terça-feira

Alterações climáticas vão limitar barragens e regadio no Sul da Europa


Alterações climáticas vão limitar barragens e regadio no Sul da Europa





Construir mais barragens e apostar na agricultura de regadio são algumas opções recentes de Portugal que podem vir a estar em causa no futuro, devido à subida do termómetro global, segundo um novo relatório da ONU sobre as alterações climáticas. Uma Europa mais quente irá enfrentar mais “falhas sistémicas”, afectando inúmeros sectores e países ao mesmo tempo.
Com um clima mais seco e com menos água nos rios, a produção hidroeléctrica no Sul da Europa pode cair até 15% em 2050, em relação aos níveis de 2005. Pelo mesmo motivo, a rega não será boa alternativa para compensar os efeitos das alterações climáticas na agricultura, onde pode haver perdas de até 25%, num cenário extremo.
A contradição entre as apostas de hoje e o que pode acontecer no futuro é um dos alertas que emergem do novo relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), cuja síntese é divulgada esta segunda-feira em Yokohama, no Japão. É o segundo volume de uma série de três sobre as causas, as consequências e as soluções daquele que é tido como o maior desafio da civilização humana neste século.
Cientistas e governos discutiram palavra a palavra, em Yokohama na útlima semana, a redacção final do “sumário para decisores políticos”, um documento com cerca de 30 páginas que é agora divulgado. O resumo baseia-se num documento maior, com mais de 2000 páginas, com uma avaliação minuciosa sobre o que a ciência sabe acerca dos impactos do aquecimento global, e que será disponibilizado nos próximos dias.
Segundo o rascunho final deste documento alargado, visto pelo PÚBLICO, os impactos na Europa – que ocupam um dos 30 capítulos do relatório – serão sentidos sobretudo nos países do Sul, incluindo Portugal. Sectores como a saúde, o turismo, a energia, as florestas e a agricultura serão particularmente afectados.
O relatório porá em evidência a complexa ramificação de efeitos que os europeus vão sentir num mundo mais quente. Um bom exemplo é o da energia. As necessidades de aquecimento podem diminuir 11% a 20% até 2050 e as de arrefecimento podem subir 74% a 118% até 2100, na Europa como um todo. Como há menos casas hoje com ar condicionado do que com aquecimento central, o saldo final pode ser positivo, ou seja, a Europa vai consumir menos electricidade para produzir calor e frio.
O sistema eléctrico vai ter, no entanto, de se preparar para mais picos de consumo no Verão, sobretudo em países que hoje têm temperaturas moderadas nessa estação.
Além disso, a forma como a electricidade será produzida enfrentará novas dificuldades. Até 2050, não estão previstas grandes alterações na energia eólica, mas na segunda metade do século o seu potencial pode decrescer. Com as mudanças regionais na quantidade de chuva, a produção hidroeléctrica pode aumentar 5% a 14% na Escandinávia, mas diminuir em 6% a 36% na Europa continental e 5% a 15% no Sul até 2100.
As centrais térmicas enfrentarão problemas com os seus sistemas de arrefecimento no Verão, devido à menor disponibilidade de água nos rios. Pode haver uma queda de 6% a 19% na sua operação durante o Verão.
Na agricultura, o Norte da Europa sairá beneficiado, com aumento na produtividade, mas o Sul poderá sofrer grandes prejuízos. Se a temperatura média na região subir 5,4 graus Celsius – um cenário extremo –, as culturas de sequeiro podem ter perdas de até 25% em 2080, sacrificando 1% ao PIB.
Aumentar o regadio “pode não ser uma opção viável”, devido à redução da água que corre nos rios e está depositada no subsolo, segundo a versão preliminar do relatório do IPCC. Um estudo referente à Itália, citado no relatório, estima que os custos do regadio podem subir até 27%.
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Obs: Medite-se nestas mudanças e, acima de tudo, nos riscos e ameaças de não tirarmos as devidas lições. Os recursos do planeta são finitos e a Natureza, por vezes, esmaga-nos com a eclosão dos seus eventos extremos. A urgência em surpreendermos alguns dos seus efeitos, quando possível, consiste em planear medidas e acções em inúmeros sectores de actividade. A prevenção salva sempre mais vidas do que a reacção. E, por regra, é menos onerosa. 

