Out of Lisbon - find the paradise
- Sempre que zarpo de Liboa-city, que é a aldeia mais provinciana que conheço, tenho uma sensação estranha e boa ao mesmo tempo: sinto-me mais leve, é como se as pulgas, moscas, mosquitos, carraças e outras traças - começassem a levantar vôo dos meus ombos e eu me encaminhasse para o paraíso à velocidade da luz - em busca da tal Liberdade.
- Mas se saío de Lisboa - que é uma aldeia - tenho de atracar noutra aldeia, embora mais pequena. E é aí que começa a beleza pura que aqui conto. Entro nessa aldeia e vejo velhos, muitos velhos, uma multidão de velhos, jogando cartas, mas há um que está sentado à soleira da porta de casa, ao sol, ou pedindo que ele venha, e enquanto esse pedido não é atendido ele resolve fazer uma fogueirinha de gravetos. Passei diante e dei-lhe os bons dias - que retribuíu gentilmente.
Depois perguntei-lhe, de brincadeira:
- Está a aquecer-se?
- É - respondeu.
- Mas por que é que fez essa fogueira? Está sol...
- O velho olhou-me e disse-me:
- Porque é bonito e faz-me companhia.
<< Home