segunda-feira

O PSD converteu-se num jogo de Pokémon

A debandada dos 30 deputados do psd do hemiciclo a semana passada obrigou Paulo Rangel a apanhar o táxi em direcção à Lapa (a)onde o aguardava a governanta da Moviflôr deste errático psd. Consta que os deputados quiseram antecipar as férias de Natal, e como o Natal é quando o homem quiser - resolveram tirar a 6ª feira para distender o fim de semana. E o mais grave é que um projecto do cds que recomendava a suspensão e simplificação da avaliação dos professores poderia ter sido aprovado no Parlamento, não fossem as ausências dos deputados do PSD. De facto, nada corre bem a Ferreira Leite, que até nas pequenas (grandes) coisas tem azar. Deus e o diabo estão presentes nos pequenos detalhes...
De facto, Ferreira leite tem tido toneladas de azar, que se somam à sua genética inabilidade para lidar com os materiais políticos: em matéria de investimentos públicos as contradições são gritantes; na área da segurança aquilo que Leite soube fazer foi pedir a cabeça do ministro da Administração Interna - Rui Pereira - ninguém a levou a sério; as suas intervenções públicas são de fugir e ofendem a democracia e a república; na esfera da política de imigração apenas sabe ofender algumas comunidades imigrantes que cá trabalham e pagam impostos.
Ou seja, não há uma área ou sector da governação em que a srª leite apresente uma proposta realista digna de execução. Dali nem bom vento nem bom casamento...
Razão tem Luís Filipe Meneses quando diz que esta é a pior liderança que o PSD jamais teve na sua história. Poderia acrescentar que a 2ª pior liderança foi a de Santana Lopes, e a sua (dele, de Meneses) a 3ª pior desse tripé de desgraças que atingiu o partido da São Caetano à Lapa.
De modo que o actual psd mais parece uma miríade de subprodutos para comercializar nas lojas chinesas, à semelhança do Pokémon - jogo de vídeo Game Boy da Nintendo e desenho animado e baralho de cartas. O termo foi formado a partir da contracção das palavras - pocket monster (monstro de bolso) e designa uma espécie de gnomos transgénicos, diabretes da era biotecnológica, criaturas que vivem nas ervas, nos matagais, nos bosques, nas cavernas e nos lagos.
São todos únicos, com o seu próprio carácter genético. Alguns são mesmo muito raros, outros difíceis de apanhar. Basta pensarmos em Marques Guedes, em José Pacheco Pereira, em António Borges, em Isaltino de Morais (agora com o status de independente), em Valentim Loureiro, até em Marques Mendes - que após ter sido cilindrado na liderança lançou um livro em que defende a moralização da política, já para não falar no inefável diabrete-mor, talvez o maior dos gnomos transgénicos que é Al berto Jardim da Madeira. Existem muitos no psd, todos são muito diferentes entre si, por isso aquilo mais se parece com um albergue espanhol. Em que cabe lá tudo, até a ex-comunista dona Zita Seabra é hoje uma destacada responsável do PSD.
Apesar de muito diferentes entre si, eles são também muito difíceis de apanhar. O jogo consiste em apoderar-se dos Pokémon. Depois de os capturar urge domesticá-los, treiná-los a fim de operarem uma mutação da espécie. Ora é isso que aqui tememos Paulo Rangel jamais conseguir fazer, mesmo a pedido de Manuela Ferreira leite - que desejará apurar o que de facto se passou com aquela debandada em massa dos deputados da AR.
Uma outra das características do jogo é que os gnomos transgénicos podem mudar de aspecto, metamorfesear-se, enfim, evoluir e ganhar novas formas e mais poderes. Desta feita, é muito provável que todos e cada um daqueles deputados faltosos se transformem, pelo que teremos um Miguel Relvas disfarçado de Marques Guedes, António Arnaut transformado em Mota Amaral, António Preto (que julgava estivesse a cumprir pena por alegados actos de corrupção e enriquecimento ilícito e parte em negócio) disfarçado no porteiro da AR, Al berto Jardim convertido em Marques Mendes, José Correia disfarçado de Santana Lopes, Lopes disfarçado de Pedro Passos Coelho por entre de dezenas de outras combinações possíveis neste jogo transgénico de criaturas estranhas e difíceis de capturar e, por maioria de razão, de domesticar.
Daí revelar-se completamente infrutífera a tarefa (parlamentar) inspectiva e disciplinar que Ferreira leite cometeu a Paulo Rangel no sentido de apurar quem são os faltosos e por que razão eles desertaram. Tanto mais que nos encontramos numa fase de clonagens e de invasão dos organismos geneticamente modificados (OGM), razão por que será de admirar que a função de Paulo Rangel seja bem sucedida, pelo que vencerão a epopeia dos bons mutantes que tanto fascinam as crianças neste período pré-natalício - em que um conjunto de deputados - todos do mesmo partido (partido!!!) - resolveram dar um ar da sua graça e somar mais um dia ao fim de semana prolongado.
Pergunte-se à Manela se não será melhor chamar a ASAE e libertar o pacífico Rangel dessa espinhosa tarefa?!
Na melhor das hipóteses os 30 deputados faltosos do PSD estão todos a jogar Pokémon (na esperança de se verem livres da "líder" que têm)...
PS: Seria uma triste curiosidade Paulo Rangel vir a descobrir que a deserção se ficou a dever a um direito à greve dos deputados faltosos como sinal de protesto pela prestação da líder. A ser assim, seria uma originalidade na vida política em Portugal.