domingo

Do Natal: vencer a barreira da morte

Bom Natal e um excelente Ano Novo 
(para todos os que aqui leem estas notas)
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Do Natal:

O nascimento do ungido que contornou a morte:
- Eis o momento em que mitigamos memórias pessoais com a história religiosa milenar cujos contornos verdadeiramente desconhecemos;
- Eis o momento em que elegemos Cristo, porque venceu a barreira da morte, algo que todos desejaríamos como a melhor prenda de vida;
- Eis o momento da família, dos amigos do regresso ao passado e da projecção do futuro;
- Eis o momento em que mais nitidamente percebemos que o Natal é também o momento brutal do vazio, porque falta sempre alguém à mesa, e esse alguém também não é devolvido pela evocação de Cristo.
- Eis o momento das dúvidas e das incertezas, da perplexidade e do risco, do olhar para trás, para o agora e para o futuro;
- Eis o momento em que a incerteza toma conta da razão e só é ultrapassado pela fé.
Bom Natal a todos/@s

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quarta-feira

Evocação do nascimento de Raul Brandão

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Há 150 anos nascia Raul Brandão (RB), escritor duma imaginação prodigiosa que conhecia bem a natureza e a condição humanas. 

- Sabia que a vida era um jogo e que a vida custava a viver. Nela criamos vícios e raízes, e nos lugares onde criámos essas raízes tudo se vai petrificando.
- O tempo funciona, assim, como uma espécie de corrosor ou corruptor dos locais e das pessoas, das aldeias e das cidades. 
- Por outro lado, RB afirmava que vivemos num "inferno" porque temos de obedecer a um mundo de fórmulas. Mas, no seu entendimento, havia um outro mundo, uma outra vida que coabita com aquele inferno, e que caminhamos até à cova sem disso dar conta. Ou seja, morremos sem dar conta da existência dessa outra vida, com a agravante de que a vida que temos resulta duma existência insignificante e grotesca.
- Entendia, ainda, em que cada homem havia dois seres opostos e que a vida não passava dum simulacro, duma eterna representação. Por um lado, o homem metódico e regrado; por outro, o homem doido e desregrado. E é nessa duplicidade do homem, que Pessoa elevou como nenhum outro, que RB também navegou, por entre vivos e mortos, e mortos que ainda não morreram, porque lidamos com eles todos os dias.  
- Raul Brandão, que nasceu há 150 anos, é mais do que um escritor, foi um singular filósofo, o que fez dele um escritor maior do nosso tempo, e se sempre desejou a morte - foi para tentar conquistar o impossível em cada um de nós, ou seja, tentar determinar o que havia lá dentro, ao lado da vida que construímos, como se fosse a única.
- Desconheço se Brandão chegou a algumas conclusões, mas a sua passagem por esta vida serviu para agitar as nossas vidas e consciências, e só por isso merece ser evocado. 

Nascimento: 12 de março de 1867, Foz do Douro, Porto
Falecimento: 5 de dezembro de 1930, Lisboa

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terça-feira

António Vitorino candidato a líder da Organização Internacional para Migrações

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Nota prévia: Temos aqui referido que pelo perfil intelectual e experiência política, o ex-governante António Vitorino preenche os requisitos ideais para o cargo de DG-OIM da ONU a que, doravante, o Governo português o propõe. 

