terça-feira

Dirigentes adiantados

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  • Porque razão há dirigentes adiantados relativamente à sociedade que putativamente os apoia? Sempre me intriguei sobre esta razão de ser da política moderna e contemporânea, afinal, política de todos os tempos.
  • Agora, como vivo em Oeiras - e por causa do exemplo de Isaltino - a coisa vem-me à cabeça com mais frequência e acidez. Quer dizer, há políticos que têm posições mais extremas do que os membros mais radicais de uma certa comunidade, mas que vão na mesma direcção: o desastre.
  • Se a comunidade é reaccionária, os dirigentes são mais do que os seus membros; se a comunidade é revolucionária, os dirigentes são ainda mais revolucionários do que os seus membros. Membros a quem se prometem empregos, favores e outras insondáveis contrapartidas, nenhuma delas moralmente louvável, certamente!!!
  • Por isso, é que os leaders têm de dedicar uma parte importante do seu tempo e das suas energias à educação dos membros. Ora, foi isto que fez Isaltino quando há dias foi ao programa de Fátima Campos Ferreira - a maior bailarina de Portugal - no famoso Prós & Contras. Foi aí que alguns manifestaram o seu proselitismo.
  • Ao mesmo tempo, e no pólo oposto, os leaders têm de ter cuidado para não se isolarem do grupo. Pois se tomarem pública ou oficialmente posições demasiado avançadas, correm o risco de serem desautorizados pela própria sociedade. É neste plano que se situam leaders como Teresa Zambujo, candidata à autarquia de Oeiras para os próximos 4 anos.
  • Oeiras tornou-se assim um case-study para a Ciência Política. Especialmente, um terreno fértil para aqueles investigadores sem ideias - que não conseguem definir uma linha de investigação - podem, agora, encontrar aqui um carrefour de questões que alimentam uma investigação na área.
  • Mas mais grave ainda é quando a elite pode ser ultrapassada pela própria comunidade. Ou seja, quando os dirigentes são ultrapassados por alguns membros, que adoptam atitudes mais radicais do que eles. Por exemplo: colar cartazes antes de abrir a campanha, e fazê-lo contra tudo e contra todos. Será coragem? Será medo!?
  • É nestas situações em que a elite dirigente - aquela que é institucionalmente aceite, tem de enfrentar uma oposição dentro do próprio movimento. E é aí que precisa de lutar em duas frentes: contra os adversários invisíveis - tipo Maria de Belém - que agora quer ir para a Stª Casa das Misericórdias - julgando, assim, que alguém tem "misericórdia" dela; e lutar contra a oposição interna. Entre ambas, é esta que é a mais perigosa, pelos perigos intestinos que representa e pelo potencial de segredos e de informação que pode aflorar em contextos de debate eleitoral. Pois é sabido que quando as "comadres" se zangam... E a pior das guerras é a guerra fratricida..É bom lembrar isto.
  • Oeiras é, assim, mais um exemplo para os politólogos. Na medida em que a relação amigo-inimigo, estruturante em Política, sobe aos extremos, como diria C. von Clausewitz e ameaça partir a casa por dentro e deixar a oposição a rir em terra e a salvo.
  • Os membros ficam, portanto, divididos, partilhados entre duas equipas dirigentes, que procuram conseguir a desão da colectividade. Por vezes, as diferenças entre ambas as equipas reduz-se a pormenores, a uma mera questão de acento; outras vezes, trata-se de uma oposição relativa as questões fundamentais, e, nesse caso, o movimento ou o partido político - e a comunidade no seu conjunto - corre o risco de sofrer uma crise e a sua influência pode enfraquecer consideràvelmente.
  • É nestes casos que os dirigentes têm de decidir se devem (ou não) devem continuar a defesa do seu ponto de vista ou salvaguardar toda a eficácia de um movimento ou de um projecto que está, perante a sociedade, melhor colocado.
  • É nestes casos que o common sense se converte numa lei superior da gestão e regulação das sociedades. Há quem perceba isso e evite a catástrofe a tempo; e há quem fique cego ante a realidade e procure fingir que do inferno se pode construir o paraíso. Geralmente, acaba-se carbonizado. E nós sabemos como as cinzas se pulverizam com um espirro..
  • Há certas guerrinhas de alecrim e manjerouna que se sabe como começam, mas não se sabe como ... Podemos começar a partida com o cano da pistola apontado noutra direcção e terminar com o mesmo cano virado contra nós. E quando aquelas coisas disparam sabe-se que não são nem malmequeres, nem charutos de Havana nem rebuçados de mentol de marca Zaramago...
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