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- Mariano Gago considera lamentáveis as declarações do antigo coordenador do Plano Tecnológico. Na quarta-feira José Tavares denunciou que há um ministro que se opõe à oferta norte-americana para a instalação do Massachusetts Institute of Technology (MIT) em Portugal. ( 23:33 / 19 de Janeiro 06 ) Esta noite, em entrevista à SIC Notícias, o ministro da Ciência e Tecnologia disse que as afirmações do antigo coordenador do Plano Tecnológico são falsas e lamentou a atitude de José Tavares. «Não faço qualquer interpretação sobre afirmações que na parte que conheço são falsas. Não devo fazer nenhuma especulação nem dar nenhuma credibilidade a essas afirmações», adiantou. Interrogado sobre se José Tavares terá feito um bom trabalho à frente do Plano Tecnológico, Mariano Gago afirmou que não se deve pronunciar sobre essa matéria, apenas sobre as declarações pronunciadas relacionadas com o MIT. «Acho que prestou um péssimo serviço neste momento a Portugal», adiantou. Mariano Gago lamentou que o antigo coordenador tenha comentado «um projecto de negociação internacional complexa, difícil em que Portugal pretende obter esse acordo nas melhores condições possíveis». «Não podemos aceitar que um funcionário português que foi pago com uma bolsa de estudo portuguesa, que é um professor em início de carreira numa universidade portuguesa, que esteve temporariamente em funções oficiais, que procure lançar a confusão no espírito dos portugueses e criar entraves junto da própria concretização deste acordo», acrescentou. José Tavares confrontou na quarta-feira o primeiro-ministro com o facto de alegadamente haver um ministro do Governo contra a vinda do MIT para Portugal. ____________________________________________________
- Para que conste este aqui não é o sr. tavares, sou eu tentando interpretar tanta estupidez política num espaço de tempo tão concentrado.
- LEITURA POLITOLÓGICA DO CASO-TAVARES OU TAVARES-CASE
- É claro que isto só pode ter uma leitura política que remete para a natureza do poder.
- Breves considerações:
- 1) Qual era o ministro que aceitava de bom tom a insubordinação de um funcionário? Tanto mais vindo de alguém que bolsava e depois foi feito crack temporário junto do poder.. Morder a mão do dono é feio, além de deselegante. E a ingratidão para com o país até pode ser considerado um acto de traição. Mas a história de tudo isto ainda está por fazer ou construir, dado que toda a verdade é uma construção.
- 2) Quem era o PM que aturava um "marmelo" destes numa conferência pública?
- 3) Pelo tom de desafio e pela postura de cruzada percebia-se que o sr. Tavares quis comprometer públicamente o PM e entalar no caminho Mariano Gago - a quem acusara em Dez. (via Diário Económico) de se opôr ao projecto no sentido em que procurava o exclusivo do projecto do MIT para a sua universidade, o IST;
- 4) Porque razão o sr. Tavares - aquando da sua demissão - não convocou um ou dois microfones e dava uma conferência de imprensa, explicando aí as verdadeiras razões das sua demissão... Não o fez, depois reagiu como um garoto a quem tiraram o xupa-xupa e o carrinho da match-bock, como dissémos aqui ontem. Espero encontrá-lo um dia para lhe poder explicar uma ou duas coisas e, se possível, chamar-lhe pavão narcísico. Veremos como o rapaz se aguenta...
- O sr. dr. Tavares pode saber umas coisas de gestão de projecto, pode saber calcular umas fórmulas macacas que demonstram o retorno de um investimento, pode até saber que 2+2=5, pode até dominar o inglês como o dr. Soares manipula o francês, mas não sabe rigorosameente nada de poder, nem de teoria política (pura e aplicada).
- Mas seria preciso saber? Não, talvez..! A não ser que, bom a não ser que o funcionário - então coordenador - quisesse usurpar a sua função e passasse, assim, a desempenhar as funções de ministro da Ciência e da Tecnologia.
