quarta-feira

Evocação do nascimento de Raul Brandão

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Há 150 anos nascia Raul Brandão (RB), escritor duma imaginação prodigiosa que conhecia bem a natureza e a condição humanas. 

- Sabia que a vida era um jogo e que a vida custava a viver. Nela criamos vícios e raízes, e nos lugares onde criámos essas raízes tudo se vai petrificando.
- O tempo funciona, assim, como uma espécie de corrosor ou corruptor dos locais e das pessoas, das aldeias e das cidades. 
- Por outro lado, RB afirmava que vivemos num "inferno" porque temos de obedecer a um mundo de fórmulas. Mas, no seu entendimento, havia um outro mundo, uma outra vida que coabita com aquele inferno, e que caminhamos até à cova sem disso dar conta. Ou seja, morremos sem dar conta da existência dessa outra vida, com a agravante de que a vida que temos resulta duma existência insignificante e grotesca.
- Entendia, ainda, em que cada homem havia dois seres opostos e que a vida não passava dum simulacro, duma eterna representação. Por um lado, o homem metódico e regrado; por outro, o homem doido e desregrado. E é nessa duplicidade do homem, que Pessoa elevou como nenhum outro, que RB também navegou, por entre vivos e mortos, e mortos que ainda não morreram, porque lidamos com eles todos os dias.  
- Raul Brandão, que nasceu há 150 anos, é mais do que um escritor, foi um singular filósofo, o que fez dele um escritor maior do nosso tempo, e se sempre desejou a morte - foi para tentar conquistar o impossível em cada um de nós, ou seja, tentar determinar o que havia lá dentro, ao lado da vida que construímos, como se fosse a única.
- Desconheço se Brandão chegou a algumas conclusões, mas a sua passagem por esta vida serviu para agitar as nossas vidas e consciências, e só por isso merece ser evocado. 

Nascimento: 12 de março de 1867, Foz do Douro, Porto
Falecimento: 5 de dezembro de 1930, Lisboa

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