segunda-feira

A credibilidade dos políticos e a escolha eventual de Seara pelo PsD para o assalto (gorado) à Capital

Foto Jumento
É sabido que Slopes anda por aí, ou melhor vegeta por aí há anos. Ele já não anda, arrasta-se, sobretudo após ter aceite destruir a sua carreira por uma questão de vaidade pessoal ao ter aceite - monárquicamente - e sem ter a mínima preparação, a função de PM. Aceitou esse suicídio político a troco de seis meses de vergonha, o que ele pensava serem tempos de brilho e esplendor. E durante esse tempo, SLopes, a criatura que vive ainda da imagem daquele aperto de mão que deu há 30 anos a Francisco Sá Carneiro, andou a toque de lexotans, porventura os efeitos ainda hoje se fazem sentir a avaliar pela forma arrastada com que debita as suas croniquetas às 2ªfeiras na tsf - na rúbrica Linha da Frente.
Mas, curiosamente, hoje disse algo com que concordamos, nem que SLopes o tenha manifestado apenas para contrariar o que disse Marcelo na véspera. Cada um ataca no suporte mediático que pode: Marcelo faz assessoria ao PR a partir da tv paga pelos portugueses; Slopes contra-ataca na tsf, é uma luta desigual, mas é a luta pela sobrevivência de ambos. Marcelo quer ainda manter a chama viva de um dia poder candidatar-se a Belém, Slopes ainda anda em busca de identidade, talvez queira ser pivot numa redação de televisão.
Mas o tónico desta reflexão visa enquadrar a credibilidade que os políticos em Portugal querem ter quando, como faz MMendes, simulam ante as televisões que a política serve para toda a tralha, para manipular, para simular, para dissimular, para rasgar contratos políticos com certos eleitorados e até, pasme-se (!!!), para sugerir que Fernando Seara pode vir a ser candidato à CML apoiado pelo PSD.
Pois por regra, o PsD poderia até apoiar o emplastro do Porto ou o Manel Bexiga que atacou no Funchal ao serviço de Manel Monteiro e do grupúsculo que é a Nova Democracia, mas convidar - ou simular que se convida só para testar as sondagens - um autarca como Seara que está a meio do exercício do seu mandato é, em rigor, meter uma bomba na democracia pluralista. É violar o princípio da continuidade dos mandatos, é enganar as pessoas e violar a sua confiança e aatraiçoar a democracia, corrompendo a sua estabilidade e tornar fraudulenta a vontade desses players ante o eleitorado que os elegeu. É, em rigor, uma fraude política.
Pergunto-me se será assim que MMendes pretende granjear credibilidade ou até consolidar a pouca que tem para um dia almejar ao cargo de PM?! Fazendo a comparação com o caso eventual de António Costa é um erro clamoroso, dado que este ministro foi designado pelo PM que tem legitimidade própria, os ministros estão sempre a prazo e só dependem da confiança do PM. Ora, um autarca é sempre eleito com base no sufrágio popular, e não na vontade do PM ou da Presidência de um club de futebol ou com alguns apoios do aparelho mediático, que também ajudam, mas isso é outra estória.
Uma vez mais, este episódio da hipótese do Seara na Capital apoiado pelo Psd não passa duma extensão manipuladora do que MMendes fez com o desgraçado do Carmona em Lisboa. Telecomandou todo o seu mandato, na forma e no conteúdo sendo que o António Preto deve ter metido dezenas, centenas de cunhas de assessores da tanga que só levaram para o aparelho autárquico ineficiência, corrupção e mau ambiente. Tudo factores que contribuíram para paralisar Carmona que, já de si, não tem vocação política.
Confesso, como mero cidadão que observa as vicissitudes da política em Portugal, que não gostei de ver um líder do maior partido da oposição a simular que irá propôr um autarca em funções para preencher o vácuo de poder entretanto aberto em Lisboa com a queda de Carmona, apenas porque lhe dá jeito e porque é a 2ª ou 3ª escolha nessa área política, o que faz de Seara o refugo depois de manela Ferreira Leite e Paula Teixeira da Cunha terem dado tampa a Mendes. Tudo isto é sórdido, mesquinho e aviltante, sobretudo para os visados, promotores de toda esta tramóia.
O que é estranho, pois Seara deveria saber um pouco de teoria política, ele até ensinou isso nas faculdades. Ora, jogando este jogo, mesmo que as alegadas candidaturas não se verifiquem, esta tramóia mendista visando o assalto da Capital, não deixa de denunciar o jogo pérfido da política caseira em curso entre a S. Caetano à Lapa e o IC19 de Fernando Seara - cujo trajecto consome uma hora para percorrer Lx-Sintra nesses miseráveis 20 kil.
A ideia que fica desse teatro da Barraca em que se transformou a política local em Portugal - é que as golpadas ocupam o lugar da desejável honestidade, as jogadas preenchem a geografia da franqueza, a sacanagem partidária coloniza a transparência política e, no meio de tudo, isto o povo de Lisboa é o último a ser tido e achado nesses jogos de bastidores em que o que releva são os interesses dos aparelhos e os calculismos dos partidos e se secundaria os interesses da cidade e as condições de vida dos que habitam na Capital. Que estranho!!!
MMendes e Fernando Seara, mesmo sem o quererem, deram mais uma "lição" de política à portuguesa. Deles percebe-se que dos Bons sentimentos a Política não é certamente. Onde existe a habilidade também mora a astúcia. Por pouco tempo o domínio da força. O do Direito às vezes... Como teorizou Julien Freund de que o seara já deve ter ouvido falar.
Esta dupla de pequenos políticos deram-me ainda uma outra lição, que deve por os lisboetas de sobreaviso: os únicos meios, segundo eles, de se conseguir o que se quer das pessoas são a força e a astúcia, o amor também; mas isso significa esperar que o sol brilhe, e em Lisboa há muito que o céu é alcatrão.
Esperemos que os lisboetas saibam que da astúcia só pode vir a manha, e os filhos dessa bela cidade merecem algo de melhor, muito melhor do que o refugo deste Psd que ainda anda em busca de identidade.
PS: Seria bom que Seara, pelo menos, ficasse como vereador em Lisboa, mas que fosse obrigado, como milhares de portugueses, a percorrer o trajecto Sintra-Lisboa (e depois o regresso) em horas de ponta. Seria o castigo de Seara. Ou será que ele irá comportar-se como Maria Carrilho, assim que perder mete o rabinho entre as pernas e regressa à bola de novo...