O desnorte de António Costa: à mulher de César não basta ser séria...
Governo dum homem só, sem coordenação e comunicação política
Uma iniciativa atípica
- À mulher de César, não basta ser séria...
- Creio haver aqui uma confusão de papéis entre pessoas e instituições, e mesmo que a intenção da Univ. de Aveiro, e de Carlos Jalali, tenham sido as melhores, o risco desta iniciativa se politizar e fazer crer à opinião pública que aquela universidade será, doravante, politizável/instrumentalizável, é elevado.
- Ou seja, o papel e vocação da Universidade é o de produzir, divulgar e partilhar conhecimento, mas não em interacção directa com o Governo (fazendo balanços com ele), através dum estudo de opinião - intermediado por uma empresa de sondagens que terá sido a responsável pela selecção dos inquiridores ao Governo.
- Parece-me, pois, um modelo de inquirição tão atípico quanto contraproducente e perigoso e expõe a Universidade de Aveiro, os seus organizadores, incluindo aqui a Aximage (empresa de sondagens) numa posição em que parece todos estarem "comprados" pelo Governo. Mesmo que, de facto, isso não aconteça dessa forma.
- Com Max Weber, que carlos jalali deve ter estudado (!!), todos sabemos que a isenção e a imparcialidade política puras não existem, pois todos tomamos parte em algo, e mesmo no plano científico todos têm gostos e assumem preferências ideológicas, intelectuais, pessoais, doutrinárias e politico-partidárias, pelo que este tipo de balanço é, primacialmente, feito no âmbito da lógica Parlamentar, ou no quadro de debates públicos organizados pela sociedade civil, como o fórum da TSF, ou em conferências sobre temáticas políticas em que o Governo não intervenha directa. Até porque a opinião que o Governo terá dele próprio e das suas medidas e políticas públicas só pode ser, obviamente, positivo. É como por um juiz a julgar um caso em que o seu próprio filho é o arguido...
- Portanto, este modelo de inquirição, salvo melhor opinião, não funciona por ser pouco isento, pouco objectivo, parcial e não haver distanciamento entre o Governo e a coisa governada, que são os portugueses e as suas necessidades, anseios e expectativas. Admira-me, pois, que um politólogo como Carlos jalali, não compreenda esta coisa tão básica!!! Relativamente à Aximage - trata-se duma empresa de sondagens, quer é fazer dinheiro, pelo que qualquer coisa serve para facturar.
- Tanto mais que aqui estão envolvidos recursos financeiros, o que agrava e (pode) contaminar este modelo ou formato de evento mediático, e que pode levar todos, ou muitos, a pensar que o Governo ensaiou aqui, com a ajuda da UA e da Aximage - uma campanha de charme junto da opinião pública (e publicada) com o fito de melhorar a sua imagem política e, com isso, granjear mais simpatias junto do eleitorado real e potencial. Já que esse mesmo Governo viu o seu estado de graça "queimado" nos fogos de Pedrogão Grande, nessa coisa caricata de Tancos, na tragédia da legionella e, doravante, na forma como a deslocalização do Infarmed está sendo feito de Lisboa para o Porto, numa política sobre o joelho, e que surpreende em A. Costa.
- De tudo resulta o enunciado: à mulher de César não basta sê-lo, tem de o PARECER.
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