-feira

Casa de férias e o tempo outonal na Prima-Vera

Casa de férias na Alta de Carnaxide, com vista para o Cristo-Rei, Almada e nos dias mais primaveris avista-se Tróia. No Verão, com binóculos, consegue-se ver o ambiente nocturno na marina de Vilamoura e a lota de Quarteira, alí ao lado... Só não se capta o cheiro. Tem 3 asso., e cozinha. Apesar de ser um 4º andar não tem elevador. Daí o preço ser mais acessível: só - 500.000 €.

A imagem do lado direito é uma perspectiva do Outono na Prima-Vera.

Blogosfera hipnotizada. Duas reflexões:jornalismo político e a ameaça da blogosfera

Um breve olhar sobre a blogosfera-caviar que temos. Depois seguem duas reflexões mais sérias. Uma sobre o jornalismo político; outra sobre a importância da blogosfera na jornalada - que hoje se queixa da falta de fregueses. E em alguns casos a culpa não será certamente dos fregueses.
Notas prévias:
  • Basta um outlook pelos blogs ditos de referência que povoam a net para constatar o padrão do agenda-setting. Quer dizer, basta que Sócrates espirre e lá vão os cortesãos de serviço - dentro e fora da blogosfera - comentar o espirro; basta que se enuncie uma reforma, reforminha ou reformona - e lá estão os blogs do costume - especialmente aqueles que têm centenas de links mas que não vale uma bufa, acumulando toneladas de arrogância, narcisismo e outras pretuberâncias intratáveis. Tudo serve para comentar o pão-de-ló do dia: comentar as essências do Estado, a sua realpolitik, mas também os seus resíduos. Já para não falar nas polémicas da tanga entre escritores menores, ou lihgt, como se diz, em que o roto diz ao nú - porque não te vestes tu.
  • Parece, contudo, que a marosca funciona, e ambos - com a pub. manhosa, ficam a ganhar. Até apetece dizer, um dia destes vou para comentador desportivo, arranjo uma namorada da tv, pode já ser canastrona, e assim assumo à ribalta, às luzes da efeméride, e depois lá vou dizer as minhas baboseiras... Tenho é que me filiar no Benfica e pagar as cotas... Não faz mal de o cromo é ao mesmo tempo do Cds PP e do PsD... O que importa é aparecer a baboseirar na tv afirmando que por vezes a bola é quadrada e que o árbitro é um filho duma bela mãe.. A massa associativa que vê alienada o espectáculo lá em casa aprecia e aplaude.
  • No fundo, o que se pretende dizer aqui neste espaço franco e sincero - é que também a blogosfera, de forma acidental ou por entre outras tantas blasfémias, já foi tocada pelo amiguismo, pela selecção torpe, pelo elitismo primário, pela inclusão dos que bajulam na cadeia de links, pela república de citações auto-elogiosas, pelo ambiente pérfido de compadrio e cunhista que vemos na sociedade de carne e osso. Basta uma leitura apressada da blogosfera para corroborar estas asserções básicas.
  • Não obstante alguma qualidade crítica nesses blogs ditos de referência, e só me refiro a esses, a lei sociológica que julgo confirmar, fixa aquilo que é mais constante. A tal incapacidade para escapar ao efémero, para escapar às multidões de pensamentos que todos têm ao mesmo tempo - parecendo até que se copiam em tempo real numa rede de sexo em grupo. Será mero acidente? Será acidental? Não creio. Há por aí uma geração pseudo-liberal que transfere para a blogosfera os seus rancores pessoais, ódios de estimação, alguns lançam blogs só para bater aos pontos o número de visitas de outros blogs de referência existentes, etc, etc,e tc.. De certo modo, o espectro fez isso ao abrupto de JPP que aqui, em tempos criticámos, mas por outras razões bem diferentes.. Mas ao menos este tem a decência de colocar críticas no seu próprio espaço... Ainda que não pusesse, a blogosfera está repleta de imensos dogmas, de meninos bem, de famílias aristocratas já falidas, mas que apresentam o apelido para ostentar a riqueza doutros tempos, como no Leopardo de Visconti..
  • Outros dizem que vão partir, como se a sua ausência representasse uma perda para Portugal. Mais: uma perda para a humanidade. Vejo tanta, mas tanta soberba, tanta arrogância que a qualidade intelectual que, porventura, assiste nalguns desses acidentais de serviço é logo triturada na forma como manipulam as ideias, ou as opiniões que julgam ser ideias.
  • Hoje vai-se à net e - nos tais ditos blogs de referência - o que vemos, senão uma crítica circunstanciada à agenda do governo, aos vícios da República, ao sr. ministro que foi apanhado a fazer pi-pi com a gaita na mão, à formula salóia e narcísica de que o "meu" blog tem mais links, por isso é melhor do que o "teu". É para isto que estes gajos utilizam a net: para fazer uma fogueira de vaidades e fazer arder aqueles que não os bajulam. Os dogmas que vejo nascer, as omissões cirúrgicas relativamente a quem faz melhor, a selecção saloia e canalha da agenda, o orgulho besta, o amiguismo perverso são as regras funcionais entre esses (soit disant) blogs-guia.
  • Também eles estão doentes, só que não sabem que estão. São multidões enfurecidas, em busca de vendettas mais ou menos organizadas, que vêm doutras guerras, doutros funerais, doutros projectos editoriais que se acentuaram quando Durão cerceou a teta do poder e do dinheiro ao csd PP - deixando umas dezenas de pessoas penduradas que hoje andam por aí a malhar na blogosfera. É claro que Santana também é um sub-produto político desta ruptura feita pela ambição pessoal de Durão. Santana é um resíduo político, apesar de não blogar ou de nem sequer saber o que isso é.
  • Em inúmero casos são putos-charilas que se armam em novos senhores, que desejam feudalizar um determinado espaço de opinião - e, de caminho, pretendem renegar os deuses de véspera. Será isto acidental ou mais uma blasfémia? Ou ambas.
  • Basta ver os blogs que têm os tais links, e arrogam-se do tal linko-capitalismo para aferir a sua falta de personalidade intelectual. Parecem carneiros fugindo duma matilha de lobos que, por sua vez, tenta escapar a um incêndio devastador. Aquilo que de mau já sucedia na sociedade de corte e de carne & osso - é agora continuada na blogosfera - com aquela multidão de fiéis mais ou menos organizados que operam am alcateia, que se submetem à tal lei da unidade mental. Que se citam uns aos outros, como as cusquices das meretrizes que circundam nas avenidas a partilhar o que de mais íntimo têm.
  • Hoje o assunto é X, amanhã é Y, depois é Z. Nem pela via da blogosfera se poderá constatar o aparecimento duma personalidade consciente, virada para fora. Em certos casos, a blogosfera traduz um ambiente de seitas digladiando-se entre si obcecados que estão pela quantofrenia do tal capital-linkismo. Em certos casos o ambiente de tensão psicológica entre estas seitas é ainda pior quando o expresso queria engolir o independente, e este queria destronar aquele quando era liderado por P. Portas - que ainda não consegui ver na sic, porque me dá sempre vontade de fazer um retiro no WC.
  • Será isto a blogosfera nacional - tomando apenas por guia os tais blogs ditos de referência? Esta pode ser ainda uma linha de tendência ou um diagnóstico algo superficial, mas veremos (ou não) se a tendência se agrava ou se essa lei da unidade mental se dissipa. Seja como fôr - afigura-se-me que a tal personalidade consciente desapareceu. Comanda o efeito de sugestibilidade pelos tais blogs de referência que depois se transmitem aos demais por um natural efeito de cascata. E a dada altura estes comentadores pacóvios e salóios - que estão de serviço - nada mais fazem senão comentarem-se uns aos outros.
  • Fazem-no sob o efeito do tal contágio, da tal coacção psicológica - doutro modo a república das citações não funciona. O resultado disto é uma blogosfera - nesses tais círculos mais concêntricos - doente e ensimesmada, que passa a obedecer às sugestões dos operadores-mor - que acabam por condicionar o debate de ideias, vq, os blogs dependentes estão hipnotizados perante o hipnotizador. Será isto acidental ou uma mera blasfémia? Ou ambos.
