terça-feira

O mestre da crise - o óbvio dito claramente...Welcome Mister Magoo

Image Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.usImage Hosted by ImageShack.us Sempre que vejo o Dr. Medina Carreira a desancar nos políticos é um bálsamo para a alma. Mas a razão pela qual acabo sempre por cair da cadeira (a rir) quando o vejo - é porque ele me lembra o Mr. Magoo. Esse excepcional desenho animado da UPA, empresa que revolucionou a animação nos EUA nos anos 50, e produziu dezenas de curtas metragens que eram distribuídos pela Columbia Pictures, nos cinemas. Um personagem que surgiu por acaso, Mister Magoo, virou o carro-chefe. O estilo revolucionário da UPA, mudou completamente a cara dos desenhos animados, que pararam de ter aquele estilo fofinho da Disney, para usar um design mais moderno que influenciou todos os estúdios - inclusive Disney, que modernizou o traço. Image Hosted by ImageShack.us Ora Medina, e feita a analogia que ele me desculpará - porque é um Homem inteligente, culto e irónico, faz-me lembrar Mr. Magoo. Ele vê bem, mas não é preciso abrir os olhos. E depois aqueles tiques labiais dão-lhe uma postura verdadeiramente única. Um pouco como a economia portuguesa. Image Hosted by ImageShack.us
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  • Mas vamos às essências: são todas dejá vu... Tudo aquilo é consabido. Só a Fátima Campos Ferreira parecia desconhecer aqueles quadros muito claros, clarinhos como a água. O Estado virou monstro, cresceu com Cavaco e endividou-se. Cresceu, engordou, ganhou adiposidade mas nada de músculos... As despesas subiram em flecha no pós-25 de Abril para a pagar a liberdade e a "demo-crácia". Mas a produtividade - relativa - à Europa - não acompanhou a pedalada. Os velhos vivem mais e não querem morrer; os novos já nascem velhos porque se reformam antes de arranjar emprego; os políticos são uns aldrabões do piorio; os banqueiros uns invejosos e egocêntricos; e a economia, no seu conjunto, é uma meretriz: ora vai com um, ora vai com outro. As crianças não nascem...e a demografia ressente-se.
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  • Ferreira do Amaral e Santos Silva seguravam o pano cuja peça Medina e Lopes representavam. A dada altura desistiram de argumentar e ouviram a lição de sabedoria matemática que aqueles velhinhos apresentaram a Portugal. Um é mais liberal; Lopes - tem em si uma contradição do liberal socialista que quer prometer tomates na lua e ananases na terra. Impossível, por isso terá de evoluir doutrináriamente.
  • Mas foi Medina que revelou as essências, e essas residem no escol político que temos, dependente dos seus tachos, da sobrevivência política. É isso que os leva a mentir para ganhar eleições. Prometem Deus na igreja, e assim conquistam o poder; depois o povo vai à missa e quem lá encontra? o diabo..., sob a forma de impostos e mais impostos, mentiras sobre mentiras, embustes sobre embustes. Uma vergonha, agora mais descarada. Só que a coreografia agora nunca é interrompida e as máscaras nunca se tiram. Já estão coladas à cara, como no Pessoa da Tabacaria...(sem metafísica)
  • Eis a opinião que Medina e Lopes (mais tibiamente) têm dos políticos, dos sindicatos e do sistema. A dada altura daquela desocultação de verdades e de mentiras - com os quadros denunciando a evolução das trajectórias dos impostos, da segurança social, da não produtividade e o mais... lembrei-me da A Peste, de O Estrangeiro de A Naúsea - de Camus e de Sartre - em que os heróis tentam sempre fazer o que está certo, mesmo quando tudo se desmorona à sua volta. São boas pessoas, só que estão entorpecidos. Não interesse se o sintoma da economia e da política à portuguesa é revelador do absurdo, da náusea ou do horror; o certo é que as crises em Portugal são encontradas frequentemente, diria, diáriamente - e adiadas semanalmente.
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  • O que Medina disse foi, por outras palavras, o seguinte: Guterres e Durão Barroso além de mentirosos foram politicamente cobardes. E, de facto, foram. Depois houve uma sombra pelo meio que anda por aí e que nunca passou, de facto, de uma sombra (de si próprio). E depois emergiu o mentiroso dos mentirosos, o aldabrão-mor, porque mente com mestria e de forma obsessiva-compulsiva.
