quinta-feira

Prémio contra a cegueira

Image Hosted by ImageShack.us Fundação apresenta prémio de pesquisa A Fundação Campalimaud vai apresentar na próxima terça-feira, em Bruxelas, o "Prémio António Champalimaud" de Ciência, criado para distinguir investigação no domínio da visão e da prevenção da cegueira nos países em desenvolvimento. A cerimónia de apresentação vai ter lugar na sede da Comissão Europeia e será precedida por um encontro entre a presidente da Fundação, Leonor Beleza, o presidente da Comissão, Durão Barroso, e o comissário europeu da Ciência e Investigação, Janez Potocnik. O prémio a anunciar terá, em 2007, um valor de um milhão de euros. Um dos elementos do júri , que conta com diversos cientistas, é o antigo presidente da Comissão Europeia Jacques Delors. O combate à cegueira nos países em desenvolvimento, onde vivem cerca de 90% dos deficientes visuais, é um dos objectivos a incentivar por este prémio. Estima-se que existam em todo o mundo 45 milhões de cegos.
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  • Sempre achei que a vista é a 2ª coisa mais importante depois de termos nascido. Sempre me interroguei como Steve-iU-Wonder vê o mundo, mesmo através do seu par de óculos. Como será o mundo durão em Bruxelas... Será todo a negro? Como será a vida dos milhares de cegos em Portugal que têm de ir trabalhar sózinhos, e sózinhos chegam aos seus postos de trabalhos sem nenhum acidente no trajecto? Não porque sejam os invisuais a causar os acidentes, mas porque os demais "cegos" que vêm não se desviam a tempo.
  • Se me dessem a escolher entre ficar cego e ficar sem uma perna preferia ficar sem a perna; se me fosse imposto por lei superior ficar sem os dois braços ou manter a vista, escolheria manter a vista para a janela do mundo; se o dilema fosse entre ficar sem pernas, braços e tronco e permanecer com visão - também não hesitaria. Rebolaba-me sobre o olho... Era uma espécie de almôndega vigilante, rodopiante sobre mim mesmo.
  • Até que ficasse só fechado entre o dilema de ver e olhar - apoiado em milhares de células que reproduzem o mundo exterior e depois nos dão aquela preciosa informação ocular. Já aqui dissemos que um dos nossos enigmas era descodificar o que está na essência da morte; o outro seria decifrar a natureza dos Ovnis e, um terceiro, e em homenagem a todos os invisuais portugueses, heróis de nosso mundo a preto e branco, ou só a preto, seria pedir a Deus que fizesse um milagre que lhes devolvesse a vista, esse precioso filtro com que captamos todas as cores e vibrações o mundo e, por vezes, não obstante termos visão, fazemos com que esse mesmo mundo ande sempre a chocar connosco.
  • Como será um invisual a fazer um simples blog? a fazer uma omelete? a entrar e sair do elevador? A ter de ir ao supermercado fazer compras para casa? Tudo coisas banais para nós, os visuais. Basta pensarmos 3 minutos de como seria a tragédia da nossa vida se, num ápice, ficássemos cegos... Onde estaria o telemóvel para telefonar a alguém? Mas uma vez encontrado o Tm como teríamos a certeza que estávamos a ligar o número pretendido? E depois, como abriríamos a porta de casa a alguém se a chave não estivesse na fechadura ou a outra pessoa disfarçasse a vox para assim se fazer passar por quem não era e iludir-nos ante a sua presença? Ou seja, não ter visão é pior do que morrer; é morrer na cegueira e lentamente. Especialmente, para a aqueles que perderam a visão depois de já terem registado as cores do mundo, embora seja igualmente penoso para os que já nasceram com essa deformação congénita e não fazem ideia nenhuma das cores do arco-irís..
  • Por isso, bem-dito seja o António Champalimaud e o dinheiro que cá deixou para curar da investigação que devolverá luz aos cegos e, quem sabe, poderá também um dia iluminar os cromos que nos desgovernam: no burgo e na Europa. Porque esses, mesmo tendo a vista que Deus lhes deu, dão continuadas provas de que não conseguem enchergar grande coisa à frente da testa. Alguns, com o peso dessa obnubilação, acobardam-se e fogem para a Europa - para daí tentarem ver melhor o mundo - que também deve ser a preto e branco.
  • Mesmo sabendo que nenhum dos invisuais aqui me lê apenas lhes digo bem alto - talvez possam ouvir))) - que não tenho heróis - mas eles, os invisuais que lutam diáriamente, hora a hora, segundo a segundo programando a sua vida para nenhuma outra tragédia suceda, mesmo ao atravessar a rua, vai a minha mais profunda consideração e esperança que um dia, em resultado dos investimentos aqui deixados para esse fim, todos e cada um deles possam, como eu, voltar a ver o mundo em que nos foi ou é permitido viver.
  • Mesmo para os daltónicos que andam conduzindo carros pelas ruas de Lisboa e matando pessoas em acidentes que causam, porque confundem o amarelo com o verde, sendo que depois alguém fica avermelhado. E Às vezes, por um azar dos Távoras, até é (mais) um invisual. Não por ser cego, mas porque os que vêm não se desviaram a tempo.