Portugal vai candidatar António Vitorino à presidência da Organização Internacional para as Migrações
Por outro lado, e esta é uma realidade que António Vitorino conhece como ninguém, é que desde há 30 anos a esta parte Portugal alterou o seu perfil no mundo, ou seja, de um país de emigrantes passou para um país de imigrantes (com um intervalo suicida da Troika potenciado pelo Governo mais austeritário de Portugal - 2011-15, pela mão de Passos Coelho - que convidava os seus concidadãos a emigrarem); de exportadores de massa crítica Portugal passou a ser um país acolhedor de recursos humanos essenciais à nossa economia e sociedade, hoje profundamente envelhecida e a carecer de urgente renovação.
Estes problemas demográficos (e de segurança social, de educação, de produtividade, etc) colocam sérios dilemas à governação, já que obrigam a uma constante redefinição de políticas públicas para a área da imigração, e uma pessoa com o perfil técnico e político de António Vitorino poderia responder à altura da complexidade e dos desafios que mais de 200 milhões de pessoas colocam diariamente, a cada hora e minuto, apenas por circularem fora do seu país de origem.
Devemos reconhecer, para concluir esta nota acerca da melhor opção para liderar hoje a Organização Internacional para as Migrações (que contará, certamente, com o apoio de António Guterres, SG-ONU) que um dos aspectos cruciais colocados por este novo (velho) fenómeno, decorre da questão de saber que tipo de imigração pretendemos: a que drena massa crítica (brain drain) para o exterior, e na qual muitos países tanto investiram, ou naquela opção societal que consegue atrair e fixar esses recursos humanos (brain gain), necessários ao desenvolvimento das sociedades.
Creio, pois, que são desafios desta natureza, além daqueles mais prementes como os relacionados com os refugiados e a ajuda humanitária, que países como Palestina, Somália, Afeganistão, Paquistão e, mais recentemente a Síria coloca (decorrentes de guerras civis prolongadas potenciadas com terrorismo), e que questionam directamente a vida, a que o ex-Comissário Europeu (da Justiça e Assuntos Internos, por sinal reconhecido como o melhor de entre os seus pares) pode e deve responder, em estreita articulação com a ONU, de cuja organização maior depende.
Numa palavra: António Vitorino poderá representar a candidatura mais eficiente a essa importante organização internacional, porque condensa em si as dimensões mais críticas que racionaliza as componentes dos direitos humanos, da diversidade cultural e da necessidade de as sociedades e as economias buscarem quadros de desenvolvimento, de bem-estar e paz permanentes. O que requer, como sinalizámos acima, alguém especialmente dotado, como é o candidato, para estabelecer essa ponte e fazer, no plano do decision making process esse cross-fertilization de políticas públicas relativas ao fenómeno mais complexo e problemático do nosso tempo, depois do terrorismo globalitário.
Por estas razões, e outras que oportunamente desenvolveremos, desejamos aqui sorte ao candidato e ao país proponente: PORTUGAL.
Portugal vai candidatar António Vitorino à presidência da Organização Internacional para as Migrações. A candidatura está a ser preparada pelo Governo para as eleições marcadas para junho do próximo ano.[link, RTP]
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