O petróleo e a (ameaça) da China...
Ruisinho:
- Ouvi a última intervenção do Blair e fiquei com a sensação que o homem quer partir a louça toda e é na cabeça dos franceses, especialmente na dos agricultores. A célebre PAC, que favorece escandalosamente os franceses, parece ser o grande motivo da discórdia, à qual, se contrapõe, por sua vez, um tal cheque inglês, que a Thatcher impôs como devolução de uma parte do dinheiro que a Grã-Bretanha teria pago a mais por causa de uma fórmula de cálculo que a prejudicava. O João Carlos Espada fala em duas culturas políticas distintas entre a França e a Inglaterra que se traduzem em duas concepções diferentes no uso do poder do Estado, um protector, outro regulador. Na Inglaterra, a democracia descende da Magna Carta e as suas regras visavam limitar o poder central garantindo que os súbditos pudessem, pacificamente, usufruir os seus diferentes modos de vida. Na cultura política francesa o poder é detido por uma elite auto seleccionada que tem a função de dirigir o povo não esclarecido. Temos, pois, entre uns e outros, pontos de partida diferentes: a cultura política francesa “ funda-se na rivalidade entre projectos centralistas diferentes de sinal contrário”; enquanto que na cultura política inglesa “ a função do governo é garantir a protecção de modos de vida não desenhados centralmente”. Assim, se o comércio livre é uma fonte extraordinária de prosperidade, a doutrina económica liberal é defendida por todos, independentemente de serem Conservadores, Liberais ou Socialistas.
- Voltando ao actualmente, pões o dedo na ferida ao chamares a atenção para “ as promessas que geraram espectactivas e que agora não podem ser satisfeitas porque a economia não gere a riqueza suficiente sem que se perceba qual será agora o rumo. Isto significa que a estrutura política europeia do passado é velha mas sendo velha não morre, sendo certo que também não emerge uma nova”. “É uma Europa projectada sem plano nem autor”
- Existe, de acordo com a tua perspectiva, que a realidade confirma, uma evolução caótica e descontrolada da economia e da sociedade perante a incapacidade de um poder político, acrescento eu, apanhado por mudanças que não previu e às quais não foi capaz de se adaptar. E esta situação, parece-me, acontecer mais nos países que se situam na área da cultura política francesa do que na inglesa que está, agora, comparativamente, bem mais desafogada.
- Na parte final do teu artigo desenhas um esquema muito interessante em que uma série de factores de pressão de sinal contrário, actuando sobre a sociedade colocam-na sob um sistema de tensão. Como factores de pressão temos, por um lado, o crescimento do leste asiático, as questões ecológicas e as geopolíticas e por outro, as questões demográficas, financeiras, económicas e políticas.
- Permito-me colocar à tua consideração dois outros factores, que poderão até estar incluídos nos económicos e políticos mas que talvez valha a pena destacar: o aumento descontrolado do preço do petróleo e o regime democrático em que vivemos.
- Explico o segundo: sendo o voto dos eleitores o caminho para o poder, naturalmente, ele condiciona e influencia as decisões políticas, o que é especialmente importante e grave em épocas de crise como esta. Por outro lado, num mundo globalizado, o confronto entre países democráticos e outros que o não são, como é o caso da China, constitui, igualmente, um factor de perturbação.
- E é tudo para um Domingo.
Oferece-te dizer algo sobre o assunto?! É que os meus pézinhos estão manchados de poluição e esta m.... ameaça não sair. Quiz eu ir à praia e armar-me em burguês. Burguês do (es)Guincho e trouxe de lá uma camada de crude que nem sequer serve para o trotil do meu carro...
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