Exaltações e despedidas...
Emídio Guerreiro - um exemplo de vida. Um "guerreiro" da Liberdade. Um grande português. Matricialmente do PPD mas evolucionou para a esfera do PS.
* Estranha coincidência, no dia em que morre o dr. Emídio Guerreiro o Isaltino é constituído arguido e declara, com todo o despudor e convicção que, por isso, não vai suspender a sua campanha de reconquista do poder autárquico na Câmara de Oeiras. E nós, cidadãos, espectadores da realidade portuguesa, que vemos, impotentes, partir uns e aparecerem outros, que nada têm a ver com os primeiros, interrogamo-nos, angustiados, aonde nos conduz, nos postos da liderança política deste país, esta rendição de gerações tão desequilibrada, na qualidade das pessoas que as representam. Pela ordem natural das coisas todos temos que ir. Como afirmava Emídio Guerreiro, é uma necessidade biológica, e ao fim de 105 anos deve ser quase uma libertação e, no caso dele, um triunfo.
* Posso perfeitamente imaginá-lo, no momento da sua morte, como aqueles atletas, recordistas mundiais, atravessando a linha de meta para serem levados aos ombros pelas multidões que os aguardam para os vitoriarem e consagrarem como heróis e campeões. Quando vemos partir alguém, nosso compatriota, ao fim de mais de um século, deixando atrás de si uma história de luta pela liberdade, dignidade e respeito pelas pessoas, como foi o caso o caso do Dr. Emídio Guerreiro, então dá vontade de voltar a acreditar e pensar que outros Emídeos Guerreiros hão-de nascer, que ele não pode ter sido um caso único e outros virão para preencherem o nosso orgulho colectivo.
* E já agora, por favor, enquanto o seu corpo não desce à terra para se misturar com o pó da eternidade, e apesar da coincidência, não falemos no Isaltino... por uma questão de respeito para com o defunto.
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O Objecto do Arquivamento
Revela o Diário de Notícas de hoje que o Dr. Isaltino
de Morais, interrogado acerca da decisão que o veio a
constituir como arguido no Processo da conta da Suíça
não declarada no Tribunal Constitucional, declarou que
esperava que fosse «um passo apenas para o arquivamento
do processo». Cada um é livre de ter as esperanças que
quer. Mas a constituição de alguém como Arguido não é o
passo idóneo para esse objectivo. Ela tem lugar quando
se apura haver indícios suficientes para acusar,ou pode,
em certos casos, visar a própria protecção do averiguado,
na medida em que estenda os meios de defesa ao seu dispor.
Para arquivar é que não é tida nem achada.
Ou por outra, talvez seja essencial a um arquivamento muito
mais desejável - o da carreira política do Dr. Isaltino.
posted by Paulo Cunha Porto @ 10:41 AM