  • No fundo, o que se pretende dizer aos majericos ensimesmados e narcisistas que pensam que criaram o mundo, pensando até que foram eles que deram ordem aos papás para darem a respectiva queca nas mamãs para eles nascerem, é simples: uma vez que estão hipnotizados com a feitura do processo de agenda-setting - sempre condicionado pelos actos do governo e por aquilo que é tido por notícia noticiável - perderam também a sua personalidade consciente. Perdida aquela perde-se também a vontade e o discernimento.
By the way: hoje qual é o prato do dia? A reforma administrativa do Estado, pois então!!! Tá claro. Nós, por aqui, somos mais primitivos e deixamos duas reflexões. Uma sobre o jornalismo político; outra sobre a ameaça que os blogs podem representar aos papéis que por aí andam e que ainda respondem pelo nome de jornais.
  • Jornalismo político pós-25 de Abril O jornalismo político é cada vez mais necessário mas, ao mesmo tempo, a sociedade imputa-lhe características omnipotentes, que o diminuem perante a possibilidade de análises distanciadas que possam ir além do circunstancialismo do momento. Com efeito, o jornalismo é cada vez mais um sistema de vasos comunicantes presente em inúmeros aspectos da vida social portuguesa, máxime na política. O que vemos se olharmos para a maioria dos jornalistas portugueses do pós-25 de Abril? Desde logo, pensam e operam em contexto de liberdade, depois todos têm cumplicidades ou engajamentos com cada um dos partidos do espectro político nacional. I.é, além do olho da câmara que filma sem ser censurado, salvo por motivos editoriais, grande parte dos jornalistas têm (ou tiveram) filiação partidária. O caso República é, de certo modo, um prenúncio do que veio a suceder depois com a Revolução dos Cravos. Foi esse jornal de resistência ao ancien regime que no auge do Verão Quente em 1975 foi tomado pelos tipógrafos comunistas, provocando uma revolta dos populares em frente à sede do jornal.
  • Foi, em parte, por causa deste engajamento ideológico que emergiu a necessidade dos primeiros cursos de jornalismo em finais da década de 70, por forma a criar um profissionalismo na classe jornalística que as condições históricas e políticas do Portugal de Salazar não permitiram. Paralelamente, assiste-se à criação de novos projectos editoriais e à reprivatização de jornais nacionalizados no pós-25 de Abril. O Público, de Belmiro de Azevedo, e o Independente, de Paes do Amaral, foram fortemente marcados por um cunho político: um do esquerda, o outro de direita. E assim continuam nos nossos dias.
  • Este último, pela mão de Paulo Portas (um ex-social democrata que não conseguiu fazer carreira no PSD), nasce da necessidade de derrubar o “cavaquismo”, injuriando e inventando, semanalmente, manchetes falsas sobre ministros pretensamente corruptos com o fim último de atingir o então primeiro-Ministro, Cavaco Silva. Curiosamente, o jornalista-guerrilheiro de outrora, que instrumentalizava obsessivamente o Independente na propaganda anticavaquista, representa hoje, disfarçadamente, o papel de homem com pose de Estado no sector da Defesa Nacional. Mas os tiques traem-no, revelando o postiço da situação. Ironias do destino, mas que têm explicação à luz das teorias da psicologia do poder e da desmedida ambição pessoal que alimenta: ser primeiro-ministro.
  • Mas foi a década de 90 que gerou as mudanças estruturais na sociedade portuguesa. O aparecimento da televisão privada, designadamente a SIC e depois a TVi – contribuíram – directa e indirectamente – para a tese da persistência e da consolidação democrática de um País que também estava a trilhar o seu caminho na integração da Europa, que se estava a alargar e a aprofundar. Foi todo este trajecto político, mas com nítidas ramificações económicas e tecnológicas e, sobretudo, na evolução das mentalidades, que abriu Portugal a uma nova galáxia de comunicação que não podia deixar indiferente o tradicional cinzentismo da velha, burocrática e previsível RTP.
  • Doravante, foi a sociedade que passou a falar em directo na televisão. Esta passou a espelhar o povo. O programa Praça Pública deu voz e imagem a esse novo quadro no panorama televisivo em Portugal. Apesar de todos esses avanços numa sociedade ainda pouco modernizada, será que houve, de facto, um saldo positivo no panorama estrito da informação? Será que à maior liberdade de expressão, à maior oferta de canais não se seguiu um manto de superficialidade e de amadorismo que passou a povoar as “privadas”? Fica a questão – um pouco na afirmativa.
  • E qual passou a ser, por extensão, a natureza da relação dos jornalistas com os agentes políticos? Designadamente, no plano governamental (leia-se, nos gabinetes ministeriais)? A história recente está repleta de casos de jornalistas que “saltaram” das suas redacções para os gabinetes ministeriais, violando o dever de conduta ética que a profissão impunha. Daí a necessidade de se criar uma Ordem de jornalistas para regular esses desvarios relacionados com a ambição de obter melhores remunerações e também mais prestígio social que a velha profissão de jornalista manifestamente não dava.
  • O desafio passou a ser harmonizar a qualidade profissional da classe com a observância de normas éticas para o sector sem perda de competitividade. Mas isso só não basta. Desde que se defenda que o que se espera de um bom jornalista não seja apenas a “fotografia” das coisas visíveis, esquecendo aquelas que sendo invisíveis (ou ocultas) acabam por tornar visível o que vemos.
  • Talvez seja relevante que os profissionais do sector passem a ter maior preparação sociológica, polítológica, económica, jurídica, filosófica e até teológica. Afinal, o homem e a maior parte dos factos (domésticos e transnacionais) comporta parcelas daquelas naturezas, e o jornalista clássico vê-se impotente em juntar aqueles pedaços.
  • Por isso, de nada vale que o jornalista seja um mensageiro só de narrativas dos factos visíveis: sem causas, consequências, significados, contextos, motivações, estratégias e o mais que os actores neste mundo de globalização competitiva introduzem (na complexificação) da realidade. Agora com meta-ocorrências, com inesperadas ficcionalidades geradas pela sobre-exposição da imagem global, como se o jornalista tivesse de manejar múltiplas máquinas abstractas, por meio de discursos, vozes, imagens, enfim, pelo texto dos textos que interpreta o mundo das hiperealidades.
  • O jornalista do séc. XXI está, hoje, confrontado com sucessivas ondas de desterritorialização alimentadas por acontecimentos transnacionais que transformam a profissão num risco (de vida) permanente e num devenir-devenir. Numa espécie de abismo centrípeto sem centro. Num simulacro onde nos entrevemos, sendo que a televisão é a fé da redenção da humanidade que nos lembra que tudo são, afinal, imagens. Imagens que nos libertam, mas também nos aprisionam.
  • Julgamos, em suma, que o papel do jornalista do séc. XXI convirja com o do cientista social, doutro modo não consegue enriquecer a realidade que narra. Mas se ele a narrar com “alma” também se consagra. Doravante, seria útil que quando a sociedade se referisse à classe pensasse que os jornalistas em Portugal não narram apenas a ponta do iceberg, mas também a massa (dos fenómenos) que está submersa.
  • 2ª Reflexão: A ameaça dos Weblogues O deserto de assuntos de relevância eminentemente política leva-me à avaliação da importância crescente dos blogues que, em Portugal, nascem à cadência de cem por dia. Podemos resumir esta quantofrenia referindo que no último século dispusemos, basicamente, de dois meios de comunicação: de um para muitos (livros, jornais, rádio, TV); e de um para um (cartas, telégrafo e telefone). Hoje, pela 1ª vez, a Net permite-nos comunicar de muitos para muitos e de alguns para alguns, o que acarreta profundas implicações quer para os antigos destinatários, quer para os actuais produtores de notícias que, sentados nas poltronas dos seus gabinetes editoriais, vêm agora esbatida a velha fronteira entre essas duas categorias. O novel presidente do CDS, o eurodeputado Ribeiro e Castro, espelhando o esprit do tempo novo, disse até que organizou a sua campanha por SMS. Translumbrante. Hoje, vemos no que está a dar a circunstância de dirigir o partido mantendo o posto de eurodeputado...

