sexta-feira

Blogosfera hipnotizada. Duas reflexões:jornalismo político e a ameaça da blogosfera

Um breve olhar sobre a blogosfera-caviar que temos. Depois seguem duas reflexões mais sérias. Uma sobre o jornalismo político; outra sobre a importância da blogosfera na jornalada - que hoje se queixa da falta de fregueses. E em alguns casos a culpa não será certamente dos fregueses.
Notas prévias:
  • Basta um outlook pelos blogs ditos de referência que povoam a net para constatar o padrão do agenda-setting. Quer dizer, basta que Sócrates espirre e lá vão os cortesãos de serviço - dentro e fora da blogosfera - comentar o espirro; basta que se enuncie uma reforma, reforminha ou reformona - e lá estão os blogs do costume - especialmente aqueles que têm centenas de links mas que não vale uma bufa, acumulando toneladas de arrogância, narcisismo e outras pretuberâncias intratáveis. Tudo serve para comentar o pão-de-ló do dia: comentar as essências do Estado, a sua realpolitik, mas também os seus resíduos. Já para não falar nas polémicas da tanga entre escritores menores, ou lihgt, como se diz, em que o roto diz ao nú - porque não te vestes tu.
  • Parece, contudo, que a marosca funciona, e ambos - com a pub. manhosa, ficam a ganhar. Até apetece dizer, um dia destes vou para comentador desportivo, arranjo uma namorada da tv, pode já ser canastrona, e assim assumo à ribalta, às luzes da efeméride, e depois lá vou dizer as minhas baboseiras... Tenho é que me filiar no Benfica e pagar as cotas... Não faz mal de o cromo é ao mesmo tempo do Cds PP e do PsD... O que importa é aparecer a baboseirar na tv afirmando que por vezes a bola é quadrada e que o árbitro é um filho duma bela mãe.. A massa associativa que vê alienada o espectáculo lá em casa aprecia e aplaude.
  • No fundo, o que se pretende dizer aqui neste espaço franco e sincero - é que também a blogosfera, de forma acidental ou por entre outras tantas blasfémias, já foi tocada pelo amiguismo, pela selecção torpe, pelo elitismo primário, pela inclusão dos que bajulam na cadeia de links, pela república de citações auto-elogiosas, pelo ambiente pérfido de compadrio e cunhista que vemos na sociedade de carne e osso. Basta uma leitura apressada da blogosfera para corroborar estas asserções básicas.
  • Não obstante alguma qualidade crítica nesses blogs ditos de referência, e só me refiro a esses, a lei sociológica que julgo confirmar, fixa aquilo que é mais constante. A tal incapacidade para escapar ao efémero, para escapar às multidões de pensamentos que todos têm ao mesmo tempo - parecendo até que se copiam em tempo real numa rede de sexo em grupo. Será mero acidente? Será acidental? Não creio. Há por aí uma geração pseudo-liberal que transfere para a blogosfera os seus rancores pessoais, ódios de estimação, alguns lançam blogs só para bater aos pontos o número de visitas de outros blogs de referência existentes, etc, etc,e tc.. De certo modo, o espectro fez isso ao abrupto de JPP que aqui, em tempos criticámos, mas por outras razões bem diferentes.. Mas ao menos este tem a decência de colocar críticas no seu próprio espaço... Ainda que não pusesse, a blogosfera está repleta de imensos dogmas, de meninos bem, de famílias aristocratas já falidas, mas que apresentam o apelido para ostentar a riqueza doutros tempos, como no Leopardo de Visconti..
  • Outros dizem que vão partir, como se a sua ausência representasse uma perda para Portugal. Mais: uma perda para a humanidade. Vejo tanta, mas tanta soberba, tanta arrogância que a qualidade intelectual que, porventura, assiste nalguns desses acidentais de serviço é logo triturada na forma como manipulam as ideias, ou as opiniões que julgam ser ideias.
  • Hoje vai-se à net e - nos tais ditos blogs de referência - o que vemos, senão uma crítica circunstanciada à agenda do governo, aos vícios da República, ao sr. ministro que foi apanhado a fazer pi-pi com a gaita na mão, à formula salóia e narcísica de que o "meu" blog tem mais links, por isso é melhor do que o "teu". É para isto que estes gajos utilizam a net: para fazer uma fogueira de vaidades e fazer arder aqueles que não os bajulam. Os dogmas que vejo nascer, as omissões cirúrgicas relativamente a quem faz melhor, a selecção saloia e canalha da agenda, o orgulho besta, o amiguismo perverso são as regras funcionais entre esses (soit disant) blogs-guia.