Dito isto, importa saber que forças subjacentes às migrações globais e como é que elas estão a formatar o sentido da globalização. 
- Algumas dessas teorias sobre a origem das migrações centram-se nos chamados factores push and pull (empurrar e puxar). Os factores push reportam-se a dinâmicas dentro de um país de origem que forçam as pessoas a emigrar, tais como a guerra, a fome, a perseguição política e religiosa ou ainda a pressão demográfica. 
- Por seu turno, os factores pull, ao invés, são características dos países de destino que atraem os imigrantes. E neste países contam, essencialmente, mercados de trabalho prósperos, melhores condições gerais de vida, ou ainda menor densidade populacional que atraem os imigrantes para essas regiões. 
- Ainda que simplificadoras, as teorias do push and pull acabam por servir de eficientes barómetros à observação de padrões globais de migração crescentemente complexos e multifacetados, decorrentes de sistemas e de interacções produzidos entre níveis micro e macro. Ou seja, por factores de política estrutural, de leis e de regulamentos que controlam a imigração e a emigração, ou alterações na economia internacional; ou por razões de natureza micro - respeitantes aos recursos, conhecimentos e formas de pensar típicos das populações migrantes.
- Em certos casos regista-se a intersecção entre esses dois processos (de nível micro e macro), sendo o caso da grande comunidade imigrante turca na Alemanha paradigmático, já que se trata dum grande país europeu que carecia de mão de obra e pagava bons salários, e, por seu turno, o estado da economia turca impedia que os seus nacionais usufruíssem desse nível de salários no país de origem. 
- Ora, Portugal é um país geograficamente pequeno, com uma população nacional que, em alguns casos, equivale à população de grandes metrópoles, mas tem uma história rica e uma tradição e vocação universalistas que tende a facilitar o diálogo entre povos, estados e civilizações. E é dentro desta cápsula estatal que António Vitorino irromperá para a cena internacional a fim de poder liderar uma organização como a OIM.
- Seja como for, ao avaliar estas tendências recentes de migração global, podemos identificar quatro grandes orientações que irão modelar os padrões de migração nos próximos anos e com as quais a OIM terá de saber lidar .
A saber: (1) uma Aceleração do fenómeno da migração global, que está hoje a ocorrer fora das fronteiras nacionais a uma velocidade sem precedentes na história; (2) a Diversificação -  já que os países de destino recebem hoje imigrantes de origens muito diferenciadas, em contraste com épocas passadas; (3) a Globalização - conceito-mestre em toda esta equação e que permite compreender que a migração assumiu uma natureza mais global, envolvendo um maior número de países simultaneamente, alguns dos quais em conflito entre si e a que o fenómeno do terrorismo globalitário não foi alheio; (4) e a Feminização - já que passou a registar-se um número crescente de migrantes do sexo feminino, tornando a migração contemporânea menos dominada por homens como o era no passado recente. 
- Acresce o facto de o aumento de mulheres neste fluxo global resultar de necessidades do mercado global de trabalho nos países de destino, mormente empregadas domésticas, além doutras derivas mais perigosas relacionadas com o mercado do sexo, do tráfico de mulheres e do turismo sexual que remete para outras problemáticas.

Seja como for, só uma pessoa com uma visão cruzada da realidade, com profundos conhecimentos do Direito Internacional, da Política Internacional, da  Economia Internacional e, no fundo, das dinâmicas que hoje fazem interagir as economias e as culturas é que poderá desenvolver uma gestão eficiente ao mais alto nível da Organização Internacional das Migrações. 

Além de que seria uma sinergia relevante poder colocar sob uma causa comum o actual SG-ONU, António Guterres com aquele que poderá vir a ser eleito para o cargo da OIM, António Vitorino. 

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A candidatura portuguesa já foi entregue em Genebra. As eleições para a liderança da OIM acontecem em junho de 2018. (link, TSF)












Em comunicado, o executivo adianta que a candidatura já foi entregue em Genebra e refere que as eleições para a liderança da OIM decorrem em junho do próximo ano.
O Governo justifica a candidatura de António Vitorino com a "relevância que Portugal atribui à temática e ao diálogo em matéria de migrações e à premente necessidade de serem encontradas soluções eficazes para os problemas migratórios no quadro internacional".
O antigo comissário europeu para a Justiça e Assuntos Internos (1999-2004) e antigo ministro da Presidência e da Defesa Nacional (1995-1997) - cargos em que "demonstrou a sua capacidade de liderança e de gestão ao mais alto nível" - é "um profundo conhecedor da problemática das migrações, um dos maiores e mais exigentes desafios que a comunidade internacional hoje enfrenta", considera o Governo, na nota emitida através do MNE.
Atualmente, Vitorino é membro de várias iniciativas internacionais na área das migrações, com destaque para o Advisory Board of the International Migration Initiative (desde 2015) e para o Transatlantic Council on Migration (desde 2007), acrescenta o MNE.
"Mais do que nunca, o Governo português considera urgente mobilizar o mundo e as sociedades civis em prol da paz e segurança, tolerância, respeito pelos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável", refere o comunicado.
O Governo português entendeu que a candidatura de António Vitorino é "uma real mais-valia", dada a "sua qualidade intrínseca e inerente peso político".
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quarta-feira

