terça-feira

Mãos múltiplas, infinito de infinitos: uma teoria do Poder

Comentámos infra a natureza da mentira em contexto político: ela está sempre presente na vida política, dela depende a própria sobrevivência do actor situado em contexto no seu campo de forças, o qual é constantemente ameaçado por outros actores que só querem uma coisa: ocupar o seu lugar. Imagine-se o número de pessoas que querem substituir Durão na Comissão Europeia; Sócrates em Portugal; Freitas nos Estrangeiros and so on... Um dia uma daquelas mãosinhas, por analogia, matarão, a mão-Mãe... A natureza da mentira tem assim relação directa com a natureza duma certa noção de produzir e representar a política, pois trata-se dum terreno armadilhado, com mecanismos específicos de capitalização de recursos que lhe são próprios. Durão sabe disto, qualquer barra-botas da política lusa já o intuíu. O poder reside, de facto, nos poderes, e uma mão só o é quando ela se multipla por muitas mãos, múltiplos de si. Eis a lógica do poder, identificar uma pluralidade de poderes, de capitais simbólicos - na cultura, na econoia, na sociedade e racionalizá-los em torno dum objectivo estratégico que sirva o poder em funções. Foi isso que Barroso fez com aquelas declarações requentadas sobre a guerra ao Iraque. Qual não é o ministro da Cultura que não desejaria ter a seu lado Joe Berardo? Só a srª Isabel P. de Lima - que ainda não passou a fase do Eça de Queiroz e tenta aprender as primeiras letras da política. Quer isto dizer que o poder, tal com uma mão (de mãos) não se confina a uma representação unidimensional do espaço sociopolítico, como diziam os ocos dos marxistas e depois deles os menos ocos dos neomarxistas da escola de Coimbra. Com efeito, aquela mão representa a essência do poder, a tal pluralidade dos campos autónomos, as tais dominações que servem sempre os interesses de alguém em prejuízo de outros.

  • Por vezes cada uma daquelas mãos estão sincronizadas e obedecem à mão-Mãe, e aí a economia obedece ao nervo da política, a cultura também se lhe submete bem como tudo o mais. O senão começa quando a política deixa de mandar em quase todos os demais subsistemas, ou seja, quando a mão-Mãe não se faz obedecer pelas suas mãosinhas... É aqui que começam os problemas, a dessincronia e as assimetrias do poder dentro dum quadro de dominação entre homens, grupos e organizações. Ou seja, nem sempre O Poder dá T...., como sugere aquela capa supra.
  • Por vezes até a tira, basta que os estudos de opinião registem indicações de votação baixos em determinador líder: por exemplo, imagine-se que Sócrates passa a ter má imprensa, más perfromances públicas, más políticas públicas (algumas já o são)... Aquele beijinho que deu a Fátima Felgueiras será dado, porventura, com menos fulgor.. Isto O poder dá, mas também tira a T.... como se diz naquela monografia de alto gabarito numa edição que, cremos, esgotou mesmo antes de ser editada, tal a perícia do editor e do autor... Em botânica, chama-se áqueles mãosinhas um rizoma - que reflecte a actual configuração do poder que regula as sociedades (ditas) desenvolvidas. Imagine-se uma mão com um tipo de caule que algumas plantas verdes possuem, que cresce horizontalmente, muitas vezes de forma subterrâneo, como fez Durão quando começou a fazer a sua "cama política" em Bruxelas, para frustração de Tony Vitorino - que hoje se vinga em tudo quanto é Conselho de Administração. Aquela mão é a metáfora funcional e horizontal do poder actualmente. É o desenho e o espelho fiel de todos homens ambiciosos que querem, a qualquer preço, fazer carreira na política, dentro ou fora dela. É uma mão de mãos, infinito de infinitos, prováveis de possíveis, recorta uma configuração horizontal. É uma mão que é um polvo. E como todos os polvos apresenta sempre um lado sinistro.

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    Certos rizomas, ou seja, certas mãos, como em várias espécies de capim (gramíneas), servem como órgãos de reprodução vegetativa ou assexuada, desenvolvendo raizes e caules aéreos nos seus nós, alargando as suas ramificações de poder, controlando as cidadelas da sociedade, da cultura e da economia até ao controle final do poder e chegar a S. Bento. E servir como órgão de reserva de energia. Só é pena que tanta sofisticação na elaboração do poder ainda deixe milhões de pessoas em Portugal descontentes com as actuais condições de vida. Porque será? Não é das mãos, certamente!! - nem do rizoma do gengibre!!!