O amor do vaticano

Ontem o Papa Bento XVI - de quem eu não consigo simpatizar, pois a memória de João Paulo II é demasiado forte e plena de bondade, avançou com mais umas teorias, doutrinas e referências às relações humanas e, dentro destas, ao papel que o Amor deve ocupar nas nossas vidas.

Mas atenção: fufas e gays estão excluídos desta ranboiada, porque Deus quando estava a fazer a humanidade separou as águas, e eu acho bem, embora respeite esse 1 milhão de homosexuais que pululam neste momento em Portugal. Espero, contudo, que não seja o mesmo milhão que votou no marialva do poeta Alegre, pois se fosse seria uma grande ironia da estória e nem o próprio matcho Alegre iria achar a ideia engraçada... Ele ser o portador e o fiel depositário dessas pessoas que apanharam o gosto de simpatizar e acariciar o mesmo sexo nos comboios da vida.

Mas o essencial da Encíclica, esse documento fundamental que emana do pensamento do catolicismo ortodoxo romano e apostólico, vem-nos dizer o seguinte: quando existir um vazio nas nossas vidas, encham-nas de Amor. Amem o melhor que puderem, amem quem quer que seja, amem tudo tudo o que puderem, mas já sabem, com aquelas ressalvas. Mas amem sempre. Não se preocupem com a razão por que amam. O amor é infinito, é um fim em si. Não se considerem incompletos por o vosso carinho não ser correspondido. O amor é a própria recompensa na busca desta plenitude. Se à saída do metro amar a pessoa errada e levar um par de estalos, continue a amar, talvez um dia ame a pessoa certa à saída dum estádio de futebol e vier a descobrir 3 décadas depois que se tratou dum transexual..

Dito isto até eu já fiquei a "amar" este Papa - apesar do seu ar meio diabólico com olhar esgaseado. Fará de propósito?! Não sei. O que sei é que o Papa Bento XVI é esperto e diz o óbvio: amai-Vos uns aos outros porque a natalidade tem de disparar, já que o PIB não arranca; nem as exportações; amai-Vos e multiplicai-Vos porque só assim a sociedade gera recursos e alminhas (e deles) para deixar esmolhinhas nas caixinhas estacionadas nas igrejas para fazer as obras aos telhados que já metem água, e às vezes metem vinho, muito vinho - pois como sabemos grande parte da padralhada é íntima do sumo da uva, e alguns até dão a missa com a língua enrolada.

É um estouro, assistir a uma missa em que o vigário mais parece um vígaro e a assembleia de crentes bate palmas como se estivesse no circo romano. Já aconteceu e eu vi, e tive de sair por causa da dor de barriga, de tanto rir. Era, afinal, o amor ao vinho.

Bom amai-vos uns aos outros e, já sabem, bagunçada com o mesmo sexo não dá nada e o cesto das esmolas não pode continuar vazio. Esta encíclica veio-me dizer, afinal, que a crise da Igreja também foi tolhida pela globalização predatória que desanca em todos nós, os globalizados.

Amem-se, e, já agora, evitem lixar-se tanto uns aos outros. Deus não gosta e pode castigar-nos - roubando-nos a capacidade de AMAR.