Somos um casal algarvio com vontade de conhecer outros casais que gostem de apreciar os bons momentos a quatro. Somos pessoas sérias, simpáticas e extrovertidas." O anúncio não está em nenhum jornal (está, de facto, no DN - Link). Aliás, é difícil encontrar nas páginas da imprensa anúncios destinados a swingers. É na Internet que os casais colocam agora os seus anúncios - "queremos cultivar amizades, passar bons momentos e gozar a vida"; "somos alentejanos e adoramos as coisas na calma". (...)
Claro que isto também tem os seus riscos a Internet democratizou o swing e o que antes era uma espécie de "sociedade secreta", onde só se entrava conhecendo um amigo do amigo, passou a estar acessível a todos. E pode haver surpresas. "Às vezes, encontramos pessoas com quem não nos identificamos. Com quem não queremos sequer ser vistos no café, quanto mais ter uma relação mais íntima. As pessoas vêm sem postura", conta Rita.
- Continua a Xarada...
"Este não é um canal meramente sexual", avisa o SwingersPlace. Os casais que por ali navegam querem "partilhar experiências e amizades com outros casais, por forma a estabelecerem-se relações de confiança, lealdade, maturidade e respeito dentro de um grupo dinâmico".
- O meu comentário é um não-comentário. Lembrei-me, apenas da chamada Loucura da normalidade.
- Quer dizer, anda o Papa Bento XVI a esforçar-se por debitar uma nova Encíclica em que se reafirma a importância do Amor numa relação responsável e sólidamente construída, e depois estes cromos vêm com os swings... Ó meus amigos, "não havia necessidade"... Já agora, como será partilhar o que de mais íntimo temos e/ou somos, ou julgamos que temos e somos - num ápice com uns "corvos" que nunca ninguém viu mais gordo??!! Há aqui um problema sério de perspectiva e de mente.
- Poderia chamar a este post/assunto: conversa no divã do caixote do lixo, tal o sentimento que me suscita a abordagem dos cromos supra - que - tentarei explicar infra como e porquê.
- Leio isto isto e ia caindo de 4, como se diz!!! Confesso ter pouco jeito para bota de elástico, respeito as opções sexuais de cada um, mais respeito que as pessoas se divorciem quando deixam em definitivo de se entenderem ou gostar uma da outra. Mesmo com filhos. Respeito tudo isso.
- Mas o que me é terrivelmente difícil de engolir é este linguajar de sociologia barata e perversa vendida por estes cromos procurando, assim, dizer à turba que eles mais não estão fazendo do que uma mera sessão de formação para "caixeiros viajantes", cuja finalidade é capacitar esses vendedores de que têm de vender melhor as bisnagas e os cremes junto do mercado. Mal comparado - esta estória, e o que está por de trás dela, recorda-me a vida daqueles delegados de propag. médica - sem querer ofender a classe, naturalmente - tentando convencer os médicos a prescrever a vaselina A em detrimento do supositório B, e depois fazem-se acompanhar por grandes caixotes com coisas lá dentro que se descobre, afinal, ser a prenda para o médico-prescritor. Muitos não aceitam, por convicção - é claro!!! Outros não aceitam (no momento) por decoro ou vergonha, mas recebem depois o caixote pela "porta do cavalo" (sem ofensa para os cavalos, que são animais belos e incorruptíveis, excepto quando partem as patas). Isto passa-se e até os cegos sabem que a coisa é assim.
- Mas nunca esperei que a perversidade na arte do convencimento suxualóide fosse tão labrega, pérfida e manhosa. Leio o texto e recordo aquela outra circunstância em que uma pessoa está sendo morta à pancada, sendo que o agressor continua com um ar perfeitamente normal. Ora isto é que eu não consigo engolir.
- Há aqui um problema grave, um desvio estrutural de personalidade que afecta comportamentos e práticas duma microsociedade. Pois aquele que decide sobre o prazer e o não prazer, não decorre da linguagem e/ou da comunicação usada entre as pessoas para o efeito. O problema situa-se na esfera mais intrínseca, ié, na maneira das pessoas se darem consigo próprias.
- Ora é essa destrutuvidade humana que reencontro naquela metáfora do sofá junto ao caixote do lixo. Porque geralmente os sofás estão nas salas, dentro das casas, e não alí. Leio aquele texto sobre os "swingers" - e até percebo essa meia dúzia de pategos com crises de identificação corporal e sexual que não conseguem ter um orgasmo desde a puberdade, mas o que não consigo entender - muito menos aceitar - é que essa meia dúzia de broncos debite aquele linguajar na sociedade que representa, em português corrente - a ideia de que o homem banaliza o homem, ié, o homem parece ser o único que destrói por destruir, como fim em si. Julgo que até o Freud perante isto ficaria de boca-aberta.
- Afinal, as maiores estranhesas escondem-se por detrás de caras sorridentes. E daí se parte com uma conduta de amabilidade aparentemente respeitadora. Razão por que se tornou hoje muito mais difícil identificar a verdadeira causa da doença da nossa época. Ela parte quase sempre de pessoas de aspecto normal. Por isso, quando vejo um tipo "esquisito" na rua digo para os meus botões: ora ali vai um tipo porreiro, necessário à sociedade.
