Buscar um sentido... para Portugal
Enquanto via e ouvia ontem Cavaco na varanda a céu aberto do CCB - que obrou - lembrei-me do seguinte, até para preencher aqueles tempos mortos que ele mentalmente digeria enquanto processava mais informação de circunstância para dizer à turba que agitava as bandeiras sedenta de novidades: mesmo nas condições mais precárias e até desiumanas, os portugueses parecem rebuscar forças terríveis no fundo de qualquer baú a fim de recuperarem da desgraça que nos tolhe a todos - pessoas, empresas, sociedade, Estado.
Esta "saloia" deriva prende-se precisamente com a busca de sentido para a vida, para a vida de Portugal e dos portugueses - que hoje vivem imersos num "mundo cão", com a economia, a sociedade e o Estado a ensanduicharem os tugas com cada vez mais impostos sem que daí decorra qualquer contrapartida para a saúde, a educação, o ambiente, segurança e protecção sociais entre muitas outras políticas púbicas...
É, pois, esta busca de sentido para a vida que Cavaco deveria estar a pensar enquanto afinava o carburador para deixar passar a gasolina e permitir a combustão dessa energia pelo motor - que em Portugal explode pouco e mal. Será a dois tempos... O aumento dos combustíveis era, desde já, uma medida que Belém deveria opôr-se, até por razões de Estado, ié, por machadar ainda mais as condições de produtividade e de competitividade nacionais. Mas o dr. sampaio é como é = a ele próprio, e sendo assim não é nada. Aliás, Samapio só fala algo entendível quando lê um papel, como diria o prof. Marcelo.
Deste modo, aqueles tempos mortos na caixa negra mental de Cavaco eram, presumimos, interrogações a que o próprio Cavaco não tem a mais pequena ideia de como se resolvem. Mas ele é um bom aluno e aprende depressa. É que se não o fôr os portugueses, ié, os "prisioneiros" desta nave doente que se chama Portugal - transformam-se em meros objectos de decoração duma paisagem inerte, já sem cor e sem finalidade, em suma, sem sentido.
Quando a dia 9 de Março Cavaco tomar posse - os portugueses, cada um dos portugueses, deve dar o grito de dignidade humana, de revolta, para mostrar o sinal da luta revelando, como Camões, que por vezes é o povo forte que faz forte o rei-Presidente. Ao invés de rei-fraco /Sampaio enfraquecer o fraco povo... que já somos. Eis o legado de Belém nesta última década sentimentalóide e choramingueira...
E é aqui que bate o ponto: Cavaco, de per se, vale pouco. Mas se os prisioneiros que são 10 milhões - resolverem começar a bater os pés e a gritar - com o tal sentido - desconfio que rápidamente recuperaremos os valores espirituais, as crenças e as motivações que nos trarão de novo o amor-próprio, a noção de colectividade mas também a de indivualidade (porque isto não é o comité central do PcP, bem entendido!!!) e, desse modo, construir um ser-pensante português com um PIB mais elevado. E como é que isso se faz? senão com liberdade, amor-próprio, trabalho e, já agora, alguma arte. Reunir tudo isto num cesto é identificar o tal "sentido" ou desígnio que hoje tristemente nos falta.
Resumindo: temos de ajudar o Cavaco a partir o bolo-rei, doutro modo ele não se aguenta com tanta talhada.. E para sinalizar essa necessidade de o ajudar deixamos aqui uma reflexão criativa do grande Chaplin... que era um verdadeiro comunista, talvez quem melhor e mais percebeu o natureza do sistema capitalista do mundo moderno e o satirizou.
Também aqui o bom do Cavaco terá de perceber uma coisa - até para afastar as aleivosias do sistema banco-burocrático que o circunda como tubarão em roda das focas.... O capitalismo é hoje tão essencial - como essencial é regulá-lo e discipliná-lo...
Portanto, dr. Cavaco sempre que pensar no capitalismo em Portugal lembre-se do dr. Santana...
- No fundo - o princípio transcendental que organiza a nossa vida e comanda toda a ciência, a tecnologia e o progresso humanos - aponta para uma ideia simples mas que nos distingue de tudo o mais: somos homens civilizados, dotados da capacidade e da vontade de tomar posição de modo consciente perante o mundo e dar-lhe um sentido. Resta saber se temos condições anímicas, intelectuais e materiais para dar esse pequeno grande salto...
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