
No início da década de 70 o Primeiro-Ministro de Portugal viaja até ao Brasil. Leva consigo uma extensa comitiva de ministros, gestores, empresários, intelectuais e, claro, jornalistas. Não sabemos se Carneiro Jacinto já andava na alta roda nessa altura..
A viagem destinava-se a recuperar a confiança do Governo brasileiro, ainda magoado com os actos hostis do tempo do gonçalvismo, e assim obter investimentos nos vários domínios. O ambiente era quente, como se pode calcular, mas o dr. Soares não se dispensou de dar um espectáculo, que - décadas volvidas, revelam bem a sua maneira de ser e estar na vida.
Irrompeu por entre a multidão, ante a sua demagogia parva, para tentar mostrar aos índigenas que era um verdadeiro estadista. E na ânsia de aumentar essa popularidade fácil, por entre gestos e gaffes, Soares resolveu entrar num bar e dizer: Vou aqui abraçar o Manel, meu patrício. Ao que o outro respondeu no sotaque respectivo - de que se chamava Pablo e era galego.
Mas esta estória, de certo modo, revela o desconcerto, o carácter deslocado de Soares perante certas circunstâncias. Quer a resposta embaraçosa de Pablo, quer estes mais que previsíveis resultados eleitorais, traduzem a laser a conduta de Soares - obstinada e inapropriada. Tamanho é o fascínio pelo poder que, um dia, por volta da década de 70 - H. Albert Kissinger - tinha a noção que se tratava do maior afrodisíaco.
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