Este outro artigo - cujo link foi enviado por
TR - a quem agradecemos a chamada de atenção, oportuna de valor complementar à nossa reflexão - reflecte uma outra realidade distinta da supra-referida. Trata-se, neste caso, de pessoas singulares que se querem conhecer para travar amizade, namorar ou até casar, como ilustra o texto sintomático do
El País. De facto, num 1º relance fica-se abismado com a percentagem de pessoas que já recorrem à WWW (rede das redes que, por vezes, se transforma mais numa teia) para cimentar relações, encontrar pontos de contacto, sinergias, identidades que não se encontram no dia-a-dia e nos cromos que povoam esse rotina do tempo que passa. A escrita pode ser um refúgio, a fotografia pode ser uma escapatória artística, o atletismo uma opção, a natação uma vocação, a blogaria outra e o mais. Mas a estatística - que nunca chora - embora neste caso seja preocupante, pois o correspondente a 50% da população portuguesa recorre à net na vizinha Espanha para encetar e cimentar relações pessoais e/ou amorosas que podem culminar em desgraças, ié, casamentos. Depois divorciam-se e volta tudo ao mesmo, nesse ciclo infernal da história das nossas vidas. A história da existência humana.
Em França esse "susto-estatístico" dispara, já que é um "Portugal inteiro" (cerca de 10 milhões de almas) que vive pregado ao teclado em busca dessa tal cara metade... Depois aparece uma socióloga de serviço para tentar explicar-justificar esses números: é o ritmo de vida, os horários marados que não libertam tempo para as pessoas se olharem e se apaixonarem, diz. Algumas querem que o tempo faça um flasback - de molde a que o homem faça uma corte à moda antiga, ié, como aqueles pavões - em que o pavão-macho começa a abrir as asas, a mostrar as cores, e erguer a crista.... Tudo efeitos que deixam a "pavoa" a voar num mar de ilusões, e quando interioriza aqueles efeitos psicadélicos do pavão-macho... - já é tarde, pois o Pavão já começou a montaria. Com os seres humanos c'est la même chose, apenas com uma única ressalva: utilizamos um código de valores e de signos = cultura para gerar o mesmo efeito. Por isso, somos todos uns animais: há-os alados - como os perús, pavões; e depois estamos cá nós: o homo erectus.
Tudo isto não deixa de ser um espectáculo: um espectáculo da Natureza, apesar da minha experiência com os familiares do Pavão - o Perú - ser bem mais espectacular. Um dia tivémos de matar um perú - mas como ele já era velho e a carne deveria ser rija - optou-se por o embebedar préviamente. Assim foi: um segurou nas guelas do dito perú e o outro despejou-lhe um garrafão de 5L de aguardente pelas guelas abaixo.
Foi lindo ver aquele perú a andar, a correr, a tropeçar, coxear, a delirar, a muletar como faz Sócrates (e depois lembra-se que tem de continuar a encenar para gerar mais compaixão na turba e pedir-lhes mais sacrifícios sem resistência, pois é para isso que servem aquelas muletas...), julgo até que fazia break-dance - porque estáva-se na década de 80 - e o perú devia conhecer as influências culturais e os registos musicais mais batidos nessa década do Funky & Disco...
Mas o ponto é este - tanto pudemos conhecer um grande amigo, amiga, mulher e o mais pela Net como através da morte assistida de um perú. O que me assusta não é já as modalidades (virtuais) pelas quais as pessoas se conhecem, mas a expressão estatística que isso assume, com a agravante de que as regras do jogo tecnológico e de artifcialização do real (via net/virtual/simulacro) andam todas muito mais depressa do que os costumes, aquilo a que vulgarmente se denomina cultura, ética, common sense, quadro de mentalidades e o mais que formata uma personalidade numa determinada conjuntura ou época. Confesso que esta busca exponencial do "amor" pela via virtual é uma deriva que me surpreende, mas que desde que vi um pig andando de bYke - também já acredito em tudo. Mas deixemo-nos de tretas e vejamos o artigo ilustrativo do El País... Esperando, até lá, que o número de divórcios não se multiplique à cadência de entradas na net - tomando aqui por referência (só) o Reino de Espanha e França. Creio que hoje já muito pouca gente fala francês e ninguém toca piano...
Nota prévia: como escrevo mal e dou imensos erros submeto tudo ao meu Canário, o Dr. Freud - que tem várias particularidades: é preto (quando me chateia), fala janonês e tem uns olhos de água - a ponto de - estando em Carnaxide - detectar uma formiga a subir pela muleta esquerda de Sócrates. Por isso não deixo de sublinhar aqui a sua (dele) opinião acerca de Beatriz - que é noiva do marmelo que a ladeia. Diz dr. FReud: ela até é engraçada, só é pena usar lentes de contacto...
El negocio del amor arrasa en Internet
Las 'web' para buscar pareja facturan 15 millones de euros al año, tienen 5 millones de usuarios y empiezan a anunciarse por televisión
J. A. AUNIÓN - Madrid
EL PAÍS - Sociedad - 29-01-2006
Juan Carlos Vargas y su novia Beatriz. (EL PAÍS)
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En España hay 4,8 millones de usuarios registrados, la mayoría de pagoEl 80% de los usuarios de una de las compañías tiene estudios universitarios¿Eres? Hombre. ¿Buscas? Una mujer. ¿Lugar de residencia? Madrid. ¿Edad? Entre 30 y 35. El hombre aprieta el ratón de su ordenador y aparecen en la pantalla los perfiles de varias mujeres, la mayoría junto a su fotografía. Aparece, por ejemplo, una chica de 32 años, morena, romántica y con sentido del humor. Si él quiere mandarle un correo, tiene que pagar una cuota mensual de 30 euros. Si hay suerte y el contacto sale bien, la cosa puede acabar en una relación de pareja. Si no, pueden volver a intentarlo.
PS: Desconfio que este aqui também preencheu o formulário, enviou a foto, pagou os 30Euros e, no final, como ninguém lhe respondeu, sentiu-se roubado. E quando isso sucede a reacção das pessoas deve ser mais ou menos esta...Primeiro fica-se calmo, respira-se e depois...