  • Se atentarmos na paisagem virtual em Portugal, verificamos que emergem dezenas de blogues de qualidade. Embora padecendo dos vícios apontados acima. Seria isso inevitável??? São, contudo, sistemas ricos, complexos e de retorno, como formigueiros, que nos explicam que o todo é mais inteligente do que a soma das partes. Na prática, os blogues permitem individualizar a comunicação, falar alto sem ficar rouco, e, por milhares de interacções, criar um sistema de comunicação global que cresce, como cogumelos, da base para o topo. O que só sucede com sistemas digitais - que dispensam as velhas hierarquias, embora elas persistam sob outras formas, vestindo novas roupagens na república de citações mais ou menos feudalizada, tecida por uma teia de amiguismo verdadeiramente lastimável. Mas é essa a condição humana, daí que a mesquinhez tende a acompanhar sempre a conduta do homem. E se o homem contagiou o ciber-espaço, tal significa que essa plataforma foi automáticamente contagiada por esses virús.
  • Eis o diamante da comunicação: o blogue, que se expande à velocidade da luz permitindo que todos nos tornemos editores, fazendo pequenos jornais online, tecendo hiperligações e notas que engrossam o caudal da (in)formação/opinião por uma ordem cronológica invertida, uma vez que o último blogue é sempre o 1º da página. Portanto, o velho jornalismo é agora desafiado pelo admirável mundo novo que já não depende só de profissionais da comunicação, mas em que os amadores são admitidos no clube. Com limitações que decorrem do tal amiguismo pessoal coordenado pelo rizoma da república de citações. E hoje, pelo que sei, creio que são os bloggers os pilotos da maior máquina do mundo.
  • Primeira consequência desta transmutação: o núcleo da autoridade no jornalismo clássico está a mudar, deslocando-se para a plataforma dos blogues. Que, por serem mais rápidos, ágeis e criativos na recolha, produção e manipulação de informação (e contra-informação), passam a vigiar as velhas “raposas” do jornalismo de poltrona. E ninguém gosta de ser vigiado na opacidade da sua caixa negra. Daqui decorre uma 2ª consequência: é que a comunidade “bloguista” não hesita em atacar os jornais, as revistas e outros media tradicionais devido à violação, real ou imaginária, dos princípios da verdade e da justiça. Ora para as velhas raposas, com baixa cultura científica & tecnológica - mas com elevada tarimba, isto é uma heresia na sala das máquinas.
  • É como se os soldados enfrentassem os generais numa paisagem virtual. É por isso que, de vez em quando vemos o ex-director do dn, o sr. Mário B. Resendes, administrador da PT - (será que Belmiro vai tolerar essas reformas de luxo quando a OPA se efectivar??? ou vai pôr essa gente a trabalhar...) - fazer umas citações de blogs amigos - que por já o terem citado - ele depois também os cita na folha de papel do dn. Amor com amor se paga. Mas este exemplo do sr. Resendes, tradicionalmente apoiante do PS e do dr. Soares em particular, é um entre vários, e apenas o citei por ser o que estava mais à mão da memória.
  • Todavia, Portugal goza já de inúmeros desses blogues de qualidade, que marcam o ritmo e formatam a opinião pública. Outros há, ao invés, que vivem numa relação parasitária com o seu autor. Refiro-me, por exemplo, ao Abrupto (de P. Pereira) que é um blogue-celebridade e reconhecidamente "fraco" pela comunidade dos bloguistas. Fraco no aspecto gráfico (embora os gostos não se discutam), pois uma opinião, um artigo de JPP pode valer muito no plano sociológico, e também valerá uns 150 cts no prato da balança contabilistica.
  • Mas o ponto é este: o jornalismo profissional, tarimbado, que se fecha em fortaleza porque sabe que é mais vulnerável, compreendeu os skills superiores vindo das margens do ciber-espaço que galgam para o centro. Questionando a hierarquia vertical do moderno jornalismo, já que foi notório que os directores dos jornais não souberam aceitar a pujança dessa mega-máquina para modernizarem atenpadamente as suas redações. Tal como jamais conceberam que os leitores pudessem estar na vanguarda em matéria de produção de informação. São hoje os mesmos, muitos deles, que já não sujam as mãos para comprar um jornal de papel porque o têm no ciber-espaço. Terá de pagar os acessos, claro está. O dn, valha-nos isso, ainda não pôs cadeado nos artigos. O que deve ter sido uma recomendação do sr. Resendes - antes de partir para a Pt.
  • Mas logo que os media perceberam o que estava a suceder, a cobertura arrancou. E os grandes meios de comunicação também quiseram acompanhar o ritmo reconhecendo, tacitamente, que algum do melhor jornalismo político estava no viveiro dos blogues, i.é, fora das fileiras do jornalismo de poltrona.
  • Porque era aí que eles eram mais eficazes no enquadramento/tratamento dado às notícias relativamente ao trabalho de sapa das agências noticiosas. Talvez não tenha sido por acaso que os militares de elevada patente tenham concedido grande importância a certos blogues (repositórios de ideias políticas) no âmbito da guerra do Iraque. Mostrando que o valor desse nicho de jornalismo de ideias já não se confinava às folhas de papel de jornais e revistas. Qualquer dia Marques Mendes sabe disto, faz um blogue e ganha as eleições.

Fernando Alves na TSF

Quem será este homem que todos os dias nos dá filosofia pelo veículo do rádio?

Digo todos os dias: com constância, com segurança, com extrema criatividade e sem subverter a aspereza dos factos. Com muitos sinais descodificadores da realidade complexa que nos tolhe todos os dias, e que exige decifração completa. Quem é este homem que todos os dias nos dá o nome da coisa? Será um radialista profissional? Um amante do som e da vox que nos faz renascer todos os dias pela manhã? Julgamos que é isso e muito mais.

Como em tudo na vida pessoas e coisas há que, por natura, são indefiníveis, inclassificáveis em breves frases de estilo. Então, que dizer deste amante e profissional da rádio e da comunicação que todos os dias acrescenta algo de bom a Portugal e aos portugueses?

Que o jornalismo é uma soma fértil de pensamento e de reflexão e muita análise.

Mas será ele uma espécie de profeta? Um antecipador de tendências, andando sempre à frente dos factos? Um místico que nos comunica a realidade com mística que acaba por nos favorecer o pensamento?

Quem é, afinal, o Fernando Alves? Que escapa às medalhas do Sampaio, às honrarias perenes e bufas desta República de tanga?

Será um epistemólogo que, par hazzard, faz rádio? Uma espécie de Popper, ou melhor, um B. Russel da vox, um Drucker que antecipa factos e tendências que depois saltam para o domínio da comunicação política cuja narrativa se consome em 3 min.? Três minutos de mundo... Tão pouco tempo para tanta rotação!!!

"Ouver" este homem, e é fácil chegar a acordo entre os ouvintes neste diagnóstico, é estar simultaneamente dentro e fora do mundo, embora sempre comprometido com ele, como diria o grande Raymond Aron - que também foi jornalista, além de académico de nomeada e talvez o maior cronista da conjunta de meio século de Guerra Fria finda.

Sempre pensei que o jornalismo exige pensamento, reflexão, análise além duma bela vox e uma dança permanente do pensamento.

Também aqui, não dizemos nada de novo, mas é esta repetição constante que surpreende a realidade com o passar dos dias, todos os dias, pela manhã, todas as manhãs.

Julgo que os Sinais de Fernando Alves - que revolucionaram a forma de dizer e fazer a rádio em Portugal, espelham uma cadência extraordinária de ideias, afirmando pensamento (que tantas vezes depois nos pensam), retratando o nosso quotidiano, que ora parece marchar a passos invisíveis, denunciando os desequilíbrios do mundo, as esquinas dos raciocínios, enfim, a busca dum sentido último (e superior) para as coisas.

