quinta-feira

Utopia

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  • Política, sempre e em todo o lado: foi sob este signo que os Movimentos Sociais Transnacionais Anti-Globalização (MSTAG) desenvolveram o Fórum Social Português (FSP) há 3 anos. Uma das participantes resumiu esse 1º FSP como uma “feira de ideias políticas”. O catálogo das reclamações é vasto, mas o fair trade, o emprego, o ambiente, as armas e a guerra ao Iraque - tudo se fundiu na lenga-lenga da ambição revolucionária do igualitarismo absoluto. Agora, para caricaturar ainda mais a situação, temos o Manuel Alegre a querer brincar aos Fóruns Sociais e a subtrair protagonismo a Anacleto Louçã e até a querer disputar o prestígio do Le Monde Diplomatique - nessa feira de vaidades que é a esquerda chic-caviar. Eis algumas das chaves para pensar o futuro e exprimir a necessidade duma nova utopia.
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  • O inimigo público a abater é a actual globalização infeliz geradora de caos social e desemprego. O sniper de serviço é a esquerda. O objectivo é a realização duma profecia política, um projecto de futuro, a promessa duma sociedade mais justa e reconciliada, em harmonia consigo própria. Mas haverá hoje espaço, entre as ruínas do sonho socialista e os escombros das sociedades fragmentadas pela barbárie neoliberal, para uma nova utopia? That´s the point!!
  • Tal, à priori, parece improvável, porque a desconfiança face aos grandes projectos políticos é ampla e porque vivemos, ao mesmo tempo, uma acentuada crise de representação política, agravada por um tremendo descrédito das elites tecnocráticas e intelectuais e uma profunda ruptura entre a sofreguidão dos media e a incredulidade do público nos políticos e demais dirigentes.
  • Quantos cidadãos desejariam introduzir um grão de humanidade na engrenagem da máquina neoliberal? Mas Será que foi para isso que serviu o contra-ataque dos cidadãos neste FSP? Importa ver o “dentro” das coisas para captar a sua essência. De facto, a maioria dos participantes do Fórum é muito jovem, por isso é compreensível que a educação seja uma das tais chaves para abrir as portas do futuro.
  • Entre eles estão os líderes estudantis, já com os tiques dos velhos e com fome de poder e incontida ambição, tentando discutir temas que mal dominam, mas enunciam. É assim que gritam palavras de ordem sobre a Educação e o Ensino Superior em contexto de globalização e, de caminho, alinham as estratégias de protesto os poderes instituídos.
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  • Desta feita, o lema da utopia “Um outro mundo é possível”, como se reafirmou na Cimeira do G8 em Evian, descamba sempre na discussão em torno das decisões do governo de nosso querido e ex-PM - ao tempo - Durão Barroso, fazendo com que algumas “oficinas de debate” do FSP se transformassem em autênticos plenários de estudantes, que serviram para planear medidas de contestação ao Executivo e, assim, fazer o jeito à oposição. Baixa o pano e a utopia cai, uma vez que o objectivo é fazer “manifs” à séria, como no tempo de Cavaco. Já estou a ver o Alegre e a Helena Roseta de braço dado, acompanhados de mais esse milhão a cerrar uma fileira na Ponte sobre o Tejo para, desse modo, reclamar a extinção da portagem.
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  • Aliás, em Portugal os partidos situados à esquerda no espectro partidário, nem sequer conseguiram entender-se quanto à organização e ordenação dos lugares que cada grupo ocuparia no desfile pugnando pela globalização feliz - nos idos anos de 2003. Alguns lembraram que o evento não era dos partidos, mas para os cidadãos.
  • Resultado: cada formação partidária, ou tendência afecta, vai para onde quer no âmbito geral das manifestações por uma melhor globalização em Portugal. Um pouco como no 1º de Maio, dia do Trabalhador, em que uma Central sindical desfila na Alameda e a outra, a UGT, navega em Belém.
  • A invocação desta “mesquinha” e infantil falta de consenso político-partidário reflecte bem, além da crise de crescimento, o sinal das verdadeiras preocupações do pensamento político que a esquerda portuguesa tem neste processo global de reflexão para a humanidade. A 1 de Fevereiro de 2002, escrevemos que a esquerda pretende o regresso ao Estado forte e atingir o welfare state e o pleno emprego de Keynes. Para isso teria de des-globalizar. A direita, é prisioneira dos interesses e dos movimentos (especulativos) de capitais que acentuam a globalização infeliz.
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  • Hoje, o carnaval antiglobalização deverá ser algo mais do que a tal feira de ideias políticas que personalizam nos EUA o bode expiatório dos males do mundo. E em parte até são.
  • Curioso é que o mapa político desta utopia partiu do Marquês de Pombal para os Restauradores no Dia das Comunidades Portuguesas. Que diriam hoje, homens firmes e globalizadores como D. José (e o seu PM – Marquês de Pombal) e Luís Vaz de Camões a este novo iluminismo? - ao mesmo tempo agente e reflexo da mudança! Sem ser adivinho, creio que a liberdade e a confiança na razão e no progresso da ciência são os meios de atingir a globalização feliz. Uma felicidade humana que transcende a esquerda e a direita e reclama um novo Direito internacional, uma ONU reformada pronta a agir e impor um projecto de paz perpétua tributária de Kant. Afinal, as utopias são sempre as verdades de amanhã, como dizia Victor Hugo.. Será?!
PS: Este texto foi publicado há 3 anos e foi agora retocado por causa da pintura.