segunda-feira

PC - quê? Conheça as razões da catástrofe...

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  • É sempre com um misto de tolerância e compaixão que vejo os congressos do Partido Comunista Português (PCP). Desta vez, com a substituição da liderança de Carlos Carvalhas por Jerónimo de Sousa. Um economista apagado e repetitivo por um operário parlamentarizado que já perdeu os calos das mãos. Percebi que à tolerância e compaixão se deveria somar a paciência. E porquê? Como sabemos, o poder é o elemento que assombra e assedia qualquer partido político. Mas no caso do PCP tudo é artifícial no cenário político actual, regido por um simulacro de tensão revolucionária e de tomada do poder pelos comunistas. Foi, aliás, essa a compaixão que me suscitou a militante que no último congresso gritava: Viva o marxismo-leninismo. Será que ela acompanhou a história dos últimos 100 anos, ou dos últimos 20, ou até da última década? Será que a visão comunista visa deformar a história?
  • Além de toda a encenação em que os comunistas continuam a empenhar-se de forma a enfrentar a direita e em preservar todo o seu velho edifício teórico, é a obsessão (negativa e irrealista) do poder que os perturba. O Bloco de Esquerda (BE), mais urbano, jovem, moderno e dinâmico não cai nesse egocentrismo que impede a renovação do PCP. Julgamos, assim, que é o pudor da revolução que os estimula mas, ao mesmo tempo, porque a história e a mudança das sociedades vai noutra direcção, também a mata, lentamente. Apesar da direita estar sem energia que a impulsione, é neles que se torna mais flagrante o envelhecimento, o enfraquecimento, a decadência política.
  • Nunca vimos os comunistas substituírem a classe dominante no exercício do poder e assumirem a gestão da coisa pública, incluindo o capital, é claro! Temos de exceptuar os 80 anos de história comunista feita com base no terror, em purgas e na violência organizada iniciada por Lenine e continuada por Stalin, e depois suavizada nas décadas de 60 e 70 do séc. XX até à chegada de Gorby ao poder, em que tudo se precipitou.
  • Ora é contra essa tolerância (histórica), compaixão (pelos mais pobres e explorados da Terra) e paciência (pela inércia intelectual) que a razão, hoje, se insurge. Tudo porque a utopia que alimentou o descalabro humano ainda não se reinventou. Resultado: a utopia comunista continua a ser alimentada pelo velho idealismo cínico da luta de classes. É, em parte, esta castração e incapacidade congénita que os faz fracassar ante a meta final da história, e na sua solidão o PCP tem optado sempre por se por do lado negro da história. I.é, optando pela derrota, pela negação das regras do jogo, por não (querer) ver os ventos de mudança da história e as correntes de modernização das sociedades. É isto que faz dos PCs actores artificiais da representação política, sempre programados para não tomarem o poder.
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  • Todavia, a tolerância, a compaixão e a paciência já não entendem os falsos comunicados dizendo que a Coreia do Norte é uma democracia. A história, mesmo que as directrizes e os apoios materiais e ideológicos não emanem de Moscovo, já não tolera simulacros que acabam por ser ofensivos para a própria Humanidade. A ideia de subversão em que todo o mundo seria cúmplice, também já não colhe (salvo em Cuba, Coreia do Norte e em alguma África). A Guerra-fria foi perdida em toda a linha pelos ventos do leste e pelos espiões que vieram do frio. As chances do revezamento revolucionário são praticamente nulas.
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  • O drama é o seguinte. Se o PCP toma o poder (o que faria imediatamente disparar os níveis de desemprego e de estagnação económica e social), vê-se em face de um dilema: ou cai no reformismo total (que é uma outra forma de revolução, pacífica) para preservar o seu velho eleitorado (perdendo para os socialistas e para a direita que tomam essas decisões de forma mais eficiente); ou então é pressionado a assumir as perspectivas históricas. E, nesse caso, também é varrido da cena do teatro político.
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  • É acossado por esta espada de damôcles da história que o PCP se encontra. O que lhe resta, então!? Senão saber que estão muito aquém da fronteira do poder, mais até do que o BE, restando-lhe apresentar-se como possuidor de uma vocação: afirmar uma utopia (que degenerou) e cristalizar uma imagem de triunfo e de salvação que a história dramaticamente desmentiu. É assim que leio a cooptação de Jerónimo de Sousa para o PCP. Um acto cujo efeito matará, a médio prazo, o legado de Cunhal. Infelizmente, Luís Sá foi ceifado pela lei da vida. Era um “activo” e uma esperança capaz de renovar o partido. Hoje, apenas vemos burocratas que saltam sobre a sua própria sombra ante o aplauso suicida duma gerontocracia comunista que nada tem a dizer a Portugal. Opera por rotina, uma espécie de roleta política cujo roteiro se sabe à partida e onde as apostas estão (já) todas feitas e as mesmas cartas são distribuídas de cada vez.
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  • Parece, afinal, que o PCP não é senão um figurante que se mexe (só) para animar o modelo de simulação política, com uma linguagem e tácticas velhas. Longe do poder, dos centros de decisão e de pensamento mais influentes, todos têm necessidade de um PC, o PCP: arrogante, falsificador da história, bufão, chauvinista, xenófobo, burocrático, improdutivo, secretista, retrógrado, simulador (salvo em algumas autarquias). É desta ortodoxia, feita de falsos consensos, que se encontra o perigo máximo para o pensamento e para o esprit de descoberta indispensável à praxis política. Aliás, tem sido essa ortodoxia a autora moral e material da alienação do PCP, bloqueando a emergência de novos valores necessários à transferência do empenhamento pessoal na acção para uma entidade que se chama “PC…quê”, mas que poderia chamar-se uma qualquer outra “igreja” que ostraciza a diferença.
  • É com estes “atributos” que o PCP gravita incessantemente na história mundial. Até parece que o seu maior desafio é só um: aumentar a confusão resultante do facto de se imaginar o seu desaparecimento, já que se trata do último grande vestígio de uma era pré-política que agora finda (com a morte de Cunhal). Que pode ser equiparado, para efeitos de estudo comparativo, às ossadas de muçulmanos recentemente descobertas na necrópole islâmica de Santarém que o meu Tio me deu a conhecer…
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