Sabemos que a morte não é, salvo se ela significar Viver de Novo. Mas quem nos concede esse perdão? Ninguém, so far... Pelo menos que se saiba, e excluo daqui os santos e as santas que tantas vezes nos alienam.

Este simples blog é, afinal, um mero hino a esse nómada do pensamento e da palavra, talvez o mais talentoso do espaço comunicacional português. Mas também o mais discreto e denso, como é próprio das pessoas que dispensam a fama perene dos holofotes.

E o que diria Fernando Alves a um Camões, a um Vieira, a um Eça, a um Pessoa se, porventura, por uma qualquer manobra ou maquinação do tempo, incompreensível e inacessível às nossas mentes, esta gente - individual ou colectivamente - lhes entrasse porta-a-dentro pela redação da TSF...

Gagejaria, perguntaria, fumaria, o que faria ele?

Admitindo que diriam todos algo a propósito de aguma coisa, pergunto-me daqui que mensagem deixariam eles aos portugueses que vivem a complexidade da 1ª década do III milénio...

Penso-penso-penso e nada me aclara os miolos. Talvez me permita supôr que aquela boa gente continuasse a experimentar Portugal, partilhando connosco a encruzilhada em que estamos: por um lado, vivemos o tempo aflitivo, vazio e datado imposto pela ditadura das coisas e das notícias que supostamente reflectem; por outro, vivemos o presente pensando que nos eternizamos quando, afinal, estamos paralisados com quase tudo aquilo que nos circunda. Um pouco como a aquela ave que vive fascinada com a serpente - que julga o seu isco - mas afinal fará da ave a sua vítima.

Vale-nos, contudo, os Sinais do Fernando Alves - todos os dias na TSF. Mas mais, creio que se ele amanhã decidir passar a mesma mensagem na rádio de Frei de Espada à Cinta - a qualidade e profunidade da mensagem não sofre nenhum abalo com a (des)promoção radialista.

A ele e aos que asseguram o programa segue daqui o meu singelo bem haja, ou este blog não lhe(s) fosse dedicado.

Este homem é, para mim, alguém alguém sentado à porta do mundo, tentando perscrutar o que de mais importante dele emana. Por vezes, como sabemos, o mundo emana mal, outras, mais raras, emana bem. Seja como fôr, é assim que vejo o Fernando Alves a debitar desafios matinais para o nosso pensamento na antena da TSF. Uma antena que não só nos fala do mundo, mas também nos diz como ele é, inside...

Afinal, o trabalho de um jornalista - como o de um cientista - pode mudar o mundo.

Evocação

quinta-feira

Dr. House - às 5ªF.

Dantes, quando era puto achava a Tv uma m... Depois cresci e continuo a achá-la uma m... ainda maior e não é inflação da idade. Dantes via alguma Tv, hoje só a informação necessária. Com net deixei de comprar jornais, leio alguns na rede das redes. Sujo menos as mãos, gasto menos dinheiro, talvez por isso as empresas de jornais se queixem que hoje iludem menos a malta - que, de facto, compra menos papel. O que se passará com o tempo que passa que não trás qualidade ao presente? A quantidade não é, de todo, sinónimo de qualidade, mesmo sabendo que grandes massas de informação implicam alterações qualitativas. É assim na física, mas na programação nas tvs em Portugal tal não acontece, apesar da liberalização do sector feita ao tempo de Cavaco. Porquê? Será porque já se criou uma massa de alienados tais que não se habituariam a programas de qualidade? E assim prossegue a fábrica de alienação - produzindo alienados como uma boa fábrica de salsichas.
Concursos ignorantes, programas desportivos com grunhos a falar de estratégia e outras searices estupidificantes com autarcas à mistura. Há dias - levei quase duas horas para percorrer 9 kil. nessa meretriz que é a IC19 - e lembrei-me do artista da bola que queria ser famoso e não sabia como. Pensou, pensou e lá lhe veio à lembradura o Benfica e depois o comentário televisivo. Virou estrela, atingiu o estrelato. Mas aquilo é alienante, intragável, anti-cultural - e os seárás deste país deveriam indemnizar as pessoas que apenas querem ver programas formativos, criativos, com alguma valia cultural e intelectual. Mas o estrelato da tvbola é assim, esmaga qualquer um. Até um grunho que um dia diga que a bola é quadrada perante uma assembleia de alienados que batem palmas. Mas como em tudo na vida, há excepções. Para mim são às 5f. para ver o dr. House.

The Rise of Intolerence - by Rami Desai -

We are living in an increasingly globalized world today. The world has become smaller due to the miracles of communications. Barriers of distances, languages, and cultures have all been overcome by science and technology. This bridge building for a better World essentially means that we should have today become more accustomed to the “other” – other religions and other races from across our own national borders. Unfortunately there are indicators that prove otherwise. What explains the 9/11, the Iraq War, and “the cartoon controversy” in the barrier-less globalized world? The usages of terms like fundamentalism, radicalism and extremism have become the common accepted answers to the above question. But what has been overlooked is the role of intolerance. The above words identify more with a stark reaction or action based on staunch belief, whereas intolerance is defined as prejudice or bigotry. In a world that has become smaller, intolerance has begun to play a larger part. We have accepted the existence of other cultures but have not been able to progress in assimilating with them. For example Denmark; once popular for its tolerance is now ridden by the cartoon controversy and social polarisation of its Muslim community. Immigrants and refugees are given Danish citizenship in order to make them a part of the privileged country that Denmark is, but in reality the Muslim community lives in isolation in ghettos in Copenhagen or Arhus amongst other areas. Denmark did not have a single cemetery for the 210,000 strong Muslim population till as late as 2004, and bodies had to be flown to the home countries in order for Islamic rites to be performed. Therefore the question of assimilation with the native population does not arise till the immigrant community is given equal rights and privileges. Though this indifference by the host country is not entirely unwarranted for. The Muslim community as well has not made efforts to voice their support for their host country or its culture. Ranging from the barbaric murder of Theo Van Gogh to the Islamic Mufti publicly declaring that women who refuse to wear headscarves are asking for rape to the recent cartoon controversy, they have proved that their tolerance of other cultures is equally low. They perceive living in the western world as an erosion of their value system and a personal attack on their religious beliefs. Though they continue to immigrate to these western countries arguing that it is only to escape their poor conditions in their home countries. They unwittingly become prey to manipulative policies of Imams like Akari and Abu Laban in exaggerating potentially volatile political issues. They refuse to condemn acts of violence against the people of their host country. For them, solidarity is only limited to their own communities. The situation does not get any better in Sweden or Norway. Sweden’s infamous Malmo and Rosengard areas are leading examples. Malmo has the highest percentage of Muslims amongst all west European cities. Numbers released in 2005 stated that 70% of the rapes committed by Muslim immigrants are against white women or children. Even in Norway 65% of rapes are committed by “non-white immigrants”. High crime rates, illiteracy and lesser productivity, teamed with religious fanaticism, are the main reasons why there has been no assimilation in the mainstream society. The mere reality that ghettoes like Malmo exist, indicates that there is a disjoint in society today. This is a phenomenon world over and not just limited to Scandinavia. In the United States, social polarisation meant segregation on the basis of race, but with the growing power of the Evangelicals it now means polarisation on the basis of religion. The Evangelical churches known to be predominantly white a century ago, have now accepted other races in their fold. Some of the largest Evangelical churches are black churches resulting in assimilation of races but segregation on the basis of religious beliefs. The emphasis on conversion by the Evangelicals also indicates that their tolerance for other religions is low. Globalisation and technological revolution cannot serve as melting points in face of such rampant prejudices in the world. The popularity of right wing ideologies is also another indicator that globalisation and economic integration has not brought about social integration. In Palestine there is Hamas, the Austrian People’s Party and the Alliance for the Future of Austria in Austria, in Denmark there is a coalition of the Liberal Party and the Conservative People’s Party, in Iran an outright majority of the conservative group Abadgaran-e Iran-e Islami in the National Assembly, and lastly the Republican Party of the United States of America. Our world today is only superficially becoming smaller, with growing familiarity to other races; cultures and lifestyles the differences have become vaster and more prominent making us intolerant towards the “other”. Ideas and discussions about peace and integration are worthless until we realise that issues like the cartoon controversy are not about religious sentiments, they are just simple excuses for bigotry. - by Rami Desai