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Filipe Duarte Santos: “Não há maneira de fazer parar isso”


O físico Filipe Duarte Santos, da Universidade de Lisboa, foi um dos revisores do relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC). Coordenador dos primeiros estudos multidisciplinares sobre o impacto das alterações climáticas em Portugal, foi agora escolhido pelo Governo para rever a estratégia de gestão das zonas costeiras. O especialista avisa: a subida do nível do mar é inexorável.

Qual é a principal nova mensagem deste relatório do IPCC?
O mais importante são as implicações das alterações climáticas sobre a segurança alimentar a nível global. No quarto relatório [de 2007] não estava dito com tanta clareza. Este quinto relatório evidencia uma preocupação muito grande nessa área a médio e longo prazo.


Quais são os sinais de alarme?

São sobretudo os fenómenos meteorológicos extremos. Por exemplo, uma seca grave numa região que desempenha um papel importante no abastecimento de cereais. Um caso concreto foi a grande seca e onda de calor na Rússia em 2009/2010. A Rússia deixou de exportar e isso teve repercussões mundiais, os preços aumentaram. Como tudo indica que no futuro teremos fenómenos extremos mais frequentes, o impacto na produção agrícola será significativo.

As ondas de calor serão um dos principais impactos no Sul da Europa. Está a ser feito o suficiente em termos de adaptação em Portugal?
Tem sido feito um trabalho bastante bom pela Direcção-Geral de Saúde e pelo Instituto Ricardo Jorge. Existe um sistema de alerta, o Ícaro, que é bastante bom. Mas temos falhas que resultam também da situação de permanente crise que se está a viver. Se há uma onda de calor e se há um hospital em que o ar condicionado avaria ou não existe, para os doentes é uma coisa dramática. Num hospital deve ser uma prioridade ter um ar condicionado.

Sabendo que o mar vai avançar em Portugal, devemos proteger ou demolir as construções em zonas de risco?
Há três tipos de resposta. Uma é a protecção. É o que se faz na Holanda: eles têm uma linha, que é a da costa em 1990, que consideram como “fronteira da guerra”. Vão defendê-la, decidiram não recuar. Não é uma estratégia que se possa adoptar para a toda a costa portuguesa. Outra opção é acomodar, ou seja, uma protecção mais flexível com a ajuda da natureza, iniciativas de defesa sem obras de engenharia pesadas. E finalmente há outra estratégia que é a retirada. Mas tem de ser muito bem pensada, tem de ser um processo feito com a participação das populações. E a informação é essencial. Sem que as pessoas tenham um conhecimento do que se está a passar e do que se irá passar com a subida do nível do mar, o diálogo é extremamente difícil.

O IPCC diz que com um grau a mais na temperatura global haverá impactos importantes. Isto significa que o limite de dois graus adoptado internacionalmente já não é seguro?
Há um artigo recente que calcula qual é a subida do nível médio do mar que está comprometida com um aumento de um grau na temperatura global. É de 2,3 metros, ao longo de muitos séculos. Não temos maneira de fazer parar isso. Na Costa da Caparica, há 126 mil anos, quando a temperatura global era dois graus mais elevada do que agora, o nível médio do mar era cerca de quatro metros mais alto. É muito arriscado dizer que está tudo bem até dois graus.