  • Também eles estão doentes, só que não sabem que estão. São multidões enfurecidas, em busca de vendettas mais ou menos organizadas, que vêm doutras guerras, doutros funerais, doutros projectos editoriais que se acentuaram quando Durão cerceou a teta do poder e do dinheiro ao csd PP - deixando umas dezenas de pessoas penduradas que hoje andam por aí a malhar na blogosfera. É claro que Santana também é um sub-produto político desta ruptura feita pela ambição pessoal de Durão. Santana é um resíduo político, apesar de não blogar ou de nem sequer saber o que isso é.
  • Em inúmero casos são putos-charilas que se armam em novos senhores, que desejam feudalizar um determinado espaço de opinião - e, de caminho, pretendem renegar os deuses de véspera. Será isto acidental ou mais uma blasfémia? Ou ambas.
  • Basta ver os blogs que têm os tais links, e arrogam-se do tal linko-capitalismo para aferir a sua falta de personalidade intelectual. Parecem carneiros fugindo duma matilha de lobos que, por sua vez, tenta escapar a um incêndio devastador. Aquilo que de mau já sucedia na sociedade de corte e de carne & osso - é agora continuada na blogosfera - com aquela multidão de fiéis mais ou menos organizados que operam am alcateia, que se submetem à tal lei da unidade mental. Que se citam uns aos outros, como as cusquices das meretrizes que circundam nas avenidas a partilhar o que de mais íntimo têm.
  • Hoje o assunto é X, amanhã é Y, depois é Z. Nem pela via da blogosfera se poderá constatar o aparecimento duma personalidade consciente, virada para fora. Em certos casos, a blogosfera traduz um ambiente de seitas digladiando-se entre si obcecados que estão pela quantofrenia do tal capital-linkismo. Em certos casos o ambiente de tensão psicológica entre estas seitas é ainda pior quando o expresso queria engolir o independente, e este queria destronar aquele quando era liderado por P. Portas - que ainda não consegui ver na sic, porque me dá sempre vontade de fazer um retiro no WC.
  • Será isto a blogosfera nacional - tomando apenas por guia os tais blogs ditos de referência? Esta pode ser ainda uma linha de tendência ou um diagnóstico algo superficial, mas veremos (ou não) se a tendência se agrava ou se essa lei da unidade mental se dissipa. Seja como fôr - afigura-se-me que a tal personalidade consciente desapareceu. Comanda o efeito de sugestibilidade pelos tais blogs de referência que depois se transmitem aos demais por um natural efeito de cascata. E a dada altura estes comentadores pacóvios e salóios - que estão de serviço - nada mais fazem senão comentarem-se uns aos outros.
  • Fazem-no sob o efeito do tal contágio, da tal coacção psicológica - doutro modo a república das citações não funciona. O resultado disto é uma blogosfera - nesses tais círculos mais concêntricos - doente e ensimesmada, que passa a obedecer às sugestões dos operadores-mor - que acabam por condicionar o debate de ideias, vq, os blogs dependentes estão hipnotizados perante o hipnotizador. Será isto acidental ou uma mera blasfémia? Ou ambos.
  • No fundo, o que se pretende dizer aos majericos ensimesmados e narcisistas que pensam que criaram o mundo, pensando até que foram eles que deram ordem aos papás para darem a respectiva queca nas mamãs para eles nascerem, é simples: uma vez que estão hipnotizados com a feitura do processo de agenda-setting - sempre condicionado pelos actos do governo e por aquilo que é tido por notícia noticiável - perderam também a sua personalidade consciente. Perdida aquela perde-se também a vontade e o discernimento.
By the way: hoje qual é o prato do dia? A reforma administrativa do Estado, pois então!!! Tá claro. Nós, por aqui, somos mais primitivos e deixamos duas reflexões. Uma sobre o jornalismo político; outra sobre a ameaça que os blogs podem representar aos papéis que por aí andam e que ainda respondem pelo nome de jornais.