quarta-feira

A ser verdade... é grave, muito grave

"Os Vampiros" A Caixa Geral de Depósitos (CGD) está a enviar aos seus clientes mais modestos uma circular que deveria fazer corar de vergonha os administradores - principescamente pagos - daquela instituição bancária. A carta da CGD começa, como mandam as boas regras de marketing, por reafirmar o empenho do Banco em «oferecer aos seus clientes as melhores condições de preço/qualidade em toda a gama de prestação de serviços», incluindo no que respeita «a despesas de manutenção nas contas à ordem». As palavras de circunstância não chegam sequer a suscitar qualquer tipo de ilusões, dado que após novo parágrafo sobre «racionalização e eficiência da gestão de contas», o «estimado/a cliente» é confrontado com a informação de que, para «continuar a usufruir da isenção da comissão de despesas de manutenção», terá de ter em cada trimestre um «saldo médio superior a EUR 1000, ter crédito de vencimento ou ter aplicações financeiras» associadas à respectiva conta. Ora sucede que muitas contas da CGD, designadamente de pensionistas e reformados, são abertas por imposição legal. É o caso de um reformado por invalidez e quase septuagenário, que sobrevive com uma pensão de EUR 343,45 - que para ter direito ao piedoso subsídio de EUR 3,57 (três euros e cinquenta e sete cêntimos!) foi forçado a abrir conta na CGD por determinação expressa da Segurança Social. Como se compreende, casos como este - e muitos são os portugueses que vivem abaixo ou no limiar da pobreza - não podem, de todo, preencher os requisitos impostos pela CGD e tão pouco dar-se ao luxo de pagar «despesas de manutenção» de uma conta que foram constrangidos a abrir para acolher a sua miséria. O mais escandaloso é que seja justamente uma instituição bancária que ano após ano apresenta lucros fabulosos e que aposenta os seus administradores, mesmo quando efémeros, com «obscenas» pensões (para citar Bagão Félix), a vir exigir a quem mal consegue sobreviver que contribua para engordar os seus lautos proventos. É sem dúvida uma sordície vergonhosa,como lhe chama o nosso leitor, mas as palavras sabem a pouco quando se trata de denunciar tamanha indignidade. Esta é a face brutal do capitalismo selvagem que nos servem sob a capa da democracia, em que até a esmola paga taxa. Sem respeito pela dignidade humana e sem qualquer resquício de decência, com o único objectivo de acumular mais e mais lucros, eis os administradores de sucesso a quem se aplicam como uma luva as palavras sempre actuais dos «Vampiros» de Zeca Afonso: «Eles comem tudo/ eles comem tudo/ eles comem tudo e não deixam nada.» Para meditar e divulgar . . .
  • Desejaríamos saber, se for possível, o que pensam disto o sr, Armando Vara e os demais socialistas que pugnam por critérios de competência de doutros registos meritocráticos para a escolha e nomeação de dirigentes para a alta administração do Estado que, na prática, são pura ilusão e areia para as nossas vistas. O problema é que hoje em Portugal já muita gente usa óculos, e a maior parte dos licenciados deste país em gestão, economia e em ciências sociais em geral sabe mais do que o sr. Vara - cujo único critério é o de ter o cartão rosa. Ah e parece que trabalhou também uns anos num balcão dum banco...

segunda-feira

Justo tributo a Peter Drucker - por Jorge Nascimento Rodrigues e Jaime Fidalgo

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Complexidade

Com um olho no burro... Uma doutrina Universal

Image Hosted by ImageShack.us Grande teórico e doutrinador: Jesus Cristo viveu como pensou. Teve autenticidade, foi coerente e deixou-nos uma teoria, uma grande teoria, ou melhor, a doutrina que responde pelo nome - com um olho no burro e outro no cigano. Hoje, infelizmente, já somos todos ciganos..., sem ofensa para estes. É caso para dizer que a globalização globalizou a ciganice. Ou foi a ciganice que mundializou a globalização, não o sabemos. Além de que aqui a doutrina divide-se... Todavia, trata-se duma teoria fundamental no diálogo intercultural e intercivilizacional em curso, a passo de jumento apressado. É só quando fechamos os olhos e nos calamos é que verdadeiramente compreendemos o "outro". Daí a nossa consideração para com os cegos-surdos-mudos...
  • Tributo a um jumento talentoso (um blog irreverente e com uma gramática que faria as delícias da dona Edite Star)

Reflexão do dia...

The only way to accede to modernity is by our path, that wich has been traced for us by our religion, our history and our civilization.

  • Rached Gannouchi - líder intelectual de um movimento islâmico tunisino.

O trauma e o regresso da religião - por - João César das Neves -

O trauma e o regresso da religião João César das Neves Onosso tempo tem um trauma com a religião, que o deixa sempre embaraçado. Mas paradoxalmente somos tão religiosos como qualquer época anterior. A intelectualidade não deu por isto e trata a fé como folclórica e decadente, mas, vendo bem, o mundo actual é muito devoto. S. Paulo podia dizer-nos, como em Atenas: "Vejo que sois, em tudo, os mais religiosos dos homens" (Act 17, 22). Os jornais não reparam, mas a esmagadora maioria da humanidade afirma pertencer a uma das grandes doutrinas. A influência dos cultos, em particular dos mais globais, cristianismo e islamismo, é crescente em todo o lado. E a presença da fé ultrapassa em muito a crença explícita. Assiste-se à expansão aberta das devoções descafeinadas, sobretudo nas zonas de decadência cultural, como a Europa: esoterismos, magias, superstições, paganismos, importados do Oriente ou da velha New Age. Como na Atenas de S. Paulo, os ídolos e altares são variados. A juventude naturalmente não pode existir sem uma fé. Os que a assumem, vivem equilibrados; os outros são explorados por interesses sedutores. O rock e o metal, por exemplo, apresentam-se cada vez mais como avassaladoras galáxias de doutrinas metafísicas, com santuários, paramentos, liturgias e penitências. Os novos profetas organizam-se em bandas e a visita semanal à discoteca substitui para muitos a missa. O êxtase dos concertos imita as antigas apoteoses dionisíacas. Até a letra de muitas canções lembra o Livro dos Salmos. Nominalmente tratam do prazer, mas só ganham sentido como orações. Frases como "não posso viver sem ti" ou "amar- -te-ei para sempre" são incompreensíveis se dirigidas à amada; mas referidas a Deus, tornam-se plausíveis e razoáveis. Até o Papa pode rezar, quase sem mudar uma vírgula, com as nossas canções, da velhinha Always on my Mind (1972) de Elvis Presley até a I Do It For You (1993) de Bryan Adams. São os meios anticlericais que mostram bem como a religião ultrapassa o campo da religião. O cepticismo militante mostrou ser a fé do avesso. O fervor beato dos ateísmos, jacobino ou marxista, o dogma inabalável do cientifismo panteísta ou a mística apocalíptica dos movimentos ecológicos e naturistas, contêm todos os elementos das igrejas tradicionais. Os pregadores inflamados estão hoje não nos púlpitos mas em comícios esquerdistas e revistas radicais. Aliás, julgando-se imunes ao pietismo, as derivas espiritualistas de antigas seitas ateias repetem ingenuamente os seus traços mais condenáveis, do fanatismo furioso ao totalitarismo asfixiante. Como podem ateus ou hedonistas ser religiosos, se não se referem Deus? A resposta é a mesma de S. Paulo. No nosso tempo, os movimentos esotéricos, agnósticos ou panteístas erguem altares ao "deus desconhecido" (cf. Act 17, 23), como a Atenas do século I. Para compreender o trauma e o regresso à fé múltipla de Atenas, é preciso considerar a História recente. Ela começa no choque original da cultura moderna, as guerras da Reforma. Nessa época, em que detalhes teológicos se tornavam pretextos nos campos de batalha, as pessoas pacíficas não podiam falar de fé, sob pena de combaterem os vizinhos. Foi um tempo terrível! A razão por que os nossos intelectuais não percebem a religião, e só pensam em violência quando falam dela, vem da miopia imposta por esta obsessão. Este é o trauma. Perdidas as raízes culturais, apareceram duas soluções. O iluminismo do século XVIII julgou responder com a religião natural, sem padres nem igrejas. E acabou na guilhotina. O positivismo do século XIX fez do homem armado com a ciência o único deus, e Marx, Freud, Sartre, os seus profetas. Com o Holocausto, a bomba e o gulag, ele revelou-se o pior dos ídolos. Estas duas soluções, muito sedutoras, omitem a verdade mais evidente. A natureza e o homem não são deus, não se criam a si mesmos nem controlam o mundo à sua volta. Ou Alguém faz isso, ou então a vida e a realidade não têm finalidade e sentido. Mas a existência tem um propósito. Ninguém vive sem sentido. Esta certeza é o núcleo central do fenómeno religioso. E a confusão desse sentido é o deus desconhecido de Atenas. Foi assim que o ateísmo, sem conseguir fundamento intelectual sólido ou resposta às questões humanas, se revelou uma crença arbitrária. Hoje, após a angústia da Reforma, o terror da Revolução e a perplexidade da guerra global, somos de novo, em tudo, os mais religiosos dos homens. Só falta ouvir o que Paulo tem a dizer.

