quarta-feira

Uma troika de sociólogos: vida vs morte...

  • Fazemos aqui uma pequena adenda para remeter o leitor para uma análise bastante perspicaz de Paulo Cunha Porto - quando escreve precisamente aquilo que eu próprio também havia notado sobre a diplomacia de Taylleyrand ao responder como respondeu ao seu homólogo alemão - já em fim de estação política. Foi, de facto, uma resposta bem esgalhada. Discurso não nos falta, o pior é o resto. E sempre que damos o passo maior que a perna a tendência é, naturalmente, para cairmos. A não ser.. que tenhamos 3 pernas, o que visto por trás não deixaria de ser algo que surpreenderia o próprio Sigmund Freud. Parabéns Paulo, eu não faria melhor, o Schroeder também não mas pelos vistos o Sócrates pensou-a bem e melhor a disse. Afinal, Sócrates é o único engenheiro no mundo com nome de filósofo, e agora faz jus ao qualificativo. Resta-nos aguardar pelo envelope financeiro e ver como os titãs - França e RU - que mandam na Europa se comportam dans le future prochaine...Sempre gostei muito de alemão. Mas as alemãs nada me dizem, além de imperceptíveis são pouco ou nada sensuais... Depois, tanto "rrrrrr" também arrepia o coração e a mola foge-nos para sensualidades mais mediterrânicas ou até tropicais, mas os gostos não se discutem...
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  • Veja o resto da narrativa histórica - no blogue de Paulo Cunha Porto supra-linkado - titulado "Por cima, a Cimeira passe a redundância.."
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Face à realidade e às leis da vida - que são inelutáveis - teremos de recuperar aqui três sociólogos, três chaves epistemológicas, cognitivas para ler a realidade deste vai-vém que nos tolhe. Pouco importa já se Cunhal, Vasco e Eugéneo partem todos quase à mesma hora. Ninguém acredita que marcaram encontro... E os milhares do Continente africano que morrem às carradas - e caem como tordos - sem que ninguém os chore ou enterre. Quantas crianças-poetas perdidas se afundam nesse Continente esquecido?; quantos homens de Estado em potência morrem (desconhecidos) antes de atingirem a adolescência? Nunca o saberemos. O que sabemos é que nascemos, somos todos crianças um dia, depois ficamos adultos e mais tarde morremos. Por vezes morremos sózinhos, como cães tolerados pela gerência da Tabacaria... Pelo caminho, claro está, uns conquistam o estatuto de operários, outros roçam o reconhecimento médio dos deuses menores e alguns, poucos, confundem-se com os deuses invisíveis da cidade. Viram estrelas. Estrelas que um dia caem como chumbo na água. Ora é para arrumar esta realidade, ou seja, para intelectualizar a morte - que aqui deixamos mais uma sistematização possível. Uma espécie de chave inglesa que aperta e desaperta porcas. As porcas da vida. Vidas sem anilha - sempre a trabalhar nos batentes e sem direito a folga.
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Assim, a realidade suscita-nos três tipos de sociólogos:
  • 1) Os sociólogos diurnos - que caminham directos ao assunto e ao coração da vida social, buscando aí os locais onde as tensões e os conflitos existem. Procuram ler a realidade e decifrar as suas tensões e conflitos de forma a encontrarem uma ligação de interacções sociais que é, afinal, a estrutura da própria sociedade.
  • 2) Os sociólogos polémicos - que gostam de combater o poder incessantemente. São os sociólogos do poder, ou melhor, do anti-poder na medida em que são contaminados por uma ideologia e por toda uma herança ideológica e cultural que carregam nos ombros. A sua importância é grande, sobretudo para as comunidades ameaçadas de diferentes formas pelo poder. Aqui habita, por exemplo, Miguel Sousa Tavares.
  • 3) Os sociólogos nocturnos - que escutam aqueles que já não falam, e que são os ameaçados pelo Estado e pela organização social e cultural. Aqueles cuja ordem estabelecida considera uns monstros e uns marginais, só porque estão do lado errado da história, do lado dos derrotados.
  • Depois emerge, um tertium genius, que é o Sociólogo Completo - que tem a imaginação sociológica de todos os outros (diurnos, polémicos e nocturnos), são portadores do esprit analítico dos sociólogos de dia, têm a cólera dos sociólogos polémicos e a compaixão dos sociólogos da noite.
  • Em síntese: nós, os portugueses, especialmente aqueles que se julgam mais lúcidos e que não querem morrer na praia (de Carcavelos) - têm de compreender que não basta observar a caravana que um dia nos conduzirá à cova de um qualquer cemitério do Prado do Repouso. É bom que todos estejamos sentados na borda da estrada, observando tudo atentamente. "Fazer" uma morte, enterrar alguém, é um ritual, como um casamento, um doutoramento, é uma partilha de esperanças e de sofrimentos. Quer dos que agem quer dos que sofrem. Pelo meio ocorrem milhentos imprevistos, alguns com graça. Outros filiados na desgraça.
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  • Se se conseguir pensar assim, com o cinismo filosófico que a dureza das leis inelutáveis da vida nos colocam, chegaremos a uma outra verdade comezinha: os fenómenos pessoais, economicos, demográficos, políticos, culturais são, na verdade, fenómenos sociais totais. E são estes fenómenos sociais totais que explicam o aparecimento, desenvolvimento e morte de alguns vultos que Portugal perdeu nos últimos dias. O vulto aqui é o Eugéneo. Os outros, com o devido respeito, foram sombras (duma história massacrada, desconfirmada pelos factos - domésticos e transnacionais). Mas que, em todo o caso, teve o mérito de combater uma ditadura conservadora e autoritária. Sombras deles próprios e também sombras de sombras. De outras sombras importadas. E o mais "giro" é que este ciclo se vai repetir dentro de momentos... ampliando a ciclotimia das sombras. A ciclotimia das desgraças. Estejam atentos porque os ponteiros do relógio da catástofre não páram. O problema é que nunca sabemos qual é, em rigor, a sua direcção, e sobre quem apontam primeiro o dedo...
  • Na verdade, um homem só é um homem quando vai a caminho do Algarve e fica sem combustível de madrugada com 2 filhos pequenos. Um homem só é um homem quando faz e desfaz um casamento e enterra o seu próprio progenitor como quem come uma fartura ou bate uma bola de ténis de improviso. E tem de o saber fazer bem, cumprindo o tal ritual de conferência para - quando for a vez dele - ele ser o defunto mais bem comportado que se deixe enterrar, evitando pregar sustos aos circunstantes. Não vão outros também sucumbir no mesmo ritual..., estragando ainda mais o sofrimento daqueles.
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Poderá encontrar uma síntese fecunda sobre as causas e as consequências do legado de Cunhal em Portugal. São os elogios incoerentes à coerência e as histerias da europausa - no blogue de José Adelino Maltez. Só não percebi porque razão não mencionou, prospectivamente, putativas reacções de restolhos à portuguesa que derivaram - matricialmente - do comunismo e depois foram ministros do Salazar e agora são considerados senadores ou reservas da República sentados à manjedoura do orçamento de Estado. Refiro-me aos restolhos do Restelo que nos momentos de maior visibilidade nunca aparecem. Tamanha é a cobardia política. Política e pessoal... Nestes momentos não têm nada a declarar, ou então fazem como o Orson ... que só declaram a sua genialidade - feita de encíclicas, Teilhard de Chardin e mais umas ideias e conceitos gamados à politologia norte-americana e francófona. Vivam os restolhos e as múreias do Restelho. Quais cunhais invertidos situados à direita. À direita que convém à esquerda...