A importância de acompanhar o pensamento de Zigmunt Bauman


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Nota prévia: O sociólogo e filósofo Z. Bauman merece sempre a nossa atenção, quer pelo rasgo dos temas que avalia, quer pela originalidade e profundidade com que os desenvolve e os interliga com os demais temas e problemáticas da política, da economia, da sociedade e da cultura contemporâneas - contribuindo sempre para fazer progredir o pensamento e a reflexão sobre as humanidades neste tempo contingente e abalado por permanentes crises que questionam a solidez das sociedades e dos próprios estados. Por isso, este prolixo pensador, que nos deixou em Janeiro deste ano, entendia que o papel da sociologia era o de ajudar o individuo e funcionar ao serviço da liberdade. Sinais hoje um pouco esquecidos...

Estar na companhia de Bauman nunca é tempo perdido. 

Abaixo segue uma leitura deste novo livro do autor feita por Nicolas Schneider, da LSE. 

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Strangers at our Door. Zygmunt Bauman. Polity. 2016.BaumanStrangers2

In his most recent intervention into the public debate, Zygmunt Bauman sets out to dismantle the ‘migration panic’ that has been shaking Europe since 2015. Strangers at our Door understands this panic as reflecting a sweeping social and political trend that involves the erosion of the moral compass guiding politics in Europe and the West in general. Bauman deploys a range of conceptual apparatuses to unmask the hypocritical and politically motivated fear-mongering campaigns which, in a desperate attempt to emulate the success of right-wing populist parties, have been embarked on by European policymakers of all persuasions. This climaxes in Bauman’s evaluation of the current condition as a ‘crisis of humanity’, the only way out of which, he claims, is a ‘fusion of horizons’ through dialogue. But it is a long way there.
At six chapters, the 117 pages of the book at times resemble more a collection of essays – an impression caused by the odd repetition and few cross-references between the sections. Thus, the respective chapters present themselves through quite different tones and pertain to different dimensions of the issue. At its worst, Bauman cites at length from newspaper articles and poll results, thus risking an involvement with an all too ephemeral ‘politics of the day’ discourse. At its best, however, the text exposes the political mechanisms that are shaping present conditions in the West, accompanied by a scathing criticism of this mode of politics.
Bauman’s starting point is his perplexity vis-à-vis a Europe that, for all its Enlightenment traditions and Kantian cosmopolitanism, has come to a point where we act openly hostile towards strangers and displaced persons from other corners of the world, jettisoning our own moral values in a move that openly deprives other human beings of their humanity. All this happens, Bauman recalls, despite nomadism and migration having figured as quasi-anthropological constants throughout the history of humankind.
In light of this, Bauman expresses his disbelief at the blatant historical forgetfulness with which we encounter refugees from war and people seeking a better life – advancement and progress being, after all, the legitimising promises of capitalism’s very existence. This perplexity and disbelief provide the backdrop against which Bauman develops numerous conceptual threads aiming at explaining our contemporary predicament, enlisting insights from philosophy, sociology and social psychology.
Strangers at our Door image
Image Credit: Made in Crisis, Hungary (Tord Remme CCo)
An instructive example of this – if reduplicating, Bauman admits, an argument he has made elsewhere before – is his invocation of Mikhail Bakhtin’s concept of ‘cosmic fear’ (Chapter Three). Cosmic fear describes precisely the diffuse anxiety we experience in the face of an uncertainty that presents itself as a constitutive feature of life, a powerful answer to which has always been the construction of an almighty God. According to Bauman, however, this fear is turned into ‘official fear’ by God’s ‘plenipotentiaries’ on earth, that is, professional politicians vying for votes. By virtue of this, cosmic fear is rendered ‘mundane, human, all-too-human’. This finds its expression in racist prejudices and hostility towards everything unknown – xenophobia, shamelessly exploited by politicians.