Se as galinhas tivessem dentes - por Joana Amaral Dias

Se as galinhas tivessem dentes Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us Psicóloga genecanhoto@hotmail.com Joana Amaral Dias O texto de José Manuel Fernandes (Público, 20/03), que pretende fundamentar a invasão do Iraque, é absolutamente incrível. Reconhecendo que não existiam armas de destruição maciça (ADM), que foram cometidos "enormes erros nos primeiros meses da ocupação", que hoje se está à beira de uma guerra civil, que o "Iraque atraiu jihadistas de todo o mundo", que se verificaram "comportamentos que violam as leis da guerra", que a preparação para o pós-guerra foi desastrosa, o que conclui o director do jornal? Que, se fosse hoje, apoiaria na mesma a invasão. Mais extraordinária do que a conclusão é a justificação. Em primeiro lugar, JMF defende que os serviços secretos erraram no seu diagnóstico, porque Saddam fez bluff, enviando sinais "no sentido de que tinha algo a esconder". Este argumento é, em si mesmo, surrealista. Sabendo-se que as armas imaginárias de Saddam foram invocadas depois de a guerra já estar decidida, torna-se ultrajante. Em seguida, lamenta as torturas cometidas pelos "aliados". Contudo, dá um tom optimista: são apenas excepções. Excepções que nem seriam conhecidas se tivessem acontecido no tempo de Saddam. Ou seja, os abusos são maus, mas a imprensa é livre… e isso já é qualquer coisinha. JMF afirma que, se o terrorismo encontrou no Iraque a possibilidade de uma progressão exponencial, é porque a Al-Qaeda já actuava no tempo do ditador. Melhor ainda: este embuste a que JMF recorre serve para, por si só, legitimar a presença de militares. A invasão aumentou o terrorismo, logo a invasão é necessária. E o final do texto é o melhor. JMF interroga-se sobre "como seria" se não tivesse havido a invasão que, afinal, defende. Mas não para concluir que teriam sido poupadas milhares de vidas, que não se teriam verificado os abusos, a escalada terrorista, os gastos e negócios milionários. JMF não retira conclusões do que está a acontecer, mas consegue retirar conclusões daquilo que se poderia ter passado mas não se passou, e consegue mesmo pegar nessas conclusões para justificar aquilo que realmente se está a passar. Confuso? Talvez um pouco… contudo, JMF não se atrapalha e afirma ter previsto os erros que foram cometidos. Com tanta clarividência, é estranho que JMF não consiga indicar o que fazer agora e como resolver o atoleiro. Deve ser colateral

domingo

O Portugal faz-de-conta

Image Hosted by ImageShack.us O país real quer começar a mexer... Com a atração de investimento externo, criação de riqueza, desburocratização, reforço do ambiente geral de confiança e o mais. Para o efeito este governo socialista - que na prática é liberal e reformista (ou seja, social democrata) lança pacotes de desborucratização do Estado para facilitar a vida às empresas e aos cidadãos. Agora tenta aplicar uma medida que vem no seu cardápio eleitoral: a descentralização e/ou desconcetração do país com base em 5 regiões. Talvez assim - a prazo - se substituam os governdos civis por organismos mais eficientes e menos parasitas e serventuários do poder, qualquer que ele seja. PS ou PSD c´est la même chose, a diferença reside apenas no estilo do exercício do poder, e o PS é, em regra, mais perdulário e pior gestor público. Mas será que o país real irá ganhar com esta medida? Aumentará a eficiência do Estado, das empresas e das pessoas? Será que as contas e os estudos técnicos já estão feitos? Se sim, o que dizem? Será isto mais uma OTA enfeitada de TGV? Se é está a dar os seus resultados: um bom isco para meter Portugal nas bocas do mundo - que não através da pedofilia - e, assim, atrair mais investimento externo. Parece uma boa estratégia, as regras do marketing político aconselham estas coisas e Sócrates gosta deste tipo de derivas, uma vez que reforçam a liderança e lembram ao país que é ele que o lidera. Veremos, contudo, se o tecido económico e social do país sairá reforçado por estas iniciativas. Enquanto esperamos pelos resultados, Sócrates e a oposição trocam mimos que só eles sabem dizer e fazer: M. Mendes diz que o governo de Sócrates é pirotécnico; Sócrates relembra a M. Mendes e conexos que já foi do PsD, que conhece a casa e que, por isso, a oposição social democrata tem uma pontinha de ciúme destas medidas. Na forma, desconfio que Sócrates não anda longe da verdade; na essência acho que esta desconcentração terá tanta vantagem como fazer mais uma promessa que fica aquém das expectativas e das necessidades do País. No cds-PP não é de oposição interna que se trata, mas de ódios pessoais e de rancores acumulados ao longo das décadas: Ribeiro e Castro ainda não matou o seu "pai" espiritual - "Freitas" - e o grupo parlamentar do PP - de inspiração portista - não desiste de o queimar a lume brando. Aqui as guerra já não é ideológica ne programática, é pessoal, é ad homine, e a política assume toda a sua extensão de relação de amigo-inimigo, e quanto mais ela assim for mais ela assume uma natureza política, na linha de Carl Schmitt. E assim segue Portugal: na verdade, não há modo mais seguro de dominar a outrem como arruiná-lo. É disto que se trata na relação entre estes senhores. O Portugal-político está, aliás, reduzido a estas lutas pessoais. E quem se torne senhor duma cidade acostumada a viver livre, e não a destrua, pode aguentar-se no poder por mais uns tempos. Nem que para o efeito prometa mais uma reforma no Terreiro do Passo, mais um TGV por via aérea ou OTA por rede viária... Ele pode prometer o paraíso na terra, e vingará nos seus intuítos até que as famílias, uma vez dispersas, desunidas e enfurecidas com o laxismo e o alcance das reformas, resolva apoiar outro "senhor". É que nas repúblicas, ao invés doutros regimes, existe maior vida, mais memória, mais ódio e sede de vingança; todos se lembram de todos a propósito de tudo. É por estas razões que os tugas andam agitados, e por um destes dias as famílias chateam-se e passam a apoiar outro senhor, até que o ciclo se repita e a história seja ratificada. O homem, na sua mais funda natureza, não mudou. O que se altera são as circunstâncias, as cores, as narrativas e os nomes das coisas em que o homem opera. Com ou sem desconcentração administrativa e territorial. Com ou sem promessas... o homem continua o mesmo: um belo hijo da p...., como diz um escritor espanhol que agora anda nas bocas do mundo.