  • Jornalismo político pós-25 de Abril O jornalismo político é cada vez mais necessário mas, ao mesmo tempo, a sociedade imputa-lhe características omnipotentes, que o diminuem perante a possibilidade de análises distanciadas que possam ir além do circunstancialismo do momento. Com efeito, o jornalismo é cada vez mais um sistema de vasos comunicantes presente em inúmeros aspectos da vida social portuguesa, máxime na política. O que vemos se olharmos para a maioria dos jornalistas portugueses do pós-25 de Abril? Desde logo, pensam e operam em contexto de liberdade, depois todos têm cumplicidades ou engajamentos com cada um dos partidos do espectro político nacional. I.é, além do olho da câmara que filma sem ser censurado, salvo por motivos editoriais, grande parte dos jornalistas têm (ou tiveram) filiação partidária. O caso República é, de certo modo, um prenúncio do que veio a suceder depois com a Revolução dos Cravos. Foi esse jornal de resistência ao ancien regime que no auge do Verão Quente em 1975 foi tomado pelos tipógrafos comunistas, provocando uma revolta dos populares em frente à sede do jornal.
  • Foi, em parte, por causa deste engajamento ideológico que emergiu a necessidade dos primeiros cursos de jornalismo em finais da década de 70, por forma a criar um profissionalismo na classe jornalística que as condições históricas e políticas do Portugal de Salazar não permitiram. Paralelamente, assiste-se à criação de novos projectos editoriais e à reprivatização de jornais nacionalizados no pós-25 de Abril. O Público, de Belmiro de Azevedo, e o Independente, de Paes do Amaral, foram fortemente marcados por um cunho político: um do esquerda, o outro de direita. E assim continuam nos nossos dias.
  • Este último, pela mão de Paulo Portas (um ex-social democrata que não conseguiu fazer carreira no PSD), nasce da necessidade de derrubar o “cavaquismo”, injuriando e inventando, semanalmente, manchetes falsas sobre ministros pretensamente corruptos com o fim último de atingir o então primeiro-Ministro, Cavaco Silva. Curiosamente, o jornalista-guerrilheiro de outrora, que instrumentalizava obsessivamente o Independente na propaganda anticavaquista, representa hoje, disfarçadamente, o papel de homem com pose de Estado no sector da Defesa Nacional. Mas os tiques traem-no, revelando o postiço da situação. Ironias do destino, mas que têm explicação à luz das teorias da psicologia do poder e da desmedida ambição pessoal que alimenta: ser primeiro-ministro.
  • Mas foi a década de 90 que gerou as mudanças estruturais na sociedade portuguesa. O aparecimento da televisão privada, designadamente a SIC e depois a TVi – contribuíram – directa e indirectamente – para a tese da persistência e da consolidação democrática de um País que também estava a trilhar o seu caminho na integração da Europa, que se estava a alargar e a aprofundar. Foi todo este trajecto político, mas com nítidas ramificações económicas e tecnológicas e, sobretudo, na evolução das mentalidades, que abriu Portugal a uma nova galáxia de comunicação que não podia deixar indiferente o tradicional cinzentismo da velha, burocrática e previsível RTP.
  • Doravante, foi a sociedade que passou a falar em directo na televisão. Esta passou a espelhar o povo. O programa Praça Pública deu voz e imagem a esse novo quadro no panorama televisivo em Portugal. Apesar de todos esses avanços numa sociedade ainda pouco modernizada, será que houve, de facto, um saldo positivo no panorama estrito da informação? Será que à maior liberdade de expressão, à maior oferta de canais não se seguiu um manto de superficialidade e de amadorismo que passou a povoar as “privadas”? Fica a questão – um pouco na afirmativa.
  • E qual passou a ser, por extensão, a natureza da relação dos jornalistas com os agentes políticos? Designadamente, no plano governamental (leia-se, nos gabinetes ministeriais)? A história recente está repleta de casos de jornalistas que “saltaram” das suas redacções para os gabinetes ministeriais, violando o dever de conduta ética que a profissão impunha. Daí a necessidade de se criar uma Ordem de jornalistas para regular esses desvarios relacionados com a ambição de obter melhores remunerações e também mais prestígio social que a velha profissão de jornalista manifestamente não dava.
