quarta-feira

Brutti, Sporchi e Cattivi: Chiesa di San Salvatore in Lauro

Brutti, Sporchi e Cattivi: Chiesa di San Salvatore in Lauro

Há dias postámos aqui umas notas sobre Feios, porcos e maus - [Brutti, Sporchi e Cattivi] - de Ettore Scola. Genialmente miserável. Repesco a tónica do filme para encontrar uma certa analogia hoje existente entre o "mundinho" de alguma aparelhagem partidária e alguns sindicatos - que se deixam manipular para servir interesses mesquinhos de partido.

Rever o filme de Scola não deixa de nos violentar a consciência, visto que as representações assumem tamanha violência que nos fazem sofrer até aos interstícios, filmando transgressões sem limites, assumindo aí a violência algo de pornográfico. Ou seja, alí não há fronteiras para nada. Tudo é permitido. Especialmente, o pior.

Paralelamente, a greve dos trabalhadores municipais que resolveram fazer quase uma semana de greve à recolha de resíduos sólidos na capital, - quiça colhendo o exemplo da debandada dos deputados do PSD que resolveram que o Natal é quando o homem quiser, - ao não traduzir nenhuma preocupação de classe, salarial ou outra conexa (mas sim oporem-se à eventual privatização de dois espaços em que essa recolha de resíduos na cidade pode ser feita com maior racionalidade empresarial sem, contudo, beliscar direitos ou interesses adquiridos) - revela que as velhas reivindicações tradicionais dos sindicatos não encontram hoje razões e fundamentos sérios que justifiquem esta greve.

E quando assim é, entre a direcção dos sindicatos e as suas bases e os princípios orientadores, deixa de existir um elo de conexão que legitime um direito de luta. Tanto mais que em Lisboa do milhar de funcionários que estava em vias de perder o seu posto de trabalho cerca de 800 tem processos de conciliação em curso. Por outro lado, a autarquia está impedida de contratar serviços alternativos para recolher os resíduos sólidos da cidade. E tudo porque apenas foi pedido um estudo sobre a possibilidade de adjudicar a limpeza e varredura de ruas a uma entidade externa em duas zonas da capital.

Ora, é por não existir fundamento entre as reivindicações do Sindicato dos Trabalhadores Municipais e a sua acção concreta traduzida numa greve de 5 dias - que a situação não deixa de nos colocar diante uma certa forma de prepotência, violência, uso e abuso de um poder/direito consignado na lei - mas que, no caso presente, releva duma lamentável "pornografia" entre o PCP e um sindicato que ele manipula para daí obter dividendos políticos.

Só que desta vez, e porque os lisboetas não são parvos, o tiro saíu-lhes pela culatra, e ainda veremos o PCP - ou alguns dos seus vereadores - a ter de limpar o chiqueiro que contribuíram para avolumar numa cidade que era suposto ser limpa, segura e recomendável.

Esta greve infundada serviu também para outra coisa, demonstrar a total irresponsabilidade do PCP que em Lisboa anda de mãos com um sindicato apostado em deixar a cidade submergir em resíduos sólidos.

Eis a "política do contentor transbordante" deste novel PCP saído do XVIII Congresso do Campo Pequeno.

Enfim, é uma verdadeira tourada à Soeiro Pereira Gomes inspirada nesses garbosos exemplos de "luz e liberdade" referenciados em Cuba, Coreia do Norte e quejandos...

Será caso para repetir a fórmula marxista, agora com um up-grade:

Porcalhões de todo o mundo, Uni-vos!!!