Sociedade da mentira institucionalizada
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Macro de grande, skopein de observar: observar o infinitamente grande e complexo. Tentar perceber por que razão a ave vive fascinada pela serpente que a paralisa e, afinal, faz dela a sua presa.
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Mergulhados no turbilhão político caseiro quase nem tivemos ocasião para digerir as conclusões da reunião dos chefes de Estado e de Governo da Zona Euro da passada semana. Reunião essa, contudo, que acabará por ter repercussões na nossa vida colectiva muito para além do desfecho da crise do PEC IV... dn
Em primeiro lugar, importa reconhecer que as decisões tomadas no âmbito europeu foram muito além do que era previsível. Confesso que era dos que pensavam que estas decisões acabariam por fazer o seu caminho, mas apenas no último minuto da última hora do próximo Conselho Europeu de 24 e 25 de Março. No entanto, razões que poderão ser mais bem entendidas à luz das vicissitudes da política interna alemã terão levado a chanceler Merkel a definir um quadro de resposta antecipadamente, quer no respeitante ao denominado pacto de competitividade quer no referente às regras de flexibilização do Fundo Europeu de Estabilização Financeira.
Quanto ao primeiro aspecto, as formulações acolhidas quanto às reformas económicas atinentes ao crescimento, ao emprego e à sustentabilidade dos sistemas de pensões nacionais foram sendo buriladas e acabam por se apresentar como previsivelmente aceitáveis para todos os Estados membros da União, sejam ou não membros da Zona Euro.
Já quanto à flexibilização do Fundo de Estabilização, os resultados vão muito para além do que seria expectável. Isto quer à luz das declarações públicas feitas ao longo de várias semanas por altos responsáveis alemães quer em função do que se sabe ser uma reacção negativa da opinião pública alemã em relação ao apoio a dispensar aos países da Zona Euro em situação particularmente exposta à pressão dos mercados internacionais.
As novas características deste Fundo (aumento da dotação efectivamente mobilizável, taxas de juro de referência, possibilidade de compra directa de dívida soberana no mercado primário, prazo de reembolso) justificam plenamente aqueles que sempre disseram que o recurso ao modelo anterior não só não resolvia os problemas de fundo dos países sobreendividados (excepto a garantia de estabilidade no financiamento) como inclusive os agravaria, gerando uma espiral perversa da qual os países não se libertariam tão cedo. A Grécia já manifestou o seu interesse nestas novas condições, a Irlanda está confrontada com o dilema de as aceitar cedendo no seu sistema de taxação das empresas como parte da condicionalidade exigida pelos seus parceiros europeus.
A nova configuração do Fundo faculta, pois, aos países que, no futuro, se vejam confrontados com necessidades de financiamento em relação às quais os mercados imponham condições punitivas ou desproporcionadas, um mecanismo de resposta e de contrapressão em relação aos mercados que assinala uma diferença qualitativa em relação ao cenário antecedente. Os termos em que, entre nós, esta questão tem sido equacionada no debate público não podem ignorar esta mudança significativa.
Resta saber se este novo modelo do Fundo, conjugado com o pacto de competitividade e com as regras de coordenação dos orçamentos nacionais, será suficiente para garantir a sustentabilidade do euro no seu conjunto, pondo termo à pressão dos mercados e ao efeito de contágio que se tem gerado desde a crise grega em Maio do ano passado.
O que me parece evidente é que este novo quadro europeu constitui uma janela de oportunidade para Portugal, quadro esse que há uma semana não estava nem de perto nem de longe garantido e que hoje nos abre uma via de saída. Se, em virtude das vicissitudes da nossa política interna, não a soubermos aproveitar, só nos poderemos queixar de nós próprios. Uma crise política que enfraqueça a capacidade negocial portuguesa neste momento crucial tem efeitos que não se apagam no curto prazo e apresentará uma factura (ainda mais) pesada aos portugueses nos anos que se seguem.
Convém não esquecer que as organizações internacionais e os mercados não se relacionam com concretos governos mas sim com Estados. Ora, por muito emocionantes que sejam as picardias da nossa vida política e por muito sensíveis e calculistas que sejam os seus protagonistas, é todo um povo que estará presente na hora de prestar contas. E os tiros nos pés pagam-se caros!
Obs: Com o dr. Soares a reclamar eleições antecipadas, com o Portugal-profundo a manifestar-se nas ruas contra o Gov, com o principal líder da oposição a ser inflexível e desejar eleições antecipadas, Sócrates foi hoje ao Parlamento vencer mais um debate. E até deixou mais uma promessa: as pensões irão aumentar, ainda que ligeiramente. Claro que foi a intervenção de Francisco Assis, em boa medida, quem salvou o debate, orientado-o para o combate político puro e duro, ao chamar à colação os métodos e procedimentos do Gov durão & Portas, em 2004, ao preparar em Bruxelas os referidos pacotes de austeridade para a economia portuguesa. Só o tempo nos dirá como iremos todos pagar esses tiros nos pés, havendo, contudo, quem já não tenha pés, ande com os cotovelos.
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Obs: Tenho a leve sensação de que Sócrates, apesar de ter o Portugal-profundo contra si e contra o seu Gov, ganhou mais um debate parlamentar. Em boa medida, ajudado por Francisco Assis - aduzindo argumentos de liderança interna ao PSD para explicar por que motivo Passos está duro e inflexível e quer ir a eleições. Também isto é fascinante na vida pública em Portugal, pena é que custe milhões a todos nós, e entrave o efectivo desenvolvimento do país.
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erdida, a qualquer preço. Sendo certo que, doravante, esta oposição (especialmente, a do psd) terá em cavaco uma caixa de ressonância ideal para, com ele, ecoar a contestação ao Gov. Seja nos circuitos formais internos do poder, seja ainda nas ruas e avenidas do Portugal-profundo por onde perpassarão boa parte das manifs, greves e tomadas de posição de sindicatos e movimentos sociais e pessoas descontentes com o rumo que o país assumiu. Etiquetas: governo, oposição e PR: o signo da conspiração
Desconheço, a esta curta distância, se esta iniciativa global irá produzir alguns efeitos sociais no interior de cada espaço social afectado por aqueles problemas socioeconómicos, mas admito que este conjunto múltiplo de prostestos, até com motivações algo diversos entre si, possa gerar uma nova cultura cívica e política na esfera global (potenciada pela virtualidade dos meios disponíveis) que ajudem a estruturar novos debates nacionais e transnacionais acerca do futuro da organização da sociedade e da economia, e até no plano ético, de modo a promover actividades e políticas públicas que possam ir ao encontro dessas legítimas expectativas.
Todavia, seria ingénuo supor que que a tecnologia é emancipatória, ou que os jovens (e não só!!) empenhados na dinamização deste encontro global de visões altere substancialmente o estado da arte que hoje vivemos.
Assim sendo, aquilo que consigo antever deste mega-evento, é que uma nova produção de texto, de linguagem, enfim, de comunicação começou a interagir no seio dos espaços virtuais, e por essa cultura virtual estar enraizada entre os mais jovens - esse capital cultural começa também a querer interferir com a própria realidade socioeconómica a fim de lhes propiciar mais oportunidades e melhor qualidade de vida.
Em rigor, e se isto tem algum fundamento, a interacção desses espaços sociais/virtuais, que surgem cada vez mais justapostos, pode significar que essa forma de auto-expressão, ao mesmo tempo individual e colectiva, representa um enorme espaço de potencial político - a que a política e os políticos tradicionais têm de saber responder, sob pena de também eles perderem o seu próprio "comboio" e o "comboio da história".
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