Os relatórios do IPCC põem um ponto final nas vozes cépticas quanto ao aquecimento global?
Creio que não. Depois de tudo o que de muito positivo resultou da utilização intensiva de energia através dos combustíveis fósseis, custa muito à humanidade, ou pelo menos a certos sectores, que haja certos limites ao nosso desenvolvimento. Isto é compreensível e toma formas muito diversas, como a de pessoas que defendem que não há alterações climáticas ou de que há imensas dúvidas sobre as alterações climáticas, sem grande fundamento científico. E tudo isto é alimentado por pessoas que fazem disso uma forma de visibilidade. Portanto, não vai calar os cépticos. Fazem parte da nossa diversidade cultural, é um fenómeno que nos vai acompanhar nos próximos 100, 200 anos. Mesmo quando o nível médio do mar tiver subido um metro, continuará a haver cépticos. 

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Quebra na produção agrícola, menos água disponível nas regiões subtropicais e um maior risco de cheias nas zonas litorais são alguns dos alertas deste relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).
Situação actual
A Terra já está a enfrentar impactos das alterações climáticas “em todos os continentes e nos oceanos”. Por exemplo, mudanças no padrão de chuvas e o derretimento da neve e do gelo estão já a alterar o regime hidrológico. Na biodiversidade, também já se nota alteração na distribuição de algumas espécies. Há mais casos identificados de impactos negativos do que positivos sobre a agricultura.

Irreversibilidade
Com apenas 1,0 ou 2,0 graus Celsius de aumento da temperatura global em relação aos níveis pré-industriais a Terra enfrentará “riscos consideráveis”. Com 4,0 graus de aumento ou mais, os riscos são “elevados ou muito elevados”, incluindo extinções de espécies, amplos impactos na segurança alimentar, e até o comprometimento da vida normal ao ar livre, em algumas regiões, devido ao calor e à humidade. 

Alimentação
É um dos grande alertas: a produtividade agrícola, a nível mundial, pode cair até 2% por década ao longo deste século. Mas o consumo de alimentos poderá subir 14% por década, pelo menos até 2050. Com apenas um grau Celsius a mais do que os níveis pré-industriais, haverá perdas nas culturas de trigo, arroz e milho nas regiões tropicais e temperadas. Noutras zonas do globo, pode haver ganhos.

Água
Haverá menos água disponível nas regiões secas subtropicais, mas mais nas altas latitudes. Num cenário com uma população mundial 7% maior do que a de hoje, por cada grau a mais no termómetro global, haverá menos 20% de disponibilidade de água. A probabilidade de secas nas regiões mais áridas vai aumentar até ao final do século.

Saúde
As alterações climáticas vão “exacerbar os problemas de saúde que já existem”. Exemplos: mortes e morbilidade devido às ondas de calor e fogos florestais, sub-nutrição devido à redução na produção de alimentos, maior risco de doenças transmissíveis por alimentos, águas ou insectos. Os efeitos positivos – menor mortalidade devido ao frio, por exemplo – são superados pelos negativos.

Cheias
Até 2100, centenas de milhões de pessoas estarão em risco de serem afectadas por cheias no litoral, a maior parte no Leste, Sudeste e Sul asiáticos. Nos próximos cem anos, o número de pessoas expostas a uma cheia  numa bacia hidrográfica será três vezes maior no pior cenário do IPCC (até 4,8 graus de aumento da temperatura), em comparação com o menos gravoso (até 1,7 graus).

Oceanos
A migração de espécies marinhas para as latitudes mais altas pode pôr em causa as pescas nalgumas regiões, beneficiando outras. Nos cenários mais gravosos de aquecimento, a acidificação dos oceanos será um problema sério sobretudo para os ecossistemas polares  e para os recifes de corais.

Cidades
As zonas urbanas são um “hotspot” de riscos: calor e chuvas extremos, cheias de rios ou costeiras, deslizamentos de terras, poluição do ar, secas, escassez de água. Os riscos serão mais graves nas zonas com deficientes infra-estruturas e má qualidade na construção.

