sexta-feira

Relógio da catástrofe - os exaltados da política à portuguesa

  • O que é não é; o que não é pode ser; o que não é mas pode ser fica adiado; se digo minto; se não digo oculto; se escondo dissimulo... Eis a política lusa no seu melhor. Com estilo. Repleta de habilidade e astúcia provincianas. Embora se julgue cosmopolita. Não passa dum campo minado de ilusões: com a Força (perene) e o Direito (às vezes). Afinal, como mostramos infra, a Política é tudo e não é nada, como aquela circunferência de Pascal - que um dia alguém disse que era quadrada. E aí fez-se a quadratura do círculo... Ou era um paralelipípedo com estilo oval - como os políticos da nossa praça - de Império que já não há!??!!
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    • Um retrato aos políticos exaltados da nossa Terra.
    As correntes analíticas dominantes, especialmente as produções teóricas francesas, alemãs e italianas, têm como vector de estruturação a crise do poder. Tal pressupõe que não se questione a sua existência. É nessas construções que se assume a ideia de que ao poder formal dos lugares eleitos corresponde uma sede de poder efectivo. Mas para isso é preciso que este poder efectivo exista, doutro modo a grelha de análise torna-se absurda, senão mesmo ridícula, dado que a teoria não tem correspondência com a realidade.
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  • Recentemente o sr. Alberto J. Jardim disse o disse num exercício autoflagelador, reflectindo-se discursiva e imageticamente no espelho das suas próprias palavras. Noutro plano, o ex-presidente da Câmara Municipal de Oeiras (e ex-Ministro do Ambiente de Durão) revela total desobediência ao PSD, ao common sense e ao seu líder no quadro da compita eleitoral que se avizinha. Os casos são, naturalmente, distintos mas o que ressaltamos é a impotência disciplinadora por parte do presidente do PSD, Marques Mendes. Ou seja, a sua função correctora revela aqui um sentido de responsabilidade política distorcida.
  • Pouco importa que tais quistos políticos ocorram com as pessoas em questão, convém é perceber a razão pela qual este absurdo das construções analíticas não é denunciado por aqueles que ocupam os lugares do poder que conhecem, como ninguém, o gap entre o poder formal e o poder efectivo. Em rigor, porque razão Marques Mendes foi tíbio na reprimenda ao sr. Alberto? Ou é impotente para meter o sr. Isaltino nos carris da razão e do bom senso, ambos valores universais?
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  • A multidão de casos de indisciplina partidária poderia multiplicar-se com Santana, Durão e Cavaco. E à esquerda com Guterres, já para não falar no velho e estalinista PCP que sempre lidou mal com a plataforma independente, e ainda considera a Coreia do Norte uma democracia. Aqui a solução era (é) sempre a mesma: a expulsão. O recente caso da evacuação da foto de Freitas do Amaral do Largo do Caldas a mando do Paulinho das Feiras, também afinou pelo mesmo diapasão. Enfim, uma “garotice” que as pulsões e a desordem das feromonas não conseguiram aplacar.
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  • Vendo bem as coisas, Marques Mendes ainda sobressai desta anomia como um herói disciplinador que ensina as boas maneiras aos bárbaros insulares e lembra às crianças a existência do paraíso. Contudo, o essencial fica por responder. Desse modo, julgamos que aqueles ocupantes do poder formal não o querem fazer para que a revelação da incapacidade (do poder) não seja interpretada pelos eleitores como evidenciando a inutilidade do valor da eleição em democracia. Imaginemos que Portas aceita testemunhar contra si no caso da “criancice” apontada por Feitas. Seria previsível que aquele (escrupulosamente) optasse por ocultar esse fosso entre o poder formal e o poder real. Presume-se, portanto, que os ocupantes crónicos do poder e os que exercem cargos políticos preferem ser o alvo da crítica dos analistas e dos teóricos do poder do que serem vistos como meros verbos de encher, desprovidos de qualquer poder fáctico.
  • Nessa óptica cruzam-se dois tipos de ilusões entre os diversos grupos sociais e núcleos de interesse: por um lado, a crise dos sistemas políticos europeus é da responsabilidade dos protagonistas políticos; por outro, a crise da teoria política contemporânea (do Ocidente) está hipotecada pelos analistas. Por isso, estas realidades jamais poderão surpreender políticos e analistas. Tal como os economistas já conheciam o valor do défice, e Deus o destino dos homens…
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  • Assim, tais crises existem porque uns e outros, sistematicamente, ocultam as condições reais e, em especial, o quadro de alterações estratégicas em que a Europa passou a viver nos últimos 20 anos. E é por não querer ver a realidade tal qual ela é - (doutro modo não se conquista o poder ou perde-se sistemáticamente as eleições) - que se acumulam factores de crise e de endividamento que esfrangalham as sociedades. Agravadas com o choque da globalização que limita as potencialidades de crescimento económico continuado na Europa. Por isso, quando irrompe pela selva o carnaval de Jardim, envolto naquele auto-retrato, retenho a imagem do desequilíbrio de gerações sinalizado pelos ponteiros do relógio da catástrofe. Eles mexem, mas continuamos todos a não querer dizer as horas…
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  • Elegemos estas imagens e figuras para não estar a maçar muito o leitor com personagens cujo calibre já conhece, e que são visados no texto. Estes, pelo menos, são portadores de futuro e são menos exaltados. E quando se exaltam acabam por descobrir fórmulas que revolucionam a humanidade. Para o melhor e para o ...