  • O desafio passou a ser harmonizar a qualidade profissional da classe com a observância de normas éticas para o sector sem perda de competitividade. Mas isso só não basta. Desde que se defenda que o que se espera de um bom jornalista não seja apenas a “fotografia” das coisas visíveis, esquecendo aquelas que sendo invisíveis (ou ocultas) acabam por tornar visível o que vemos.
  • Talvez seja relevante que os profissionais do sector passem a ter maior preparação sociológica, polítológica, económica, jurídica, filosófica e até teológica. Afinal, o homem e a maior parte dos factos (domésticos e transnacionais) comporta parcelas daquelas naturezas, e o jornalista clássico vê-se impotente em juntar aqueles pedaços.
  • Por isso, de nada vale que o jornalista seja um mensageiro só de narrativas dos factos visíveis: sem causas, consequências, significados, contextos, motivações, estratégias e o mais que os actores neste mundo de globalização competitiva introduzem (na complexificação) da realidade. Agora com meta-ocorrências, com inesperadas ficcionalidades geradas pela sobre-exposição da imagem global, como se o jornalista tivesse de manejar múltiplas máquinas abstractas, por meio de discursos, vozes, imagens, enfim, pelo texto dos textos que interpreta o mundo das hiperealidades.
  • O jornalista do séc. XXI está, hoje, confrontado com sucessivas ondas de desterritorialização alimentadas por acontecimentos transnacionais que transformam a profissão num risco (de vida) permanente e num devenir-devenir. Numa espécie de abismo centrípeto sem centro. Num simulacro onde nos entrevemos, sendo que a televisão é a fé da redenção da humanidade que nos lembra que tudo são, afinal, imagens. Imagens que nos libertam, mas também nos aprisionam.
  • Julgamos, em suma, que o papel do jornalista do séc. XXI convirja com o do cientista social, doutro modo não consegue enriquecer a realidade que narra. Mas se ele a narrar com “alma” também se consagra. Doravante, seria útil que quando a sociedade se referisse à classe pensasse que os jornalistas em Portugal não narram apenas a ponta do iceberg, mas também a massa (dos fenómenos) que está submersa.
  • 2ª Reflexão: A ameaça dos Weblogues O deserto de assuntos de relevância eminentemente política leva-me à avaliação da importância crescente dos blogues que, em Portugal, nascem à cadência de cem por dia. Podemos resumir esta quantofrenia referindo que no último século dispusemos, basicamente, de dois meios de comunicação: de um para muitos (livros, jornais, rádio, TV); e de um para um (cartas, telégrafo e telefone). Hoje, pela 1ª vez, a Net permite-nos comunicar de muitos para muitos e de alguns para alguns, o que acarreta profundas implicações quer para os antigos destinatários, quer para os actuais produtores de notícias que, sentados nas poltronas dos seus gabinetes editoriais, vêm agora esbatida a velha fronteira entre essas duas categorias. O novel presidente do CDS, o eurodeputado Ribeiro e Castro, espelhando o esprit do tempo novo, disse até que organizou a sua campanha por SMS. Translumbrante. Hoje, vemos no que está a dar a circunstância de dirigir o partido mantendo o posto de eurodeputado...

  • Se atentarmos na paisagem virtual em Portugal, verificamos que emergem dezenas de blogues de qualidade. Embora padecendo dos vícios apontados acima. Seria isso inevitável??? São, contudo, sistemas ricos, complexos e de retorno, como formigueiros, que nos explicam que o todo é mais inteligente do que a soma das partes. Na prática, os blogues permitem individualizar a comunicação, falar alto sem ficar rouco, e, por milhares de interacções, criar um sistema de comunicação global que cresce, como cogumelos, da base para o topo. O que só sucede com sistemas digitais - que dispensam as velhas hierarquias, embora elas persistam sob outras formas, vestindo novas roupagens na república de citações mais ou menos feudalizada, tecida por uma teia de amiguismo verdadeiramente lastimável. Mas é essa a condição humana, daí que a mesquinhez tende a acompanhar sempre a conduta do homem. E se o homem contagiou o ciber-espaço, tal significa que essa plataforma foi automáticamente contagiada por esses virús.