Conflitos
Os efeitos de um mundo mais quente poderão “indirectamente aumentar o risco de conflitos”, como guerras civis ou violências entre grupos, ao amplificarem factores como a pobreza ou choques económicos. Também se prevê um aumento no risco de pessoas ficarem desalojadas, o que pode ter efeitos nas migrações, embora haja muitas incertezas sobre o impacto quantitativo das alterações climáticas neste caso
 
Adaptação
Estratégias de adaptação às alterações climáticas estão progressivamente sendo incorporadas nos processos de planeamento, nos sectores público e privado, embora com implementação limitada. Medidas adoptadas agora terão efeitos ao longo de todo o século.

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quarta-feira

Alterações climáticas podem deixar Jerónimos e centro histórico do Porto debaixo de água




Alterações climáticas podem deixar Jerónimos e centro histórico do Porto debaixo de água


O Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém, o centro histórico do Porto, parte das vinhas da ilha do Pico e a zona central de Angra do Heroísmo estão entre dezenas de sítios classificados como Património Mundial pela UNESCO que podem ficar debaixo de água devido ao aumento da temperatura da Terra, segundo um estudo científico publicado esta quarta-feira. Mas não é para já. Nem para o fim do século. Será nos próximos dois mil anos.
Nessa altura, a civilização humana, se ainda existir, será completamente diferente. Mas a subida do nível do mar será em grande parte um reflexo do que está a acontecer agora, com a crescente concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera.
O estudo – realizado pelos investigadores Ben Marzeion, da Universidade de Innsbruck, na Áustria, e Anders Levermann, da Universidade de Potsdam, na Alemanha – baseia-se em modelos sobre a expansão térmica do oceano e o derretimento do gelo dos glaciares, da Antárctida e da Gronelândia. Tudo somado, por cada grau adicionado à temperatura do planeta, o mar ficará em média 2,3 metros mais elevado ao fim de dois milénios, em comparação com agora.
As consequências deste aumento podem ser brutais, em vários sentidos. Mas o estudo procurou avaliar um aspecto de que se tem falado pouco: o que acontecerá com aquilo que a humanidade considera ser os seus maiores tesouros culturais.
Combinando a subida do nível do mar com a topografia do planeta, os cientistas concluem que, se a temperatura se mantiver três graus Celsius acima do nível pré-industrial, as águas poderão submergir parcialmente 136 sítios classificados como Património Mundial – ou 19% dos 720 que hoje existem. Com cinco graus Celsius a mais, o número sobe para 149 (21%).
Mesmo que a temperatura se mantenha ao nível actual – 0,8 graus acima dos valores anteriores à Revolução Industrial –, 47 sítios têm os dias contados, embora sejam muitos milhares de dias, caso não se tomem medidas de adaptação. “Dada a escala milenar da vida do dióxido de carbono na atmosfera, os nossos resultados indicam que são necessárias decisões fundamentais sobre o património cultural da humanidade”, escrevem os autores do artigo.
A longa lista de sítios em risco inclui monumentos emblemáticos, como a Estátua da Liberdade ou a Torre de Londres, e muitas zonas históricas de cidades como Bruges, Nápoles e São Petersburgo.
Publicado na revista Environmental Research Letters, o estudo identifica especificamente o aumento de temperatura a partir do qual cada local fica ameaçado. Em Portugal, o centro de Angra do Heroísmo já está comprometido com os actuais 0,8 graus Celsius a mais do que na era pré-industrial. As vinhas do Pico ficarão com 1,3 graus a mais, o Mosteiro dos Jerónimos com 1,6 graus e o centro do Porto com 2,5 graus.
Na prática, três destes quatro sítios portugueses estarão em risco mesmo se a humanidade conseguir manter o aumento da temperatura a dois graus Celsius. Este objectivo está expresso em acordos internacionais, mas a sua concretização depende de mudanças profundas no uso da energia, hoje largamente baseado na queima de combustíveis fósseis.
O património natural é apenas a ponta do icebergue de um vasto conjunto de efeitos muito mais problemáticos que a subida do nível do mar pode ter no futuro. O próprio estudo estima que entre 2,2 e 10,5% da população mundial vivem em zonas que podem ficar alagadas, caso a Terra fique um a cinco graus mais quente, respectivamente. Treze países – sobretudo pequenas nações-ilhas do Pacífico – podem perder mais de 50% da sua área.
Tudo isto poderá acontecer em dois mil anos, um prazo dilatado em comparação com a escala de décadas que está na agenda política climática. Mas, para o físico Filipe Duarte Santos, nomeado recentemente pelo Governo para rever a estratégia de gestão da zona costeira em Portugal, faz sentido raciocinar a longuíssimo prazo. “É absolutamente legítimo pensar nisso”, afirma.
Os oceanos, diz o investigador, absorvem 90% do excesso de energia que resulta do actual desequilíbrio térmico da Terra. “O que se vai passar durante centenas de anos é que a energia térmica se vai propagar no oceano em profundidade”, completa. “Não há muitas hipóteses de inverter isso.”
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Obs: Medite-se seriamente neste problema. Ainda que a escala temporal em que estes fenómenos climáticos ocorrem é brutal. Essa escala obriga-nos a ver os problemas em duas perspectivas: imediatista, que empurra para o futuro a resolução desses problemas, dado que eles não atingem directa e imediatamente as actuais gerações; ou começar já a tomar as decisões mais prudentes a fim de tornar as condições de vida do planeta mais sustentáveis. Entre o umbigo e a sustentabilidade do planeta - devemos percorrer esta 2ª via. Daí o interesse prospectivo deste tipo de estudos.

