sexta-feira

Portugal-catastrófico


O percurso registado pelos actores, políticas, motivações, comportamentos, comunicações, sinais, acções e omissões dos principais agentes e figurantes do nosso sistema político, evoca-me um cenário catastrófico tal como ocorre na Natureza, embora neste caso nem sempre abrindo caminho à reconstrução.

Quer dizer, desde a demissão dos ministros das Finanças e Negócios Estrangeiros aquilo a que os portugueses assistem, com alguma nebulosa adensada pelo discurso de Belém, é ao desencadear de uma situação de catástrofe (política) evolutiva, em que os factores de risco se acumulam, em lugar de se dissiparem. 

E ao agravar-se o estado de tensão política, com o povo a reclamar eleições e um certo país-oficial e desejar a manutenção da situação, por demais apodrecida, os factores de risco vão-se infiltrando subrepticiamente (vide, as declarações ontem da presidente da AR e das expressões utilizadas no hemiciclo - denotando um certo ambiente de fim de regime..), desgastando as reservas (humanas e materiais) de paciência da comunidade a esta impreparação e inimputabilidade política geral com que os 10 milhões de portugueses são confrontados.

Pode até supor-se que, no curto prazo, a opção do adiamento da catástrofe política (empurrando as eleições para o verão de 2014, aquando da saída da troika do país) pode ser benéfica para Portugal, porque apela à resiliência das populações e acalma os mercados; mas a a médio e longo prazos - os portugueses podem ficar completamente exangues e sem qualquer capacidade de reacção e, por essa via, ver aniquiladas as possibilidades de recuperação nacional. 

O que seria verdadeiramente trágico para todos nós e para a continuidade do Estado português.


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