Assimetrias e hierarquias domingueiras

Image Hosted by ImageShack.us Hoje, domingo, com o adiantado da hora na tímida Prima-Vera que desponta - compreendi mais duas coisas de que já me havia esquecido: há três categorias de homens: os incapazes, os capazes e os capazes de tudo. A segunda nota é a seguinte: continua a haver a "criadagem" e a "patronagem". Se já sabia disto pergunto-me por que razão me admira reconhê-las de novo...

sábado

Safari(s)...

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"O traço" - por - Paula Santos

quinta-feira

O PROBLEMA DAS SOCIEDADES MODERNAS É A OBESIDADE MENTAL...

O PROBLEMA DAS SOCIEDADES MODERNAS É A OBESIDADE MENTAL... Image Hosted by ImageShack.us

  • O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity» que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.

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  • «Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.» Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono. As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
  • Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada. Os cozinheiros desta magna fast food intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema. Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.» O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
  • Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas. Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.» Num dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado «Os abutres», afirma: «O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas.
  • A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.» O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.» Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura. «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades. Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy. Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve. Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.. Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto.» As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
  • «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência. A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata de uma decadência, uma «idadedas trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam. É só uma questão de obesidade. O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos. O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos. Precisa sobretudo de dieta mental.»

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  • Tenho um amigo sui generis: sempre que há um estampanso nas estradas de Portugal ele parava para ver o impacto. Como na década de 80/90 costumávamos sair juntos passei a verificar que onde houvesse um acidente lá estava ele a parar para ver o detalhe da desgraça. A dada altura deixei de sair no carro dele, não fosse termos um acidente só por causa dessas paragens macabras e "voieristas" que remetem para um canto do cérebro que todos temos, embora numas pessoas esteja mais pronunciado do que noutras, daí a diversidade de comportamentos perante a mesma desgraça: acidentes de viação. Ainda assim havia aqui uma certa atracção pelo abismo, uma espécie de chocolate de sangue que temos de sorver para continuar a gerir o dia.
  • Outra coisa que me encreca os neurónios é ver aqueles cromos agarrados à Bola, ao record, ao 24h e conexos. Ainda não percebi se lêm as legendas ou se fixam as letras. Mas sempre achei aquele exercício uma antecipação abrupta para a estupidez, para a tacanhez, uma perda de tempo irremediável. Não quero com isto dizer que ler o Expresso ou o Público conduza a resultados muito diversos, ainda assim vale a pena parar para pensar. Por outro lado, nem sempre o Finantial Times nos anima, já que as notícias do burgo vistas de fora são de duas ordens de grandeza: pedofilia e recessão económica. Por isso, o FT também não é um guia a seguir.
  • o Prof. Oitke, cujo texto desconhecia em absoluto, e sem ter aqui qualquer pretensão em o comentar, tem uma visão hiper-realista do nosso tempo, dos nossos hábitos, costumes, nóias e paranóias. De facto, muita gente, sem querer falar em percentagens, deverá rever-se nesse quadro neo-pessimista que retrata: como não há muito tempo as pessoas conhecem-se mal, e dessa misperception resulta uma certa incomunicabilidade que é mutúa, daí ao pre-conceito e ao estereotipo é um passo.
  • Depois a pressão constante das imagens embrutecem-nos. Pouco espaço fica para a reflexão, o raciocínio, a análise. Em Portugal a emergência de mais canais de TV tem-nos empurrado, salvo seja, a uma progressiva bestificação concursiva. Aquilo já enoja, é o lodo do lodo. Um ex., sempre que ligo a caixa negra e avisto o conde C. branco da tvi sou invadido por uma sensação respulsiva que escapa ao domínio do racional. Algo violenta, até..
  • O opinanço desportivo e pseudo-político povoa o nosso imaginário que depois se transforma em pesadelo, dada a qualidade das peças e das narrativas. Nesta perspectiva, da sociologia compreensiva, que aquele cientista social segue, ou faz apelo - contrasta com a péssima qualidade da oferta da mercadoria que nos é servida pela sociedade do espectáculo. Fala-se do JFK mas depois pouco se enquadra sobre o homem, embora toda a gente saiba que ele era um sexo-compulsivo e não conseguia estar mais de 12h sem ter intercourse relations. Conta-se que era o FBi que levava a então Marlin Monroy pela porta dos fundos da Casa Branca de modo a que o presidente pudesse revalidar o ticket.
  • Depois este professor dá outros exemplos no domínio da arte e da chamada sociedade post-moderna, das ciência duras, da pornografia e conexos que pautam o nosso quotidiano selvagem que parece funcionar com um único propósito: queimar as células dos nossos neurónios que nos permitem pensar, reflectir, meditar. Afinal, são estas funções que nos diferenciam ds animais irracionais. Não raro, esquecêmo-las..
  • Sem achar esta reflexão especialmente densa ou até original, entendo-a, contudo, como um alerta oportuno e realista que urge avaliar e ponderar seriamente. Como, então, eliminar os preconceitos, os juízos apressados, os estereótipos, passar a consumir fast food & junk programs? Como, afinal, ter uma vida com qualidade moral, intelectual e, ao mesmo tempo, produtiva e humanizada?
  • Não há respostas unívocas para estas meta-questões. Nestas questões guardo para mim sempre um guia de acção. Julgo que não devemos absolutizar aquelas formulações, ainda que saibamos que elas reflectem uma trajectória perigosa, anti-social que urge combater. Mas nas nossas sociedades hiper-competitivas, complexas, cinzentas, apressadas, stressadas não devemos arranjar "dívidas" que nos sufoquem ainda mais no lodo que depois determina um mau padrão de vida. Por contraponto, quando o sucesso dá a volta à cabeça das pessoas - é pena que não lhes dê também uma volta ao pescoço, salvo seja.
  • Qual a saída? Que fazer? Quando estamos mergulhados numa sociedade pornográfica, altamente prostituída (aqui em sentido sociológico, promíscua, vazia que conduz ao fenómeno do homem-massa) só nos resta uma escapatória: o recurso à cultura pura e dura. Regressar intensamente aos clássicos da filosofia, da arte, das ciências duras e suaves. Matematizar o universo, para quem O consegue "pitagorar", o que não é o meu caso. Saímos desse lodo com o Freud numa mão e a Bíblia na outra. Mas o Freud só não chega; a Bíblia também não. O resto depende de cada um, da forma como desenvolve as suas experiências e sonhos..
  • Afinal, os sonhos não são para sonhar, anunciam-se para que se façam acontecer. E às vezes concretizam-se.

PS: agradecemos aqui à amiga Paula S. que teve a bondade de nos chamar a atenção para esta pequena crítica sociológica à post-modernidade, pois sem ela não teríamos tido a oportunidade de tecer aqui estas considerações de lana caprina, num mundo e num tempo que, afinal, também não é muito diferente. Ao fim e ao cabo, viver num mundo de talento é coisa rara, e isto porque apesar de toda a gente admirar esse dito mundo ninguém o aceita pagar. Talvez por isso muitos deles continuam a vegetar no tal lodo. Eu, felizmente, tenhos filtros mentais que me impedem de comprar esse mundinho sem qualquer interesse ou finalidade. Admito que muito boa gente pense como eu. Ah, já me esquecia, nunca páro para ver um acidente, salvo quando é comigo...

PS: espero não ter estragado a reflexão do prof. Andrew Oitke. Um nome invulgar num mundo banal.