Bauman adapts this concept by placing it within a twofold development that, in his analysis, haunts the Western world: individualisation and the disappearance of territorial sovereignty. On the one hand, the ‘society of performance’ (here, Bauman cites Byung-Chul Han) causes an increasing vulnerability among individuals who are not capable of responding appropriately to the ‘imperative of performance’ spelt out by their societies, thus generating an ever increasing share of people who feel (and are) ideologically and materially excluded from social welfare. On the other, the loss of meaning of stable territorial points of reference – above all, the nation-state – aggravates disorientation and disenfranchisement, with democratic (i.e. nation-state-centred) politics being a prominent victim of this development.
This creates fertile soil for all kinds of scapegoating or ‘victimizing’, fuelled by hysteria-oriented media outlets, which brings Bauman to a figure devised by Giorgio Agamben: the homo sacer (Chapter Four). This mirror image to Bauman’s own concept of ‘adiaphorization’ describes the process by which a group of people is excluded from basic human rights and dignity – in Bauman’s words, ‘the area of human inter-relationships and interaction exempted from moral evaluation […] subject solely to assessment by its efficiency in “bringing results”.’ Captivated by discretionary performance, we lose our moral bearings. And the only way to go against this, in Bauman’s reading, lies in establishing an open dialogue that aims at a fusion of horizons (Horizontverschmelzung), a term borrowed from German philosopher Hans-Georg Gadamer.
This remedy also emanates from Bauman’s reading of Hannah Arendt in Chapter Six: overcoming the gap between thinking and acting requires ‘the art of dialogue’, that is, willingness to engage with the uncertainty embodied by the stranger. However, this stands in stark contrast to the competitiveness imposed by the society of performers, which, Bauman prefigures, risks tipping into a ‘resurrected Hobbesian world of war of all against all’. Against this, Bauman insists on the centrality of the ‘phenomenon of encounter’, on which ‘the royal road to agreement […] and solidary coexistence’ must be built.
As is evident from the many borrowed concepts, Bauman’s way of posing the problem in this book is not entirely new, and neither are his answers: who would challenge the notion that international solidarity and dialogue seems the best way to articulate discontent? But what does it mean to enter into a dialogue under the present conditions? That is, how is the phenomenon of encounter to be realised? In this regard, it is difficult to derive any genuinely new interpretation from the texts collected together in this book.
In the wake of the British referendum vote to leave the European Union, Bauman’s analysis takes on yet another dimension. With a core pillar of the campaign for a ‘Brexit’ being provided by more or less outright racism unleashed by the ‘Leave’ campaigners, this adiaphorisation strategy is eventually self-defeating: it operates on the invocation of fear of strangers as a response to life’s uncertainty, glossing over the fact that the uncertainty running rampant in contemporary society is propelled rather more by an increasingly unyielding imposition of the ‘imperative of performance’ and ensuing social exclusion.
Hence, Strangers at our Door might serve as a prism for what is yet to come, but the cures that Bauman proposes appear too vague. In that respect, the acknowledgement of refugees as the ‘harbingers of bad news’ (citing Bertolt Brecht) and of the accordant reflex – as preposterous as it is plausible –to ‘punish the messengers’, might require a more systematic approach to establish how, on the grounds of our shared humanity, an opposition to the seemingly irresistible dynamic of dehumanisation can be forged. As an introductory text, however, Strangers at our Door offers a valuable glimpse into the complexity of the issues at stake.


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segunda-feira

Uma perguntinha ao sr. Desssssbloooome

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Uma perguntinha ao sr. jerónimo dissellllblooooome: "ainda acha que estouramos o pastel todo em p.... e vinho verde"!?

Se a resposta for afirmativa, junte-se à nova caravana do Eurogrupo, talvez a viagem lhe faça bom proveito.

Em alternativa, sugerimos ao sr. dos caracolinhos pastosos um Alka Seltzer, ou dois... 

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