Ainda Oeiras...
Ruisinho:
- Noto, de repente, que me tomei de interesses pelo destino da Câmara de Oeiras. Afinal, conhecidos os principais intervenientes, é difícil não tomar partido, sendo que, a minha alergia a caciques, é total. Os ecos que me transmitiste pareceram-me, sem dúvida, positivos mas subestimar a força do Isaltino e de todos os interesses que lhe estão associados, será muito perigoso. No caso concreto de Oeiras, e ao contrário do que se passará em muitos dos restantes 307 Concelhos deste país, ( …que exagero…) não estamos só a escolher entre duas pessoas, o que já não era pouco, olhando à figura de um, com o seu execrável charuto ,e da outra, a figura de uma senhora com muita presença, mas principalmente entre dois projectos políticos, duas maneiras diferentes de ver a vida. Uma que dá prioridade à grandiosidade e espectacularidade do que se vê, que altera a paisagem, que dá dinheiro a ganhar aos outros, quase sempre os mesmos, a outra, que privilegia os aspectos menos visíveis das terras, que procura soluções que vão ao encontro da melhoria da qualidade de vida das pessoas que têm menos recursos e que percebe que há vida para alem do cimento , olhando a paisagem com outro tipo de preocupações.
- Eu creio, que no quadro em que as candidaturas se vão desenvolver aí, em Oeiras, se a Teresa Z. acentuar nos seus discursos a componente da solidariedade e da coesão social, acabará por ganhar com os votos do PS, cujo candidato, penso, será conhecido das estruturas e pouco mais, mas não será uma vitória fácil. Há técnicas de aliciação que são autênticos instrumentos de manipulação da vontade das pessoas e isso tem que ser combatido pela campanha da Drª Teresa. Esperemos que seja bem sucedida..
- um fez obra, perpetuou-se demasiado tempo no poder; betonizou Oeiras mas foi ferido na sua legitimidade política - pelas razões conhecidas. Tão conhecidas quanto caricatas. Até o cunho de talento político e a fama de inteligência se foi ao ar com as explicações então aduzidas e que os media já se entreteram a caricaturar. Julgo até que já há livros de Banda Desenhada a retratar essa situação. Eles - os media e a BD - são terríveis. Não deixam passar nada em claro. E o mais incrível é que essas textos têm leitores aos milhares. Não observar esta regra de bom senso é revelar uma patologia política só explicada com a obsessão com o poder. Estas obsessões - como em tudo na vida - geralmente "matam" ou, pelo menos, precipitam declínios, aceleram quedas. Por outro lado, será que um modelo de desenvolvimento assente na inflação de construção civil no passado vale para o presente? É claro que não. Seria o mesmo, no plano nacional, que dizer que Cavaco teria o mesmo sucesso hoje que granjeou no passado. Confesso, que se eu fosse o dr. Isaltino - faria duas coisas: aguardar as acusações e os julgamentos pendentes; e provar a minha inocência e tentar refazer a minha imagem e credibilidade política junto daqueles que um dia em mim confiaram.
- outra cogitação do tuga à boca da urna é a seguinte: se ele - Isaltino - a escolheu para o suceder aquando da sua ida para o governo de Durão - por algum motivo foi. Depois, a obra social de Teresa Zambujo nestes 3 anos já é assinalável. Depois ainda - a senhora - além de ser uma presença muito agradável e até sedutora - no melhor sentido da palavra - projecta uma imagem de seriedade e de credibilidade enormes. Não precisa da política para nada, pois é uma funcionária pública - grande especialista em Quadros Comunitários de Apoio. Reconhecida doméstica e externamente. E a ambição dela tem uma finalidade visível: serviço público. Ora, isto nos dias que correm - quer se goste ou não de Teresa Zambujo - é de louvar.
- Ora, o tuga que tem o boletim de voto à frente, vais pensar algo antes de escrever: ou "ele", ou ela... E perante esta dualidade o tuga - desconfiado e sobranceiro como é - regressa aos velhos valores da competência e seriedade na gestão da coisa pública. Prefere isso ao risco e à incerteza. Não admitirá espaços para manobras. Até porque mesmo que Isaltino possa ganhar as eleições - as tais questões do foro judicial que estão pendentes - não vão deixar de o atasanar a toda a hora... E quem é que é capaz de governar uma cidade nestas condições??? Ninguém!!!
- É um pouco como a história daquele padre de aldeia que vai a casa da moça casada sempre que o marido vai fazer um biscate fora... O padre vai, porque a vontade é muita, mas está sempre com medo - não do castigo de Deus - mas que o marido regresse a casa antes do tem po e...
- Não excluo aqui a possibilidade de Isaltino se candidatar em 2009 para a autarquia de Oeiras - já com a sua inocência provada e a sua imagem limpa. Mas só poderemos aferir quais eram, de facto, as suas verdadeiras motivações se ele assim o fizer. Mas é em 2009; em 2005 é uma tarefa que desafia as próprias leis da incerteza e remete o seu próprio comportamento político para o estudo dos chamados sistemas complexos e não lineares da política que aqui - um dia - e se o marido não surpreender o padre com as calças na mão - desenvolveremos com mais pormenor.