Prémio contra a cegueira

Image Hosted by ImageShack.us Fundação apresenta prémio de pesquisa A Fundação Campalimaud vai apresentar na próxima terça-feira, em Bruxelas, o "Prémio António Champalimaud" de Ciência, criado para distinguir investigação no domínio da visão e da prevenção da cegueira nos países em desenvolvimento. A cerimónia de apresentação vai ter lugar na sede da Comissão Europeia e será precedida por um encontro entre a presidente da Fundação, Leonor Beleza, o presidente da Comissão, Durão Barroso, e o comissário europeu da Ciência e Investigação, Janez Potocnik. O prémio a anunciar terá, em 2007, um valor de um milhão de euros. Um dos elementos do júri , que conta com diversos cientistas, é o antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors. O combate à cegueira nos países em desenvolvimento, onde vivem cerca de 90% dos deficientes visuais, é um dos objectivos a incentivar por este prémio. Estima-se que existam em todo o mundo 45 milhões de cegos.
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  • Sempre achei que a vista é a 2ª coisa mais importante depois de termos nascido. Sempre me interroguei como Steve-iU-Wonder vê o mundo, mesmo através do seu par de óculos. Como será o mundo durão em Bruxelas... Será todo a negro? Como será a vida dos milhares de cegos em Portugal que têm de ir trabalhar sózinhos, e sózinhos chegam aos seus postos de trabalhos sem nenhum acidente no trajecto? Não porque sejam os invisuais a causar os acidentes, mas porque os demais "cegos" que vêm não se desviam a tempo.
  • Se me dessem a escolher entre ficar cego e ficar sem uma perna preferia ficar sem a perna; se me fosse imposto por lei superior ficar sem os dois braços ou manter a vista, escolheria manter a vista para a janela do mundo; se o dilema fosse entre ficar sem pernas, braços e tronco e permanecer com visão - também não hesitaria. Rebolaba-me sobre o olho... Era uma espécie de almôndega vigilante, rodopiante sobre mim mesmo.
  • Até que ficasse só fechado entre o dilema de ver e olhar - apoiado em milhares de células que reproduzem o mundo exterior e depois nos dão aquela preciosa informação ocular. Já aqui dissemos que um dos nossos enigmas era descodificar o que está na essência da morte; o outro seria decifrar a natureza dos Ovnis e, um terceiro, e em homenagem a todos os invisuais portugueses, heróis de nosso mundo a preto e branco, ou só a preto, seria pedir a Deus que fizesse um milagre que lhes devolvesse a vista, esse precioso filtro com que captamos todas as cores e vibrações o mundo e, por vezes, não obstante termos visão, fazemos com que esse mesmo mundo ande sempre a chocar connosco.
  • Como será um invisual a fazer um simples blog? a fazer uma omelete? a entrar e sair do elevador? A ter de ir ao supermercado fazer compras para casa? Tudo coisas banais para nós, os visuais. Basta pensarmos 3 minutos de como seria a tragédia da nossa vida se, num ápice, ficássemos cegos... Onde estaria o telemóvel para telefonar a alguém? Mas uma vez encontrado o Tm como teríamos a certeza que estávamos a ligar o número pretendido? E depois, como abriríamos a porta de casa a alguém se a chave não estivesse na fechadura ou a outra pessoa disfarçasse a vox para assim se fazer passar por quem não era e iludir-nos ante a sua presença? Ou seja, não ter visão é pior do que morrer; é morrer na cegueira e lentamente. Especialmente, para a aqueles que perderam a visão depois de já terem registado as cores do mundo, embora seja igualmente penoso para os que já nasceram com essa deformação congénita e não fazem ideia nenhuma das cores do arco-irís..
  • Por isso, bem-dito seja o António Champalimaud e o dinheiro que cá deixou para curar da investigação que devolverá luz aos cegos e, quem sabe, poderá também um dia iluminar os cromos que nos desgovernam: no burgo e na Europa. Porque esses, mesmo tendo a vista que Deus lhes deu, dão continuadas provas de que não conseguem enchergar grande coisa à frente da testa. Alguns, com o peso dessa obnubilação, acobardam-se e fogem para a Europa - para daí tentarem ver melhor o mundo - que também deve ser a preto e branco.
  • Mesmo sabendo que nenhum dos invisuais aqui me lê apenas lhes digo bem alto - talvez possam ouvir))) - que não tenho heróis - mas eles, os invisuais que lutam diáriamente, hora a hora, segundo a segundo programando a sua vida para nenhuma outra tragédia suceda, mesmo ao atravessar a rua, vai a minha mais profunda consideração e esperança que um dia, em resultado dos investimentos aqui deixados para esse fim, todos e cada um deles possam, como eu, voltar a ver o mundo em que nos foi ou é permitido viver.
  • Mesmo para os daltónicos que andam conduzindo carros pelas ruas de Lisboa e matando pessoas em acidentes que causam, porque confundem o amarelo com o verde, sendo que depois alguém fica avermelhado. E Às vezes, por um azar dos Távoras, até é (mais) um invisual. Não por ser cego, mas porque os que vêm não se desviaram a tempo.

Três modalidades de escapar ao fisco: mar, mar e mar

Há aqui três versões sobre a finalidade daqueles contentores, e aqui, mais um vez, a doutrina divide-se. Quid juris! (cuida-te senão vais dentro - versão extra-latina assimilada ao léxico luso):
1. Uma 1ª versão defende que se trata do contentor que traz o dinheiro do Figo directamente para o banco do sr. dr. Dias Loureiro no Bpn - que anda a precisar de ser OPado.
2. Segunda versão diz que se trata dos contentores que albergam o dinheiro do Mourinho, esse cromo arrogante e cagão que anda por aí a misturar-se com Camões, Vieira, Eça e Pessoa. Deveria ser processado, pois o que o tipo tem é muita "caganeira", mas qualquer dia ainda alcandoram esse cromo ao lado de Zaramago e lhe atribuem o prémio nobel da sorte. Ainda o nobilizam... Sugerimos que ele invista o seu kapital no Vale-do-Ave e contribua, por uma vez, para o crescimento da economia nacional. O mesmo é válido para o analfabeto do figo que já tem uma fodação que lhe trata da imagem. Provavelmente é ele quem manda no Cons. de Adm. do bpn e o sr. Loureiro é o vogal. Está na hora desta rapaziada começar a fazer algo pelo país, porque Portugal já fez muito por eles.
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3. Uma outra opção defende que se trata de fugas ao fisco e não sei que mais. Tudo boatos..., já se vÊ. Bom, seja como for teremos mesmo que aguardar.
  • Por isso, não me admiraria nada que por um destes dias víssemos a arara do PGRepúbica, de braço dado com o colectivo da Adm. fiscal e com P. macedo à ilharga a olhar de soslaio para toda a gente - num mimetismo de Pantera cor de rosa - dizer aos portugueses ali do alto da barra do Tejo: afinal, eram codornizes, patos e gansos que vinham do Magrebe contaminados - não com a febre da corrupção saloia - mas com a gripe das aves que é, pelos vistos, um síndrome que ainda não fez baixas em Portugal. Image Hosted by ImageShack.us

Alta kótura e poesia caseira...

Image Hosted by ImageShack.us Gil Vicente - o grande dramaturgo português Resposta de um aluno a uma pergunta sobre a obra dramática de GilVicente, transcrita no Público de 11.8.2004:
"Eu não tenho dúvidas que o Gil Vicente é muito importante, apesarde nunca ter ganhado o campionato de futebol. É importante porque àsvezes ganha ao Benfica, otras ao Sporting e otras ao Porto, tirando aeles o primeiro logar. E também por isto é que a sua obra é dramáticaporque é um drama para os benfiquistas, os sportinguistas e osportistas quando ganha."
  • Resposta de um aluno a uma pergunta sobre a obra dramática de Gil Vicente, transcrita no Público de 11.8.2004:
  • ______________________________________________________ Infra vemos outro tipo de "poesia", outro tipo de representação, muito mal encenada por sinal. Mas arrisca-se a qualquer dia a peça saltar para o palco da Cornucópia e transformar-se num sucesso de bilheteira. A peça irá chamar-se: Mudo de casa as vezes que forem preciso... Onde é que está o nosso homem!? (como sub-título).
  • Aviso que sou cliente Vodafone, perdão, Gama-fone e reclamo, desde já, o meu quinhão em créditos no telemóvel...
Uma das opções para ilustrar a imagem pode ser: Diz o roto ao nú, porque não te vestes tu... Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us A novela segue dentro de momentos. Só me admiro de uma coisa, ou melhor duas: por que razão, desta vez, não foi O Independente a levantar a marosca? Quem diz esse poderia dizer o 25 H. O P. Portas anda distraído.. Terá de regressar à direcção. Eu digo, direcção do jornal - e não da Sic...