  • Eis o diamante da comunicação: o blogue, que se expande à velocidade da luz permitindo que todos nos tornemos editores, fazendo pequenos jornais online, tecendo hiperligações e notas que engrossam o caudal da (in)formação/opinião por uma ordem cronológica invertida, uma vez que o último blogue é sempre o 1º da página. Portanto, o velho jornalismo é agora desafiado pelo admirável mundo novo que já não depende só de profissionais da comunicação, mas em que os amadores são admitidos no clube. Com limitações que decorrem do tal amiguismo pessoal coordenado pelo rizoma da república de citações. E hoje, pelo que sei, creio que são os bloggers os pilotos da maior máquina do mundo.
  • Primeira consequência desta transmutação: o núcleo da autoridade no jornalismo clássico está a mudar, deslocando-se para a plataforma dos blogues. Que, por serem mais rápidos, ágeis e criativos na recolha, produção e manipulação de informação (e contra-informação), passam a vigiar as velhas “raposas” do jornalismo de poltrona. E ninguém gosta de ser vigiado na opacidade da sua caixa negra. Daqui decorre uma 2ª consequência: é que a comunidade “bloguista” não hesita em atacar os jornais, as revistas e outros media tradicionais devido à violação, real ou imaginária, dos princípios da verdade e da justiça. Ora para as velhas raposas, com baixa cultura científica & tecnológica - mas com elevada tarimba, isto é uma heresia na sala das máquinas.
  • É como se os soldados enfrentassem os generais numa paisagem virtual. É por isso que, de vez em quando vemos o ex-director do dn, o sr. Mário B. Resendes, administrador da PT - (será que Belmiro vai tolerar essas reformas de luxo quando a OPA se efectivar??? ou vai pôr essa gente a trabalhar...) - fazer umas citações de blogs amigos - que por já o terem citado - ele depois também os cita na folha de papel do dn. Amor com amor se paga. Mas este exemplo do sr. Resendes, tradicionalmente apoiante do PS e do dr. Soares em particular, é um entre vários, e apenas o citei por ser o que estava mais à mão da memória.
  • Todavia, Portugal goza já de inúmeros desses blogues de qualidade, que marcam o ritmo e formatam a opinião pública. Outros há, ao invés, que vivem numa relação parasitária com o seu autor. Refiro-me, por exemplo, ao Abrupto (de P. Pereira) que é um blogue-celebridade e reconhecidamente "fraco" pela comunidade dos bloguistas. Fraco no aspecto gráfico (embora os gostos não se discutam), pois uma opinião, um artigo de JPP pode valer muito no plano sociológico, e também valerá uns 150 cts no prato da balança contabilistica.
  • Mas o ponto é este: o jornalismo profissional, tarimbado, que se fecha em fortaleza porque sabe que é mais vulnerável, compreendeu os skills superiores vindo das margens do ciber-espaço que galgam para o centro. Questionando a hierarquia vertical do moderno jornalismo, já que foi notório que os directores dos jornais não souberam aceitar a pujança dessa mega-máquina para modernizarem atenpadamente as suas redações. Tal como jamais conceberam que os leitores pudessem estar na vanguarda em matéria de produção de informação. São hoje os mesmos, muitos deles, que já não sujam as mãos para comprar um jornal de papel porque o têm no ciber-espaço. Terá de pagar os acessos, claro está. O dn, valha-nos isso, ainda não pôs cadeado nos artigos. O que deve ter sido uma recomendação do sr. Resendes - antes de partir para a Pt.
  • Mas logo que os media perceberam o que estava a suceder, a cobertura arrancou. E os grandes meios de comunicação também quiseram acompanhar o ritmo reconhecendo, tacitamente, que algum do melhor jornalismo político estava no viveiro dos blogues, i.é, fora das fileiras do jornalismo de poltrona.
  • Porque era aí que eles eram mais eficazes no enquadramento/tratamento dado às notícias relativamente ao trabalho de sapa das agências noticiosas. Talvez não tenha sido por acaso que os militares de elevada patente tenham concedido grande importância a certos blogues (repositórios de ideias políticas) no âmbito da guerra do Iraque. Mostrando que o valor desse nicho de jornalismo de ideias já não se confinava às folhas de papel de jornais e revistas. Qualquer dia Marques Mendes sabe disto, faz um blogue e ganha as eleições.