Interpretação da Arte, uma Sociologia da Arte.. Um acto de Liberdade
Urge recuperar aqui este blog datado de Abril último...
- Uma obra de arte é um desafio; não a explicamos, ajustamo-nos a ela. Ao interpretá-la, fazemos uso dos nossos próprios objectivos e esforços, dotamo-la de um significado que tem a sua origem nos nossos próprios desejos e modos de vida e de pensar. Enfim, é a nossa própria cosmovisãao que está em jogo... Numa palavra, qualquer género de arte que, de facto, nos afecte ou nos deslumbre, torna-se, desse modo, arte moderna. Cada geração vê-as sob um ângulo diferente e sob uma nova visão; nem se deve supor que um ponto de vista mais recente é mais eficiente do que um anterior.
- Cada aspecto surge na sua altura própria, que não pode ser antecipada nem prolongada; e, todavia, o seu significado não está perdido porque o significado que uma obra assume para uma geração posterior é o resultado de uma série completa de interpretações anteriores. E hoje, porque vivemos o Dia da Liberdade - estamos em constante análise de imagens, de símbolos que nos assaltam a toda a hora pela TV, Net, media em geral.. Por isso, temos a obrigação de saber interpretar a sociologia das múltiplas realizações culturais que se escondem sob a forma de arte. E esta através de imagens...
- Uma certa imagem do Triunfo dos porcos...
- Um exemplo: admitindo que esta imagem é uma obra de arte. Para mim ela tem um significado; mas para os Drs. Álvaro Cunhal e Mário Soares - ambos peças importantes na fundação da Democracia em Portugal - cometendo também ambos inúmeros erros, é certo - ela pode ter outro significado...
- É que eu nunca fui preso; eles, por motivos políticos, foram. Ora bem, mesmo que queira jamais conseguirei dar à imagem - a tal obra de arte - o significado que eles, necessáriamente (e com nuances e matizes) lhes atribuem...
- Eu dou um significado, eles outro. E é do conjunto dessas leituras que a sociologia da arte (e da cultura) se vai fazendo e refazendo. No fundo, a cultura serve para proteger a sociedade. Para nos preservar a memória. As criações espirituais, as tradições, as convenções e as instituições são apenas meios de organização social. E a religião, a filosofia, a ciência e a arte, todas elas têm um lugar na luta pela conservação dessa sociedade, que, bem ou mal, é a nossa.
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