- Doutro modo, a comunidade de Oeiras - estupefacta com o seu comportamento atípico (uma vez que se demitiu de ministro das Cidades por considerar não ter condições políticas para continuar, doutro modo nem Durão lhe daria espaço) - considera agora ter condições políticas (ou psicológicas) para prosseguir viagem... Ora, isto em termos políticos é um tiro no pé. Aos quais muitos outros se seguiram no quadro da sua embaraçosa participação num recente programa televisivo monitorizado por umas das maiores bailarinas clássicas contemporâneas. Referimo-nos aos Prós & Contras da Fatinha C. Ferreira.
- É esta esquizofrenia e autismo ante a realidade que meio mundo em Oeiras não compreende, especialmente vindo duma pessoa politicamente experiente. Há dias, falando com um velho amigo que tu conheces - também morador em Oeiras - definiu-me a coisa do seguinte modo:
- Qualquer "aprendiz de pedreiro da política" faria melhor a coisa melhor... Confesso, que fiquei com vontade de lhe perguntar se ele me queria adoptar como sobrinho...
- Oeiras é uma grande cidade. Hoje maior porque a incerteza tomou conta dela. Mas no fim, quando o bom senso tomar conta do dr. Isaltino - julgo que todos veremos mais claro. Maria de Belém já o fez..(a tempo). O desenvolvimento da dimensão social e da qualificação das pessoas sobrepõe-se à dimensão de obras públicas que, por certo, também desenvolveu o concelho. Mas hoje examinar e gerir uma grande cidade permite-nos especificar a geografia dos lugares estratégicos à escala global. Pondo a cultura e o homem no topo desse vértice de desenvolvimento. Como que querendo dizer ao mundo: olhem, as microgeografias e as políticas públicas obedecem a uma outra lógica de desenvolvimento. O que implica, naturalmente, colocar pressão nas novas classes e alinhamentos de poder que emergem nas novas formas de mobilidade do capital, cabendo às Tecnologias da Informação e Comunicação e Decisão Estratégica (TICDE) a produção de bens e serviços capazes de reorganizar a economia e vocacioná-la mais para as pessoas. Julgo que é isto - com muita humildade (que só fica bem) - que Teresa Zambujo sólidamente corporiza junto da comunidade de Oeiras.
- Hoje gerir uma grande cidade - como Oeiras - é uma tarefa tremendamente complexa, dado que o conjunto dos processos nos quais os elementos globais estão localizados e nos quais os mercados de trabalho são formados - derivam de contextos culturais provenientes do mundo inteiro, ié, tudo - inclusivé as pessoas - são desterritorializadas e reterritorializadas. E as grandes cidades precisam destas pessoas - especialmente para as tarefas mais ingratas que são liminarmente rejeitadas pelos índigenas do burgo. Ora isto gera problemas de adaptação e de integração social graves. Problemas que se agravam com a hipermobilidade do capital e dos factores de conhecimento de poder que perturbam os mercados e fragmentam as sociedades. Isto não se resolve com um modelo de desenvolvimento do passado, ou seja, com betão e mais betão..
- Direi que as cidades são também espaços para ondem convergem grandes fluxos de capital, por isso são territórios disputados. Oeiras é, hoje, uma cidade global, que concentra em si uma grande diversidade, já que os seus espaços estão impregnados pela cultura (corporativa) dominante, mas também pela multiplicidade de outras culturas e identidades, principalmente através da imigração. E Teresa Zambujo é, de longe, uma pessoa melhor qualificada para lidar e gerir este tipo de problemas emergentes nas grandes cidades do nosso tempo.
- As cidades globais - como Oeiras - são em parte espaços do pós-colonialismo e, de facto, concentram condições para a formação do discurso e da prática política pós-colonialista, o que leva a admitir que a globalização também faz carreira no interior das cidades, fazendo delas espaços contraditórios que urge governar em prol do bem comum.
- Por todas estas razões, que julgo estarem mais ajustadas ao perfil, maneira de ser e de governar de Teresa Zambujo, é que defendemos aqui - em tese - (pois não sou nenhum especialista formado à pressa em questões de urbanismo, nem tenho pretensões a tal) que uma das preocupações dos grandes espaços - é visualizar as cidades como centros de produção para indústrias de informação de ponta da nossa era, e recuperar a infraestrutura de actividades, empresas, e postos de trabalho necessários para fazer funcionar a economia corporativa moderna. É nisto que Francisco Pinto Balsemão - com toda a sua experiência e recursos (de saber instalado) - pode potenciar - como cidadão, empresário, professor e até jornalista - e, agora, mandatário da candidatura de Teresa Zambujo à CMO. A moderna economia urbana exige-o.
- Como diria o grande filósofo e amigo Agostinho da Silva - que - se fosse vivo e morasse em Oeiras também afinaria pelo mesmo juízo (presumo). Só que diria a coisa com mais densidade e poesia que eu jamais poderei dizer ou escrever.
- Eis uma hipótese que avento aos deuses menores - que somos todos nós, filhos de Deus:
- Dentro do meu portal de Oeiras, 1000 sábios não me conhecem. A beleza do meu jardim é invisível. Porquê andar à procura das pegadas dos patriarcas?? Vou para o local do mercado com a minha garrafa de água (ou de vinho, ou de chá) e regresso a casa com o meu cajado. Entro na loja dos vinhos, da água e dos chás, visito o mercado, falo com todos, e todos aqueles para quem olho se tornam iluminados.
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