- E é óbvio que quem é o ministro da pasta é o Prof. Mariano Gago - a quem o sr. Tavares quis queimar públicamente. E hoje, numa atitude de contra-força, o prof. Mariano Gago veio por os pontos nos ii e disse que o "menino" (as aspas são minhas) Tavares era um simples bolseiro que foi estudar para fora e fora nomeado temporáriamente coordenador do projecto e era professor em início de carreira. Aqui houve paternalismo do ministro..
- Diria, portanto, que houve aqui uma inversão ou troca deliberada de papéis, por isso achei excessivo aquele risinho sarcástico de Tavares junto das câmaras de TV. Provavelmente, funcionaria em registo de telegenia se ele fosse um Brad Pitt, mas não. Mas não é esse o ponto, pois cada um é como cada qual e Deus na distribuição da estética e da beleza é também muito pouco democrata, por isso nuns casos debita genes com boa simetria; noutros casos transforma-nos em seres mais parecidos com suí... Porquê, meu Deus??? Porquê?
- Enquanto coordenador do projecto o sr. Tavares pensava em regular timings de decisão, modelar os esquemas de negociação e até filtrar toda a barganha que ainda está em curso. Ora isto é função política, pura e aplicada.
- Uma outra dimensão na teoria do poder pressupõe que a esfera do poder seja caracterizada por mecanismos específicos de capitalização de recursos legítimos que lhe são próprios. Ou seja, nesta micro-crise - inflacionada pela necessidade genética do sr. Tavares em querer ser vedeta e um D. Quixote da política à portuguesa, depois explorada pelos partidos da oposição, não havia só uma espécie de poder, uma só espécie de "capital" - para utilizar aqui uma expressão do P. Bourdieu (que passou a vida a tentar queimar o Manel Castells (sem conseguir). Ora, o sr. Tavares pensava que por ser um investigador que ascendeu ao estrelato pela mão-política, ser professor e coordenador do Plano Tecnológico que ainda está a aquecer as baterias (talvez arranque na 2ª legislatura...) - aquela representação burocrática/funcional o legitimava para ele se aventurar na arena política e, assim, desafiar os leões. Resultado: teve uma vitória de Pirro, e a gora espirra e nunca mais sobe a assessor ou a secretário de Estado no governo PS. Talvez vá a ministro quando o PSD for governo, em 2000 e carquejas...
- Por isso estamos aqui a perder algum tempo com o sr. Tavares, para ver se ele percebe que o poder tem uma representação pluridimensional, sendo um espaço social composto por uma pluralidade de campos autónomos, definindo cada um modos específicos de dominação. E como ele não percebeu isto, só posso concluir que o sr. Tavares, afinal, é "burro". Talvez até fosse por causa dele que o famoso Plano Tecnológico - que prometera 150.000 postos de trabalho - e que ajudou a eleger Sócrates (não foi certamente os aumentos dos combustíveis...) - tivesse entrado em regime de entropia.
- Ele perceberá isso quando, um dia, um aluno seu o tentar desafiar-queimar públicamente em plena sala de aula.... Verá que, nesse caso, não terá tanta destreza e capacidade de síntese como o PM teve para com ele na conferência de 4ª feira.
- Por tudo isto, sugerimos ao sr. tavares a leitura não de O Príncipe de Maquiavel, mas talvez uma versão mais soft-litgh - do tipo Maquiavel para Principiantes que ele poder adquirir num desse supermercados do engº Belmiro - de forma a que possamos ter a certeza que ele percebe tudo quanto lá se escreve. E se não perceber, também não valerá a pena invectivar o Nicolau - porque o filósofo já morreu faz algum tempo. Mas sempre pode arranjar um taco de Basebol e juntar-se ao ainda Presidente da República - dr. Sampaio - que parece fez agora uma fotobiografia onde aparece com um boné yankee, que deve ser do agrado anglo-saxónico do mestre Tavares.
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