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sexta-feira

Tribunal da Nova Zelândia rejeita primeiro refugiado climático


Tribunal da Nova Zelândia rejeita primeiro refugiado climático

Com altitude média de dois metros acima do nível do mar, Kiribati é dos países mais vulneráveis às alterações climáticas. REUTERS

Tal como outros Estados compostos de ilhas no Pacífico, o Kiribati é considerado um dos países mais vulneráveis ao aquecimento global. São 32 pequenas ilhas e atóis que estão, em média, apenas dois metros acima do nível do mar. Com a perspectiva da subida dos oceanos em até 82 centímetros, em média, até ao final do século, muitas áreas do país ficarão debaixo de água.

Ioane Teitiota vive na Nova Zelândia há seis anos e tem três filhos nascidos no país. Mas enfrenta agora um processo de deportação, uma vez que a sua autorização de residência expirou.

Para evitar o regresso, Teitiota pediu asilo, ao abrigo de uma convenção internacional, alegando que é perseguido, de forma passiva, pela vulnerabilidade do seu país às alterações climáticas. Além de comer-lhe parte do território, a subida do nível do mar está a exacerbar os efeitos das ondas e das tempestades, poluindo as águas subterrâneas e inviabilizando terras agrícolas.

Mas a convenção, assinada após a II Guerra Mundial em 1951, estabelece que os casos de perseguição que justificam um pedido de asilo têm a ver com a acção directa humana. “Se voltar ao Kiribati, [Teitiota] não sofrerá uma violação sistemática e sustentada dos seus direitos humanos básicos, como direito à vida”, justifica o juiz do tribunal de Auckland, na sentença proferida esta semana.

O caso já tinha sido indeferido por um tribunal de instância inferior, pelos mesmos motivos. O recurso agora também falhou, mas o julgamento relançou a discussão sobre futuros refugiados climáticos e sobre como a legislação actual não leva em conta este novo problema.
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Obs: Provavelmente, com este caso singular, embora com tendência para se multiplicar no futuro por causa das alterações climáticas (man-made), a Comunidade internacional despertará para a questão de saber quais os critérios a eleger na qualificação das catástrofes naturais e nos seus efeitos sobre as comunidades humanas, e de que modo os seus direitos podem ser salvaguardados - de iure e de facto, já que no curto e no médio prazo a suas vidas estão objectivamente em perigo. Só um juiz e um tribunal idiotas podem ignorar estes "novos" factos - que carecem de nova codificação. 

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