  • Sem o querer dizer expressamente acabou por o admitir. Referia-se a Sócrates... Não sabemos se se refria ao de Atenas.. Mas cresmos que não!!!
  • E é daqui que decorre toda a noção complexa de crise múltipla que identifica o actual processo de globalização competitiva, ou seja, de mudança acelerada em todas as regiões do mundo, países e culturas, assumindo formas variadas conforme se analisa o ângulo da crise, ou o curto ou o longo prazo. Ora, é tudo isto que nos obriga a tomar Prozac.
Mas o que, porventura, melhor sistematiza aquele bailado semanal de Fátima Campos Ferreira - que por vezes se sobrepõe em demasia aos convidados só para provar ao povo que decorou o valor do PIB, é o tripé de paradoxos que a natureza da actual crise comporta. Vejamos:
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1) a crise democrática - indica que os políticos são - em boa parte - incompetentes, já que mentem só para capturar o poder, e manter-se nele pelo maior tempo possível, amalgamando as multidões - como se fossem ovelhas - e os políticos os pastores. O cão e o cajado compõem o resto da mentira - prometendo às cabras bom pasto onde só existe pedras laminadas; como os políticos fazem com as "vacas-pessoas" - prometendo-lhes saúde, paz e prosperidade e depois só encontram aumento de impostos. A modernização e o desenvolvimento são uma miragem e a política deriva duma mentira bem contada. Uma vez no poder, pode-se continuar a mentir - mas já sem máscara - e a estória repete-se de 4 em 4 anos, últimamente é de 2 em 2... 2) a crise tecnológica - revela que as tecnologias da mobilidade nem sempre contribuem para a regulação dos dispositivos sociais existentes, e as relações de desenvolvimento ficam descontroladas e à mercê de factores situados fora dos territórios nacionais. Já não se pode desvalorizar, mexer na taxa de câmbio, taxa de juro, etc, etc, pelos que as dinâmicas se tornam hoje atmosféricas, ié, deixaram de estar referenciadas às fronteiras nacionais para passarem a estar vinculadas às diferentes tonalidades de modernização e desenvolvimento presente nos graus de competitividade e capacidades de atracção de capitais e de recursos qualificados do exterior. 3) a crise de modernização/desenvolvimento - revela, por último, todo o esplendor do embuste em que o sistema caiu. Isto é, para capturar o poder e preservar os equilíbrios sociais o Estado não pode ofender os privilégios das grandes corporações e dos mercados, sobe pena de provocar descontinuidades nas trajectórias de modernização, decorrentes da perda progressiva de posições na hierarquia dos poderes da economia internacional e na balança do poder mundial com base no qual se chamam os grandes capitais para o seio das nações que mais deles precisam.
  • Ora a crise é múltipla porque é povoada por diversos componentes, e como assim é a coisa não pode (mais) ser dominada por diques ou comportas. Portanto, a crise é internacional, é Europeia, é mundial, é dos Estados, da sociedade, da economia, da civilização e dos valores.. Tudo isto acumula níveis explosivos de crise que estrutura essas várias camadas que já levaram alguns a falar no fim da história.
  • Em suma: os drs. Medina e Silva Lopes vieram dizer o óbvio. Medina quer um Estado mais pequeno porque entende que o cancro reside na despesa pública, sempre galopante. Logo, small is beautifull; Silva Lopes, como bom socialista, admite a manutenção do wellfare state mas com limitação da despesa social, o que configura uma quadratura do cículo. Ou então, textualiza a chamada circunferência de Pascal - que está em todo o lado e em parte nenhuma, como a própria Política.
  • A insuficiência do vector tecnológico da mobilidade, a crise da democracia representativa, a crise do Estado nacional, a débil produtividade nacional e o fraco empresariado, a alteração do padrão demográfico, a emergência da fábrica e do escritório do mundo (a China e a Índia), e a mudança nas hierarquias de dominação mundial - são factores que configuram a hipótese que faz "carreira" e Medina critica ferozmente. E fá-lo, segundo julgamos, porque sabe que está em marcha um processo de formação de um novo sistema histórico de que é imprudente aqui apresentar o mapa. Até porque é difícil, senão impossível, traçar linhas na água...
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