terça-feira

A OPA lusófona - por Manuel E. Ferreira

A OPA lusófona Manuel Ennes Ferreira Image Hosted by ImageShack.us Para apoiar o enorme esforço financeiro de conquista do mercado angolano, aconselhou-se o BCP a lançar uma OPA sobre o BPI. Muito se tem escrito e opinado sobre as OPAs que animam o mercado português. Contudo, nada é verdade. Há alguns meses atrás, durante uma jornada de reflexão sobre o papel dos mercados lusófonos para a economia portuguesa, foi decidido que a Portugal Telecom (PT) lançasse uma OPA sobre a totalidade de Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé. As contas eram simples. Estes três países apresentam, por atacado, um PIB anual que ronda os 1,5 mil mihões de dólares. Ora, só em proveitos, a PT alcançou no ano passado os 6,3 mil milhões de euros. Embora politicamente incorrecto, a tentação falou mais alto. Mas como as paredes têm ouvidos, alguém avisou os governos daqueles países. Estes, sabendo da forte ligação que a Microsoft tem, através da Fundação Gates, com Moçambique, pediram ao Governo deste país que intercedesse junto de Bill Gates E está explicada a razão da vinda do milionário a Portugal. Qual Plano Tecnológico, qual quê! A conversa foi simples: ou estão quietinhos ou eu lanço uma OPA a Portugal (de recordar que o PIB português são cento e tal mil milhões de dólares e que as receitas da Microsoft são cerca de 40 mil milhões de dólares...). O Governo meteu a viola no saco e foi repensar a estratégia. Bingo! Angola! Angola é que é o futuro, tudo começará por ali. Há que tomar o mercado. Como? Antes do mais, afastando qualquer indício da participação directa do governo. Como fazer? Convence-se Belmiro de Azevedo a lançar uma OPA à PT (está agora percebido porque aquele não quer o Brasil mas afirma que África é para apostar). Depois, a SONAE/PT lança uma OPA à Unitel, onde detém uma importante participação, e depois às outras operadores do mercado. Entretanto, para apoiar o enorme esforço financeiro de conquista do mercado angolano, aconselhou-se o BCP a lançar uma OPA sobre o BPI e um mês depois sobre o BES. Entretanto, a CGD abriria também em Angola, o que já está em andamento, para dar uma ajudinha, por fora, claro, pois é público. Este novo banco, Tugangola, lançará diversas OPAs nas áreas onde detém já interesses consolidados, nomeadamente sobre a Endiama, nos diamantes. Mas como a pérola é o petróleo, foi pedido a Américo Amorim que abrisse um banco em Angola, se aliasse a uma das filhas do presidente, e que depois contaria com o apoio do novo grupo bancário português para lançar uma OPA sobre a SONANGOL. Acontece que, entretanto, aquele empresário adquiriu uma participação na GALP, juntamente com a filha do presidente e ainda a SONANGOL. E de imediato prepara-se para anunciar uma OPA sobre a GALP. Julgavam que os angolanos andavam a dormir? E para tornar mais atraente a oferta junto dos investidores, vai ser proposto que Mantorras seja o futuro CEO da empresa e que, para além da contrapartida monetária por acção, cada 100 acções permitirão gozar uma semana de férias no Mussulo durante os próximos dez anos. Perante tal traição, o empresário português encontra-se exilado nas ilhas Tuvalu. Não menos interessante são as OPAs da UNICER sobre a totalidade das cervejeiras do país, o sector industrial mais dinâmico e garantido, do Grupo Pestana sobre o condomínio do Futungo de Belas agora que o presidente angolano se mudou para a Cidade Alta, e da Soares da Costa e Mota/Engil sobre as construtores. Neste último caso é improvável o sucesso já que o Governo angolano pediu ajuda à China. Esta prepara-se para OPAR as construtoras portuguesas. Finalmente, e aqui reside a questão central da deslocação de José Sócrates a Angola, a Pastelaria Pastéis de Belém, totalmente apoiada pelo novo vizinho Cavaco Silva e suportada num parecer jurídico do ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, lançou uma OPA, ainda por cima hostil, à cadeia de pastelarias luandense Maravilha. O melindre político é evidente e por aqui passará o futuro das relações luso-angolanas. Nota: De acordo com o insupeito canal financeiro Bloomberg, as empresas Bacalhau Pascoal, Conservas de Atum Ramirez e Conservas de Sardinha Bom Petisco, como forma de internacionalizarem a sua presença nas mesas dos falantes de português, preparam-se para lançar uma OPA à CPLP.